domingo, 13 de maio de 2012

Quator à Cordes - Debussy

Hoje confesso que terei alguma dificuldade em escrever este post. A notícia do dia de ontem chocou-me e deixou-me triste. Porém como em outras ocasiões escrever faz parte da terapia; escrever sobre música ainda mais. Perdoem-me se detectarem melancolia a mais.

Este artigo faz parte de uma sequência de artigos prometidos sobre Debussy e segue-se ao já escrito sobre Prélude à l´aprés-midi d´un Faune.

Esta obra foi composta em 1893 um ano muito importante para Debussy já que marca o inicio da composição da sua ópera Pelleas e Melissande. Precede também a obra de que já falamos (Prélude) embora do ponto de vista da composição esteja muito mais próxima das anteriores Petite Suite (1889) ou mesmo da Suite Bergamasque (1890). Foi estreada em Paris na sala Pleyel a 29 de Dezembro de 1893 pelo Quarteto Ysaye.

Escolhemos falar deste compositor porque este ano marca o 150º aniversário do seu nascimento e por essa razão multiplicam-se as interpretações de obras suas ou a edição de especiais. Como referimos a Diapason deste mês tem precisamente por tema de capa Debussy e este aniversário sendo o disco indispensável do mês a interpretação deste Quarteto em Sol Menor Op. 10 pelo Quarteto de Budapeste numa gravação de 1957.

A obra em si tem um formato clássico em Quatro Andamentos mas o aspecto "clássico" termina nessa coincidência já que esta obra é um ponto de viragem também na música de câmara. Tinhamos referido na sua biografia que Debussy é sem dúvida um dos músicos mais importantes na história da música pela charneira que representa ao mesmo nível que um Stravinsky por exemplo. Este quarteto é representativo na inovação porque embora tenha uma consistência temática muito próxima de um Cesar Franck por exemplo não deixa de ter uma liberdade de expressão à volta desse tema que transcende essa ligação, embora para quem como eu aprecia essa forma não deixe por isso de seduzir também por esse aspecto.

O primeiro andamento Animé et très décidé é uma forma sonata com a exposição do tema recorrente ao longo da obra e que forma a ligação temática entre os quatro andamentos exposto logo no seu inicio. Podem ouvir este andamento aqui interpretado pelo Quarteto LowenGuth numa gravação de 1953 da Deutsche Gramophon, Grande Prémio do Disco em 1956. Salienta-se

O segundo andamento Assez vif et bien rythmé - Este segundo andamento é um Scherzo com uns tons bastante, como dizer, ibéricos. Podem ouvir este segundo andamento no mesmo vídeo que vos propus anteriormente a partir do minuto 6:07 aproximadamente.

O terceiro andamento Andantino, doucement expressif - O meu andamento preferido. A sua clareza pode por vezes levar à tentação do exagero na interpretação. Podem ouvir aqui uma interpretação com muita alma mas suficiente contenção pelo Quarteto Ebène.

O quarto andamento Très modéré - En animant peu à peu - Très mouvementé et avec passion. Com uma recapitulação inicial de todo o material, numa forma muito semelhante à nona Sinfonia de Beethoven para depois crescer em tensão e animação terminando num magnifico apogeu em Sol Maior. Podem ouvir e ver este quarto e ultimo andamento pelo quarteto Ysaye de França.




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