segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Brahms - Concerto para Piano nº 1 em Ré Menor Op. 15

Depois de uma série de interrupções retomamos as obras de Brahms com Piano e o seu primeiro concerto para piano. Curiosamente esta peça é simultaneamente conservadora e inovadora. Conservadora na forma dos andamentos e mesmo na fortíssima inspiração de algumas obras de Beethoven mas muito inovadora na importância relativa dada ao instrumento solista e a forma como ele se mescla com a orquestra.

Tal como em muitos casos Brahms demorou bastante tempo até considerar este concerto pronto. Na verdade começou-o em 1854 quando residia em casa dos Schumann em Dusseldorf tendo sido terminado em 1858. Pelo meio Schumann foi internado num asilo e Brahms ficou em casa de Clara Schumann ajudando-a na educação dos filhos do casal Schumann.

A obra foi estreada a 22 de Janeiro de 1859 em Hannover com o próprio Brahms ao piano. A obra nessa altura foi recebida com frieza. Mas o pior estaria para vir quando apenas cinco dias depois foi tocada em Leipzig sendo aí recebida com assobios, fruto da inovação de que falámos. A obra na verdade demorou a ser entendida e apenas se foi estabelecendo graças a persistência de Brahms.

O concerto está organizado nos habituais três andamentos da forma clássica sendo o primeiro andamento organizado na forma de sonata. Nada mais clássico como decerto agora já sabem.

O primeiro andamento (Maestoso em Ré menor) começa com uma introdução bastante longa para um concerto de piano começando aqui a inovação de "mistura" de que falámos. Este tipo de composição parecia na altura mais apropriado para uma sinfonia do que para um concerto de piano que supostamente existia (agora vou exagerar muito mas é para perceberem a ideia) para exaltar o virtuosismo do pianista. Este concerto não é nada disso. É uma fusão completa entre o piano e a orquestra. Brahms é tido por conservador, justamente em alguns casos mas aqui apesar da inspiração retida de Beethoven neste ponto em particular é especialmente inovador.

Oiçam aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte) Nelson Freire e a Orquestra Sinfónica de Tóquio dirigida por Andrey Boreyko interpretarem este andamento.

O segundo andamento (Adagio - Ré Maior) como já sabem nas estruturas clássicas é um andamento calmo - Adagio - como podem ler em cima. Pessoalmente gosto bastante deste andamento porque me transmite bastante paz mas aceito que possa parecer um pouco longo. Para vos mostrar este andamento vamos escolher um outro pianista. Assim podem ouvir Carlo Maria Giulini e a Filarmónica de Los Angeles dirigida por Vladimir Ashkenazy aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).

O terceiro andamento (Allegro non troppo : Ré Menor / Ré Maior) está escrito na forma de Rondo. Para este andamento escolhi uma performance notável de Horowitz sendo a orquestra dirigida por Bruno Walter. Podem ouvir aqui.

Finalmente para uma sugestão de uma gravação deste concerto podem visitar o blog Desnorte que aqui vos fala em detalhe de uma excelente hipótese. Não se esqueçam a este respeito que os videos que vos mostro no You Tube são uma excelente forma de tomarem conhecimento com as obras (até de verem os artistas de que vos falo executarem obras ao vivo), porém estes vídeos dizia, não têm a qualidade sonora de uma "verdadeira" gravação e acreditem que notam a diferença!

Este Blog faz hoje um ano

Pois é, fazemos hoje um ano ... Não por coincidência na data do meu aniversário também, 6 de Outubro. Na realidade foi uma decisão de aniversário ... Num balanço rápido posso dizer-vos que neste primeiro ano aprendi muito sobre o meu hobby, graças aos vossos comentários (790 à data deste post) e leitura atenta dos mais de 500 posts (511 à data em que escrevo este) que fiz neste primeiro ano. É para continuar claro, ao mesmo ritmo espera-se ...

Foram 33.844 visitas de 23.614 visitantes únicos de 81 países diferentes. Destes países Portugal com 16.806 visitas e o Brasil com 14.533 foram como seria de esperar os mais relevantes mas mesmo assim tivemos 815 de França, 361 de Espanha, 346 dos Estados Unidos, 144 do Reino Unido, 116 da Alemanha, 78 da Holanda, 64 da Argentina e 55 da Itália para completar o Top 10.

Confesso que destes números há dois que me deixam muito feliz. Em primeiro lugar o facto dos nossos irmãos brasileiros virem ler este site mesmo com a enorme oferta cultural que têm do outro lado do Atlântico. Fico sensibilizado, acreditem. Depois embora não apareçam nestas estatísticas (não estão no Top 10) as visitas que tive de África dos países de expressão portuguesa.

O post que gerou mais comentários foi este em que festejei os 16 anos do meu filho. Foi um post que gostei muito de escrever mas o post que me deixou mais feliz, mais perto do objectivo que me havia fixado ao começar este blog foi este outro em que recordei a minha avó, Lucienne Petit, a sua farmácia em Monbahus, a sua música e a sua poesia.

Voltando aos vossos numerosos comentários é dificil destacar um, houve muitos que me deixaram nas nuvens. Desde as correcções atentas do pianoman, até aos comentários de incentivo da AP, dos comentários sempre tão belos do Raul, passando por alguns comentários verde e branco da Gi, de outros de várias cores sempre vivas da Raquel Alão, da Tinta Azul ou da mdsol. E o que dizer dos comentários do FM sempre incentivando, da Moura Aveirense e do Geocrusuoe presentes desde quase o inicio (pelo menos virtualmente :-)). Eu sei que não consigo citar todos estou a fazer esta lista de memória e nessas condições alguma coisa há de falhar. Que me desculpem os que não listei aqui. Todos foram e são importantes.

Temos muitos planos e ideias para este segundo ano e por isso espero continuar a contar com a vossa presença e os vossos comentários.

Abraços e beijinhos a quem de direito, Abreijos para os mais gulosos.

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