Há muito tempo que penso em fazer esta lista mas por uma razão ou outra nunca consegui ter a disponibilidade para o fazer. O critério é simples: Trata-se de uma lista para pessoas pouco familiarizadas com este género de música mas que gostariam de perceber melhor o seu encanto. Inclui todos os géneros e todos os períodos. A lista vai conter 101 obras, ou melhor 100 mais uma, uma que será especial, aquela que em meu entender escolheria se tivesse de propor uma única obra.
Esta lista irá sendo actualizada aos poucos e pode mesmo acontecer que obras que incluí num determinado momento sejam retiradas (para outras poderem entrar). Para além disto no futuro iremos ter esta lista categorizada por vários critérios: Época, Tipo de Instrumento ou Tipo de Obra por exemplo. Por agora podem ir comentando neste post (já que as páginas não são comentáveis). A lista terá quando completa uma pequena descrição para cada obra (neste momento a descrição apenas existe para algumas ... A lista está ordenada de forma aproximadamente cronológica (não rigorosa, mas aproximada relativamente ao período).
- Bach: Os Concertos de Brandenburgo . São 6 concertos todos eles merecedores de serem ouvidos. Podem começar pelo Segundo que a titulo de informação foi uma das obras seleccionadas para fazer parte do Disco de Ouro colocado na Voyager 2 como representativo da cultura humana.
- Bach: Partitas para Violoncelo Solo : Na obra de Bach há três instrumentos com obras de instrumento solo. Qualquer uma destas obras poderia (deveria) fazer parte desta lista, como não sei se tenho items suficientes por agora vou escolher entre o Violoncelo (partitas para Violoncelo solo), o Violino (partitas para Violino Solo) e o Piano (cravo se preferirem ser temporalmente rigorosos - Cravo bem Temperado ou mesmo as variações Goldberg). Pelo título já perceberam que a minha escolha foi o Violoncelo.
- Bach: Paixão Segundo S. Mateus : Para muitos esta é a melhor obra de música sacra de sempre. Embora não seja uma obra especialmente fácil de ouvir nos nossos dias tendo em conta a sua duração não poderia deixar de estar nesta lista pelos momentos verdadeiramente sublimes que contém.
- Bach: Missa em Si Menor. Obra composta por peças de vários períodos muito provavelmente escolhidas por Bach como uma forma de resumo do que ele considerava ter feito de melhor.
- Vivaldi : L´Estro Armónico : Este conjunto de 12 Concertos foi apenas a terceira obra publicada do compositor Italiano tendo representado uma inovação considerável. Muitas vezes tendo servido de fonte de inspiração, transcritos para piano por Bach ignora-se injustamente muitas vezes hoje o efeito revolucionário deste conjunto.
- Vivaldi : As Quatro Estações: Repetidas vezes sem conta podem por vezes passar-nos quase desapercebidas quanto ao seu mérito musical. Porém estes quatro concertos para além de terem sido das primeiras experiências de música programática fazem parte sem margem para dúvida daquelas obras que não poderão deixar de ouvir.
- Handel - Water Music : Obra concebida para ser ouvida ao ar livre e por essa razão com uma orquestração que privilegia os sopros. É também um dos primeiros exemplos de música clássica efectivamente concebida para ser ouvida por um publico que não se resumia à nobreza ou ao clero. Nas bermas do Tamisa onde passeava o rei nas suas barcaças dizem as crónicas da época que se juntaram centenas de milhares de pessoas para ouvirem ... Uma espécie de festival de verão da época - portanto.
- Handel : Messiah : Composta em 1741 e estreada em 1742 na Irlanda embora tenha conhecido várias alterações até à sua forma final que data de 1754.
- Handel : Royal Fireworks : Tal como Water Music esta obra também foi concebida especialmente para o ar livre. Obra estreada a 27 de Abril de 1749 para festejar o fim da guerra de sucessão austríaca.
- Corelli - Doze Concertos Grosso, Op. 6 : Embora a publicação deste conjunto de obras seja póstuma (1774) é certo que a sua compilação e ordenação são do próprio Corelli. Certo também é que se trata de um conjunto de obras que formaram um conjunto cuja influência no século XVIII é muitas vezes subestimada ou mesmo ignorada. Porém estes concertos foram um exemplo para Vivaldi e Bach entre outros.
- Domenico Scarlatti - Sonatas para piano : São mais de 500 obras (550 para sermos mais exactos) que embora sendo bastante simples conceptualmente não deixam de conseguir transmitir de forma absolutamente clara fortes emoções e uma cor ibérica que por vezes parece fado ...
- Telemann -Tafelmusik : Telemann no seu tempo era considerado como o grande compositor, maior mesmo do que Bach que aliás era seu amigo. Estas obras foram aliás um grande sucesso do ponto de vista editorial tendo assegurado a Telemann uma fonte considerável de rendimentos.
- Couperin - Vingt Sept Ordres : Uma "ordre" pode ser entendida como uma espécie de "suite" neste caso para cravo. Este conjunto de obras pode ser considerado como um marco percursor de outros conjuntos semelhantes sendo uma das obras mais adoradas por Bach. Handel encomendou aliás a obra directamente de Londres tendo diz-se copiado (ou citado se preferirmos) várias das suas partes.
- Haydn - Concerto para Violoncelo nº 1 e Concerto para Violoncelo nº 2 : Duas obras que durante muito tempo estiveram perdidas e/ou de que se duvidou da autoria. Não obstante essas dúvidas se terem dissipado praticamente apenas na década de 50/60 ambas fazem hoje parte do reportório clássico para violoncelo e bastante justamente pois são sem dúvida das mais interessantes peças deste período para este instrumento. Desculpem a batota das duas obras num único "número" mas tal como em outros casos existe um elemento unitário que me leva a desejar considerar as duas obras.
- Haydn - A Criação, As Estações : Estas duas obras foram compostas num período relativamente curto da vida de Haydn. A Criação por muitos considerada uma das suas obras primas foi composta entre 1796 e 1798 celebrando a criação do mundo. A segunda composta aproximadamente um ano mais tarde (1799/1801) e publicada um ano mais tarde escrita em consequência do grande sucesso da Criação não teve o mesmo sucesso embora musicólogos como Charles Rosen tenham defendido a sua superioridade musical. Porém um libretto eventualmente fraco ou pouco convincente para o efeito de uma oratória faz com que a primeira destas duas obras seja vastamente mais popular.
- Haydn - As Sinfonias de Londres : O pai do género (é a Haydn que devemos a forma musical a que hoje chamamos Sinfonia) escreveu mais de 100 sinfonias, 106 se quisermos ser precisos das quais 12 fazem parte do ciclo que escreveu durante as suas duas estadias em Londres. De cada um destes períodos escolhemos uma obra, a nº 94 (de 1791) com o sub-titulo "A Surpresa" e a nº 104 a ultima do ciclo de 1795.
- Mozart - Concertos para Piano nº20, nº 21 e nº 23
- Mozart - Eine Kleine Nachtmusic : "Klein" que significa literalmente "pequeno" não nos deve apontar no sentido da subestimação desta composição. É verdade que como todas as Sonatas esta foi muito provavelmente uma obra por encomenda. É também verdade que foi apenas publicada muito após o falecimento de Mozart. Não deixa não obstante de ser uma das mais populares obras do compositor e uma das que definitivamente recomendo que oiçam sem ser nos elevadores ou nos halls de hotel, centros comerciais ou parques de estacionamento.
- Mozart - Sinfonia nº 40, nº 41 (Júpiter), Sinfonia Concertante
- Mozart - Sonatas para Piano : A forma das sonatas de piano foi um tipo de composição que acompanhou Mozart ao longo de toda a sua vida enquanto compositor. As primeiras sonatas datam de que quando tinha 18 anos sendo as ultimas do ano anterior ao seu falecimento. Muitas compostas com fins didácticos.
- Mozart - A Flauta Mágica (Parte 1), Flauta Mágica (Parte 2) : Uma opereta em dois actos de Mozart possivelmente uma das obras de música clássica mais vezes interpretadas e mais vezes mostrada às crianças como forma de introdução precisamente a este tipo de música. Pena que tantas vezes se reduza o argumento a uma história tão sem nexo e tão sem sal que obviamente acaba por ter o efeito contrário do esperado. Uma grande obra no entanto se ouvida na sua versão original.
- Mozart - Requiem : Uma obra incompleta, tão incompleta e tantas vezes completada e de formas tão diferentes que é difícil dizer se é mais de Mozart do que de todos os demais que a procuraram concluir ou se antes pelo contrário é nossa de cada vez que a ouvimos de forma diferente. É uma obra genial pelo que seja uma obra de Mozart seja uma obra colectiva merece estar nesta lista.
- Beethoven - As sinfonias de Beethoven, todas elas, poderiam estar nesta lista. Escolhemos três o que já por si é batota mas não dava mesmo para colocar apenas uma. Estas, juntamente com a nona são as minhas preferidas. Para de alguma forma diminuir a dimensão da batota proponho em particular um andamento de cada uma delas, sei que isto é uma espécie de blasfémia (todas as obras devem ser escutadas na sua totalidade, mas no objectivo deste blog e desta lista é uma liberdade poética que me permito). Sinfonia nº 7, Sinfonia nº 5 , Sinfonia nº 3 em particular o segundo andamento, a marcha fúnebre. De certa forma este andamento pode ser visto como o fim do período clássico, o inicio do romantismo pela enorme carga emocional que transporta muitas vezes a custo de uma eventual perfeição formal. Uma sinfonia composta em memória de um grande homem que deixou de o ser mas que não obstante nos permitiu conhecer esta obra prima ...
- Beethoven - Concerto para Piano nº4 e Concerto para Piano nº 5
- Beethoven - Sonata Primavera, Kreutzer e Tempestade : Este conjunto de sonatas são certamente das obras mais populares de Beethoven. A primeira destas Sonatas em particular foi escrita precisamente para ser de fácil entendimento numa altura em que Beethoven era acusado de ser demasiado complicado para poder ser verdadeiramente apreciado pelo homem comum: Uma prova que esta discussão não faz apenas parte dos tempos modernos.
- Beethoven - Concerto para Violino : Não foi uma obra que tivesse conhecido sucesso imediato, aliás apenas foi interpretado duas vezes em vida de Beethoven mas é hoje uma das obras principais do reportório violinistico, para muitos o melhor concerto para Violino e certamente um dos mais exigentes do ponto de vista da interpretação pela sua subtileza - dificuldade técnica também mas o fundamental está naquela fronteira entre o clássico e o romântico o equilíbrio entre a orquestra e o solista, uma obra absolutamente imprescindível.
- Beethoven: Triplo Concerto
- Chopin : Concerto para piano e orquestra nº 1 e Concerto para piano e orquestra nº2
- Chopin : Nocturnos : Este conjunto de obras é um daqueles que para muitos de nós sofre do mal de excesso de exposição. Tantas vezes ouvidos que por vezes já quase nos parecem banais. Que erro de percepção cometemos. Fizemos uma longa série de 10 posts sobre estes nocturnos e por isso resolvemos reunir todos os posts num único índice (que é o proposto no link desta obra).
- Liszt: Estudos Transcendentais (ou de execução transcendente se quisermos traduzir o nome na sua totalidade) : Uma obra que começou cedo na vida de Liszt primeiro com intuitos pedagógicos (na sua primeira versão) mas que são hoje obras que fazem parte do reportório de piano e interpretadas frequentemente em recitais. A segunda parte deste post pode ser lida aqui.
- Liszt: Concertos para Piano e Orquestra nº 1 e Concerto para Piano e Orquestra nº 2
- Berlioz - Sinfonia Fantástica : Uma das obras de música programática mais interessantes que conheço porque embora contendo um objectivo especifico no que diz respeito às emoções e estados de espírito que pretende (e consegue) fazer passar ao ouvinte não deixa de nos dar um vasto espaço de liberdade na sua interpretação.
- Paganini : Capricios, Concerto para Violino nº 1
- Schumann - Diechterlieb : Um ciclo de canções que com Winterreise e Die Schone Mullerin de Schubert constituem o coração do Lieder alemão. Podem consultar aqui o índice que vos permitirá aceder à descrição e tradução de cada uma das 16 canções que compõem o ciclo.
- Schumann - Concerto para Violoncelo em Lá Menor : Uma das ultimas obras de Schumann (1850) composto nas primeiras semanas depois de se mudar para Dusseldorf. Uma obra em três andamentos interpretados sem interrupção. Uma das obras indispensáveis do reportório de Violoncelo e um dos exemplos do domínio da melodia característico de Schumann.
- Schumann: Sinfonia nº 4
- Schubert - Os grandes ciclos de Canções: Para muitos Schubert é o pai das canções. Nós neste blog concordamos que será pelo menos um dos progenitores. Por isso nesta lista não poderia deixar de estar o ciclo Winterreise e agora também, por sugestão do nosso leitor Geocrusoe, Die Schone Mullerin.
- Schubert - Sinfonia Incompleta (nº 8) em Si Menor: Antes nesta lista tinha colocado as Sonatas para Piano que também mereceriam o destaque, mas concordo com o nosso leitor Geocrusoe que esta sinfonia é marcante. Podem ouvir aqui o inicio da mesma em que reconhecerão sem dúvida o tema, uma melodia sobejamente conhecida e que atesta o talento de Schubert neste particular (a criação de melodias absolutamente inesquecíveis). Como diz o nosso leitor até pode estar formalmente incompleta mas não parece, não parece.
- Schubert: Quinteto para Piano em Lá Maior (A Truta) : Schubert foi um autêntico mestre da música de câmara. Se fosse preciso dar-vos uma dezena de outros exemplos de obras deste compositor que pudessem estar nesta lista isso seria sem dúvida possível. Para complementar e sustentar o que digo oiçam por exemplo a Morte e a Donzela - de cortar a respiração.
- Verdi - Traviata : Simplesmente a ópera mais vezes interpretada em todo o mundo. Algumas das árias mais famosas, Sempre Libera por exemplo são razões suficientes para vos propor esta obra dentro das 100 por onde devem começar.
- Verdi: Rigoletto
- Frank - Sonata para Violino : Uma obra composta em 1886 um dos mais brilhantes exemplos da escola franco-belga uma obra romântica, cíclica e profundamente una. Desta lista de 100 uma das que sinceramente nunca prescindiria.
- Strauss - Valsas : No inicio desconsideradas porque eram música de dança e não de concerto depois transformadas em hinos de uma cidade e de uma nação, vulgarizadas por más repetições e cópias as valsas de Strauss sobretudo algumas do seu período mais maduro são obras notáveis em termos de desenvolvimento e de orquestração. E dão-nos o que a música é suposto dar ... transportam-nos, elevam-nos.
- Tchaikovsky - Concerto Piano nº 1 : Uma daquelas obras de que certamente conhecemos de cor os primeiros compassos e que invariavelmente associamos ao cinema. E é justa essa associação porque a linguagem musical utilizada dificilmente poderia ser mais cinematográfica. Começando com um tema que nunca mais é repetido tudo o resto parece um maravilhoso flashback numa procura dessa melodia perdida. Ficamos durante o concerto com algumas saudades é verdade apesar de tantas outras que ao longo do mesmo se vão espalhando num dos concerto mais emocionantes que conheço. Porém aquele primeiro tema fugiu para nunca mais voltar ...
- Tchaikovsky - Concerto para Violino nº 1 : Para muitos este é "O" Concerto para Violino ou mesmo é "O" concerto todos os instrumentos considerados. Não lhe faltam atributos para isso: Um Primeiro Andamento verdadeiramente frenético e inspirador, um Segundo Andamento de grande lirismo, profundo e repousante para voltarmos a um ritmo e uma demonstração de virtuosismo do solista no Terceiro Andamento num diálogo crescente com a Orquestra e que resulta verdadeiramente inebriante.
- Tchaikovsky - Sinfonia nº 6 : Uma obra com um programa subjacente embora como o próprio Tchaikovsky referia bastante subjectivo. Uma obra que muitos pensam autobiográfica, lírica e ao mesmo tempo sujeita a explosões de fúria. Uma obra de grandes emoções.
- Tchaikovsky - Quebra Nozes, Lago dos Cisnes, Bela Adormecida : Tchaikovsky escreveu três grandes ballets. Qualquer um deles merece estar nesta lista e por essa razão resolvemos deixar a escolha ao leitor e incluir os três.
- Brahms - Sonatas para Violino e Sonatas para Piano : Brahms escreveu três sonatas para Violino e três sonatas para piano em fases muito diferentes da sua vida enquanto compositor. As obras para Piano Op 1, 2 e 5 são de 1853 e como se percebe pela numeração dos Opus são do inicio da sua carreira. No oposto as suas sonatas para Violino Op. 78, 100 e 108 situam-se no final da mesma. É interessante perceber a evolução do compositor embora mantenham sempre o mesmo caracter romantico que os apreciadores de Brahms valorizam.
- Brahms - Duplo concerto para Violino e Violoncelo : O ultimo trabalho de Brahms para Orquestra, uma obra que marcou a reconciliação com Joachim o grande violinista. Uma obra em que Brahms não é o "conservador musical" considerado por alguns. Uma forma pouco comum à época pela escolha dos instrumentos solistas embora exista sempre o apuramento e perfeição da forma que o transforma no "clássico" do romantismo, passe a expressão.
- Brahms - Ein Deutsches Requiem : Uma outra obra bastante revolucionária do "conservador" Brahms. Um Requiem para os vivos mais do que para os mortos numa concepção musical que mudou muita coisa na história da música e uma obra simplesmente maravilhosa e inspiradora.
- Brahms - Sonatas para Clarinete : Duas obras que Brahms escreveu já no fim da sua carreira quando já se encontrava "reformado" e dizia ele sem vontade ou inspiração para compor. Porém quando conheceu o Clarinetista Richard Muhlfeld novas ideias surgiram.
- Brahms - 4ª Sinfonia : Brahms escreveu quatro sinfonias sendo normalmente considerado que a quarta é uma das suas obras primas e uma das principais obras sinfónicas da história da música. Foi composta entre 1884 e 1885 tendo sido estreada em Meiningen a 25 de Outubro de 1885 dirigida pelo próprio Brahms.
- Lalo - Sinfonia Espanhola : Um compositor que é conhecido praticamente por duas ou três obras entre as quais esta sinfonia que na verdade é mais um concerto para Violino do que uma sinfonia. Não obstante é uma obra que recomendo que conheçam não só pelo seu interesse musical - algumas melodias e ritmos inebriantes - mas também pela importância que teve na inspiração para uma outra obra prima também presente nesta lista, o Concerto para Violino de Tchaikovsky.
- Mendelssohn - Concerto para Violino nº 1 : Um dos concertos para violino que prefiro e que aliás esteve na votação que fizemos. São 30 minutos de música dos mais românticos que conheço.
- Mendelssohn - Concerto para Piano nº 1 : Uma obra composta entre 1830 e 1831 em que Mendelssohn então com 22 anos começa a libertar-se mais e abordar de formar transbordante o romantismo. É um concerto bastante curto (tipicamente menos de 20 minutos) mas que não deixa por isso de transmitir uma notável atmosfera e energia.
- Mendelssohn - Canções sem Palavras : Um vasto conjunto de pequenas peças divididas em 8 volumes. Muitas vezes chacinados por jovens aprendizes da arte do piano sofrem um pouco do mal dessas obras tantas vezes mal interpretadas que se tornam quase comuns aos nossos ouvidos na sua pior forma.
- Richard Strauss - Quatro Ultimas Canções : Uma das ultimas obras de Richard Strauss, uma que ele nunca chegou a ouvir, uma estreia de sonho com a soprano Kirsten Flagstad e Furtwangler dirigindo a Sinfónica de Londres, uma despedida soberba com uma carga emocional dificil de ultrapassar. Im Abendrot é uma daquelas canções que não conseguimos mesmo esquecer. Oh Paz larga e feliz tão profunda no pôr do sol - tão exaustos que estamos com a nossa caminhada. Pode isto ser a morte?
- Saint Saens - Concertos para Piano e Orquestra nº 2 e nº 5 : Um dos compositores franceses mais completos tendo composto obras relevantes em praticamente todos os géneros. Personagem muito particular e talvez por isso muitas vezes desconsiderado face a outros contemporâneos. Estes dois concertos para piano e Orquestra estão entre as suas obras mais relevantes e mais populares.
- Ravel - Bolero : Um ritmo, dois temas de dezoito compassos, tocados alternadamente 18 vezes durante cerca de 17 minutos num longo e gradual crescendo. Música repetitiva mas simultaneamente com um ritmo obsessivo e lascivo.
- Ravel - Concerto Piano para a mão esquerda : Um concerto escrito especificamente por encomenda do pianista austríaco Paul Wittgenstein que havia perdido um braço na primeira guerra mundial mas que acabou por ultrapassar as fronteiras da encomenda tornando-se uma obra presente no reportório clássico do piano e certamente uma que recomendo.
- Bruch - Concerto para Violino : Se Bruch soubesse e se importasse com o facto desta lista existir seria com toda a certeza para exclamar que também aqui apenas se lembrariam dele pelo seu concerto para Violino. Porém o que podemos fazer? É uma obra tão poderosa que tem de estar nesta lista e que na verdade torna as restantes obras deste compositor pouco salientes ...
- Grieg - Concerto para Piano e Orquestra : O único concerto que Grieg escreveu é verdade mas vale por muitos ... Um concerto típico da escola escandinava de que aliás foi um dos "pais". Composto em 1868 quando o compositor tinha apenas 24 anos, uma das suas obras de juventude. O inicio do concerto é uma das peças mais facilmente reconhecíveis da música clássica e uma das obras mais interpretadas quer como reportório clássico quer em adaptações para outros fins.
- Grieg - Peer Gynt : Uma obra que começou como música de acompanhamento de uma peça teatral mas que acabou por ganhar um lugar próprio na música orquestral através de duas suites sinfónicas que contêm algumas das melodias mais conhecidas de toda a música clássica.
- Delibes - Lakmé : Uma ópera composta entre 1881 e 1882 e que contém algumas das árias mais conhecidas do mundo, sem que no entanto a obra no seu conjunto tenha por isso ganho o justo reconhecimento.
- Carl Off - Carmina Burana : Uma das obras emocionalmente mais poderosas da música clássica. Data de 1935 e baseia-se em versos e fragmentos da idade média interpretados e reescritos por Carl Orff numa reconcepção total que faz desta obra uma peça profundamente original e única.
- Wagner - Der Ring des Nibelungen : Uma das obras primas do período romântico e um marco incontornável na história da música. São mais de 15 horas de música de uma orquestração divina. Não é propriamente o meu género mas tem de ser ouvido pelo menos uma vez e para muitos dos meus leitores será certamente uma das que preferirão ...
- Dvorak: Sinfonia nº 9 "do Novo Mundo" : Se existe uma maldição para os compositores que se atrevem a chegar à nona sinfonia essa maldição certamente não passa para os ouvintes ! Tal como muitas outras sinfonias com este número esta obra de Dvorak é verdadeiramente épica, um monumento musical intemporal e simultâneamente americano e multi-étnico numa mistura de géneros típica do novo Continente, de contrastes violentos entre o silêncio e a explosão, entre a melodia e o ritmo, entre os próprios ritmos entre si. Uma verdadeira "sopa" musical passe a expressão que poderia deixar a ideia de um prato menos conseguido. Não, esta mistura é mesmo de elevadissima qualidade mas sem por isso deixar de ser fácil e popular; a razão do seu sucesso.
- Dvorak - Concerto para Violoncelo : Uma das ultimas obras composta por Dvorak para um instrumento solista e um daqueles concertos que está intimamente ligado (pelo menos para mim) a um interprete especifico, neste caso Jacqueline du Pré.
- Brukner - Sinfonia nº 7 : Um dos compositores mais polémicos do final do século XIX / inicio do século XX. Por muitos acusado de excessiva verbosidade musical é não obstante para mim uma figura incontornável quando falamos da forma sinfónica. Esta sétima sinfonia ou a quarta devem estar entre aquelas que todos deveríamos ouvir pelo menos uma vez na vida.
- Rimsky Korsakov - Scherezade : Este poema sinfónico é como saberão os leitores deste blog uma das obras que marcou a minha adolescência. Foi um dos primeiros vinis que descobri na colecção do meu pai e que ouvi vezes sem conta enquanto estudava (pode parecer mentira mas foi mesmo assim). Desconfio que não existem melodias mais emocionantes do que aquelas que Rimsky Korsakov escreveu. Emocionantes no sentido de nos levarem a querer abraçar ou beijar o próximo ou a batalhar ferozmente pela vida. Mais tarde descobri a apreciar também a maestria absoluta da orquestração a forma hábil como os instrumentos dialogam ou se confrontam. Mas na adolescência o que contava mesmo era a embriaguez proporcionada por aqueles sons. Claro que por vezes os estudos ressentiam-se ...
- Ernest Chausson - Poème : Um músico quase desconhecido com uma lendária falta de confiança mas que compôs algumas obras fantásticas para violino. Esta será eventualmente a mais conhecida delas. Garanto-vos que não ficarão insensíveis ao profundo romantismo e lirismo que a peça consegue transmitir.
- Puccini : Madama Butterfly
- Puccini : La Bohéme
- Rossini: O casamento de Figaro
- Sibelius - Concerto para Violino em Ré Menor (Op. 47) : Uma obra romântica já no século XX (muito embora no seu inicio) de certa forma emblemática do drama de Sibelius numa altura de em que a música assumia novas linguagens esta persistência de Sibelius era vista como anacrónica. Hoje com a distância de um século percebemos que não era bem assim, veio talvez tarde o reconhecimento mas a verdade é que este concerto faz parte do reportório violinistico mais usual e o seu terceiro andamento faz parte dos extractos de música clássica mais conhecidos.
- Rachmaninov - Concerto piano nº 2 : Um concerto que Rachmaninoff dedicou ao seu psicologo por o ter curado de uma profunda depressão. Uma obra pungente e que pessoalmente me traz recordações ao mesmo tempo doces e amargas e no qual não consigo deixar de chorar. Uma das grandes obras românticas.
- Prokofiev - Pedro e o Lobo
- Prokofiev - Concerto para piano nº 1 e Concerto para piano nº 3
- Prokofiev - Romeu e Julieta
- Mahler - Das Lied von der Erde : A canção da Terra, uma das várias despedidas de Mahler da vida na Terra (uma das outras a Nona sinfonia está nesta lista logo a seguir ... ). Seis andamentos para Orquestra e voz numa espécie de fusão entre o Ciclo de Canções e a Sinfonia. Sublime.
- Mahler - Sinfonia nº 9 : A maldição da nona, a ultima das sinfonias de tantos grandes compositores ao ponto destes por vezes procurarem abster-se de a numerar assim. Esta sinfonia é vista por muitos como um longo adeus de Mahler em quatro longos andamentos cada um deles constituindo uma forma diferente de despedida. Certo é que se para os autores mais supersticiosos poderiam existir indícios de uma maldição, não deixa de ser menos verdade que cada uma dessas obras de "despedida" é uma verdadeira obra prima. Esta nona Sinfonia de Mahler não destoa desse conjunto!
- Debussy - Prelude aprés midi d´un faune : Esta obra marca simultâneamente o fim da tonalidade o máximo de liberdade que se pode ter nesta forma de composição e o inicio da atonalidade com o mínimo de liberdades tomadas mas ao mesmo tempo o máximo de sentimento e de expressividade. Debussy raramente é reconhecido pelo verdadeiro mérito de revolucionário que exerceu na música mas se existe obra que pode marcar essa revolução, a verdadeira tomada da Bastilha é esta!
- Satie - Gnossienes e Gymnopedies : Música ambiente, música de elevador são algumas das designações que por vezes são utilizadas para qualificar a música de Satie em particular estas duas obras. Injusto certamente porque ignora a inovação e a qualidade do trabalho do compositor. É verdade que o excentrismo de Satie não o terá ajudado muito a obter o reconhecimento da história. Até agora ... a verdade é que terá sido um dos primeiros músicos a compreender a noção de evento e de intervenção.
- Stravinsky - A Sagração da Primavera : Obra para bailado estreada a 29 de Maio de 1913 no meio de uma polémica que envolveu verdadeiras batalhas na sala de espectáculo. Revolucionária pela construção musical e por uma sensualidade quase primária a obra foi depois adaptada a peça para orquestra e várias vezes revista por Stravinsky mas nunca perdendo o caracter que faz dela uma peça incontornável na história da música. A ouvir e ver se possível.
- Stravinsky - O Conto do Soldado
- Ysaÿe : Seis sonatas para violino
- Gershwin - Rhapsody in Blue : Jazz ou música clássica é uma polémica que nunca terminará. Certo é que esta obra mudou radicalmente a música norte-americana e que as opiniões inflamadas que gerou devem ser possivelmente comparadas à reacção que gerou a Sagração da Primavera de Stravinsky um pouco mais acima nesta lista. Em 1924 considerar que o Jazz poderia ser "digno" de um sala de concertos era na verdade um conceito absolutamente revolucionário e foi essa via que Gershwin ajudou definitivamente a abrir.
- Rodrigo - Concerto de Aranjuez e Fantasia para un Gentilhombre
- Khachaturian - Concerto de Violino : Composto em plena Segunda Guerra Mundial (1940) este concerto sofre do problema do facto dessa circunstância ter impedido a sua maior divulgação na altura. Por outro lado vivendo numa geração que nos deu Prokofiev ou Schostakovich, Kachaturian é muitas vezes visto como um compositor de segundo plano. Não o ajudou no período da Guerra Fria o facto de no Ocidente ser visto como um compositor do "sistema soviético". Uma obra a conhecer, uma das que nesta lista será menos (re)conhecida mas que no meu entender na pior das hipóteses ajuda a entender a profundidade da música russa da primeira metade do século XX (pese o facto de Kachaturian ser na verdade Arménio).
- Britten - The Young Person´s Guide to the Orchestra
- Britten : A midsummer Night´s Dream
- Britten : War Requiem
- Holst: Os planetas
- Heitor Villa-Lobos - Bachianas Brasileiras : Conjunto de obras compostas entre 1930 e 1945 numa concepção de fusão muito particular. Trata-se de facto da utilização de técnicas de composição do período de Bach com melodias populares brasileiras. É por essa razão que cada Bachiana tem em simultâneo um titulo barroco e um moderno (Brasileiro).
- Schostakovich - Concerto para Violino nº 1
- Schostakovich - Concerto para Violoncelo nº 1
- Schostakovich: Quartetos para Cordas
- Piazolla - Tangos
- Leonard Bernstein : West Side Story
- Bartok: Sonatas para Violino nº 1 e 2