Charles-Valentin Alkan foi sem dúvida um compositor do período romântico. Não só por ter sido contemporâneo de Chopin ou Liszt mas também porque a sua vida foi vivida com grandeza, eloquência de sentimentos, paixões e mistérios.
Nasceu em Paris no seio de uma família judaica a 13 de Novembro de 1813. Começou por ser uma criança prodígio tendo entrado no Conservatório de Paris com 6 anos e aos 11 ganha o primeiro prémio de solfejo na classe de Zimmermann. Coleccionaria nesse mesmo conservatório mais uma meia-dúzia de primeiros prémios nas classes de piano, composição e órgão entre outros.
Alkan era considerado um dos pianistas mais virtuosos da sua geração sendo até comparado a Chopin e Liszt o que penso diz tudo quanto à sua capacidade enquanto instrumentista. A esse propósito poderemos por exemplo socorrer-nos da opinião de George Sand "plein d'idées fraîches et originales, musicien savant. Aliás a história entre Chopin, George Sand e Alkan e um suposto filho deste ultimo é um tópico que só por si mereceria um post ao estilo de uma novela.
Certo é que a vida de Alkan (que nunca se casou) é entre-cortada por longos períodos durante os quais desapareceu completamente da vida pública e artística. Talvez por isso a sua obra, também largamente composta para piano como a de Chopin se tenha mantido praticamente desconhecida. E não fosse o trabalho de alguns pianistas como por exemplo Ronald Smith (1922- 2004) presidente da Sociedade Alkan (site que aliás reomendamos se quiserem saber mais sobre este compositor) e muito menos seria conhecida.
Há pelo menos uma meia dúzia de obras que mereceriam mais reconhecimento, claro que o carácter extraordinariamente virtuosistico de quase todas elas não facilita a sua interpretação mais frequente em salas de concerto. Em primeiro lugar propomos que oiçam a Sonata : "Les Quatre Ages" (Op. 33) que procura descrever as quatro idades do homem, podem ouvir aqui a primeira parte. Depois fazendo parte do Op. 39 temos o Concerto para Piano Solo e a Sinfonia para Piano Solo . Este Op. 39 é muito curioso porque na realidade é intitulado 12 estudos em todos os modos maiores ... (alias os três andamentos do concerto seguem tal como os da sinfonia uma lógica de progressão de tonalidade coincidente com o objectivo). Antes que me perguntem sim também publicou um conjunto de estudos para as tonalidades maiores precisamente o Op. 35 de que podem ouvir aqui o nº 3 em Sol Maior.
Alkan faleceu em paris a 29 de Março de 1888 mas contrariamente à lenda não faleceu esmagado pela queda da sua biblioteca quando procurava o Talmud mas antes terá sucumbido vitima de uma indisposição que fez cair um pesado móvel em que teria procurado encontrar apoio.