Hoje ao ler num post no blog PortaLivros um poema do Miguel Torga cheguei à conclusão que era altura de falarmos de um compositor português. Tínhamos evocado Adriano Correia de Oliveira (aliás assumidamente completamente fora do tópico) mas de resto pouco mais.
Escolhemos falar do compositor português mais conhecido deste período que aliás tem uma composição que todos nós já devemos ter ouvido um bom milhar de vezes, possivelmente ignorando que se trata de música portuguesa aqui na interpretação da orquestra barroca norueguesa (interpretação que se recomenda).
Carlos Seixas nasceu em Coimbra a 11 de Junho de 1704. Filho do organista da Catedral cedo viajou para Lisboa onde conheceu (aqui mais uma coincidência com o nick do autor do já referido blog Portalivros ... Scarlatti) Domenico Scarlatti. Reza a história que Scarlatti terá dito ao Rei que não era Seixas que precisava de lições dele, mas sim o inverso.
Infelizmente a maioria da obra de Carlos Seixas perdeu-se no terramoto de 1755. Carlos Seixas já havia falecido uns anos antes a 25 de Agosto de 1742.
Apesar da sua curta existência Carlos Seixas deixou um legado - sobretudo de obras para teclas - que o coloca sem duvida como o maior compositor deste período em Portugal e um dos mais representativos da época.
Na pesquisa que efectuamos encontramos no You Tube alguns outros vídeos a que vale a pena dar uma vista de olhos. Veja por exemplo uma fuga interpretada no Órgão da Sé Patriarcal de Lisboa.
Ou ainda a Orquestra de São João da Madeira a interpretar a obra que há pouco ouvimos uma parte pela Orquestra Barroca Norueguesa. Não vale fazerem comparações - estes músicos são todos muito jovens - menos de 15 anos e não deixam de ter um excelente conjunto.
Acreditem que só para chegar a este nível estão investidas muitas horas de trabalho. Numa sociedade que nos quer fazer acreditar que tudo se consegue fazer sem esforço, estilo farinha amparo, é uma delicia ver jovens investir tanto na música. Aqui fica a Orquestra de São João da Madeira de jovens músicos portugueses a tocar uma obra portuguesa do período barroco com os meus sinceros parabéns.
Obrigado por ter citado o meu blog e também por ter enriquecido o post de ficção científica com as suas sugestões de leitura.
ResponderEliminarQuanto a Carlos Seixas devo dizer que, sendo um compositor mundialmente celebrado continua, estranhamente a não ser promovido entre nós. Temo que seja mais conhecido lá fora do que cá dentro...
Aprecio muito a sua música que descobri quando estudava em Coimbra onde tive a oportunidade de ir a alguns concertos. Gosto especialmente da sua missa (recomendo a excelente gravação da Virgin Veritas com a mesma orquestra do exemplo que apresentou mas também com cantores solistas portugueses e a participação do coro de câmara de lisboa). Impressiona-me pensar que grande parte da sua obra se tenha perdido para sempre no terramoto.
Obrigado pela sugestão da missa. Na verdade acho que nunca a ouvi (que vergonha ...). Quanto ao facto de Carlos Seixas não ser conhecido em Portugal basta ver o que aconteceu em 2004 quando se celebrou o tri-centenário do seu nascimento que praticamente ia passando desapercebido. Mais ainda por exemplo nas escolas de música a peça que incluí pelas suas caracteristicas era optima para ser utilizada no ensino ... mas que eu saiba não faz parte dos programas normais dos conservatórios ... É uma pena e uma vergonha nacional, acho eu.
ResponderEliminarPeço desculpa pelo comentário tardio, mas só agora descobri este post.
ResponderEliminarÉ só uma pequena rectificação:
Se a obra a que se refere é o Concerto em Lá Maior, ele FAZ parte dos programas do Conservatório. Está incluído nos programas de 7º e 8º graus de piano (penso que também esteja previsto nos de Cravo) e pode ser inclusivamente tocado no exame final de 8º grau na prova de Sonata/Concerto.
Obrigado pela correcção Pianoman e ainda bem que estava enganado.
ResponderEliminarForam descobertas 28 sonatas (creio eu) recentemente pelo meu professor, o prof. João Pedro d'Alvarenga, que foram recentemente editadas em disco. Acho Seixas um compositor único na história do Portugal musical do séc XVIII. Primeiro: compõe um concerto para cravo, numa altura em que ninguém mais se lembra de tal coisa (pelo menos que se saiba). Segundo: as sonatas não têm nada a ver com as de Scarlatti, que influenciou a sua época. Nas sonatas utiliza elementos italianos misturados com franceses. Contudo o que me "irrita" em Seixas é a ausência de desenvolvimento. vid. o concerto para cravo: os temas que propõe são magistrais, contudo não existe um seguimento das ideias. Se tivesse explorado esse campo infinito talvez tivesse sido o "nosso Bach".
ResponderEliminarbom comeco
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