sábado, 1 de março de 2008

Beethoven - Sinfonia nº 4 (Op. 60)

A Sinfonia nº4 tal como a Sinfonia nº 8 é muitas vezes vista como o patinho feio das nove. Se para as primeiras duas cabe o papel de introdução a quatro e seis têm a desagradável missão de estar entre obras de tal dimensão poética, de tal transbordar de emoções que lhes é difícil captar a nossa atenção.

Certamente que não será por falta de qualidade porque qualquer uma das obras é por ela só extraordinária e não fosse o facto das outras existirem certamente estariam no conjunto das obras mais admiradas de sempre.

A Sinfonia nº 4 em Si Bemol foi terminada em 1806 tendo sido dedicada ao conde Franz von Oppersdorf. Segundo vários historiadores por razões que não se conhecem a sinfonia que era supostamente para von Oppersdorf seria a quinta mas Beethoven sentiu-se forçado a dedicar esta e a sexta em conjunto a Lobkowitz e Razoumovsky.

Esta Sinfonia não poderia ser mais diferente da terceira que a antecede e da quinta que lhe sucede. Esta sinfonia caracteriza-se pela absoluta perfeição da forma, pela expressão da alegria e espontaneidade, de uma doçura celeste para utilizarmos a expressão de Berlioz. Visivelmente Beethoven era um homem feliz quando a escreveu, embora como saibamos na maioria dos casos o estado de espírito do compositor transpareça muito pouco nas suas obras possivelmente devido à enorme variação do seu humor de dia para dia ou mesmo de hora para hora.

O primeiro andamento (Adagio -- Allegro vivace) começa tal como as anteriores três sinfonias com uma introdução um Adagio para depois entrar no Allegro de forma magnificamente orquestrada. Este andamento é de uma alegria contagiante. Em determinadas passagens quase nos apetece dansar e certamente o faremos em espírito.

Do segundo andamento (Adagio) diz Berlioz que certamente não terá sido escrito por um ser humano, que mais parece o suspirar do arcanjo Miguel contemplando o Mundo. E como na verdade achamos que não faremos melhor que Berlioz não comentaremos mais. Ou talvez o façamos ... Grove no seu livro "Beethoven and his Nine Symphonies" emite a hipótese que este andamento é inspirado pela paixão de Beethoven e apresenta como prova as cartas que foram encontradas após a sua morte e que datam da altura da composição.

O terceiro andamento (Allegro vivace) é quase todo ele composto por frases fortemente ritmadas e frequentes variações dinâmicas. Beethoven retoma aqui um tempo de minueto porém de tal forma afastado do que antes tinha sido a dança palaciana que na verdade estamos aqui a falar tal como na terceira sinfonia de uma forma nova de tratamento da forma sinfónica.

O quarto andamento (Allegro ma non troppo) - Grove faz notar no seu livro que "ma non troppo" está escrito a vermelho no manuscrito como se fosse uma nota à posteriori que nos diz, rápido mas não demasiado rápido - é o corolário lógico de toda a sinfonia. É alegria pura condensada !

Poderá ouvir aqui esta sinfonia dirigida por Herbert Von Karajan.

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