quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Robert Schumann - As obras orquestrais

Continuando com Schumann mas agora mudando completamente de registo iremos abordar durante alguns posts as obras orquestrais deste compositor. Nesta fase vamos apenas falar das obras sinfónicas isto é aquelas que não têm qualquer instrumento solista: o solista é a orquestra, por assim dizer.

Trata-se de um género que Schumann explorou relativamente pouco já que compôs apenas 4 sinfonias (e uma quinta incompleta) e quatro aberturas.

A primeira destas obras, a Sinfonia nº1 Op. 38 em Si Bemol intitulada "Primavera" foi composta em 1841 sendo o papel de Clara Schumann relevante nessa primeira tentativa de Schumann no género. Não se sabe se foi apenas por influência de Clara que Schumann decidiu fazer esta tentativa mas é óbvio que pelo menos uma parte da responsabilidade lhe é devida.

A segunda sinfonia Op. em Dó foi composta entre 1845 e 1846 enquanto a Terceira em Mi Bemol foi composta em 1849. A quarta e ultima sinfonia em  completa foi composta também em 1841 mas revista em 1851 sendo das quatro a mais conhecida.

De volta da Gulbenkian : Dudamel e a Orquestra Ibero-Americana

E o que vos posso dizer? Nem sei muito bem por onde começar. Talvez pelo programa composto por três obras: Margariteña (Inocente Carreño), El Sombrero de tres picos, Suite nº 2 para orquestra (Manuel de Falla) e a Sinfonia Nº 5, em Mi menor, op. 64 (Piotr Ilitch Tchaikovsky). Mas este começo serve apenas para ganhar tempo para encontrar os adjectivos certos para o que ouvi. Poderia também começar pelo formalismo do Hino Nacional mas isso não revelaria o que verdadeiramente aconteceu ...

O que eu senti foi uma verdadeira injecção de energia e esperança. Desde o inicio sentiu-se o seu pulsar emanado pelos jovens que constituem a Orquestra. Estou a escrever este parágrafo e ao mesmo tempo estou a ver o documentário que está a passar na RTP2 sobre o "sistema" Venezuelano (a esse propósito leiam este artigo do Público) e acabei de ouvir o Dudamel explicar que essa energia e essa garra provém em parte do facto da música ter proporcionado a esses jovens uma verdadeira vida nova.

Sei que esta Orquestra é diferente (incorpora jovens de vários países incluindo Portugal) mas de qualquer forma acho que será sempre mais do que isso (como se isso fosse pouco). Eles sentem de forma intensa e cúmplice o que tocam e uma (grande) parte disso é mérito do maestro certamente. A energia que passam provém dos seus sorrisos quando tocam algo que lhes agrada, tanto quanto do som que retiram sempre de forma generosa dos seus instrumentos. Gostam mesmo do que estão a fazer: É profundamente simples e é imensamente mágico. Emocionalmente inebriante.

Vi a Gulbenkian de pé a dançar (num dos três encores) coisa que nunca imaginei. Essa foi no entanto "apenas" a expressão da alegria que literalmente transbordou da Orquestra. Poderão haver alguns que pensem que isso é impróprio de uma sala de concertos "séria". É verdade que num concerto "normal" não haveria lugar para tanta informalidade. Mas aqui a festa foi um corolário natural e não se deixou de fazer música de qualidade por isso.

Não pretendo que seja um modelo para todos as concertos mas confesso que gostava de ver a mesma alegria na cara de todos os músicos de todas as orquestras do mundo. Aliás gostava de ver a mesma alegria na cara de todos, pelo menos uma parte do tempo ...

Musicalmente não gostei muito do Tchaikovsky, pareceu-me que o som estava um pouco empastelado e com os naipes um pouco desequilibrados (muito som nos sopros e nos baixos) havia um ruído nos sopros que não consegui perceber o que era, parecia metal a bater em metal e que me irritou um pouco mas digo-vos isto agora após reflexão. Na altura acreditem que face ao que estava a viver tudo isso me passou ao lado. Gostei muito da primeira parte que me pareceu melhor em todos estes aspectos.

A quem não foi ... ainda estão a tempo de ir até Madrid :-) Eu se pudesse garanto que era o que fazia já. É que a energia e esperança radiante vicia ...

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