Ora bem desembrulhadas as prendas e antes do britânico Boxing Day existe a quase obrigatoriedade de ouvir Bach no dia de Natal. Sim este dia sem Bach não é bem a mesma coisa. Este ano porém tem um twitch ... é que o Bach que escolhi ... não é Bach ou pelo menos assim parece depois de alguns séculos de equivoco.
Na verdade tinha considerado oferecer-vos "Bist tu bei mir" que segundo estudos recentes foi na realidade composto por Gottfried Heinrich Stölzel (1690-1749) daí o titulo deste post. Resolvi ainda assim manter a escolha porque não tendo Bach é assim uma oportunidade de conhecerem um outro compositor de que vos sugiro também a audição por exemplo de Te Deum .
Porque razão surgiu a atribuição inicial? Porque esta ária surgiu no livro de Anna Magdalenna Bach. Porém recentemente foi descoberto o manuscrito da ópera Diomedes de Stölzel que se julgava perdida tendo ficado claro que esta composição fazia parte dessa obra. Em muitos vídeos no You Tube ainda a encontrarão com a sua antiga catalogação BWV 508 . Notem que existem diferenças entre as duas peças pelo que é provável que esta catalogação se mantenha embora como uma versão e não uma obra original)
Esclarecida a autoria porque razão tinha eu escolhido esta obra? Bem em grande parte pela mensagem de conforto e de esperança que transmite. Uma mensagem que pode ser estendida a todas as nossas famílias e se tivermos coração para isso a toda a humanidade. Não se foquem no sentido literal do poema pensem antes no percurso que o mesmo pressupõe ... pelo menos é assim que o vejo.
Esta ária foi gravada por variadíssimas grandes senhoras do canto lírico. Proponho-vos algumas interpretações para que possam apreciar as diferenças. Em primeiro lugar uma gravação de de 1954 de Elisabeth Schwarzkopf .
Depois uma gravação de que não sei a data de Kirsten Flagstad (numa versão cantada em Inglês).
Podem também ouvir Arleen Auger numa gravação bem mais recente e que nesta versão tem a vantagem de vos dar o poema em Alemão e Inglês de que fica aqui uma tradução para português de minha autoria. perdoem a ousadia mas para aqueles que não dominam nenhuma das duas línguas creio ser importante poderem apreciar também a beleza do que é dito.
Se estiver perto de mim
Irei com Alegria
Para a Morte
e para o descanso
Ah como seria agradável
o meu fim
se fossem as tuas amáveis mãos
a fechar os meus olhos
Recentemente este tema foi utilizado num filme tendo sido interpretado por Rolando Villazón e Natalie Dessay.
Finalmente a minha preferida numa gravação de 1950 Kathleen Ferrier.
A propósito e curiosamente nas Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos esta composição é uma das que o compositor Brasileiro utiliza para a sua fabulosa miscigenação ... Aqui numa interpretação que encontrei de precisamente uma das interpretes que vos propus - Nathalie Dessay curiosamente gravado em São Paulo.