sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Era uma vez um ano mau

Era uma vez um ano mau que dificilmente poderia ter sido pior. Vai ser a vez do novo ano que se espera que pelo menos não seja pior. Na minha mensagem de Natal que enviei a alguns amigos dizia que para isso bastaria que nos desse a oportunidade de sermos pessoas melhores.

Juntei nesse texto uma parte do poema Mensagem de Fernando Pessoa, poema que aliás recomendo a todos para esta passagem de ano. Em particular uma das partes desse poema no todo genial mas com algumas estrofes que estão para além de qualquer descrição em prosa e que contém uma frase que utilizo frequentemente quando me dizem que determinada acção não vale a pena face à dimensão do problema em consideração.

Ó mar salgado, 
quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, 
quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 
Valeu a pena? 
Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu.

Esse meu email não tinha música mas neste blog não posso deixar de vos fazer uma sugestão de Ano Novo. É difícil encontrar algo que não destoe da intensidade de Fernando Pessoa. Depois de reflectir resolvi fazer-vos uma dupla sugestão. A mesma obra ouvida aqui neste blog e a sugestão para a ouvirem ao vivo.

Esta obra tem obviamente alguma coisa a ver com o propósito da Mensagem embora num domínio totalmente diferente, mais romântico diríamos. Foi composta para conquistar o coração da bem amada. O inicio da idée fixe e pronto agora os mais versados já sabem o que vos estou a propor. Aqui fica para passarem o Ano em boa companhia. A Sinfonia Fantástica de Berlioz. Quanto ao resultado bem a verdade é que a bem amada não quis assistir à estreia. Depois de alguma insistência lá o fez conheceu Berlioz e aceitou casar com ele. Quanto à felicidade enfim as opiniões dividem-se, certo é que se divorciaram nove anos depois.





No que diz respeito ao convite para irem ver ao vivo bem será mais para quem esteja perto de Lisboa - as minhas desculpas aos nossos leitores de outros países e continente, estou seguro que esta obra se interpretará algures perto de vós mas infelizmente não tenho forma de conseguir saber datas e locais - mas para quem se possa deslocar a Lisboa poderemos ouvir esta obra ao vivo na Gulbenkian pela Orquestra Gulbenkian dirigida por Thomas Adés o que só por si seria interessante.

Já agora para quem deseje um programa para o fim do dia 31 e numa recomendação 100% portuguesa sugiro na RTP 1 a transmissão em directo da Igreja de São Roque do Te Deum (1769) de João de Sousa Carvalho, às 17h. Nem proponho ao vivo porque está esgotado ...

Era uma vez um ano mau que acaba, vai ser a vez do Ano Novo que vai ser melhor meus amigos. Vai ser melhor porque sei que todos vamos tentar e logo ...

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