Hoje, no dia 12 de Fevereiro de 1950 há 61 anos portanto falecia em Lisboa um dos maiores pedagogos portugueses do século XX, Tomás Borba.
Nascido em Conceição (Angra do Heroísmo) a 23 de Novembro de 1867 estudou literatura e teologia no Seminário Episcopal de Angra tendo sido nomeado sacerdote em 1890. No plano artístico nos Açores teve aulas de música com Guilherme Augusto da Costa Martins.
Em 1891 viaja para Lisboa para se matricular no Real Conservatório nas disciplinas de Piano e Composição. Inscreve-se também no curso de Letras na Universidade Clássica de Lisboa onde foi aluno de Teófilo Braga tendo terminado todos estes cursos com elevadas classificações.
Em 1901 tornou-se professor no Conservatório Real de onde apenas saiu em 1937 por ter atingido a idade da reforma. Em 1913 organizou e dinamizou aquele que terá sido até agora o primeiro e único congresso dos músicos portugueses. Professor de Lopes Graça e de Luís de Freitas Branco e Fragoso, membro (presidente) da direcção da Academia dos Amadores de Música onde deu trabalho a Lopes Graça quando este foi impedido de leccionar pela ditadura Tomás Borba está assim directamente ligado ao apoio de vários dos melhores compositores portugueses do século XX.
Escreveu vários manuais que serviram de base ao ensino do canto coral nas escolas portuguesas e foi co-autor com Lopes Graça do Dicionário de Música que penso será até hoje o único dicionário deste género editado por portugueses.
Enquanto compositor destaca-se um Te-Deum e algumas outras obras de cariz religioso dado que Tomás Borba nunca esqueceu a sua condição de Padre e cristão. Infelizmente por mais que procurasse não consegui encontrar nenhum registo no You Tube nem tão pouco CD´s gravados com composições suas. Se alguém me puder ajudar agradecia. A excepção foi este video de um grupo de alunos surdos que cantam uma das suas composições. Após reflexão talvez o exemplo não pudesse ser melhor ... Creio que Tomás Borba ficaria satisfeito por ver que a sua música podia servir como base de ensino para todos ... para todos mesmo.
A sua enorme influência na música portuguesa deste século é visível igualmente na ilustre sequência dos seus alunos e também na enorme quantidade de grupos de música popular que adoptam o seu nome dada a sua raiz Açoriana um pouco por todo o mundo.
Como dissemos Tomás Borba faleceu em Lisboa a 12 de Fevereiro de 1950.
Caro Fernando, é com grande satisfação que acabo de ler o seu post sobre este grande nome da música açoriana e portuguesa que foi Tomás Vaz Borba.
ResponderEliminarRelativamente à pergunta que faz no final do post, infelizmente tenho que dizer-lhe que não existe nada gravado (espero estar errado) da sua música. Isto acontece pelo simples facto da sua música não estar editada. Houve, há umas décadas atrás, uma iniciativa efémera, na qual foi editado, salvo erro, o "Te Deum, para a Comemoração da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia", obra de proporções wagnerianas.
O musicólogo açoriano Duarte Gonçalves da Rosa, está neste momento a preparar uma tese de doutoramento precisamente sobre este compositor (já havera publicado o catálogo da sua obra). Espero e creio estar-se a preparar a edição de parte da sua obra que, por aquilo que conheço, inclui autênticas pérolas da música portuguesa da viragem do século.
Remeto para um post publicado no blog "Música Açoriana", sobre uma temática actualmente "em moda":
http://musicacoriana.blogspot.com/2011/01/tomas-borba-e-primeira-republica.html
Cumprimentos,
Luís Henriques: É tão bom saber que um musicólogo profissional gosta de um simples texto como este, a sério. O artigo que refere por acaso conhecia e serviu-me inclusivamente para tirar algumas dúvidas sobre Tomás Borba nomeadamente a sua relação com a Republica e com o Estado Novo. Espero que em breve se consiga então editar e interpretar algumas obras deste compositor. Obrigado pela visita!
ResponderEliminarO artigo resulta de um texto apresentado numa conferência, que se realizou em Angra do Heroísmo, pelo Duarte Rosa. Não se tinha bem a certeza sobre qual a postura que Borba adoptou pós 5 de Outubro, daí o "esclarecimento".
ResponderEliminarEm relação à edição da sua obra, a Direcção Regional da Cultura (Açores) parece-me interessada em apoiar a sua edição. O problema é que a figura de Tomás Borba viveu muitos anos ofuscada pela de Francisco Lacerda. Apoiou-se o estudo da obra de Lacerda (que ainda se encontra muito longe de estar concluída).
Tomás Borba foi fundamental na "modernização" do ensino da música em Portugal. Não estou muito por dentro das reformas que foram feitas, mas sei que o facto de ter incorporado a música no curriculum das escolas regulares foi preponderante, pois levou espalhou a música a todas as classes sociais e não somente a uma elite burguesa que podia suportar os custos da aprendizagem.
O seu "Tratado de Harmonia" (1937) possui um capítulo dedicado à "harmonia moderna": atonalismo, dodecafonismo, com uma série de referências a Schönberg. Isto é inédito em Portugal em termos de teoria da música, ainda para mais sendo ele eclesiástico.
Fico sempre satisfeito quando se fala em música portuguesa, seja de uma forma mais ou menos científica. A musicologia portuguesa tem vindo a sair da Idade da Pedra ao longos dos últimos 20 anos. Na última década tem-se vindo a fazer importantes progressos no estudo da música em Portugal.
O seu blog tem sido um contributo muito importante para uma cultura geral da música. Os posts são apresentados de uma forma simples, o que permite a qualquer pessoa que o leia (independentemente do grau de conhecimentos musicais que possua) entender o que é apresentado.
Tomara que o seu blog não servisse ao comum cidadão português, pois isso seria um sinal de que o nível musical do país estaria em números altíssimos.
Cumprimentos,
Fernando, não só o autorizo a ser mauzinho — eu DESEJO que seja mauzinho!!!
ResponderEliminar♫♫° ·.
•♫♫•.¸¸.•♫♫•.¸
°º♫
Corrijam-me se estiver errado: este último comentário (ematejoca) foi uma má interpretação de algo que escrevi?
ResponderEliminar@Luis: Totalmente errado :-) Eu fiz um comentário no blog da ematejoca perguntando se poderia ser mauzinho ... tem a ver com a;rte "moderna" por assim dizer ... nada a ver com este blog ou os seus comentários , aliás absolutamente e totalmente simpáticos :-) Nada a ver Luís, nada a ver :-)
ResponderEliminarFico mais descansado :)
ResponderEliminarAbraço