quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Haydn - As Sinfonias de Londres (Primeira Parte)

Continuando a completar a nossa lista de 100 obras com descrições um pouco mais detalhadas de cada uma das obras hoje vamos abordar as 12 sinfonias que Haydn escreveu quando das suas duas visitas a Londres, um número apreciável mas ainda assim pequeno se comparado com o total de 106 sinfonias que Haydn completou. Embora seja verdade que estas obras sejam de dimensão muito mais curta do que as suas sucessoras do período romântico não deixa de ser um número apreciável.

Convém ainda dizer que Haydn é justamente considerado o pai do género Sinfónico por ter definido a forma e o ambito de uma composição em que a Orquestra no seu todo é "o solista". Uma sinfonia é uma obra em que é à Orquestra que no seu conjunto cabe o protagonismo. Uma obra essencialmente abstracta por natureza em que através da composição se melodias e harmonias os compositores conseguem transmitir sentimentos ou pelo menos sugeri-los.

Não tivesse o príncipe Esterhazy, empregador de Haydn desde 1760, falecido em 1790 e grande parte da Orquestra da corte sido dissolvida e o mundo não teria provavelmente tido a oportunidade de conhecer totalmente o génio de Haydn enquanto grande orquestrador. Na verdade com a morte do seu patrono Haydn embora tivesse retido o seu título foi finalmente autorizado a deslocar-se a Londres a convite de Johann Peter Solomon, violinista e grande editor que lhe encomendou precisamente 12 sinfonias retendo os direitos exclusivos de publicação.

A Sinfonia nº 93 foi composta em 1791, tem 4 andamentos começando com um Adágio-Allegro seguindo-se um andamento lento neste caso um Largo Cantabile para depois o terceiro andamento ser um Minueto terminando com um Presto. Foi estreada em Londres a 17 de Fevereiro de 1792. Tem como principal característica distintiva um elemento de surpresa no andamento lento típico do humor de Haydn que gostava de surpreender o seu público com elementos inesperados. Neste caso isto acontece no andamento lento no seu fim em que um fortíssimo do Fagote interrompe uma decrescendo gradual da orquestra totalmente a despropósito.

A Sinfonia nº 94 (A Surpresa) foi composta no mesmo ano (1791) e estreada a 23 de Março de 1791. Tal como a anterior possui 4 andamentos aproximadamente na mesma estrutura Adagio-Vivace Assai, Andante (também aqui com uma surpresa semelhante à descrita na Sinfonia nº 93), um terceiro andamento que também é um Minueto (Allegro) para terminar com um andamento rápido (Allegro Molto). Das sinfonias de Londres esta permanece uma das mais populares.



A Sinfonia nº 95 é a única das sinfonias de Londres que está escrita numa tonalidade menor (Dó Menor) sendo também a única que não tem no primeiro andamento uma introdução lenta. É talvez por essas duas razões aquela que parece emocionalmente mais profunda (o tema do primeiro andamento também ajuda significativamente a essa impressão) ou se preferirmos mais introspectiva. Não se conhece a data precisa da sua estreia embora se creia que esta possa ter ocorrido em 1791. Conhece-se pouco da estreia embora se saiba que foi recebida com pouco entusiasmo o que explica provavelmente a razão pela qual é única numa tonalidade menor que talvez não se ajustasse ao gosto de Londres na altura. Convirá dizer que sendo estas as poucas obras que Haydn escreveu com ênfase no publico procurou na verdade ajustar a sua escrita ao gosto que suponha ser prevalecente sendo também essa a razão pela qual introduziu várias novidades e surpresas nas composições, sempre no intuito de ter sucesso junto do público.

A Sinfonia nº 96 chamada "Milagre" deve o seu nome a um evento que  aconteceu, se tiver na realidade ocorrido o que é incerto  na estreia da Sinfonia nº 102 e não nesta. O que se passou foi que um candelabro caiu na sala não tendo provocado nenhum ferido pelo facto da audiência se concentrar na sala o mais perto possível do compositor tal era a vontade de o ver de mais perto libertando dessa forma a parte central onde caiu o dito objecto. Certo é que esta obra deverá ter sido a primeira a ser ouvida em Londres a 11 de Março de 1791. Como já devem ter percebido a numeração das sinfonias não corresponde à data da sua estreia.

A Sinfonia nº 97 (Solomon)  é a quinta das sinfonias de Haydn tendo sido estreada a 3 ou 4 de Maio de 1792. Em Dó maior e com a construção mais frequente deste conjunto de sinfonias, a saber um primeiro andamento rápido com uma introdução lenta, depois um andamento lento seguido de um minueto com trio que neste caso dá o nome à Sinfonia dado que nos últimos 8 compassos o compositor indica que o concertino deverá tocar uma oitava acima dos restantes (concertino que neste caso era precisamente o violinista Solomon). Convirá notar que na altura em Inglaterra era usal o maestro dirigir a partir do "piano" o que Haydn fez na estreia desta obra.

A Sinfonia nº 98 a ultima da primeira parte deste ciclo de sinfonias foi estreada a 2 Março de 1792. Trata-se da primeira obra que Haydn escreveu nesta tonalidade e abre de forma bastante dramática com uma sequência melódica que nos deixa antever um andamento sombrio impressão que é rapidamente afastada pelo resto do desenvolvimento de todo o andamento seguindo desta forma a norma das Sinfonias de Londres. O ultimo andamento desta obra é o mais longo andamento final que Haydn escreveu sendo notável  a vários títulos nomeadamente pelo aparecimento de um solo de violino acompanhado uns momentos mais tarde por um solo de piano.

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