A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
domingo, 20 de maio de 2012
Giulio Caccini (1551-1618)
É um pouco aborrecido um compositor ser conhecido por aquilo que essencialmente não compôs. Esse é o caso de Caccini desde há uns anos sobretudo falado pelo "seu" Avé Maria que não passa de uma mistificação de Vladimir Vavilov compositor e interprete Russo que se especializou nesse tipo de actividade. Só para vossa referência aqui fica esse Avé Maria. Bonito mas não de Caccini embora curiosamente muitos interpretes, mesmo alguns que deveriam saber mais, continuem a persistir nessa atribuição.
Quanto a Caccini propriamente dito nasceu a 8 de Outubro de 1551 em Roma tendo falecido a 10 de Dezembro de 1618 em Florença. Foi uma das bases da passagem da Renascença para o período barroco tendo participado na consolidação do estilo monódico. Tal como Emilio de Cavalieri reclamava para si essa invenção (como veremos procurou mesmo demonstrá-lo).
A sua obra mais significativa terá sido uma colecção de madrigais que intitulou "Le nuove musiche" publicada em 1602 e dedicada a Lorenzo Salviati. Na tentativa de reclamar a invenção deste novo estilo de música Giulio Caccini datou esta dedicatória com a data de 1601 porém não é certo que esta data esteja efectivamente correcta.
Deste conjunto de madrigais fazem parte Amarilli mia bella porventura o mais conhecido (não percam a interpretação de Cecilia Bartoli que seleccionei) ou ainda Amor Io Parto (neste caso interpretado por Montserrat Figueras).
Polémicas à parte Caccini faz parte com Peri, Cavalieri de um conjunto de compositores que contribuíram para a "invenção" da música como hoje a entendemos. Em todo o caso os exemplos que vos deixo devem ser suficientes para vos convencer da excelência do compositor porque são efectivamente belíssimas.
Dick Horowitz a Met Opera Orchestra a percussão e os percussionistas
Muitas vezes brincamos de forma carinhosa claro com o papel dos percussionistas numa orquestra. Dizemos que "aquilo" também nós saberíamos fazer ou então contamos o número de notas que tocam. Brincadeiras injustas claro porque sabemos que não só são elementos indispensáveis como são na maioria dos casos instrumentistas extraordinariamente versáteis.
Vem este post restabelecer alguma justiça e remeter as brincadeiras anteriores para a categoria das brincadeiras parvas (são boas mas são parvas, não pretendo que terminem apenas que tenham noção que são efectivamente isso mesmo - brincadeiras).
Foi através do blog de Alex Ross que tivemos conhecimento que Dick Horowitz o percussionista da Met Opera Orchestra se iria retirar no final desta época após 66 anos de carreira. Sim leram bem, 66 anos! Começou em 1946 com Lakmé e se ouvirem e virem o video vão perceber que poderão ter sido mais de 10.000 espectáculos nestes 66 anos. Não sei se terão sido tantos, esse número pode ser também uma brincadeira, o que é sem dúvida verdade é a linda homenagem que a Direcção da Metropolitan Opera Orchestra fez.
Chamou o músico ao palco e explicou qual o seu papel enquanto instrumentista ao longo destes 66 anos. Contou que instrumentos tinha ajudado a aperfeiçoar e realçou o seu papel enquanto fabricante de batutas (uma das quais a propósito foi enterrada com Bernstein). Grande homenagem e é lindo ouvir o aplauso do público.
Este exemplo é relevante não só pelo respeito que demonstra por um naipe de instrumentos normalmente negligenciado e alvo das nossas brincadeiras mas também pelo enorme sentimento de apreço pela experiência que revela. Essa valorização da experiência e da respectiva idade associada é algo que deveriamos interiorizar na nossa actual escala de valores com a excessivo e desproporcionada beatificação da juventude e do talento estilo farinha amparo, perdoem a expressão.
Celebremos assim os percussionistas e a experiência e sugiro que sigamos este exemplo. Na importância que devemos dar aos que nos parecem (injustamente) acessórios e aos que nos parecem (estupidamente) velhos demais para entender ou serem relevantes. E sim, antes que me perguntem isto é uma indirecta a algumas outras áreas.
Vem este post restabelecer alguma justiça e remeter as brincadeiras anteriores para a categoria das brincadeiras parvas (são boas mas são parvas, não pretendo que terminem apenas que tenham noção que são efectivamente isso mesmo - brincadeiras).
Foi através do blog de Alex Ross que tivemos conhecimento que Dick Horowitz o percussionista da Met Opera Orchestra se iria retirar no final desta época após 66 anos de carreira. Sim leram bem, 66 anos! Começou em 1946 com Lakmé e se ouvirem e virem o video vão perceber que poderão ter sido mais de 10.000 espectáculos nestes 66 anos. Não sei se terão sido tantos, esse número pode ser também uma brincadeira, o que é sem dúvida verdade é a linda homenagem que a Direcção da Metropolitan Opera Orchestra fez.
Chamou o músico ao palco e explicou qual o seu papel enquanto instrumentista ao longo destes 66 anos. Contou que instrumentos tinha ajudado a aperfeiçoar e realçou o seu papel enquanto fabricante de batutas (uma das quais a propósito foi enterrada com Bernstein). Grande homenagem e é lindo ouvir o aplauso do público.
Este exemplo é relevante não só pelo respeito que demonstra por um naipe de instrumentos normalmente negligenciado e alvo das nossas brincadeiras mas também pelo enorme sentimento de apreço pela experiência que revela. Essa valorização da experiência e da respectiva idade associada é algo que deveriamos interiorizar na nossa actual escala de valores com a excessivo e desproporcionada beatificação da juventude e do talento estilo farinha amparo, perdoem a expressão.
Celebremos assim os percussionistas e a experiência e sugiro que sigamos este exemplo. Na importância que devemos dar aos que nos parecem (injustamente) acessórios e aos que nos parecem (estupidamente) velhos demais para entender ou serem relevantes. E sim, antes que me perguntem isto é uma indirecta a algumas outras áreas.
Subscrever:
Mensagens (Atom)