sábado, 29 de março de 2008

Padre José Maurício Garcia (1767 - 1830)

VIDA

José Maurício Garcia foi um compositor brasileiro nascido a 20 de Setembro de 1767 no Rio de Janeiro. De descendência africana (a mãe era escrava) apenas conseguiu estudar música através da carreira eclesiástica tendo-se tornado padre.

Com 16 anos (1783) compôs a primeira obra de que existe referência CPM 1 Tota pulchra Es Maria (ver o significado destas letras um pouco abaixo neste post).

Quando D. João VI fugindo de Napoleão chega ao Brasil (1808) com a sua corte, José Maurício Garcia é nomeado mestre da Capela Real. Entre 1808 e 1811 o compositor tem o seu período mais profícuo tendo composto variadíssimas obras.

Porém em 1811 chega à corte Marcos Portugal que D. João VI nomeia mestre da Capela real substituindo assim José Maurício Garcia que apesar de gozar de profundo prestígio não tinha ultrapassado o "problema" da côr da pele.

Mais tarde (1816) o compositor Sigismund Neukomm que fortemente impregnado das obras de Mozart e Haydn acaba por influenciar o jovem compositor brasileiro e criar com este uma forte amizade. Desta influência resultaria a direcção do Requiem de Mozart e a Criação de Haydn.

O relativo empobrecimento da vida cultural Brasileira depois do retorno de D. João VI a Portugal e a crise económica resultante da independência do Brasil tornaram os últimos anos da vida de José Maurício Garcia difíceis (a pensão que D. João VI havia concedido foi cortada). Compôs a sua ultima obra em 1826 - Missa de St. Cecília.

Faleceu no Rio de Janeiro no dia 18 de Abril de 1830, curiosamente o mesmo ano que Marcos Portugal o homem que lhe havia retirado o estatuto de mestre da Capela Real.

Acredita-se que terá sido o autor da primeira ópera brasileira, As Duas Gémeas obra essa que infelizmente perdeu-se. Foi além disso notável professor e pedagogo autor de um excelente método de ensino e fundador de uma escola onde aprendeu a tocar piano D. Pedro I e o autor do Hino Brasileiro Francisco Manuel da Silva. Oiçam aqui a lição nº5 do seu método (poderão concerteza notar alguns compassos que denotam uma certa semelhança com o hino brasileiro).

OBRA

Recentemente (em 1970, não assim tão recente quanto isso) o músicologo Cleofe Person de Mattos catalogou todas as obras de José Maurício Garcia (como sabem isso significa que as iniciais que encontram CPM junto do número das obras do compositor referenciam o seu nome).

De acordo com este levantamento sabe-se que terá escrito cerca de 400 obras das quais 237 estão inventariadas e de cerca de 170 existem referências da sua existência mas perderam-se as partituras.

Sendo José Maurício Garcia padre não nos pode surpreender completamente que a maioria das suas obras sejam de carácter religioso. O requiem escrito em 1816 em memória de D. Maria I que havia falecido nesse ano e a Missa Pastoril (1811) composta para a Noite de Natal estão entre as suas obras mais conhecidas. Oiçam aqui a primeira parte desta composição, aqui a segunda parte, aqui a terceira parte e finalmente aqui a quarta parte.

Não deixou porém de compor a primeira ópera Brasileira (As Duas Gémeas - obra perdida), doze divertimentos e a primeira obra sinfónica brasileira a Sinfonia Fúnebre (1790).

Mais uma recomendação para Domingo

Na leitura dos blogs que costumo visitar apercebi-me que mais uma vez, que vergonha, esqueci-me de uma recomendação. Desta vez no entanto ainda vai a tempo.

Assim para quem esteja no Algarve recomenda-se Domingo às 11:00 na Igreja Matriz de Loulé a Missa solene em dó menor de Mozart. Será interpretada pela Orquestra Sinfónica Juvenil pelo Coro de Câmara do Instituto Gregoriano, Barítono Armando Possante, soprano Elvira Ferreira, mezzo-soprano Laryssa Savchenko e tenor José Manuel Araújo tudo sobre a direcção de Christopher Bochmann.

Não percam !

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