O disco oferecido com a Diapason deste mês é L´Art de la Fugue com André Isoir no órgão. Escrevo este post enquanto me delicio com a obra. E eu que nem sequer sou grande fã de órgão (gosto mas não posso dizer que seja dos meus instrumentos preferidos) deixo-me facilmente enredar pela teia polifónica, pela sua clareza e complexidade em simultâneo perdido entre as várias melodias que se cruzam sem saber onde me fixar. Como quem olha para um céu estrelado e não se consegue fixar num conjunto de estrelas tão cintilantes que todas parecem.
Obra ultima de Bach envolta em mistério para alguns, incompleta para outros. Perfeita. Não é céu que Bach pinta é o Céu que ele atinge ou melhor que define. Abro com sinceridade a cortina na janela que tenho em frente e olhando em frente não atinjo as estrelas mas não é culpa de Bach, são antes as nuvens que toldam o céu de inverno, azar da circunstância ultimamente pouco comum. Porém se os olhos não partem, parte a alma na mesma viagem.
Não encontro uma versão da BWV 1080 por este interprete mas em compensação deixo-vos com o sempre admirável Glenn Gould (com trautear incluído :-)).