Das obras para piano solo passamos hoje para o concerto para Violino em Ré Maior Opus 61. Este concerto foi composto para o seu colega violonista Franz Clement. No entanto o concerto não foi um sucesso imediato e na verdade só por uma vez voltou a ser executado na vida de Beethoven (Berlim 1812).
Devemos mais uma vez a sua redescoberta a um compositor de quem já falamos algumas vezes Mendelssohn que em 1844 dirigiu uma interpretação sendo o solista o famoso violinista Joseph Joachim (de que iremos falar mais tarde a propósito de Brahms por exemplo). Nunca é demais salientar o papel que Felix Mendelssohn teve no redescobrir de tantas e tantas obras (S. Mateus de Bach por exemplo). Na verdade este concerto já tinha sido tocado em 1834 por Vieuxtemps que tinha na altura 14 anos mas esse facto passou desapercebido. Em grande parte porque contrariamente a atitude prevalecente na época o concerto de Beethoven é na verdade um concerto para Violino e Orquestra e não apenas um concerto para fazer brilhar o solista com uma orquestra subserviente e secundária.
Desde essa data (1844) este concerto passou a ser uma peça das mais executadas do repertório de violino o que é aliás inteiramente merecido. Sendo como é uma das peças mais significativas do reportório de um violinista não admira que seja fácil encontrar várias interpretações deste concerto no You Tube. Tivemos mesmo uma tremenda dificuldade de escolha ...
O primeiro andamento (Allegro ma non troppo - Ré Maior) caracteriza-se pela utilização orquestral dos timbales e das madeiras prática em que Beethoven levou as experiências anteriores de Mozart às ultimas consequências. Para ilustrar este primeiro andamento escolhemos Yehudi Menuhin que podem ouvir aqui . Orquestra dirigida por Colin Davis.
O segundo andamento (Larghetto - Sol Maior) caracteriza-se por uma melodia "leve", "etérea". Para este segundo andamento escolhemos Isaac Stern com a Orquestra Nacional de Paris dirigida por Claudio Abbado. Podem ouvir este andamento aqui.
O terceiro andamento (Rondo - Allegro) caracteriza-se pelo aparecimento sucessivo de um tema que provavelmente muitos de nós já ouvimos ... só não sabemos de que se trata ... Para este andamento escolhemos uma gravação de 1968 com a Filarmónica de Londres dirigida por Sir Adrian Boult. O solista é David Oistrakh (1908-1974) sem margem para duvidas um dos grandes violinistas do século XX. Podem ouvir este andamento aqui.
Em extra proponho-vos também que oiçam este concerto numa interpretação que vou considerar histórica já que é de Kreisler o autor das cadências que são normalmente interpretadas com este concerto (o tema das cadências seria só por si um post que irei eventualmente um dia fazer) mas por agora se quiserem ouvir esta gravação de 1926 cliquem aqui (nota: só para ver o gira-discos em que isto é tocado vale a pena .... ).