segunda-feira, 30 de junho de 2008

As pesquisas interessantes da semana

Esta semana mais uma vez resolvemos investigar as pesquisas que trouxeram pessoas ao nosso site e mais uma vez encontramos algumas dúvidas interessantes. Hoje temos essencialmente pequenas dúvidas teóricas.

"chopin op 10 n 3 que significa op?" : Op. é a forma abreviada da palavra em Latim "Opus" e que significa Obra. Op. 10 significa assim a décima obra publicada do autor. Número 3 significa que foi a terceira na publicação referenciada.

o que é pianoforte? : O antecessor do piano que conhecemos hoje.

"o que é concerto grosso": Forma de concerto do período barroco em que uma peça é tocada por um pequeno grupo de solistas (os "Concertinos") e a orquestra toda (o "Repieno").

o que significa allegro assai, andante nas músicas clássica : Ambos os termos referem-se a uma medida do tempo em que as composições devem ser tocadas. "Andante significa "ritmo de passeio" 76-100 bpm (batimentos por minuto). Allegro Assai é um ritmo mais rápido. Allegro significa entre 120 a 168 bpm. No que diz respeito ao modificador Assai alguns pensam que se trata de uma palavra que modera o andamento - Assai significando nesse caso Moderado outros pelo contrário pensam que Assai significa "mais" sendo nesse caso uma indicação para interpretar perto do limite máximo. O próprio Beethoven por exemplo não foi sempre consistente na utilização do modificador. A música clássica embora seja "precisa" não deixa de dar algumas liberdades próprias das artes ...

"Quero ouvir musica orquestra de viola": Vamos supor que estamos a falar de viola de corda dedilhada e não viola de arco. Para começar tente "Concerto de Aranjuez", uma espécie de homenagem à Espanha em Festa com merecido título de ontem (e que me deixou muito feliz - venceu o futebol espectáculo). Pode ouvir no You Tube Narciso Yepes aqui.

violinhos lisboa site oficial : O site oficial dos Violinhos , Orquestra associada à Academia de Música de Lisboa pode encontrar-se em www.violinhos.net .

domingo, 29 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Rast (Repouso)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nesta canção o sentimento é de enorme cansaço. O repouso é o descanso de quem se sente impelido pela força do destino como se tratasse de uma enorme tempestade.


Repouso

Só agora percebo como estou cansado,
quando me deito para repousar;
fiquei alerta ao viajar
pela estrada inóspita.

Meus pés não pediam descanso,
estava frio demais para ficar parado;
minhas costas não sentiam peso,
a tempestade me carregou para adiante.

Na carvoeira estreita de uma cabana
encontrei abrigo;
mas meus membros não têm repouso
tanto ardem suas feridas.

Também tu meu coração, na guerra e na tempestade
tão bravo e tão destemido,
sinta nesta calma sua serpente
mexer-se com uma mordida ardente !

sábado, 28 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Irrlicht (O Fogo Fátuo)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nesta canção o aspecto emocional é extraordinariamente importante. Sentimos que o fim está próximo e o fogo-fátuo é de certa forma a metáfora da nossa existência. Curta e intensa.


O Fogo Fátuo

Para um terreno rochoso
atraiu-me um fogo fátuo;
achar um caminho de volta
não é coisa que me preocupe.

Estou acostumado a perder-me no caminho
todos os caminhos levam ao fim:
nossas alegrias, nossas tristezas
são todas um jogo do fogo fátuo.

Pelo leito seco do riacho da montanha
sigo calmamente,
cada riacho termina no mar,
cada tristeza em sua sepultura.

Violinhos - Concerto de Verão na Aula Magna


No próximo Domingo às 17h mais de 300 jovens violinistas estarão na Aula Magna num Concerto de Verão. Não sendo um record do Guiness não deixará de ser um espectáculo a não perder. Para além dos Violinhos escolas de vários outros pontos do país : Leiria, Sétubal, Paços de Brandão, Tomar, Torres Novas virão fazer-nos companhia. Os bilhetes custam €5 e estarão à venda no local antes do Concerto.
Pela natureza do concerto e pela presença em palco de tantos jovens é ideal para a iniciação dos mais jovens à música clássica e quem sabe despertar neles o desejo de aprender música.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Rückblick (Um Olhar para trás)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Mais uma vez nesta canção o jovem apaixonado procura escapar aos locais onde sentiu tanto amor. Porém como sempre vê-se arrastado para os locais onde não pode deixar de sentir a sua paixão. Em cada um destes lugares sente-se rejeitado, despeitado.

Oiçam aqui o nosso barítono de referência Dietrich Fischer-Dieskau acompanhado ao piano por Alfred Brendel.


Um Olhar para Trás

Ardem as solas dos meus pés
mesmo se caminho sobre o gelo e a neve,
não quero respirar de novo
até que as torres estejam longe.

Feri-me em todas as pedras
na minha pressa de deixar a cidade;
as gralhas no alto das casas
jogaram-me granizo no chapéu.

Como outrora você me recebeu diferente,
cidade da inconstância;
cantavam em suas claras janelas
a cotovia e o rouxinol.

As tílias copadas floresciam,
as claras fontes jorravam com brilho,
e - ah ! - dois olhos de moça brilhavam:
aí, amigo, você entrega seu coração.

Quando penso naquele dia
quero olhar para trás ainda uma vez,
quero cambalear de volta
e colocar-me de novo em frente à sua casa.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Recital de Homenagem a Guilhermina Suggia

Através do Blogue Arte no Tempo tivemos conhecimento de mais uma recomendação para este fim de semana. Assim na sexta-Feira às 22h00 terá lugar um recital em homenagem a Guilhermina Suggia (1885-1950) na Fábrica Braço de Prata - Rua da Fábrica do Material de Guerra, nº1 (Sala Nietzsche), no dia do 123º aniversário do nascimento da violoncelista.

O evento conta com a participação do pianista Alexei Eremine e dos violoncelos Carolina Matos, Irene Lima, Miguel Fernandes, Paulo Gaio Lima e Ramon Bassal.

Do programa constam obras de J. Brahms, L. Freitas Branco, R. Glière, Krummer, Baden-Powell e K-ximbinho.

Para quem não conhece a zona esta fábrica fica perto da Praça 25 de Abril mesmo junto ao rio Tejo junto ao início da Infante D. Henrique. Esta praça é aquela que tem uma das estátuas do José Guimarães, uma praça enorme com essa estátua no centro.

Recomendações da Quinta-Feira

Quinta-Feira já sabem que é dia para recomendações. Como é costume começamos pelo sul do país.

Assim a Orquestra do Algarve dirigida por Patrick Lange estará na Igreja Matriz de Paderne na Sexta-Feira 27 de Junho às 21:30 para um concerto onde serão interpretadas obras do período clássico: Mozart e Haydn.

Um pouco mais a Norte na régia localidade de Vila Viçosa mas precisamente no seu Paço Ducal Armando Possante, António Carrilho e António Esteireiro interpretarão as cantatas de Bach para Baixo Solo. Será na Sexta-Feira às 21h e a Entrada é livre.

Em Almada no dia 27 de Junho às 21:30 poderão ouvir a "A (pequena) Flauta Mágica" de Mozart num espectáculo destinado aos mais pequenos e de uma maneira geral a uma primeira introdução à opera. Notem porém que se trata de um excelente espectáculo musical dado que a obra foi mantida na sua essência sendo as adaptações essencialmente na duração. Já tinhamos falado desta produção do São Carlos aqui. Mais uma oportunidade a não perder. Os preços das entradas variam entre €15 e €10. Dos intérpretes destacamos Raquel Alão no papel de Rainha da Noite (pelo menos na récita que ouvi no São Carlos foi a que mais me agradou). A Orquestra Sinfónica Portuguesa será dirigida pelo maestro Cesário Costa.

Em Lisboa não se esqueçam dos Violinhos no Sábado na Igreja da Cartuxa (Sábado 21:30) ou no Concerto de Verão na Aula Magna (Domingo 17h).

Ainda em Lisboa no Museu Nacional de Arqueologia e também no Domingo mas pelas 16h a Orquestra Círculo de Música de Câmara, sob a direcção do maestro Paulo Videira, irá interpretar obras variadas contando com a Solista Carolina Patrício (Flauta) e com o Solista João Barroso (Oboé). Uma recomendação do Blog Fantasia Musical.

Em Sintra no Centro Cultural Olga Cadaval apresentarão-se os Coros Leal da Câmara, Câmara de Setúbal, Coral Allegro Grupo e Coral de Queluz acompanhados pelos solistas Margarida Marecos (soprano), Conceição Martinho (contralto), João Miguel Queirós (tenor) e Simion Dimitrov (baixo), sob a direcção do maestro Jean-Sébastien Béreau. Será na Sexta-Feira às 21:30. Entradas: €5.

Em Coimbra (estreia de uma recomendação para a minha cidade natal) o Coro Cantares - Coro Misto da Universidade de Coimbra estará na Fnac Coimbra no Domingo às 17h para a apresentação e lançamento do CD "Cantares". A entrada é livre.

Finalmente na Invicta cidade do Porto teremos um concerto Promenade com a obra "Peer Gynt" de Grieg. Será no Domingo às 11:30 no Coliseu do Porto. Este concerto será interpretado pela Orquestra Nacional do Porto. Entradas entre €10 e €5.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Violinhos na Igreja da Cartuxa


Antecipando um pouco as recomendações da Quinta-Feira hoje temos em destaque o concerto que os Violinhos irão proporcionar no próximo Sábado às 21:30 na Igreja da Cartuxa, em Caxias, que encerra o Festival de Música, promovido pelo Ministério da Justiça para comemorar os 25 anos de reinserção social.

A entrada é livre e claro eu estarei lá. Conto convosco !

terça-feira, 24 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - "Auf dem Fluße" - No Rio


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Esta canção começa com uma introdução de uma clareza cristalina de grande quietude mas com a impressão que a qualquer momento a torrente de sentimentos que tentamos dominar pode voltar à superfície e quebrar o gelo. É esse ressurgir que ouvimos no crescendo final.

Para ouvirmos esta peça tranquilamente recomendamos o nosso barítono de serviço Dietrich Fischer Diskau aqui.


Sobre o Rio

Rio que corrias tão alegre,
rio tão claro e solto,
tornaste-te silencioso,
sem te despedires de mim.

Cobriste-te
com uma crosta dura e imóvel
esticando-te frio e parado
sobre a terra.

Na tua superfície gravei
com uma pedra pontiaguda
o nome de minha amada,
a hora e o dia.

O dia de nosso primeiro encontro,
o dia da minha partida:
em torno do nome e das figuras
está traçado um anel partido.

Meu coração, não reconheces nesse rio
a tua imagem ?
Não há também uma torrente furiosa
sob tua superfície ?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

As pesquisas interessantes da semana

Esta semana voltamos às pesquisas interessantes. Desta vez encontramos tantas perguntas interessantes que agrupamos algumas e tivemos de criar alguma categorias para haver alguma ordem.

Perguntas Inspiradoras

músicas interpretadas pela orquestra criança cidadã
Não fazia ideia que este projecto existia. Gostei tanto da ideia que me merece um post individual. Não sei se o conseguirei fazer hoje mas para já vejam este post no YouTube.

Perguntas sobre teoria da música (ou biográficas ou históricas)

"música :transição para o barroco ; da música antiga ao barroco"
"que tipo de musica Claudio Monteverdi compôs?"
Agrupei estas duas pesquisas já que a resposta pode ser dada de forma conjunta. Na verdade a forma musical antes do Barroco . Claudio Monteverdi um dos grandes representantes do início do período barroco é particularmente ilustrativo desta ruptura por ter escrito obras nos dois estilos. Compôs todo o tipo de obras desde música sacra até música instrumental passando pela ópera onde foi responsável pela recriação da ópera clássica.

"musica francesa tocada na época de Molière"
No período de Molière há três músicos fundamentais: Couperin, Lully e Rameau. era a música destes a mais ouvida no tempo de Molière. Inclusivamente Lully compôs variadíssimas peças para musicar peças de Molière.

"quero saber se as quatro estações de Vivaldi foram compostas para serem cantadas?"
Não. Não foram. No inicio de cada um dos concerto que compõem as quatro estações era costume ler um poema que de certa forma contextualizava a peça. Mas era tudo em termos de voz.

diferença entre ópera romântica e ópera clássica
A ópera clássica é aquela que se inicia (ou melhor que se reinicia dado que esta foi criada á imagem do modelo grego-romano) com o inicio do Barroco com Monteverdi. esta forma tal como a música para orquestra sofreu uma evolução que se traduziu essencialmente numa instrumentação orquestral e vocal muito menos contida, muito mais expansiva e directa.

existia violino no período do romantismo
Minha nossa estão certamente a dizer os nossos leitores brasileiros. Se existia? O reportório actual do violino - pelo menos o mais exigente do ponto de vista técnico provém exactamente deste período. A título de exemplo oiçam o concerto para violino e orquestra de Tchaikovsky ...

compositores do período contemporâneo
Ora bem, ainda não chegamos lá. Confesso que é um período de que me vai ser dificil falar porque não gosto muito, aliás para ser franco gosto mesmo muito pouco ou nada. Vou assim tentar aprender convosco à medida que for pesquisando. Mas ainda não estou preparado para essa aventura e por isso vão ter de esperar. As minhas desculpas ...

Perguntas utilitárias

"sercultur"
Empresa que actualiza o portal cultura.sapo.pt e que nos proporciona o widget da coluna da direita com sugestões "clássicas" para os nossos tempos livres. São também das sugestões da Sercultur que retiro alguns dos destaques para as recomendações da quinta.

aprender violino em carnaxide
Bom, admito que uma das recomendações que vou fazer não é completamente independente. Eu diria que em Carnaxide pela proximidade e porque é na verdade uma excelente escola - o meu filho já esteve em vários workshops com alunos deste conservatório e pelo seu nível posso atestar isso - poderia recomendar o Conservatório de Linda-a-Velha. Uma outra escola que certamente vos recomendaria é precisamente a escola onde o meu filho está a aprender: A Academia de Música de Lisboa de que eventualmente conhecem a Orquestra "Os Violinhos". Saiba mais aqui.

órgãos de portugal
Se querem saber sobre os orgãos existentes em Portugal voltamos a recomendar a visita ao nosso blog de referência sobre o assunto. Veja aqui os Orgãos de Portugal.

Perguntas metafisicas ou insondáveis

para que serve um concerto de uma orquestra
para que serve a musica
Perguntas metafisicas sobre a utilidade das coisas abstractas são recorrentes. A música ou um concerto de uma orquestra para mim serve para nos assegurarmos da nossa capacidade de transcendência. Celebramos a forma de dizer o indizível, de exprimir o que não sabemos explicar, de atingir o inatingível - o amor absoluto, a poesia absoluta. Bach por exemplo compunha para comungar com Deus. Eu oiço música para comungar com a alma dos homens.

musica clássica começa violino tensão
Confesso que se tivesse aqui uma sequência dos hieróglifos das pirâmides de gizé não estaria menos baralhado. Será que o cibernauta procurava saber de uma música clássica que começa com um solo de violino e serve para criar tensão? Será que o cibernauta não gosta de virgulas ? Será que o cibernauta é o Saramago ? O que acha Maria do Carmo. Umas virgulas aqui ajudavam, lá isso ajudavam.

musica não para não para
Bom confesso que não entendo o motivo desta pesquisa. Em todo o caso ficou como registo a persistência. Não para, Não para ... duas vezes. Para mim nunca para mesmo.

homens que gostam de musica clássica
Por oposição a ? Aos homens de que não gostam? Será que são assim tão poucos que se possa fazer uma lista ? Com entrada na Wikipédia e tudo ?

como entender musica clássica
É uma boa pergunta. Atrevo-me a dizer que primeiro seria melhor aprender a gostar. Mas para gostar não precisa de entender? Não existe uma resposta fácil. Ou melhor a minha recomendação é: Vá visitando este blog. Vai primeiro aprender a gostar. Aos poucos vai descobrir que até já percebe bastante. Ao ponto de me colocar perguntas realmente difíceis ...

Fiquem bem e continuem a aproveitar toda a música que é a vida.

domingo, 22 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Wasserflut (A Enchente)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nesta canção segundo Lotte Lehmann nos conselhos que dá para a sua interpretação o importante é ser capaz de trazer a paixão da vida para o esqueleto de uma melodia muito austera. Diz também que dar demasiados detalhes seria a sua destruição. Nós não queremos discordar da nossa referência por isso sem mais demoras leiam o poema ao mesmo tempo que ouvem uma interpretação do barítono aqui.


A Enchente

Tantas lágrimas dos meus olhos
caíram na neve;
os seus flocos gelados embebem-se
sedentos, da minha dor ardente.

Quando a relva estiver para crescer
um vento morno soprará
e o gelo vai quebrar-se em pedaços
e a neve desfeita derreter-se-à

Neve, conheces o meu anseio,
diz-me , para onde corre o teu curso ?
Se apenas seguires as minhas lágrimas
logo irás dar ao ribeiro.

Passarás com ele através da cidade,
entrando e saindo de ruas alegres;
quando sentires arder as minhas lágrimas
aí estará a casa de minha amada.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Der Lindenbaum (A Tília)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Na verdade por mais que nos esforcemos andamos sempre em círculos. A memória da bem amada que nos traiu traz-nos de volta ao portão e à tília à sombra da qual tantas vezes nos sentamos e namoramos. Sentamo-nos então e uma espécie de paz acolhe os nossos pensamentos por um momento. Mas de novo a angústia da separação nos invade e voltamos a prometer que partiremos para sempre.


A Tília


Junto ao poço do portão
ergue-se uma tília;
quantos sonhos doces
embalei à sua sombra.

Em seu tronco gravei
muitas palavras de amor;
na dor e na alegria
para ela sempre corri.

Hoje passei por ela
no meio da noite profunda
e mesmo na escuridão
tive que fechar os olhos.

E seus galhos sussurravam
como se me chamassem:
"Venha para cá, amigo,
aqui encontrará a paz".

Os ventos frios sopravam
na minha face,
o chapéu voou-me da cabeça,
mas não me voltei para trás.

Agora estou a muitas horas
de distância daquele lugar
mas continuo a ouvir o sussurro:
"Aqui você encontrará a paz !"

Neste caso temos uma interpretação convencional e uma interpretação "alternativa" que escolhi porque apesar de existirem variações sensíveis à melodia composta por Schubert a voz de Nana Mouskouri é tão doce que eu simplesmente não resisti. Oiçam assim Nana Mouskouri a interpretar aqui Der Lindenbaum. No que diz respeito à interpretação clássica sugerimos o habitual Dietrich Fischer-Dieskau aqui.

Recomendações de Quinta-Feira (20.06.2008)

Nestas nossas recomendações de Quinta-feira (bem já é Sexta-Feira mas também já estão habituados a estas liberdades poéticas) começamos por vos falar do nosso destaque. Em Lisboa, no Sábado não percam os Violinhos no Museu da electricidade às 19h. Mais informação aqui.

De resto começando como de costume pelo sul no Algarve em Portimão o Coral Vértice dirigido pelo maestro Sérgio Fontão dará um recital na Igreja do Antigo Colégio da Companhia de Jesus. Sexta-Feira 20 de Junho às 21.30. A entrada é livre. Serão interpretadas obras de Palestrina, Victoria e Gaspar Fernandes e outros compositores renascentistas.

Continuando no Algarve em Tavira teremos um Recital de piano interpretado por Luís Conceição inserido no ciclo «Música nas Igrejas». Será no Sábado dia 21 pelas 19h na Igreja da Misericórdia (Tavira).

Na Igreja da Cartuxa (Caxias) o grupo vocal Voces Caelestes dirigido pelo maestro Sérgio Fontão oferecerá um recital no dia 21 Sábado pelas 21:30. Não sendo exactamente música clássica na definição do termo o programa composto por música renascentista é excelente. Será interpretado o ciclo de madrigais espirituais Lagrime di San Pietro (Lágrimas de São Pedro), a última e genial obra de Orlando di Lasso (1532-1594), um dos mais ilustres compositores da Renascença.

Este concerto integra as comemorações dos 25 anos da Direcção-Geral de Reinserção Social.A entrada é livre.

Um pouco mais a norte mais precisamente nas Caldas da Rainha a Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida por Michel Zilm apresentará no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha no Domingo 22 de Junho pelas 17h um concerto para toda a família com a obra Carnaval dos Animais, do compositor francês Camille Saint-Saëns de que já falámos por várias vezes neste blog. Entradas: €10. Reservas e informações : 262889650

Ainda mais ao Norte em Espinho Dora Rodrigues, Luís Carvalho e Jaime Mota apresentarão um recital de canto, clarinete e piano no Auditório de Espinho no Sábado 21 pelas 21h30. As entradas variam entre os €5 e os €3 (-25 e +65 anos). Reservas e informações: 227341145 / 22734046.

Finalmente em Viana do Castelo uma estreia nestas nossas recomendações teremos a Orquestra Sinfónica EPMVC (Orquestra Sinfónica da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo) dirigida por Javier Viceiro e acompanhada pela soprano Ana Barros e pelo tenor José Lourenço no Teatro Municipal Sá de Miranda no Domingo dia 22 pelas 22h. Não sei preços. Reservas e informações: 258809382 / 258822805.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Concerto do Solstício dos Violinhos


Este Sábado às 19h no Museu da Electricidade os Violinhos estarão em grande forma num dos concertos mais relevantes da temporada. O concerto contará com a colaboração da Lisboa Camerata, e os comentários do Professor Manuel Matos, Professor de Psicologia na Universidade de Lisboa e membro da Sociedade Portuguesa de Psicanálise. A entrada é livre.

Definitivamente a não perder. Para mais informações sobre os Violinhos e sobre o concerto visite este site.

Schubert - "Winterreise" - Erstarrung (O Gelo Endurecido)


A tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nesta canção a caminhada sem destino torna-se quase uma corrida pressionados pelo vento gélido. Mais do que em qualquer ponto deste ciclo de canções a memória dos tempos felizes está presente num misto de esperança e de desespero.
O Gelo Endurecido

Em vão na neve procuro
a marca de seus passos,
onde ela andou, de braços comigo,
sobre os campos verdes.

Beijarei o chão
furando o gelo e a neve
com minhas lágrimas ardentes
até que possa ver a terra.

Onde encontrarei algum broto,
onde encontrarei a relva verde ?
Murcharam as flores
e a relva parece pálida.

Não haverá alguma lembrança
que eu possa guardar ?
Quando minha dor se calar
quem me falará dela.

Meu coração parece morto
guardando a sua imagem gelada.
Se ele um dia se derreter
a sua imagem irá se esvair.

Oiçam aqui Fischer-Dieskau interpretar esta canção.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Aprenda Oboé

Um nosso leitor de São Paulo edita um blog chamado "Aprenda Oboé". Trata-se de um site de introdução para quem deseje iniciar-se na aprendizagem deste belíssimo instrumento. Acabei de o colocar na nossa lista de sites sobre música clássica e claro está recomendo a sua visita.

Mesmo para quem não queira aprender Oboé está cheio de informação interessante. Dêem uma vista de olhos ... e ficarão encantados!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Gefrorne Tränen (Lágrimas Geladas)


Como referimos a tradução original do poema é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nesta canção o jovem enamorado passeia sem destino pelas ruas e sente as lágrimas gelarem na sua cara. Lágrimas que limpa quase sem dar por isso.

Lágrimas geladas
escorrem na minha face;
sem ter notado
estaria eu chorando ?

Lágrimas, minhas lágrimas,
como devem ser mornas
para se transformarem em gelo
como o orvalho da manhã.

E no entanto brotam de meu peito
com um tal calor
que poderiam derreter
todo o gelo do inverno.

Oiçam aqui o barítono Dietrich Fischer-Dieskau interpretar esta canção acompanhado ao piano por Alfred Brendel.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Pesquisas interessantes da semana

Esta semana voltamos a analisar algumas pesquisas interessantes que trouxeram cibernautas ao nosso site.

"poemas de amor em polaco": Bem este assunto mantém-se na crista da onde. É que nada menos 3 pesquisas vieram aqui ter por causa deste tema. Assim sendo resolvi seguir o conselho do nosso leitor Raul e dedicar a este tema um post em separado que podem ler aqui. Na prática é um pequeno desenvolvimento do texto que vos propus na semana passada.

"a morte de pinchas zukerman": Que eu saiba ainda não faleceu. É um violinista de extraordinária qualidade (certamente um dos melhores em actividade) que já tivemos por várias vezes a sorte de poder ouvir na Gulbenkian ao vivo em particular no Duplo Concerto para violino e violoncelo de Brahms em que tocou com a sua esposa Amanda Forsyth. A propósito de "pinchas" também houve quem tenha chegado ao nosso site à procura de cães "pincha" ... Bom podem ser um clássico mas certamente será necessário algum optimismo para esperar encontrar aqui algo que diga respeito á raça canina. Com todo o respeito que lhes é devido claro, que são os meus animais preferidos. desculpem os gatos.

"Autor do Hino Brasileiro" : Tínhamos falado de Francisco Manuel da Silva (1795-1865) quando falamos do seu professor Padre José Maurício Garcia (1767 - 1830). A letra do Hino é de Joaquim Osório Duque Estrada (1870 – 1927) naquele que em minha opinião é um dos hinos mais bonitos do mundo.

"a deambular pela minha realidade onírica": Grande mistério. Não faço a mínima ideia porque razão esta pesquisa conduziu alguém ao nosso blog. É que pesquisando com esta string nem aparecemos na primeira página ... Escolha em desespero?

"a relação da musica do sec.xx com o período clássico" : Bom suponho que estamos a falar da música clássica do século XX. Tendo em conta que no século XX não existe uma unidade quer dentro do próprio século ao longo das suas várias décadas quer numa mesma década entre diferentes escolas, escolas essas que elas próprias são muito menos unitárias encerrando também grandes diferenças individuais. Desta forma se tivéssemos que fazer uma comparação entre o período clássico e a música clássica do século XX diríamos que são a antítese um do outro. No primeiro caso temos um sistema formal fixo, uniforme. No segundo caso temos a ausência de sistema e uma enorme variação.

Poemas de Amor em Polaco

"poemas de amor em polaco" : A razão porque alguém chegou ao nosso blog com esta pesquisa está relacionado com um conjunto notável de coincidências. Num mesmo post efectivamente utilizei as palavras : "Polaco"(referindo-me a uma orquestra - Arte dei sonatori) e "Poemas" - Referindo-me aos poemas relacionados com as quatro estações de Vivaldi. Faltava o amor mas o cibernauta incauto acreditou no amor à primeira visita :-) ... Agora a coincidência é feliz pois se não posso recomendar poemas de amor em língua polaca (simplesmente não conheço mas se alguém quiser sugerir ... ) tenho uma sugestão universal polaca ... Chopin. Nada melhor que um poema musical de Chopin para a expressão do amor em polaco.

Bom mas para ficarmos com umas palavras de Polaco e em especial para o nosso leitor Raul (que acho que vai gostar desta frase - é tão parecida a uma que encontramos num poema de Brel) ... Agora não me perguntem como é que se lê ... Aqui vai ...

Czlowiek stworzony jest z milości i do milości
Os homens foram criados por amor e para amarem.

E agora coloquem um Nocturno e repitam esta frase ad-eternum ... Romântico, não ?

domingo, 15 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - "Die Wetterfahne" - O Catavento

Como referimos a tradução original é de Eduardo Gabarra que poderão encontrar aqui. Fizemos ligeiras alterações à tradução que apontamos em azul. A ilustração é da grande voz Lotte Lehmann. Também são dela as principais indicações que damos quanto a esta canção provenientes do livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation". Não deixem também de ler o artigo sobre este conjunto de canções aqui.

Nesta canção o infeliz amante acaba de deixar a casa da bem amada ao coberto da noite pelas razões que já explicamos aqui. Não sabemos para onde ir e por isso caminhamos sem sentido e assim de madrugada estamos precisamente face à casa que procuramos evitar.

O vento brinca com o catavento
da casa da minha bela amada.
Em minha aflição penso
que ele escarnece com o pobre fugitivo.

Deveria ter antes notado
este sinal nesta casa
para que nunca ali tivesse procurado
uma mulher fiel.

Lá dentro o vento brinca com os corações
assim como no telhado, só que mais silencioso.
Porque se importariam com minha tristeza
se sua filha é uma rica donzela ?

Para vos mostrar a beleza desta canção escolhemos o barítono Dietrich Fischer-Dieskau acompanhado ao piano por Alfred Brendel. Oiçam aqui.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Schubert - "Winterreise" - Gute Nacht


A canção Gute Nacht é a primeira do ciclo. Neste site poderá encontrar uma tradução para português (tradução literal não susceptível de ser cantada por causa da métrica entre outras considerações). Utilizamos esta tradução efectuando "correcções" menores de língua ou de musicalidade da frase quando a isso nos atrevemos. As "correcções" estão apontadas a azul. A tradução original é de Eduardo Gabarra.

A imagem que utilizei para ilustrar este post é de Lotte Lehmann e faz parte de um livro "Eightheen Song Cycles - Studies in Their Interpretation" que infelizmente é praticamente impossível de encontrar em livrarias. Desse mesmo livro retirei alguns comentários relativos às canções que vamos ouvir a que juntei apreciações pessoais. Não se preocupem que não vos deixarei na dúvida sobre a quem pertencem as várias opiniões que poderão aqui ler.

Diz Lehmann como conselho aos potenciais interpretes (mas também serve para ouvintes). Imaginem-se como sendo um homem na antecâmara da destruição total. Vamos fugir à noite porque tememos não ter força para o fazer de dia, pelo simples facto de a ver. Curiosamente Lehman refere que durante o interlúdio o interprete deve dar a sensação ao público de recriação, de fazer acreditar que é o cantor que está naquele momento a escrever a peça de piano, é o cantor que encarna a personagem e o que estamos a ouvir é um monólogo interior, intenso, não editado, único, espontâneo.

Boa Noite

Como estrangeiro cheguei,
Como estrangeiro parto.
Maio foi bondoso para mim
com muitos campos de flores.
Ela falou de amor,
sua mãe até de casamento;
agora o mundo está turvo
e o caminho coberto de neve.

Não consigo esperar a hora
para iniciar a minha viagem,
preciso achar meu próprio caminho
nesta escuridão.
Minha sombra, que a lua projecta,
é minha companheira de viagem,
e sobre os campos de neve
procuro as pegadas dos animais selvagens.

Por que ficaria aqui mais tempo,
para que me expulsassem ?
Que vão livres os cachorros
latir na porta de seus donos.
O amor ama viajar
de um lugar para outro,
foi Deus que assim o fez:
boa noite, minha querida.

Não quero perturbar seus sonhos,
por que turvaria sua paz ?
Você não ouvirá meus passos
quando eu suavemente fechar a porta.
Ao sair escrevo
"Boa noite" em seu portão,
para que você veja
que esteve em meu pensamento.

Para interpretar esta canção escolhemos Thomas Quasthoff acompanhado ao piano por Daniel Barenboim. Oiçam esta pequena maravilha aqui. Confesso que esta canção me deixou com muita vontade de ainda hoje fazer um segundo post ... Fantástico !

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Recomendações de Quinta-Feira

As nossas recomendações de quinta-feira hoje estão de volta novamente à quinta e começamos como sempre ao sul.

Em Tavira na Ermida de Santa Ana no dia 14 pelas 19h Josué Nunes apresentará um recital de guitarra inserido no ciclo "Música nas Igrejas". A entrada é livre.

Um pouco mais a Norte em Évora poderão ouvir um concerto de piano pelos alunos do Conservatório Regional de Évora – Eborae Mvsica. Dia 16 de Junho (Segunda-Feira), às 21h30, no Convento dos Remédios. Os alunos Carla Ferreira, Suzi Lobo, José Manuel Velez, Helena Reis, Raquel Francisco e Ana Cláudia Costa (dos professores Patrizia Giliberti e Tito Gonçalves) interpretarão obras de J. S. Bach, D. Scarlatti, J. Haydn, W. A. Mozart, L. van Beethoven, C. Czerny, F. Schubert, F. Chopin, F. Liszt, C. Debussy, A. J. Fernandes e J. Ivanovs. Pode ler um programa completo aqui.

Em Lisboa no Domingo às 19h a Escola de Música Nossa Senhora do Cabo festejará os 30 anos de existência com um concerto no CCB. Os alunos desta escola interpretarão obras de Mozart, Haydn, Eduard Lalo, Eurico Carrapatoso e Joly Braga Santos. Entradas. €5.

Ainda em Lisboa o Coral Vértice dirigido por Sérgio Fontão apresentará no Domingo às 16h na Igreja da da Madalena um concerto onde serão interpretadas obras de Francis Poulenc (1899-1963) alusivas a São Francisco de Assis e a Santo António. Este concerto está integrado nos Concertos de Música Sacra nas Igrejas da Baixa-Chiado e é organizado em colaboração com o Centro Cultural Franciscano - Lux Mundi. A entrada é livre.

Ainda na zona de Lisboa (mais precisamente Oeiras) integrado no Ciclo de Concertos da Igreja da Cartuxa Pedro Jóia e Quarteto Arabesco apresentam um concerto onde se mistura a interpretação em instrumentos de época com a linguagem ornamental arrojada de Pedro Jóia. O programa inclui o quinteto "Fandango" de Boccherini, ao estilo galante do século XVIII, bem como composições de Pedro Jóia, caracterizados por uma variedade de ritmos típicos das danças espanholas. O programa inclui também composições de Armando Augusto freire (Armandinho) e Carlos Paredes.

Continuando relativamente perto de Lisboa temos na Quinta da Piedade em Sintra integrado no Festival de Sintra o pianista Kirill Gerstein que neste recital interpretará obras de Robert Schumann, Franz Schubert, Ferrucio Busoni, Samuel Feinberg e Piotr Ilitch Tchaikovsky. Sábado dia 14 às 17h. Preços entre €25 e €5.

Finalmente em Espinho no Auditório de Espinho a Orquestra Clássica de Espinho dirigida por Jean-Marc Burfin (como solista no violoncelo Raquel Reis) apresentará 14 de Junho Sábado, às 21:30 um concerto com obras de Dvorak, Debussy e Darius Milhaud. As entradas custam entre €5 e €3.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Schubert - "Die schöne Müllerin"

Schubert publicou dois ciclos de canções que se podem considerar entre as expressões máximas desta forma de arte.

O primeiro deste ciclo foi publicado em 1824 (composto cerca de um ano antes em 1823). Trata-se de um conjunto intitulado "Die schöne Müllerin" composto sobre poemas de Wilhelm Müller.

O ciclo de poemas conta a história de um jovem que passeando pelo campo encontra um ribeiro que segue até encontrar um moinho onde conhece uma bela moleira por quem se apaixona. Infelizmente o objecto do seu amor prefere um caçador que vestido de verde lhe oferece um laço da mesma cor. O jovem desenvolve então uma obsessão pela cor verde terminando por desesperado suicidar-se no ribeiro. A ultima canção é uma ode cantada pelo ribeiro ao jovem para o apaziguar pelo amor não correspondido e pela morte nos braços das suas águas geladas.

O ciclo é composto por vinte canções sendo normalmente cantadas por um homem (Tenor ou Soprano) embora existam transcrições para vozes mais graves. Oiçam aqui Dietrich Fischer-Dieskau acompanhado ao piano por Christoph Eschenbach.

Já agora continuando no ciclo de referências a grandes músicos portugueses oiçam aqui Vianna da Motta ao piano interpretando uma transcrição para piano da segunda canção do ciclo de Schubert. Transcrição aliás ela mesmo não mesmo notável do nosso futuro conhecido Liszt. Trata-se sem dúvida de uma gravação histórica datada de 1928.

terça-feira, 10 de junho de 2008

António Rosado

Sendo hoje dia de Portugal tinha já feito um post sobre um compositor português. Estando agora a ler alguns blogs sobre música que visito com frequência (menor do que gostaria) encontrei em Arte no Tempo um destaque para uma entrevista do pianista António Rosado em Contemporâneas.

Recomendo claro a leitura da entrevista completa e também a visita ao blog Arte no Tempo. Sem ele esta entrevista ao António Rosado ter-me-ia passado completamente ao lado.

Domingos Bomtempo (1775-1842)

Sendo hoje Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas não podíamos deixar de marcar esta data. Como temos falado muito pouco de compositores portugueses vamos hoje regressar ao período clássico através do compositor Domingos Bomtempo.

Domingos Bomtempo nasceu em Lisboa a 28 de Dezembro de 1775 filho de um oboísta italiano Francesco Saverio Bomtempo músico na corte de D. José e que seria naturalmente o seu primeiro professor e que viria a substituir com apenas 14 anos.

Em 1801 com 26 anos vai estudar para Paris iniciando então uma carreira notável como pianista ao mesmo tempo que compõe as suas primeiras obras naturalmente essencialmente para piano. O sucesso obtido garante a sua publicação pelas prestigiadas editoras Pleyel. Datam dessa época a Op.1 - Grande Sonata para Piano, 0 Op. 2 o Primeiro Concerto em Mi bemol para Piano e Orquestra Op. 2 e o Segundo Concerto para Piano, Op. 3.

Enquanto isso em Portugal as tropas Napoleónicas sofriam pesadas derrotas infligidas pela aliança Luso-Britânica pelo que a situação de Domingos Bomtempo em Paris era tudo menos confortável como se deve compreender forçando-o assim a mudar-se para Londres onde permanece entre 1810 e 1814. Durante essa estadia na capital Inglesa compõe entre outras obras a sua primeira Sinfonia e o Hino patriótico intitulado "Hino Lusitano" que celebrava a expulsão dos exércitos de Napoleão do território português.

Com o fim do domínio napoleónico e com o inicio de uma nova organização da Europa Bomtempo pode finalmente movimentar-se mais livremente entre Paris, Londres e Lisboa. Para celebrar a paz e uma nova europa compõe "A Paz da Europa". Ao chegar a Lisboa deparando-se com o desconhecimento cultural sonha com a criação de uma sociedade Filarmónica que pudesse organizar concertos regulares (estão a ver que os problemas já existem há muito tempo e têm pouco a ver com o que julgamos serem causas recentes). Em Londres edita os "Elementos de Música e Método para Tocar Piano Forte" Op. 19 , sem dúvida a sua principal obra de pedagogia que dedicou à Nação Portuguesa em mais um sinal da sua preocupação com o estado do ensino das artes em Portugal.

Em 1818 compõe aquela que é considerada a sua obra prima o Op. 23 um Requiem (em memória de Camões).

Porém João Domingos Bomtempo vê-se envolvido nas lutas entre liberais e absolutistas fruto das suas manifestas preferências pelos primeiros de que aliás os nomes de algumas obras desse período são testemunho como por exemplo a Missa em Homenagem á regeneração política portuguesa. A vitória temporária dos absolutistas coloca Bomtempo em perigo e impede-o de consolidar no imediato o sonho da sua sociedade Filarmónica que viria a fechar definitivamente as portas em 1928.

A própria vida de Domingos Bomtempo fica em perigo sendo este obrigado a refugiar-se no consulado da Rússia em Lisboa onde permanece exilado durante cinco anos até que D. Pedro e as suas forças liberais tomem Lisboa.

Na ultima fase da sua vida Bomtempo compõe a sua segunda sinfonia vindo a ser também o primeiro director do que se pode chamar o Conservatório Nacional. Na realidade em 1836 sobre a inspiração de Almeida Garrett é criado o Conservatório Geral de Arte Dramática sendo entregue a Bomtempo a Direcção da sua Escola de Música.

Mantém então até 1842 data do seu falecimento a 18 de Agosto de 1842 uma intensa actividade lectiva adoptando os métodos do seu grande amigo Clementi. Embora continuando a compor e havendo notas da composição de pelo menos três sinfonias estas encontram-se perdidas.

Musicalmente Domingos Bomtempo é um classicista na tradição germânica com fortíssimas influências de Mozart e Haydn e mais tarde de Beethoven. Infelizmente a sua obra é pouco conhecida sendo raramente interpretada (recentemente demo-vos conta aqui de uma interpretação do seu Requiem). Podem encontrar uma outra biografia de Bomtempo no nosso blog de referência Desnorte. Uma outra biografia interessante pode ser encontrada no Blog "De Viris Pulchris et Aliis...".

Uma das poucas gravações existentes a da Naxus inclui as sinfonias 1 e 2 interpretadas pela Orquestra do Algarve sobre a direcção de Alvaro Cassuto (se não encontrarem em formato físico esta gravação existem em formato digital legal no site EMusic). O Requiem em Memória de Camões também pode ser ouvido numa interpretação da Orquestra e Coro Gulbenkian num disco editado pela EMI. Este também pode ser adquirido em formato digital na ITunes.

Para vos dar uma ideia do estilo do compositor ouçam aqui pela Orquestra Sinfónica de Bamberg sob a direcção de Claudio Scimone o terceiro andamento da sua segunda sinfonia.

Pensamos que pela sua vida e pelas causas que subscreveu : A Paz, o Liberalismo (por oposição ao Absolutismo), a Carta Constitucional, o Patriotismo a preocupação pela educação e pela cultura Bomtempo é sem dúvida o compositor certo para evocar este dia de Portugal.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

As pesquisas interessantes da semana

Nas pesquisas desta semana houve alguém que procurou pelo compositor Jean Baptiste Accolay. Resposta num post separado aqui. Da mesma forma alguém queria saber se existem "sinfonias de Beethoven para flauta". Podem encontrar a informação relevante aqui.

Agora as questões interessantes mas que não necessitam de um post separado.

"onde fica handel" : Bem não sei "onde" ele fica. Posso dizer-vos que se trata de um compositor do período barroco de que podem saber mais aqui. Existirá alguma localidade chamada Handel ? Ou quereria o visitante saber onde Handel está enterrado ?

"partitura brandenburgo site" : As questões referentes a partituras são frequentes. Pessoalmente subscrevo o site http://www.virtualsheetmusic.com/ . A subscrição anual são cerca de 30 dólares com um número de download de partituras ilimitado. Existem muitos sites gratuitos e muitos outros pagos, mas passe a publicidade este é o que utilizo com mais frequência.

"grupo musical k304" : A prova que o Google também se engana. Quem aqui chegou procurando pelo K.304 estava à procura de uma banda de música da freguesia de Cacia Aveiro ... Confusão do Google com a obra 304 do catálogo de Mozart.

"workshop pascoa eunice munoz" : Sim é verdade já falei de Eunice Muñoz neste meu blog mais precisamente aqui a propósito da sua participação no Workshop da Páscoa organizado pela OML.

Entramos agora nas questões mais "metafisicas" da semana.

"poemas de amor em polaco" : A razão porque alguém chegou ao nosso blog com esta pesquisa está relacionado com um conjunto notável de coincidências. Num mesmo post efectivamente utilizei as palavras : "Polaco"(referindo-me a uma orquestra - Arte dei sonatori) e "Poemas" - Referindo-me aos poemas relacionados com as quatro estações de Vivaldi. Faltava o amor mas o cibernauta incauto acreditou no amor à primeira visita :-) ... Agora a coincidência é feliz pois se não posso recomendar poemas de amor em língua polaca (simplesmente não conheço mas se alguém quiser sugerir ... ) tenho uma sugestão universal polaca ... Chopin. Nada melhor que um poema musical de Chopin para a expressão do amor em polaco.

"qual é a relação com realidade que a música pais e filho tramite" : Bom normalmente eu não responderia a esta pergunta porque receio não conseguir entendê-la completamente. O que posso dizer é que na minha relação com o meu filho a música tem um papel fundamental. Não pensem que ouvimos apenas música clássica. Ainda na passada Sexta-Feira estive no Rock In Rio - by the way Muse Rules - ia dizer com ele ... na verdade não exactamente - ele foi "lá para a frente" com os amigos .... Isto para vos dizer que acabei ontem de ler o livro "A Ultima Aula" e depois disso a resposta a esta questão tornou-se clara. A música é uma simulação. Leiam o livro (vale MESMO a pena) e compreenderão a resposta.

""qual a diferença entre a arte medieval e a arte renascentista???" quero uma so resposta mas que esteja certa" : Bem receio que até tivesse mais do que uma resposta. Certa ? Isso é que já não sei. Existirá uma resposta certa ? Aqui mais uma vez me interrogo também sobre um outro ponto. Não estará a net a facilitar demasiado as coisas? Uma só resposta mas que esteja certa? E o esforço e os métodos para determinar a credibilidade da informação ficam onde?

Composições de Beethoven para flauta

Na verdade a questão colocada era: "sinfonias de beethoven para flauta " o que do ponto de vista semântico não faz sentido. Uma sinfonia é uma composição apenas para orquestra, se quiserem é um concerto para orquestra. A pergunta correcta seria "Concertos de Beethoven para flauta" ou Sonatas de Beethoven para Flauta. Sinfonias para flauta é uma contradição de termos.


Isto dito Beethoven compôs relativamente pouco para instrumentos de sopro. Não existe por exemplo nenhum concerto para este tipo de instrumento: Algumas sonatas e é tudo.


Especificamente para flauta temos os Op. 105 e Op. 107 - variações para piano e flauta e sinceramente tanto quanto sei não há mais ...

Jean-Baptiste Accolay (1845 - 1910)

Jean-Baptiste Accolay nasceu em Bruxelas a 19 de Agosto de 1845. Foi violinista, maestro e pedagogo. A sua peça mais conhecida é um concerto para violino que faz parte de vários métodos de ensino deste instrumento sendo por essa razão bastante interpretada (o meu filho por exemplo já tocou este concerto - tenho de ver se tenho esse video para vos mostrar ...) mas isso só quando o meu PC estiver de volta ...

Como todas as peças utilizadas para o ensino este concerto (num único andamento) é um pouco subestimado apesar de ter sido tocado por grandes violinistas como por exemplo Itzhak Perlman.

Podem ouvir aqui este concerto tal como foi escrito na sua origem (para violino e orquestra) precisamente por um jovem violinista.

Accolay faleceu em Bruges no dia 19 de Agosto de 1910.

Dia Mundial da Criança - Desafio e pedido de desculpas

Bom como devem ter percebido não tenho podido colocar neste blog posts com a regularidade normal. Tal deve-se ao facto do meu computador em casa se ter avariado (em principio recupera a sua saúde hoje - vantagem das máquinas face aos humanos, mesmo a fonte de alimentação pode ser substituída) e por isso não pude ainda fazer o post que tinha prometido com os resultados do desafio que acabou ontem. As minhas desculpas para todos os leitores fieis (e menos fieis também :-)) deste blog.

Mas não desesperem porque não está esquecido. Se o computador voltar hoje amanhã estão prometidos os resultados e a surpresa.

sábado, 7 de junho de 2008

Schubert - As sinfonias

Continuando uma primeira visão global do conjunto da obra de Schubert hoje vamos centrar-nos no conjunto das suas sinfonias. Também aqui se revela o seu caracter romântico e poético e a sua desorganização e falta de atenção à sua própria obra criativa. Acho que dificilmente haverá um compositor em que existam mais obras inacabadas, deixadas em esquisso ou póstumas.

Schubert terá escrito entre 8 a 11 sinfonias, dependendo das opiniões quanto a algumas obras inacabadas. Vejamos então. Da primeira à sexta sinfonia não existem grandes dúvidas. Publicadas num espaço de 4 anos são segundo a enciclopédia Grove Music "o retrato de um aprendiz dotado". A partir deste ponto começam as obras incompletas .... Na opinião da referida enciclopédia isto traduz a insatisfacção do compositor por não encontrar a sua própria voz, não encontrar na sua composição sinfónica o espelho da poesia que tinha no coração e que tão bem exprimia nos seus "lied".

Assim temos a sinfonia 7 (D.729) inacabada, a sinfonia nº8 (D.759) também incabada e por vezes contada como número 7 (por não se considerar a 7) - desta apenas existem dois andamentos completos e um terceiro em fase de esquisso (o quarto andamento nunca terá sido escrito).

Temos depois desta a nona sinfonia (D.944) em Dó Maior - "A Grande" (ou 7 ou 8 consoante a opinião sobre as duas anteriores) de que vos proponho verem uma parte aqui . Aliás notarão que no video aparece exactamente como sendo a sétima sinfonia, não se contando assim as duas anteriores na opinião da produção do video que não é a mesma do poster no You Tube. Grande confusão como podem ver ...

Para melhorar o romance depois desta nona ainda existe um esquisso de uma derradeira décima sinfonia (D.936a) escrita nos derradeiros meses de vida e ainda rumores sobre uma décima primeira sinfonia composta em 1824. Hoje acredita-se segundo estudo de Reed em 1972 que esta na verdade é a nona em Dó Maior ... Enfim mais romântico e misterioso seria completamente impossível.

Uma coisa é certa, tendo em conta que Schubert viveu apenas 31 anos é notável a quantidade e qualidade do trabalho produzido. Pena que não tenha podido quer por temperamento quer por falta de tempo rever e terminar as suas obras. Em todo o caso é certamente um dos compositores mais injustamente esquecidos da história.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Recomendações de música ao vivo da Quinta-Feira de novo à Sexta

Pois é, o meu PC em casa entregou a alma ao criador - perdoem-me a blasfémia (não nada a ver com o blog de mesmo nome) - ou pelo menos a sua fonte de alimentação decidiu que era tempo de se reformar. Foi por isso que me foi impossível fazer ontem este habitual post e por isso também hoje será um pouco mais curto do que habitual. Mesmo assim cobrimos o país inteiro com concertos de entrada livre para não haver desculpas na vossa (nossa) batalha contra os sofás e pantufas (agora com o calor talvez essas já estejam derrotadas à partida). Saiam de casa e vão ouvir e ver música ao vivo porque já sabem: Ao Vivo é outra Coisa !

Começando pelo sul como de costume na Igreja da Misericórdia (Tavira) poderão ouvir Ana Rita Faleiro num recital de piano inserido no ciclo "Música nas Igrejas", promovido pela Câmara Municipal de Tavira. . Dia 7 de Junho (Sábado) às 19h. A entrada é livre.

Um pouco mais ao norte, mais precisamente em Évora no Convento dos Remédios poderão ouvir o Coro da Universidade de Lisboa dirigido por José Robert. Dia 8 de Junho (Domingo) pelas 18h30. Serão interpretadas obras de Britten (Hymn to St. Cecília) e Giles Swayne (Missa Tiburtina). Entrada Livre.

Ainda ligeiramente mais a Norte e para o interior em Portalegre poderão ouvir «Il Trovatore», de Giuseppe Verdi pela Orquestra do Norte dirigida por José Ferreira Lobo. Será hoje Sexta-Feira dia 6 de Junho às 22h no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre. Entrada Livre.

Em Lisboa (mais precisamente em Cascais) no Centro Cultural de Cascais poderão ouvir a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras (OCCO) dirigida por Nikolay Lalov num concerto intitulado "Miniatura Musical". Serão interpretadas obras de P. Sarassate, P. Stainov, N. Paganini, Fr. Kreisler e A. Piazzola. Sexta-Feira, 6 de Junho às 21h.

Agora sim em Lisboa propriamente dita na Basílica dos Mártires integrado no Ciclo de Páscoa e Santos - Concertos de Música Sacra da Baixa-Chiado poderão ouvir «Se la face y pale» pelo Ensemble Mensura. Será interpretada a missa "Se la face y pale" de Guillaume Dufay e obras de outros compositores flamengos. Domingo 8 de Junho às 16h. Entrada Livre.

Ainda em Lisboa no dia 7 de Junho (Sábado), poderemos ouvir na Sé de Lisboa o Concerto de final de ano dos coros Instituto Gregoriano de Lisboa. Será às 21:30 e a entrada é livre.

Um pouco mais a norte, em Torres Vedras no Teatro-Cine o Ensemble Darcos interpretará Quarteto para o Fim dos Tempos de Olivier Messiaen. Será hoje sexta-feira 6 de Junho às 21:30.

Para a invicta cidade do Porto tenho uma proposta que me deixou bastante curioso. Poderão ouvir na MAC de Serralves Jozef van Wissem num recital de alaúde. Só que segundo a descrição do concerto trata-se aqui da ponte entre a música renascentista, barroca e contemporanea com improvisão e recurso pontual a manipulação electrónica. Estranho não ? Será nos dias 7 e 8 de Junho às 15h, 17h e 19h sendo a entrada livre.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Schubert - As Óperas

Continuando a nossa visita aos vários tipos de composição hoje falaremos de ópera. Também neste caso as obras de Schubert são relativamente desconhecidas o que é uma pena dado que algumas possuem o lirismo, a poesia feita música que caracteriza as suas composições.

Na realidade muitas das óperas de Schubert estão hoje incompletas, algumas porque nunca foram efectivamente terminadas outras porque tendo sido terminadas perderam-se actos inteiros ou partes destes. Diga-se em abono da verdade que este facto está relacionado com o carácter pouco sistemático e muito pouco atento aos detalhes de Schubert. Publicar, corrigir eram coisas que o aborreciam.

Para vermos como poderiam ter sido belas as suas óperas (aliás, correcção são belas) oiçam por exemplo esta gravação de 1988 da ópera (a primeira completa) na Ópera de Viena com a orquestra de câmara da Europa dirigida por Claudio Abbado. Oiçam aqui ...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Schubert - O quinteto "A Truta" D. 667 em Lá Maior

Hoje de manhã, como aperitivo propus que ouvissem um quarteto fabuloso interpretar o inicio deste quinteto . Agora vamos falar deste quinteto em maior detalhe.

Esta peça em Lá Maior foi composta quando Schubert tinha apenas 22 anos embora tenha sido publicada em 1829 - um ano após a sua morte.

A peça é composta à volta de um conjunto de variações de um Lied anterior de Schubert Op.32 (D.550) e é formada por cinco andamentos. Tal como em muitas das obras de Schubert podemos criticar uma composição pouco perfeita , como uma espécie de esquisso. A esta obra em particular é frequentemente apontado o facto de existir uma fraca coesão entre andamentos e de serem frequentes longas repetições de material temático com pouca ou nenhuma transformação. A composição do quinteto é pouco usual pela presença do contrabaixo tendo permitido a Schubert a exploração de outras sonoridades.

1º Andamento (Allegro vivace) : Este andamento está escrito na forma de sonata. A explicação sobre o significado deste termo está prometida para um destes dias.

2º Andamento (Andante) : Este andamento está construído com base em diálogos entre instrumentos que por várias vezes parecem estar a terminar mas que depois recomeçam transmitindo algum humor (pela repetição do fim anunciado ... )

3º Andamento (Scherzo - Presto) : Este andamento é rápido como o nome indica transmitindo um grande vigor a que se junta um melancólico trio para balancear o andamento.

4º Andamento (Andantino - Allegretto) : Este andamento é baseado em variações sobre a canção de que falámos no início deste post. Cada um dos instrumentos toca a melodia a seu tempo.

5º Andamento (Allegro giusto) : Semelhante na construção ao segundo andamento mas por vezes considerado excessivamente repetitivo (em alguns casos os interpretes optam mesmo por não fazer as repetições marcadas pelo compositor).

Fiquem agora com as partes todas do documentário e da interpretação de que vos falei hoje de manhã.

Dos Factos às Lendas

Hoje tenho uma recomendação diferente na forma da arte da imagem em movimento e peço desculpa, essencialmente para os que vivem na zona de Lisboa. Na verdade gostaria de vos dar a conhecer o ciclo de cinema "Da Lenda aos Factos" cuja concepção repousa num conjunto de filmes baseados em histórias reais mas que pelo transcenderam essa dimensão pela natureza poética da obra cinematográfica, pela interpretação dos actores, pela adaptação da história ou por uma mistura desses vários vectores.

O ciclo inicia-se já no próximo dia 4 de Junho às 21:30 com a exibição do filme My Darling Clementine de John Ford com Henry Fonda entre outros. O preço dos bilhetes é convidativo (€2,5) por isso se quiserem um serão bem passado e sem dúvida diferente façam uma visita à Cinemateca Portuguesa. A sessão será apresentada por João Benard da Costa.

Schubert - A música de câmara

Schubert nas palavras de Liszt foi o músico mais poeta de sempre. Este facto nota-se sem dúvida na obra lírica do compositor mas também na música de câmara, forma a que pessoalmente sou muito mais sensível.

Assim hoje proponho-vos que oiçam o quinteto para piano, violino, viola, violoncelo e contrabaixo: A Truta em Lá Maior.

Hoje porque tenho pouco tempo deixo-vos apenas com a sugestão do documentário fantástico que documenta os ensaios e a interpretação desta peça por um quinteto - nem vou dizer de luxo acho que não seria suficiente - Itzhak Perlman, Daniel Barenboim, Jacqueline Du Pré, Zubin Mehta and Pinchas Zukerman. Vejam a primeira parte aqui.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

1 de Junho - Dia Mundial da Criança

Actualização: Recebemos já várias participações. Como pensamos que todos os dias deveriam ser vossos vamos manter este desafio aberto até à próxima Sexta-Feira.

Amanhã é o Dia Mundial da Criança. E por isso tenho um desafio especial para eles. Crianças "verdadeiras" ou adultos que tenham sabido manter a juventude dentro de si ...
Então o desafio é o seguinte ... Tinha que ser musical claro está ...

Existe desde 1924 uma declaração universal dos Direitos da Criança. Alguns de vós já a conhecem outros não ... Outros ainda terão-na esquecido na voragem dos dias que passamos.
O meu desafio é assim muito simples. Vamos musicar estes direitos para que se mantenham de forma mais permanente na nossa memória.

Cada um de vós escolha um dos direitos (vejam por exemplo o texto aqui ) e depois digam-me qual a música (clássica de preferência mas não é obrigatório) que pensam ilustra melhor essa parte do texto. Se puderem explicar porquê ainda melhor ...

Haverá uma pequena lembrança individual para todos os participantes e uma surpresa para todos no fim ... Como disse crianças e adultos podem participar ... juntos, separados como quiserem ...

Não terei acesso ao computador senão amanhã ao fim do dia por isso até lá não publicarei comentários ... mas não se preocupem que não ficam esquecidos.

As pesquisas curiosas e interessantes da semana

Esta semana os visitantes que chegaram ao nosso blog fizeram-no como de costume através de algumas pesquisas pertinentes outras intrigantes. Ás pertinentes reservei um post especifico para cada uma, as intrigantes ficaram todas aqui para que eventualmente alguém me consiga explicar o que era pretendido ...

"obras mais conhecidas de benjamin britten" : Certo. Ainda não chegamos à epoca deste compositor embora já tenhamos falado dele. A resposta aqui.

"ouvir musicas portenhas" : Certamente uma referência às Quatro Estações Portenhas de Piazzola. Resposta aqui.

"poema as quatro estações de vivaldi": Cada um dos concertos que compõem as Quatro Estações tem um poema associado que terá (ou não) sido escrito pelo próprio Vivaldi. Certo é que era costume a sua leitura antes de cada um dos concertos hábito que se perdeu. Resposta e link para os poemas aqui .

"quando falamos de música o que é um cravo" : Um cravo é um instrumento de cordas beliscadas tipico do período renascentista e barroco. Uma resposta mais detalhada aqui.

"sinfonias de beethoven - fur elise" : Bem não é uma sinfonia, mas falámos desta composição aqui. Já agora WoO 59 significa (Work Without Opus, ou seja um trabalho sem númeração de obra atribuída pelo compositor, não registada no seu livro de obras publicadas).

"quem foi : ignaz bernstein"
Esta não tem nada a ver com música. Percebo porém porque chegaram ao nosso blog. É que falámos de um Ignaz e de um Bernstein . Mas se como eu ficaram curiosos aqui fica a resposta do site "The Mendele Review" :

Ignaz Bernstein is known as the author of Juedische Sprichwoerter und Redensarten, a collection of 3987 Yiddish "shprikhverter un redensartn" (proverbs and expressions). A short biography by Herman Rosenthal written at the time Bernstein was still alive can be found in the on-line Jewish Encyclopedia

E agora para aquelas que realmente me deixaram completamente perplexo ... Sobretudo a segunda.

"gostava de ver o jornal o século de 23 de Dezembro de 1948" : Eu também, eu também. Mas porquê neste blog?

"num local perigoso há mais de 1 hora" : Grande mistério. O nosso blog é perigoso ? Ou é um refugio para o perigo ?

Os poemas das Quatro Estações de Vivaldi

Uma das outras pesquisas colocadas a semana passada dizia respeito aos poemas associados a cada uma das quatro estações de Vivaldi. Originalmente cada um dos quatro concertos de Vivaldi continha um poema que normalmente era lido antes do concerto se iniciar. Esta prática foi-se perdendo no entanto é justo considerar que estes fazem parte integrante da obra.

Podem encontrar os poemas nestes posts: Primavera, Verão, Outono, Inverno .

domingo, 1 de junho de 2008

As Quatro Estações Portenhas

Trata-se de um conjunto de composições de Astor Piazzola originalmente concebidas como composições separadas (foram compostas entre 1964 e 1970) sendo frequentemente interpretadas com as Quatro Estações de Vivaldi como um contraponto moderno dessa composição do período barroco.

O nome "porteño" refere-se aos habitantes da Cidade de Buenos Aires pelo que esta obra pretende ilustrar os sentimentos dos habitantes da capital da Argentina às várias estações do ano.

Benjamin Britten - Obras mais conhecidas

Bem ainda não chegamos à época do compositor Inglês Benjamin Britten (1913-1976). Já falámos dele algumas vezes neste blog por exemplo aqui em que falavamos da "Young persons guide to the orchestra" ou num comentário de um leitor que nos falava de War Requiem aqui .

Britten é sem dúvida um dos compositores mais significativos do século XX e para além das duas obras já citadas teriamos de destacar a ópera Peter Grimes e a Serenata para Tenor, Trompa e cordas. Pessoalmente teria de juntar a esta lista as suas suites para Violoncelo compostas especialmente para Rostropovich mas admito que é uma escolha pessoal quanto ao seu significado na obra de Britten.


O que é um Cravo?

Uma das pesquisas efectuadas esta semana foi "Quando falamos de música o que é um Cravo". Trata-se efectivamente de uma questão interessante dado que nunca falamos neste blog dos instrumentos de música.

Bem fica uma explicação mais sistemática para mais tarde. Por agora para satisfazer a curiosidade desse leitor diremos que se trata de um instrumento de cordas beliscadas (não sei se esta é a tradução correcta do termo - estou habituado à designação francesa pincées). Contrariamente à noção comum este instrumento não é o antecessor do piano (o piano resultou da evolução do piano-forte) instrumento de corda percutida e não beliscada. A espineta e o virginal são instrumentos de caractetisticas semelhantes ao cravo.

O cravo é um instrumento típico da música renascentista e do barroco tendo no ultimo período do barroco e no período clássico perdido os favores dos compositores face ao piano-forte mais adequado à música e às salas de espectáculos cada vez maiores e com maior necessidade de projecção sonora. No século XX as correntes de música de época fizeram renascer o interesse por este instrumento.

Oiçam aqui um exemplo de uma composição para cravo do compositor francês François Couperin.

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