segunda-feira, 30 de abril de 2012

Kachaturian - Concerto para Violino

Falamos desta obra quando da votação do concerto de violino preferido porém hoje resolvemos retomar essa descrição porque não estamos totalmente satisfeitos com o que referimos na altura.

Este concerto foi composto em 1940 em plena Segunda Guerra Mundial e dedicado ao grande violinista David Oistrakh  . Tem três andamentos numa forma bastante "clássica" que na forma (rápido-lento-rápido) quer na parte melódica ou harmónica. Considerando que nesta mesma altura na ex-União Soviética existiam génios como Prokofiev ou Schostakovich é fácil perceber que Kachaturian seja visto como um compositor de segundo plano - injustamente qualificado apenas como um "homem do sistema" embora seja verdade que foi dos que mais apoiou o regime soviético - não sem ter tido a seu tempo os seus problemas.

Se é fácil de perceber essa comparação diga-se que não me parece inteiramente justificada tal como não muito explicável o facto deste concerto ser tão poucas vezes interpretado porque parece-me estar entre as grandes obras do século XX.

No que diz respeito ao concerto propriamente dito desta vez escolhi para ilustrar o mesmo uma interpretação pela Orquestra Sinfónica da Gulbenkian sendo solista Gareguin Aroutiounian.

Kachatourian era de origem Arménia e creio que essa origem transparece de forma bastante clara quer nas melodias quer nos ritmos nitidamente orientais que percorrem a peça.

No primeiro andamento (Allegro con Fermeza) gosto especialmente da parte rítmica, repetitiva e um pouco agreste  (oiçam por exemplo perto do segundo 50" ou no 1:40")  e do contraste existente com as partes mais melódicas e doces (por exemplo no minuto 2:50). Escrito na forma de sonata segue o esquema clássico de exposição dos dois temas, desenvolvimento e recapitulação com uma breve coda no final. Nada de inovador desse ponto de vista, aliás esta obra deve ser apreciada pelo que transmite emocionalmente do que pela inovação.



O segundo andamento (Andante Sostenuto) é o meu preferido pela belíssima melodia que constitui o tema principal. Depois de um fortissimo da orquestra o andamento acaba num maravilhoso decrescendo.



Se o segundo andamento é essencialmente uma exposição de um enorme lirismo então o terceiro andamento (Alegro Vivace) representa sem dúvida a festa (este andamento inicia cerca do minuto 12:30). O andamento começa com um fortissimo da Orquestra para depois o solista entrar com um tema que sem dúvida (não conheço a música popular da Arménia mas nem seria preciso) é inspirado num tema popular deste País. Aliás todo este andamento esta repleto de referências à música popular desse país de que aliás Kachaturian fez recolha.

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