Bom, faz quase um ano que deixei de escrever neste blog. Uma espécie de sabática motivada não pelo cansaço da música - essa nunca deixou de fazer parte da minha vida - mas porque este blog me lembrava demasiado um tempo a que precisava dar um pouco de distância.
Distância obtida estou de volta para vos continuar a falar da música de que gosto. Porque para todos os recomeços deve existir um símbolo, porque melhor símbolo de distância não haverá certamente, porque tão pouco poderemos encontrar mais perfeita metáfora do reencontro e ainda porque este tema junta duas paixões: a música e a astronomia retomo este blog com um post que vos vai falar do objecto humano mais distante da Terra e o único que homem já fez sair da pequenez do nosso sistema solar: As naves Voyager e em particular o seu disco dourado.
Já por várias vezes vos falei delas (das naves) e muitas vezes (quase tantas) vos mostrei a Gavotte en Rondeau de Bach interpretada por Arthur Grumiaux mas hoje, naquilo que é um recomeço, creio ser mais oportuno mencionar uma outra escolha, o primeiro andamento da Quinta Sinfonia de Beethoven, apelidada "do destino". Do destino porque diz-se se batesse à porta (o dito) assim bateria. Quando assim se fala claro que estamos a pensar naqueles primeiros compassos ...
Do destino é bom mas terminar como começamos - com amor - é provavelmente ainda melhor. E se muitas vezes falamos destes discos dourados e da sua música nunca vos revelamos que estes discos encerram (pelo menos) uma grande história de amor. Na verdade Carl Sagan responsável pela mensagem apaixonou-se durante a gravação dos mesmos por aquela que viria a ser a sua mulher Ann Druyan. Até à gravação Ann e Carl conheciam-se profissionalmente mas um dia Ann que era a directora criativa do projecto descobre excitada a obra que faltava para os discos. Uma canção chinesa com mais de 2.500 anos chamada "Flowing Stream".
Pois foi ao contar ao telefone a Carl Sagan a descoberta que tinha feito que ambos se aperceberam que ... A história poderia ficar por aqui que já seria uma bela história. Porém facto é que ela está agora imortalizada para além do sistema solar. Na verdade alguns dias depois Carl Sagan tem a ideia de gravar as ondas cerebrais de um ser humano na esperança que daqui a uns milhões de anos, se porventura alguma espécie inteligente vier a tomar posse dos discos, essa mesma espécie consiga reformular os pensamentos a partir dessas mesmas ondas.
Ora o que foi gravado foram as ondas cerebrais de Ann Druyan que meditou durante umas horas sobre a natureza humana. Diz Ann que no entanto no final se permitiu uma mensagem pessoal sobre o significado de estar apaixonada. É ou não é uma linda história de amor - a única que verdadeiramente terá neste momento atravessado tempo e espaço ...
Nas palavras de Ann Druyan "Sempre que estou deprimida penso que eles ainda se deslocam a 35.000 milhas por hora, fora do sistema solar no grande mar infinito do espaço interestelar".
Podem ler a história completa aqui