domingo, 20 de abril de 2008

O Período Romantico: César Franck

Aproveitando como pretexto os últimos concertos que fui hoje ver ao CCB e sobre o qual queria dizer algumas coisas iniciamos neste post de forma oficial a nossa primeira viagem aos compositores românticos.

Um dos concerto que fui ver hoje escolhi-o muito mais função de uma das obras que ia ser interpretada do que pelos interpretes (conhecia o pianista Filipe Pinto-ribeiro e de que gosto) mas a violinista não conhecia. A obra que me levou a escolher este concerto foi a sonata para piano e violino de César Franck que é uma das minhas preferidas e uma das representativas do período romântico. Vão reconhecer nela toda a expressão não contida de sentimentos ... a antítese do classicismo.

Para ilustrar esta magnifica sonata escolhi um dos meus violinistas preferidos Yehudi Menuhin. Podem ouvir todos os andamentos através destes links: primeiro andamento , segundo andamento, terceiro andamento, quarto andamento .

Já agora e porque este blog se pretende didáctico para pessoas que se iniciam no gosto pela música clássica e também porque muitas vezes vos faço recomendações para concertos para os mais novos queria explicar-vos que um concerto de música clássica pressupõe a observância do mais completo silêncio durante o concerto. Faz parte. E digo-vos isso porque neste concerto foi feito um aviso logo no inicio do mesmo nesse sentido. As coisas até estavam a correr relativamente bem, muito melhor do que de manhã quando no concerto de que vos falei com a Orquestra do Algarve o barulho era por vezes insuportável. Mas basta que uma criança não respeite o silêncio que se impõe para que a situação possa caminhar para o descalabro que foi o que aconteceu.

Algures durante o segundo andamento uma mãe tentou sair com a sua criança à pressa, diga-se de verdade porque esta tinha começado uma fita daquelas que acaba em gritos (e não estou a exagerar) mas com a pressa caiu no chão com a criança. Do ponto de vista do concerto podem imaginar o efeito, nem será necessário explicar neste caso os riscos físicos para a criança e para a mãe (certamente neste caso o mais importante evitar).

É perfeitamente possível que uma criança com 4 anos (basta que consiga entender algumas coisas básicas) assista a um concerto de música clássica desde que seja ensinada a comportar-se adequadamente. Tem o adulto de lhe explicar ANTES do concerto e as vezes necessárias quais as regras e as consequências. É muito importante e desejável que eles comecem desde cedo a apreciar música de vários tipos mas têm de ser capazes de respeitar o silêncio. Obviamente que há também que haver bom senso dos adultos na escolhas das peças (há peças muito mais fáceis do que outras) , da hora, da duração até mesmo das condições da sala. Vou dar um exemplo. No caso de uma sala grande que tenha camarotes é muito mais fácil combinar a partilha de um camarote (com a saída muito mais simples) do que um lugar na plateia. Explique o que vão ouvir antes, encoraje a curiosidade natural para garantir que não existe aborrecimento, ...

Em resumo as crianças são muitíssimo bem vindas o barulho e a má educação é que não ... e garanto-vos que este Domingo teria tido vários clientes para este meu sermão.

Dias da Música - Quatro Estações de Vivaldi, Quatro Estações Portenhas

Comecei o dia de hoje com um concerto pela Orquestra do Algarve com um programa que incluía as quatro estações de Vivaldi e as Quatro Estações Portenhas de Piazolla. A ideia desta junção não sendo propriamente original é interessante.

No que diz respeito à primeira dessas peças tendo em conta o número de vezes que já a ouvi (e por excelentes interpretes) era um desafio difícil para a orquestra e a solista. Porém devo dizer que tanto a orquestra como a solista estiveram muitíssimo bem. Não foi perfeito mas a orquestra está equilibrada, tem excelentes interpretes e sobretudo procura fazer música não se limitando a despejar notas. A solista Patricia Kopatchinska foi uma agradável surpresa. Ao vivo até hoje só me lembro de um concerto em que ouvi umas quatro estações mais marcantes do que estas. David Grimal numa das Festa da Música passadas ...

Mas o melhor ainda estava para vir e as Quatro Estações Portenhas de Piazolla com o solista Gonçalo Pescada no acordeão foram uma perfeita maravilha. Aqui o equilíbrio da quantidade de som do solista e da orquestra talvez necessitasse de ser um pouco repensado mas isso é apenas um pequeno detalhe. Confesso que é raro ouvir este instrumento em concertos de música erudita (apenas por uma questão de falta de oportunidade dado que adoro a sua sonoridade) e logo o que vou dizer vale o que vale, mas nunca tinha ouvido tocar assim ao vivo ... Para terem uma ideia do que ouvi podem consultar o site oficial aqui . Por outro lado no You Tube poderão encontrar precisamente uma das Estações Portenhas a que me referia aqui.

Posso dizer-vos que tenho aqui neste blog recomendado muitas vezes a Orquestra do Algarve e depois do que ouvi hoje vou certamente continuar a fazê-lo ainda com mais entusiasmo. Está a fazer-se um trabalho sério no Algarve, na minha modesta opinião de amador claro está.

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