Se ontem falámos de uma das grandes obras de Beethoven hoje iremos abordar uma outra que é não menos importante. O 5º concerto para Piano em Mi Bemol Maior.
Este concerto foi composto entre 1809 e 1810 em Viena tendo sido estreado em 1810 em Leipzig. É conhecido pela sua grandiosidade como "Imperador" mas conhecendo o gosto de Beethoven duvido que aprovasse a designação!
O primeiro andamento (Allegro em Mi Bemol Maior) é profundamente inovador na forma (como aliás o quarto já tinha sido ao abrir directamente com o solista) ao criar uma série de "pseudo-cadencias" como resposta a alguns acordes da orquestra. Quebrando mais uma tradição não existe cadência no fim do andamento (uma cadência num concerto para os que não estão familiarizados com este termo significa uma passagem em que o instrumento solista interpreta uma passagem sozinho sem acompanhamento da orquestra, normalmente uma passagem de grande virtuosismo. A este propósito falámos ontem das cadências que Kreisler escreveu a para o concerto para Violino. Na verdade na tradição dos grandes instrumentistas do século XIX e princípios do século XX era normal estes escreverem esta parte das obras que funcionavam como uma demonstração de virtuosismo (esta tradição vem desde o barroco). Bem o parênteses já vai longo por isso fiquemos com Claudio Arrau pianista Chileno no primeiro andamento deste magnifico concerto. Dada a extensão do mesmo está dividido em duas partes, poderão ouvi-lo Aqui - Parte1 e Aqui - Parte 2.
O segundo andamento (Adagio un poco mosso em Si Maior) é um dos meus andamentos preferidos. Por vezes parece que estamos a ouvir Chopin (e tratando-se de piano isto é um elogio). Aliás é melhor que Chopin porque não temos apenas o piano, temos o piano e uma orquestração genial. São apenas subtis aflorar de cordas e de sopros mas que contribuem para o grande lirismo deste andamento. Para ilustrar este andamento escolhi uma interpretação de Van Cliburn o grande pianista norte-americano que em 1958 conquistou o primeiro prémio Tchaikovsky. Podem ouvir este andamento aqui.
O terceiro andamento (Rondo: Allegro ma non troppo - Mi Bémol Maior) é bastante exuberante e um claro contraste com o segundo andamento. Note-se que este andamento é "atacado súbito" - não existe paragem entre o segundo e o terceiro andamento. Para ilustrar este andamento escolhemos uma interpretação do grande pianista Russo Lev Oborin vencedor do primeiro prémio Chopin em 1927 que podem ouvir aqui.