(Actualizado) - Terminamos hoje a descrição de todas as canções deste ciclo.
O segundo grande ciclo de canções escrito por Schubert chama-se Winterreise e tal como o "Die Schöne Müllerin" é um marco incontornável na música clássica vocal. No género especifico de "canção" ou lied se preferirmos manter a expressão alemã representa mesmo o estabelecimento de um género diferente.
Este ciclo de canções também foi composto com base num conjunto de poemas de Wilhelm Müller sendo que curiosamente (e de forma um pouco tétrica) estas canções estão relacionadas fortemente com as datas do falecimento de ambos - poeta e músico. Na verdade este conjunto de canções foi composto em duas partes de 12 canções para perfazerem as 24 que o ciclo incorpora. A revisão para edição do segundo conjunto de 12 canções foi a ultima acção de Schubert enquanto compositor que não chegaria a ver esse segundo ciclo publicado. Por seu lado o poeta Wilhelm Müller faleceria com apenas 31 anos (a 1 de Outubro de 1827) sem nunca ter visto publicados ou interpretados este segundo ciclo.
Porque sei que existem alguns leitores fieis deste blog que são profundos admiradores de Schubert e em particular dos "Lied" e também porque tal como os Nocturnos de Chopin são a verdadeira cristalização de um novo género iremos neste caso dar-vos a conhecer cada uma das 24 canções.
O conjunto de poemas começa com a fase final de um amor infeliz. O amante descobre que o objecto da sua devoção não é afinal digna desse sentimento por precisamente ser incapaz de apreciar o verdadeiro amor. Na verdade o ciclo de 24 canções exprime a tentativa, destinada ao insucesso, do amante de conseguir distanciar-se e curar a sua dor. O resultado final já o conhecemos ou pelo menos advínhamos-lo. As 24 canções que compõe o ciclo são as seguintes (à medida que formos falando das canções individualmente irão ficando linkadas neste post).
1. Gute Nacht (Boa Noite)
2. Die Wetterfahne
3. Gefrorne Tränen
4. Erstarrung
5. Der Lindenbaum
6. Wasserflut
7. Auf dem Flusse
8. Rückblick
9. Irrlicht
10. Rast
11. Frühlingstraum
12. Einsamkeit
13. Die Post
14. Der greise Kopf
15. Die Krähe
16. Letzte Hoffnung
17. Im Dorfe
18. Der stürmische Morgen
19. Täuschung
20. Der Wegweiser
21. Das Wirtshaus
22. Mut
23. Die Nebensonnen
24. Der Leiermann
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Schubert - "Winterreise" - Der Leierman (O Homem do Realejo)
A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.
Chegamos com esta canção ao fim do ciclo de 24 canções. Nesta canção não existe um fim trágico conclusivo. Ou melhor talvez o mais trágico dos destinos seja precisamente a não conclusão do sofrimento. A loucura, o esvaziamento total do sentido da vida compelem-no a seguir o Homem do Realejo.
Oiçam aqui a meio-soprano Elena Gerhardt a interpretar esta canção.
O Homem do Realejo
Lá, para além da aldeia,
há um homem do realejo
que toca com dedos gelados,
o melhor que pode.
Ele se arrasta descalço no gelo
e seu pires permanece vazio.
Ninguém quer ouvi-lo,
Ninguém olha para ele
E os cães rosnam
Para o velho.
Ele deixa que tudo aconteça,
Toca e seu realejo nunca se cala.
Estranho velho,
Devo acompanhá-lo ?
Acompanharás meu canto
Com o realejo ?
Chegamos com esta canção ao fim do ciclo de 24 canções. Nesta canção não existe um fim trágico conclusivo. Ou melhor talvez o mais trágico dos destinos seja precisamente a não conclusão do sofrimento. A loucura, o esvaziamento total do sentido da vida compelem-no a seguir o Homem do Realejo.
Oiçam aqui a meio-soprano Elena Gerhardt a interpretar esta canção.
O Homem do Realejo
Lá, para além da aldeia,
há um homem do realejo
que toca com dedos gelados,
o melhor que pode.
Ele se arrasta descalço no gelo
e seu pires permanece vazio.
Ninguém quer ouvi-lo,
Ninguém olha para ele
E os cães rosnam
Para o velho.
Ele deixa que tudo aconteça,
Toca e seu realejo nunca se cala.
Estranho velho,
Devo acompanhá-lo ?
Acompanharás meu canto
Com o realejo ?
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