domingo, 6 de julho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Frühlingstraum (Sonho de Primavera)


Esta canção tinha ficado esquecida e por isso vamos hoje recuperar essa falta.

A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nos limites da exaustão o jovem precisa de reganhar forças. De um sono agradável onde sonha com o regresso da bem amada acorda para a triste realidade. Está só e continuará só. Chamo a vossa atenção para a beleza absolutamente eterna da melodia.

Oiçam aqui Jorma Hynninen acompanhado ao piano por Ralf Gothóni interpretar duas canções deste ciclo. Primeiro a canção Rast (repouso) de que falámos aqui e depois o Sonho de Primavera a que este post diz respeito.

Sonho de Primavera

Sonhei com flores coloridas
tal como florescem em maio;
sonhei com verdes campinas,
com alegres cantos de pássaros.

E quando os galos cantaram
meus olhos se abriram;
estava frio e escuro,
gritavam os corvos nos telhados.

Mas nos vidros das janelas
quem pintou aquelas folhas ?
Foi para rir do sonhador
que vê flores no inverno ?

Sonhei com amor correspondido,
com uma bela moça,
com abraços e beijos,
com alegria e felicidade.

E quando os galos cantaram
meu coração despertou;
agora me sento aqui sozinho
e penso em meu sonho.

Fecho de novo os olhos,
ainda bate ardente o coração;
flores em minha janela, quando voltarão a ser verdes ?
Quando terei minha amada nos braços ?

Schubert - "Winterreise" - Im Dorfe (Na Aldeia)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

A nossa caminhada sem destino fez-nos chegar a uma aldeia que dorme. Os cães ladram e outros ruídos das noites calmas enchem-nos os ouvidos de uma normalidade que nos parece absolutamente impossível de entender. Aqueles homens e mulheres vivem em paz. Possuem aquilo que nos faz falta. Uma companhia humana. O amor. Como é possível ?

Oiçam esta canção na interpretação do nosso barítono de referência, Dietrich Fischer-Dieskau acompanhado ao piano por Alfred Brendel aqui.

Na Aldeia

Ladram os cães, sacodem suas correntes;
dormem as pessoas em suas camas
pensando em tantas coisas que não têm,
recompondo-se o melhor que podem;

De manhã cedo tudo se desvanece;
pois bem, viveram uma parte da sua vida
e esperam que o que ainda lhes falta
hão de encontrar no travesseiro.

Expulsem-me com o vosso latido, cães de guarda,
não me deixem repousar nessas horas de sono!
Cheguei ao fim de todos os meus sonhos,
por que ficaria eu entre os que dormem ?

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