Hoje fui ao CCB ouvir mais um Concerto à Conversa. Neste caso havia três excelentes razões para ir. Em primeiro lugar pela Sonata de Cesar Franck que é uma das minhas obras preferidas pela enorme densidade poética, confesso que raramente consigo conter pelo menos uma lágrima mais ou menos rebelde ... Neste caso a interpretação a cargo de duas jovens foi fabulosa, verdadeiramente única! Tanto Tamila Kharambura no violino como Inês Andrade no piano ofereceram-nos uma leitura fresca e original de uma sonata que nunca me canso de ouvir ...
A segunda excelente razão era a interpretação de uma obra de António Fragoso. Pensava até à pouco que esta teria sido a sua ultima obra mas estudos recentes demonstram que não. Pouco importa o Allegro da Sonata Inacabada não deixa de ser uma obra fantástica. A interpretação a cargo de Ana Pereira (Violino) e Paulo Pacheco (Piano) também foi excelente. Não encontro no You Tube uma versão desta obra mas podem em vez disso ficar com uma das minhas peças preferidas de António Fragoso o Nocturno em Ré Bemol por Miguel Henriques.
Por fim mas não menos relevante ao contrário havia uma obra em estreia, Quasi una Sonata. Eu confesso-vos que quando escrevo aqui que na estreia de uma determinada obra de digamos Stravinsky um teatro cheio aplaudiu num primeiro tempo tenho inveja mas depois penso que afinal temos a oportunidade agora de viver momentos semelhantes em que se estreiam obras. Neste caso uma obra de António Pinho Vargas de que gostei, tem os elementos da "Média Dourada" de Mozart. Suficiente para os não especialistas como eu gostarem e certamente os elementos mais sofisticados que apenas ouvidos mais educados atingirão. Foram excelentes interpretes Miguel Henriques (Piano) e Gareguin Aroutiounian. Só é pena que para uma estreia absoluta não se tivesse enchido uma sala ... mas o problema aí não está na qualidade da obra mas antes na distracção do público. Não vos posso mostrar obviamente um link com a peça mas em compensação podem ouvir este Nocturno Diurno do mesmo compositor.