domingo, 23 de novembro de 2008

Guilhermina Suggia (1885 - 1950) - Epílogo

Epílogo

Abordamos a vida de Guilhermina Suggia neste especial ao longo destes vários posts:

Primeira Parte
Segunda Parte
Terceira Parte
Quarta Parte
Quinta Parte

Neste ultimo post gostaríamos de dizer, voltando um pouco ao inicio, que Guilhermina Suggia enfrentou a dificuldade de ter sido solista num instrumento e numa época em que isso era ainda raríssimo. Guilhermina Suggia porém transcendeu em muito essa simples diferença de género sendo com Pablo Casals o melhor violoncelista no inicio do século XX.

A sua ultima atitude ao doar os seus dois violoncelos a cada uma das escolas com quem mais eventualmente se identificava para que fossem vendidos e com o valor da venda se instituísse um prémio para pagar as aulas de jovens violoncelistas é bem significativo do amor que tinha pela música e a alma com que se entregava.

Muitos críticos musicais exaltavam a "alma" com que tocava, a qualidade e quantidade do som e efectivamente esses eram dons de Guilhermina. Porém como dizia Gerald Moore: "Ela (Suggia) convence-nos que a sua forma de tocar é apaixonada e intensa, mas o contrário é que é verdade: É correcta, calculada e clássica e como a sua natureza perfeitamente equacionada. Ela está longe de ser a prima dona que poderia parecer. A sua forma perfeita de conceber o espectáculo desfigurava desse ponto de vista uma fundação musical rigorosa. Na sua carreira Suggia sempre foi felicitada por a sua técnica impecável, arcada vigorosa, fraseado flexível, tom quente e sonoro e interpretações cheias de sensibilidade".

Gostaríamos porém de vos deixar com umas palavras de Guilhermina Suggia que pensamos ilustram a razão e o fundamento do seu sucesso tão bem quanto o valor do seu legado e os valores pelos quais se regia:

"Nunca me deixei contaminar pela inveja ou pela vaidade. Confesso que sinto-me orgulhosa de mim mesma. Como artista estou sempre insatisfeita, em todo o momento procurando a suprema perfeição. Estudo todos os dias e ainda estudo como antes para aprender tudo o que me falta aprender. Quando toco bem à frente de uma audiência gosto de sentir o aplauso entusiástico porque antes que o público tenha respondido já me aplaudi interiormente com a satisfação intima do sincero prazer espiritual. Sou a minha mais feroz critica. É exactamente por isso que quando toco mal não fico impressionada com os imerecidos aplausos do público. Fico grata mas não os aceito na minha alma como mulher e como artista".

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