Diz-se muitas vezes que “O Natal é sempre que um homem quiser” ao ponto de se ter tornado kitsch dizê-lo, quase ridículo mesmo – pensamos por vezes. Talvez porque as palavras de tantas vezes repetidas parecem perder o seu verdadeiro poder ou mesmo significado. Porque na verdade haveria poucas palavras tão poderosas e tão certas como as anteriores. Se necessário fosse uma prova desse poder poderia contar-vos a história que Ernest Heminghay por volta de 1920 escreveu, num desafio, numa aposta entre amigos : a mais curta história de sempre com apenas seis palavras*.
Por outras palavras a força das mesmas está tanto na alegria e sinceridade com que as escrevemos como também no espírito aberto e na atenção que lhes concedemos ao lê-las para que sejam sempre novas. É assim acreditem com muita sinceridade que vos deixo os votos de Um Santo Natal junto dos que vos são próximos e um 2011 cheio de fronteiras vencidas. Todas as fronteiras que vos ditar a vossa vontade. Nas palavras de Miguel Torga:
Ter um destino é não caber
no Berço onde o corpo nasceu
É transpor as fronteiras uma a uma
e morrer sem nenhuma
Deixo-vos como prometido com música desta vez do compositor franco-suíço Honneger. Falamos ontem do Rei David a obra que o projectou para o sucesso. A obra com que hoje vos deixamos, a Cantata de Natal (1953) é por oposição uma obra do fim da sua vida quando o compositor já se encontrava com uma saúde bastante debilitada e sem dúvida o seu ultimo grande sucesso ao ponto de ser possivelmente uma das suas obras mais vezes interpretadas nos nossos dias (juntamente com o Rei David). Fiquem assim com o final desta magnifica obra: