Inspirado pelo sentimento de urgência na reparação de uma injustiça colectiva que estamos a cometer neste blog vejo-me forçado a fazer campanha eleitoral por Mozart. Eu até não queria (não que Mozart não mereça antes pelo contrário, não deveria era precisar mas isso é outra história), mas dizia eu não queira porque, pecado capital para um amador de música clássica Mozart não me enche as medidas.
Antes que comecem a maldizer o autor deste blog uma explicação prévia. Não está em causa obviamente a genialidade do compositor. Aliás quem seria eu para a isso me atrever. É simplesmente porque em Mozart tudo é sempre tão certo, tão puro, tão claro e transparente (aliás essa é a grande dificuldade que se coloca a quem interpreta Mozart). Eu gosto de obras mais arriscadas, com mais arabescos, mais românticas se quisermos ou mais barrocas se preferirmos um passo para o passado. O período clássico e o seu expoente máximo, a perfeição da forma atingida por Haydn e Mozart nem sempre me conseguem comover. Há obviamente excepções ... Aqui fica desta forma assinalada a minha má vontade ao realizar esta campanha desculpem este longo desabafo.
Mozart escreveu como se sabe mais de trinta sonatas para violino e piano embora entre estas se encontrem 16 que são trabalhos da sua mais tenra infância e que na realidade são mais sonatas para piano com acompanhamento de violino do que o inverso. Esquecendo essas ficamos com as Sonatas Nº17 a Nº 36 das quais algumas estão incompletas ou foram completadas após a morte do compositor por alunos ou estudiosos. Em nome da verdade mesmo estas obras poderiam ser no minimo ser consideradas obras onde o piano é igualmente importante ou mesmo mais importante que o Violino. Porém hoje em dia são apresentadas desta forma e por isso as apresento nesta lista.
Escolher entre o conjunto que resta é muito difícil senão impossível. Como em outras cmapanhas eleitorais vamos escolher os andamentos que nos parecem ser melhores promessas para o vosso voto. Começamos assim com o segundo andamento (Allegro) da K.301 em Sol Maior a Sonata nº 18 composta em 1778 em Manheim e dedicada a Maria Elisabeth eleitora do Palatinado.
A segunda proposta é a sonata K. 302 em Mi Bemol Maior composta apenas uns meses depois e dedicado à mesma princesa fazendo portanto parte do mesmo ciclo intitulado "Sonatas do Palatinado".
Já num ciclo diferente a sonata K.454 em Si Bemol Maior composta em 1784 em Viena e dedicada a Regina Strinasacchi um virtuoso do violino.
E claro que depois do post sobre Clara Haskil não poderiamos terminar sem incluir uma sonata de Mozart interpretada por esta excelente dupla no caso a K. 526 em Lá Maior e escrita em 1788 eventualmente para o mesmo virtuoso violinista que a anterior.
Depois destes exemplos parece-me que pelo menos mais alguns votos terão de fluir para as obras de Mozart!