Continuando uma primeira visão global do conjunto da obra de Schubert hoje vamos centrar-nos no conjunto das suas sinfonias. Também aqui se revela o seu caracter romântico e poético e a sua desorganização e falta de atenção à sua própria obra criativa. Acho que dificilmente haverá um compositor em que existam mais obras inacabadas, deixadas em esquisso ou póstumas.
Schubert terá escrito entre 8 a 11 sinfonias, dependendo das opiniões quanto a algumas obras inacabadas. Vejamos então. Da primeira à sexta sinfonia não existem grandes dúvidas. Publicadas num espaço de 4 anos são segundo a enciclopédia Grove Music "o retrato de um aprendiz dotado". A partir deste ponto começam as obras incompletas .... Na opinião da referida enciclopédia isto traduz a insatisfacção do compositor por não encontrar a sua própria voz, não encontrar na sua composição sinfónica o espelho da poesia que tinha no coração e que tão bem exprimia nos seus "lied".
Assim temos a sinfonia 7 (D.729) inacabada, a sinfonia nº8 (D.759) também incabada e por vezes contada como número 7 (por não se considerar a 7) - desta apenas existem dois andamentos completos e um terceiro em fase de esquisso (o quarto andamento nunca terá sido escrito).
Temos depois desta a nona sinfonia (D.944) em Dó Maior - "A Grande" (ou 7 ou 8 consoante a opinião sobre as duas anteriores) de que vos proponho verem uma parte aqui . Aliás notarão que no video aparece exactamente como sendo a sétima sinfonia, não se contando assim as duas anteriores na opinião da produção do video que não é a mesma do poster no You Tube. Grande confusão como podem ver ...
Para melhorar o romance depois desta nona ainda existe um esquisso de uma derradeira décima sinfonia (D.936a) escrita nos derradeiros meses de vida e ainda rumores sobre uma décima primeira sinfonia composta em 1824. Hoje acredita-se segundo estudo de Reed em 1972 que esta na verdade é a nona em Dó Maior ... Enfim mais romântico e misterioso seria completamente impossível.
Uma coisa é certa, tendo em conta que Schubert viveu apenas 31 anos é notável a quantidade e qualidade do trabalho produzido. Pena que não tenha podido quer por temperamento quer por falta de tempo rever e terminar as suas obras. Em todo o caso é certamente um dos compositores mais injustamente esquecidos da história.