Agora que estamos quase a terminar esta nossa primeira viagem ao universo de Brahms é lógico falar das Sonatas para piano. Na verdade a primeira obra registada de Brahms (registada como op. 1) é precisamente uma sonata para piano.
As sonatas para piano são aliás todas obras da juventude do compositor. Na verdade as três sonatas foram publicadas entre 1852 e 1853 (a primeira sonata teria sido composta em 1848) tendo posteriormente Brahms abandonado esta forma musical no que diz respeito ao piano. Curiosamente as sonatas para Violino e Clarinete são obras da fase mais adulta do compositor.
Estas sonatas pela proximidade temporal da sua composição podem ser vistas como um ciclo que culmina na terceira sonata de dimensões verdadeiramente épicas (tem mais de 50 minutos e cinco andamentos). Esta obra foi a ultima que Brahms submeteu à apreciação de Schumann e também por isso tem um valor especial desse ponto de vista. Aliás considerando as relações pessoais existentes entre Brahms e Schumann eu pessoalmente especulo se não terá sido precisamente esse facto que levou Brahms a não mais considerar esta forma musical.
É assim precisamente esta sonata que vos convidamos a ouvir nas versões de quatro extraordinários pianistas. A obra divide-se como dissemos em cinco andamentos, na seguinte disposição:
1º Andamento (Allegro maestoso): Podem ouvir este andamento aqui na interpretação de Harold Bauer (1873-1951) numa gravação de 1939. Bauer curiosamente começou por ser violinista tendo segundo alguns "visto a luz" já com vinte anos quando teve a oportunidade de estudar em Paris com Ignacy Paderewski (1892). Na verdade depois disso embora mantendo-se como violinista durante algum tempo todo o seu interesse passou a ser no piano tendo inclusivamente chegado a estrear uma peça de Debussy em Paris em 1908. Sem dúvida extraordinário e razoavelmente invulgar.
2º Andamento (Andante. Andante espressivo - Andante molto) : Para este andamento escolhemos Claudio Arrau pianista chileno de que já havíamos falado aqui e que dispensa mais apresentações. Pode assim ouvir (e ver) este andamento interpretado por este pianista fora de série numa interpretação que para além do mais marca o regresso do pianista ao Chile em 1984 depois de ter estado praticamente toda a vida fora do seu país natal. Primeira parte aqui , segunda parte aqui.
3º Andamento (Scherzo. Allegro enérgico com trio)
4º Adamento (Intermezzo - Rückblick / Um olhar para trás - Um resumo - Andante molto)
Para estes dois andamentos escolhemos a pianista russa Maria Yudina (1899 - 1970) cuja vida daria certamente um romance. A pianista favorita de Stalin nunca deixou de por isso criticá-lo ferozmente. Oiçam aqui a interpretação destes dois andamentos.
5º Andamento (Finale. Allegro moderato ma rubato)
Para este ultimo andamento escolhemos um dos pianistas mais reconhecidos da actualidade (embora também razoavelmente polémico) Boris Berezovsky (1969). Podem ouvir aqui este quinto andamento.
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
domingo, 12 de outubro de 2008
Harold Bauer (28 de Abril de 1873 - 12 de Março de1951)
Harold Bauer nasceu em Londres a 28 de Abril de 1873. Filho de um violinista alemão e de uma inglesa. Estudou violino com o seu pai e com Adolf Pollitzer. Manteve o seu interesse neste instrumento até 1892 quando teve a oportunidade de estudar piano em Paris com Ignacy Paderewski.
Nessa altura segundo a sua auto-biografia Harold Bauer já tinha concluído que no violino não conseguiria rivalizar com jovens violinistas como Thibaud, Henri Marteau ou Kreisler. Desta forma resolveu trocar de instrumento dedicando-se ao piano.
Acabou por conseguir tornar-se uma referência nesse instrumento tendo nomeadamente estreado em Paris a obra de Debussy "Children Corners" e em Nova Iorque o concerto em Sol de Ravel. Aliás embora seja essencialmente conhecido pelo seu reportório de obras alemãs (Schubert, Schumann, Brahms e Beethoven) Bauer foi um notável divulgador dos compositores franceses da geração de Debussy e Ravel. Ouçam por exemplo aqui uma interpretação de "Reverie" de Debussy, verdadeiramente fantástico.
Acabou por se dedicar também ao ensino tendo o seu departamento de piano na Manhattan School of Music constituído uma referência.
Para quem quiser saber mais sobre a carreira deste pianista recomendamos a sua auto-biografia disponível na net aqui.
Harold Bauer faleceu a 12 de Março de 1951 em Miami.
Nessa altura segundo a sua auto-biografia Harold Bauer já tinha concluído que no violino não conseguiria rivalizar com jovens violinistas como Thibaud, Henri Marteau ou Kreisler. Desta forma resolveu trocar de instrumento dedicando-se ao piano.
Acabou por conseguir tornar-se uma referência nesse instrumento tendo nomeadamente estreado em Paris a obra de Debussy "Children Corners" e em Nova Iorque o concerto em Sol de Ravel. Aliás embora seja essencialmente conhecido pelo seu reportório de obras alemãs (Schubert, Schumann, Brahms e Beethoven) Bauer foi um notável divulgador dos compositores franceses da geração de Debussy e Ravel. Ouçam por exemplo aqui uma interpretação de "Reverie" de Debussy, verdadeiramente fantástico.
Acabou por se dedicar também ao ensino tendo o seu departamento de piano na Manhattan School of Music constituído uma referência.
Para quem quiser saber mais sobre a carreira deste pianista recomendamos a sua auto-biografia disponível na net aqui.
Harold Bauer faleceu a 12 de Março de 1951 em Miami.
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