segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

As Bodas de Figaro e Schwarzkopf e uma curta mensagem de fim de ano

Vamos hoje como prometido ouvir algumas das árias das Bodas de Figaro, uma das várias óperas que Mozart compôs. Como para a Flauta Mágica escolhemos uma voz masculina hoje vamos dar-vos a ouvir uma voz feminina.

Escolhi uma ária que tem uma letra lindíssima e interpretada por uma senhora que dispensa apresentações: Elisabeth Schwarzkopf em Porgi Amor.


Hoje porque é o ultimo dia do ano gostava de deixar uma ultima palavra de homenagem a todos os que nos deixaram este ano. É escusado fazer uma lista, um dos nossos blogs de referência Opera e Demais Interesses já o fez aqui e aqui. Gostava apenas de juntar a essa lista dois não "músicos" (bem de certa forma também são músicos ...), Marcel Marceau e Maurice Bejart por tudo o que representaram para mim e acho que para toda uma geração. Como não podia deixar de ser esta ultima palavra só poderia ser na forma de música. E na forma de música vos deixo com "Im Abendrot" de Richard Wagner a Ultima das suas Ultimas 4 canções com a mesma Elisabeth Schwarzkopf. Até para o ano se Deus quiser.

Coro de Camara de Sétubal e Fernando Lopes Graça

Os nossos amigos do Coro de Câmara de Sétubal publicaram um CD com canções do Maestro Fernando Lopes Graça . Aqui fica antes do post normal do dia a nossa recomendação. Para ouvirem uns extractos e poderem comprar se gostarem do que vão ouvir basta apontar o vosso browser para aqui.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Teresa Stich Randall e Mozart

Que me desculpe o jornal Público mas hoje vou cometer um pequeno delito. Vou reproduzir na integra (porque não me atrevo a tocar no texto) uma das crónicas de JOÃO BÉNARD DA COSTA no Público. Vou fazê-lo agora por uma dupla razão.

Em primeiro lugar porque estamos a falar de Mozart, compositor de sua preferência e em segundo lugar porque esta crónica nos fala de forma sublime de algumas das óperas de Mozart de que iremos falar em seguida e de uma voz Teresa Stich-Randall que é das minhas preferidas. Este texto escrito por ocasião do falecimento da cantora em Julho de 2007 é - na minha modesta opinião - simplesmente fabuloso.

Eu sei que havia prometido para hoje as Bodas de Figaro. Mas garanto que ficam a ganhar com a troca. A única liberdade que me concedi foi colocar no texto - a azul - links para vídeos ou outros elementos relacionados com o texto e que vos proporcionarão uma experiência ainda mais rica, espero que gostem.

Sei também que choro com facilidade mas juro-vos que a primeira vez que li esta crónica, enviada pela minha irmã não me consegui conter ...

A propósito - e como uma espécie de contrapartida ao Público - as restantes crónicas estão disponíveis embora só para assinantes. Só para a felicidade de as poder ler, uma visão sem dúvida diferente do mundo que nos rodeia recomendam-se.

Segue-se o texto integral de JOÃO BÉNARD DA COSTA in Público.

A CASA ENCANTADA
MORREU-ME TERESA STICH-RANDALL


1 – Morreu a mulher da voz mais isangélica do mundo. Isangélica, caso a palavra exista (mas onde é que as palavras existem?) é aquela que aos anjos se assemelha. Mas, se voz de anjo é lugar comum, isangélica, que aprendi com Jean-Victor Hocquard, é tudo menos comum e aproxima por semelhança. Para mim, é palavra inseparável de Teresa Stich-Randall. Da voz de Teresa Stich-Randall.

Morreu a mulher que mais amei no mundo, entre todas aquelas que jamais toquei, que jamais cheirei, com quem jamais falei. Vi-a? Sim, vi-a, como vos vou contar, mas tão longe como longa é a distância entre uma plateia de São Carlos e o palco desse mesmo teatro. Mas ouvi-a mil vezes e dos anjos quase sempre só a voz foi ouvida. Quando se diz "um anjo apareceu-lhe", essa aparição pressupõe a voz e pressupõe a mensagem. Anjo quer dizer mensageiro. Por isso, os anjos – anjos cantores ou anjos tocadores – são feitos de música e a música é a língua deles. O que de mais próximo eu posso conceber como um anjo, em qualquer das hierarquias celestes, é a voz. A voz de Teresa Stich-Randall.

2 – A morte dela, a 26 de Julho de 2007, aos 79 anos, quase não foi noticia entre nós e, se o foi noutros países, não atroou céus e terras, como aconteceu, há quase um ano, com a morte da Schwarzkopf, ou como aconteceu, em tempos idos, com as mortes da Nilsson ou da Callas. Essas foram divas e, mesmo num mundo tão agnóstico como o nosso, deusas não morrem sem rufos de tambor. Mas anjos perpassam e são mais tangentes ao silêncio. Movem-se entre sopros, flautas ou oboés. Teresa Stich-Randall não foi "a voz do século", como se diz que Toscanini profetizou tinha ela 22 anos, depois de a ouvir cantar na rádio a Traviata. Mas, nos anos 50 e 60, suscitou cultos como poucos cantores suscitaram e quem nunca a ouviu em Mozart ou em Strauss, nunca ouviu nem Mozart nem Strauss. Durante quase cinquenta anos da minha vida, foi o meu Anjo da Guarda. Et incarnata est. Incarnata? Sim, que os anjos tem carne e sexo, pois, se os não tivessem, não podiam ter essa voz, de carne e sexo feita, que de outro modo não nos moviam tanto.

3 – Às vezes acontece com as grandes paixões. Não sermos capazes de localizar com exactidão o momento em que começaram. No meu caso com Teresa Stich-Randall, sei o ano – 1958 – mas não sei se tudo começou quando a vi, ou se já tinha começado antes de a ver, ou se só começou depois de vista.

Vou começar com as visões mas não juro estar certo. A 7 de Fevereiro de 1958 (dia dos meus anos) cantou-se pela primeira vez em Lisboa, por incrível que pareça, o Cosi Fan Tutte de Mozart. Se o elenco masculino era superlativo (Dermota, Kunz e Schöffler, os mesmos da histórica gravação de 55, dirigida por Karl Böhm); se Lisa Otto foi uma sensível Despina; eu só tive olhos e ouvidos para aquela que come scoglio immoto resta, essa Fiordiligi que, ainda mais do que a irmã Dorabella, perderá a firmeza rochosa, traindo, tão fundamente, a fidelidade jurada. Per pietà, ben mio, perdona. As dualidades ocultas são sempre as mais temíveis, disse-nos Mozart. Mas nunca ninguém o exprimiu de maneira tão visceral e tão volátil como Teresa Stich-Randall. Desafiou tempestades (ah, como ela dizia tempesta na primeira ária) mas foi de todas e todos a que mais suavemente voou no vento, "fra gli amplessi" do noivo da irmã.

Extracto de Teresa Stich-Randall em 1966 em Cosi Fan Tutte
Anton Dermota em D. Giovanni 1954 Salzburgo
Erich Kunz nas Bodas de Figaro
Schöffler (e também Modl e Dermota na Re-abertura da Ópera de Viena (1955) - Fidélio
Lisa Otto (também em Fidélio)

Foi nesse mesmo ano que li a primeira edição do livrinho de Hocquard sobre Mozart, que cantava Stich-Randall em todas as páginas. E assim cheguei áquele disco da Philips em que ela canta a Grande Missa em Dó Maior, sob a direcção de Rudolf Moralt. É nela que lhe cabe o Et incarnatus est do Credo. Se Saint-Foix tinha razão quando escreveu que essa página é o clímax da arte mozartiana, é preciso ouvir Stich-Randall para o perceber. "Uma pureza fulgurante" disse Hocquard, notando como ela eliminou incrivelmente qualquer efeito vocal. Meu Deus, porque é que esse disco mágico nunca mais foi reeditado? Com o meu vinil já mais que gasto, passei anos a ouvi-la apenas em memória até que, exactamente (os milagres merecem-se) o Jorge Ritto me deu um compacto, feito a partir dessa gravação. Ouvi-o a medo, medo de não ser a mesma coisa, medo de já não achar aos 70 anos o que tinha achado aos vinte e tal. Não havia razão para isso. A incandescência era a mesma, é a mesma, agora que volto a ouvir vezes sem conta algo que se não é milagre não sei como lhe chamar.

Rudolf Moralt conduz a Filarmónica de Viena na Abertura das Bodas de Figaro.

Mozart? Só Mozart? Ainda em 58, aprendi que não, quando o Manuel de Lucena me fez ouvir a Cantata BWV 51 Jauchzet Gott in allen Landen, em que o vento na voz de Stich-Randall é quase o mesmo (ou é mesmo o mesmo) do trompete de Maurice André, na gravação de Ristenpart. E se vos não posso pedir que partilhem comigo da teofania da Grande Missa, corram a comprar o álbum L'art de Teresa Stich-Randall (quatro discos editados em 2005) onde essa cantata também se inclui.

Este conjunto pode ser adquirido online na Amazon (França) ou na FNAC (França) por exemplo.

Depois, foram aqueles verões de Sintra, do tempo das glicínias, e os verões com Sulle sponde del Tebro de Scarlatti, no disco Archiv que mais próximo me está da "madeleine" de Proust. Depois, foram as outras mulheres de Mozart. A Condessa das Bodas (a única Condessa que não se esqueceu que se chamava Rosina) na gravação de Rosbaud; a Donna Anna do D. Giovanni, que tanto estremeceu a contar ao noivo como o dissoluto esteve quase a roubar-lhe a honra, e não sabemos se mais estremeceu de vergonha, se mais estremeceu de desejo.

Depois, foi esse recital de 56 em Aix-en-Provence, acompanhada ao piano por Rosbaud, em que cantou Mozart, Schubert, Brahms, Strauss e Debussy. Foram os anos dela de Aix, que duraram de 53 a 71, e onde ganhou a maioria dos seus fanáticos, esses que, como eu, aprenderam Mozart na voz de Stich-Randall. Aix, onde, um dia, segundo a lenda, um pássaro começou a dialogar como ela, no Ach, ich fuhl's da Pamina da Flauta. Depois, foi a Sophie do Cavaleiro da Rosa na gravação de Karajan e nunca o Octavian de Christa Ludwig teve um par assim, nem nunca tanto acreditámos que as rosas foram colhidas nos reinos do Paraíso: "Wo war ich schon einmal / und war so selig?" ("Onde estive eu antes, onde fui tão feliz?").

Existe pelo menos uma gravação destes festivais de Aix que pode também ser adquirida online na Amazon (França).

4 – A seguir foram os anos de ouro em que Stich-Randall visitou Lisboa regularmente. Em 59, na Condessa das Bodas e na Euridice do Orfeu de Gluck; em 60, na Donna Anna, num Don Giovanni mítico (que nos anos 90 se vendia em edições pirata como o Don Giovanni de Lisboa), ao lado da Montserrat Caballé, a começar a carreira como Donna Elvira, e de Eberhard Wächter no protagonista.

Três anos mágicos, nas três melhores mulheres de Mozart. Em 61, foi a vez de Strauss e de a vermos, filha de Minos e de Pasiphaé, na Ariadne auf Naxos, dirigida por Pedro de Freitas Branco.

A gravação de Don Giovanni a que Bénard da Costa se refere pode ser adquirida online em CD aqui.

Em 64 e em 73 repetiu a Fiordiligi. Em 69, foi a Gulbenkian que a trouxe para a Alcina de Haendel, coisa rara. Em 71, repetiu a Condessa das Bodas e, em 73, apareceu-me pela última vez. Tinha 45 anos, idade em que tantas estão ainda no apogeu. Mas aquela mulher até nisso foi como os anjos devem ser ou como a Callas também foi. Usou-se toda e usou-se até ao fim, pois, que em 72, no que alguns chamaram um "suicídio vocal", cantou de seguida três papéis "assassinos": a Leonora do Trovador de Verdi, a Norma de Bellini e a Salomé de Strauss.

Mas como esquecer a última aparição dela em Lisboa em 73, num concerto em que cantou as Quatro Últimas Canções de Strauss? A voz estava longe de ser o que havia sido. Mas havia uma tal emoção que, no final do Im Abendrot, despedida de Strauss desta vida e deste mundo, fez, da última canção, a última canção. Seguiu-se um grande silêncio. E depois, uma das maiores ovações de que me recordo. E tive a certeza que me estava a despedir de Teresa Stich-Randall.

Pouco depois, ela retirou-se. Ouvi dizer que ensinava. Depois, não ouvi dizer mais nada. Só a voz dela nos discos e essa intangível pureza que já me explicaram em termos técnicos, mas que eu só entendo em termos isangélicos.

Passaram trinta e quatro anos, incrível mas verdade. E agora sei que ela me morreu.

Numa semana em que os deuses foram ávidos, acho, escritas por Antonioni, as palavras com que me apetece acabar. Datam de 1980, quando ele soube da morte de Roland Barthes.

"A primeira coisa que pensei foi: é isso, há um pouco menos de doçura e inteligência no mundo, agora. Um pouco menos de amor (…)

(…) Creio que quanto mais avançamos neste mundo, que regride brutalmente, mais sentiremos a falta das "virtudes" que eram suas".

JOÃO BÉNARD DA COSTA
in Público

sábado, 29 de dezembro de 2007

Mozart e as Operas

Resolvido o problema do primeiro post vamos hoje começar a falar das óperas de Mozart. Em grande parte porque há uma de que gosto particularmente. Estou a falar da Flauta Mágica que é uma composição que me fascina.

Em primeiro lugar pela música claro e em segundo lugar pelo libreto. Este embora tenha sido muito contestado por várias razões agrada-me pelo seu tema e pelo ambiente ao mesmo tempo fantástico mas real do ponto de vista das emoções.

Para ilustrar esta ópera escolhemos a voz de um tenor alemão tragicamente desaparecido na sequência de um acidente doméstico, com apenas 36 anos. Estamos a falar de Fritz Wunderlich que nos pareceu ser uma escolha sensata.



Amanhã iremos falar de uma outra ópera de Mozart Le Nozze di Figaro que também é uma ópera fantástica.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Mozart - O maior compositor de sempre ?

Vamos começar hoje a falar de Mozart, para alguns o maior compositor de sempre. Pessoalmente não é o meu compositor preferido e se quanto ao seu génio não há obviamente nada a dizer tenho também de confessar que não sou propriamente do seu clube, passe a expressão.

Para mim o maior compositor de sempre é Beethoven por razões de que falarei quando abordarmos a sua obra. Sei que me acompanham nesta opinião alguns e que outros não concordarão. Enfim isto é como no futebol ou no amor. Ainda bem que há opiniões diferentes senão era uma "seca" ... bem e um problema :-)

Isto dito começar a falar de Mozart é complicado porque sinceramente não sei muito bem por onde o fazer. Em todos os géneros musicais Mozart tem obras de referência, em todos tem composições extraordinárias. Então por onde começar ? Bem para desempatar o uníco critério de que me lembrei foi começar pela primeira obra de Mozart que me recordo ter ouvido com o conhecimento de que se tratava de uma obra dele ... É uma obra que é das mais executadas, simples de ouvir e de gostar e que já todos ouvimos certamente milhares de vezes muitas delas sem o sabermos ...

A interpretação é do grupo "Dissonances" fundado por David Grimal e outros músicos. David Grimal a propósito é um dos meus violinistas preferidos. Já tive a osrte de o ver por várias vezes ao vivo, primeiro na Festa da Música (não me esqueço tão depressa das quatro estações de Vivaldi que interpretou) e depois da Gulbenkian.

As recomendações de quinta à sexta

Bem corremos mesmo o risco de se tornar tradição as nossas recomendações de Quinta-Feira só serem publicadas na Sexta-Feira. O título até é engraçado (pelo menos eu gosto) !

Vamos começar para uma proposta para ficar em casa (eu sei que não é suposto mas este dia é especial). Quem tem cabo ou satélite e pode ver a Mezzo não perca dia 31 de Dezembro às 17h (CET) directamente de Berlim a Filarmónica de Berlim dirigida por Simon Rattle.

Nesse mesmo dia à noite para quem não acha piada nenhuma às passagens de ano"normais" e quiser rir delicie-se com "Little Nightmare Music". Segundo o programa da Mezzo este programa foi recomendado por Maxim Vengerov que terá chorado de tanto rir ao ver este filme. Não vou estragar a surpresa contando a história mas essencialmente tudo começa parecendo que vamos assistir a um concerto normal. Depois ... bem enfim depois é um pesadelo épico ! Não percam (ainda dá tempo para ir cear :-))

No dia seguinte, dia 1 de Janeiro às 10:15 se conseguirem levantar-se tão cedo ou se não se deitarem (uma hipótese para os mais jovens :-)) não percam em directo na Antena 2 a transmissão em directo do concerto de ano novo no Grande Auditório do Musikverein com a Orquestra Filarmónica de Viena sob a Direcção de Zubin Mehta. Quem descobrir se e quando esta transmissão passa na televisão por favor digam ...

Dadas estas sugestões caseiras no que diz respeito aos desafios para saírem de casa vamos começar por quem está no sul do país.

Em Loulé sexta-feira às 19:30 Sunita Mamtani e Julian Riem - recital de violoncelo e piano no Centro Cultural São Lourenço. As entradas custam €25. Reservas: 289395475.

Para os nossos amigos de Viseu propomos o «Concerto de Ano Novo» - pela Orquestra Filarmonia das Beiras, Isabel Alcobia e João C. Martins - António Vassalo Lourenço dirige. No Teatro Viriato dia 2 de Janeiro às 21h30. Entrada Livre.

No Porto temos duas sugestões diferentes para o dia 30. Porque é sempre bom ir ouvir jovens a tocar sugerimos «Momentum Perpetuum» - Orquestra de Jovens de Portugal - direcção de Martin André na Casa da Música do Porto às 18h00. Entrada: EUR 10,00. Reservas: 220120220. Ainda no Porto e integrado nos «Concertos Promenade 2008» teremos o «Circus Polka», de Stravinsky no Coliseu do Porto às 11h30. Este concerto será interpretado pela Orquestra Clássica de Espinho e pelo Monumental Circo do Coliseu do Porto. Entrada: EUR 10,00 / EUR 5,00. Reservas: 223394948. Como é cedo se quiserem ver os dois dá tempo :-) ... uma verdadeira maratona musical para (quase) acabar o ano.

E hoje não há sugestões para Lisboa ... porque parece que estão todos os músicos de férias ;-) ... a sério se souberem de algum programa para estes próximos dias digam, porque pelo que vi está tudo a guardar-se para o fim de semana de 4/5 de Janeiro.

E já sabem, estes foram apenas alguns destaques. Há muitas outras sugestões no site cultura.sapo.pt ou neste site (barra direita) graças aos nossos amigos da Sercultur.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Haydn - "Gott erhalte Franz den Kaiser"

Para terminar os nossos primeiros posts sobre Haydn (haveremos de fazer um sobre o conjunto da sua vida e da sua obra) não podia deixar de vos falar sobre esta composição "Gott erhalte Franz den Kaiser" de que Haydn parecia gostar especialmente. Pelo menos os relatos de vários próximos de Haydn assim parecem indicar. Conta-se mesmo que terá sido esta a ultima peça que Haydn tocou ao piano em sua casa.

Esta composição é para mim relevante no trabalho de Haydn porque reflectia o desejo que o compositor teve de dar ao seu povo uma música com a qual se pudesse identificar e com a qual pudesse mostrar respeito aos seus governantes, inspirado pelo célebre "God save the King" que Haydn havia ouvido em Londres.

Esta composição é por demais conhecida de todos os que como eu nos habituamos a ver os Jogos Olimpicos (por exemplo) porque é ainda actualmente o hino da Républica Federal Alemã. Aliás antes que me acusem de simpatias que não tenho aqui fica uma pequena lição de história - pareceu-me necessário este esclarecimento depois de ler alguns comentários a esta composição no You Tube. É verdade que este hino foi também utilizado durante o infeliz período da história alemã que conhecemos. Porém é igualmente verdade que esta composição já era antes disso o hino da Républica Alemã, desde o período da républica de Weimar para ser mais preciso (1922).

Acresce que esta mesma melodia foi o primeiro "hino não oficial" Austriaco muito antes disso. A bem dizer a letra que hoje é utilizada para o hino da Alemanha não é a letra original concebida para o imperador mas sim um poema que August Heinrich Hoffmann escreveu em 1841. Hoffman era um democrata e escreveu este poema antes de sequer de existir um estado unificado alemão. Em boa verdade este poema expressa precisamente o desejo de unidade num espirito de liberdade, respeito e democracia. Para que a lição fique completa e possamos apreciar esta bonita melodia com toda a tranquilidade aqui fica o poema em alemão e respectiva tradução para inglês para que não restem dúvidas (textos retirados da Wikipedia).

Já agora a estância utilizada pelos Nazis era obviamente apenas a primeira - sendo que a terceira, que não dava muito jeito, era substituída por algo perfeitamente ignomioso de que pouco importa falar. Hoje o hino da Républica Federal Alemã utiliza a terceira estância. Já agora para esclarecimento completo o famoso "Deutschland über Alles" que tanto agradava ao senhor de bigode tinha exclusivamente a ver com o desejo do poeta de ver um estado alemão acima das diferenças dos pequenos estados que na altura existiam.

Terceira estância do poema de Hoffman e actual hino Alemão

Einigkeit und Recht und Freiheit
für das deutsche Vaterland!
Danach lasst uns alle streben
brüderlich mit Herz und Hand!
Einigkeit und Recht und Freiheit
sind des Glückes Unterpfand;
|: Blüh im Glanze dieses Glückes,
blühe, deutsches Vaterland. :|

Unity and justice and freedom
For the German Fatherland
For these let us all strive,
Brotherly with heart and hand.
Unity and justice and freedom
Are the pledge of happiness.
|: flourish in this fortune's blessing,
flourish, German fatherland. :|

Agora que estão devidamente informados disfrutem desta bela melodia e pensem em Haydn e no seu Kaiser. Notem que esta versão é (pelo menos pretende ser a original e não o texto de Hoffman)

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Haydn - As Estações

Depois de ontem termos ouvido um pequeno extracto da composição que é considerada a obra prima de Haydn - A Criação - hoje iremos falar um pouco do segundo oratório que Haydn compôs em grande parte motivado pelo enorme sucesso que a "A Criação" fez logo desde a sua estreia.

Infelizmente "As Estações" não tiveram tanto sucesso como a obra anterior sendo por isso muito menos executado. Embora do ponto de vista músical o talento de Haydn se mantenha presente aponta-se ao libreto a responsabilidade do menor sucesso da obra. Na verdade o libreto versa essencialmente o tempo e a vida do dia a dia, temas bastante prosaicos e pouco adaptados a um oratório.

Aliás em termos de popularidade quando no You Tube se encontram tão poucas opções como neste caso está tudo dito ... Obviamente que isso não é um reflexo da qualidade, longe disso. Em todo o caso conseguimos encontrar um extracto que vos permitirá ter uma ideia da excelente qualidade da obra. Claro que entre a de ontem e a de hoje se tiverem de escolher ...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Mensagem de Natal

Bem para hoje tenho uma proposta diferente embora enquadrada no tempo Natalicio que vivemos e no tema que temos vindo a percorrer nestes ultimos dias. Na verdade desde que me apercebi que neste dia estariamos a falar de Haydn houve de imediato uma obra que me veio à memória, "A Criação".



Neste dia de véspera de Natal deixo-vos com este pequeno presente músical e também com um poema de David Mourão-Ferreira.

NATAL À BEIRA-RIO


É o braço do abeto a bater na vidraça?

E o ponteiro pequeno a caminho da meta!

Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,

A trazer-me da água a infância ressurrecta.

Da casa onde nasci via-se perto o rio.

Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!

E o Menino nascia a bordo de um navio

Que ficava, no cais, à noite iluminado...

Ó noite de Natal, que travo a maresia!

Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.

E quanto mais na terra a terra me envolvia

E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.

Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me

À beira desse cais onde Jesus nascia...

Serei dos que afinal, errando em terra firme,

Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988

Lisboa, Editorial Presença, 1988

Padre José Maurício Nunes Garcia

Um nosso leitor brasileiro (grande obrigado ao Renato) sugeriu-nos este compositor - o Padre José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830) e uma composição que infelizmente não consegui encontrar. Porém como gosto de vos dar a conhecer talentos que, pelo menos eu, desconhecia, aqui fica para já um exemplo de um Requiem infelizmente incompleto.

Fica também a promessa que este compositor nos merecerá algures em 2008, quem sabe se no aniversário do seu nascimento, uma atenção mais prolongada. Por agora ouçam esta interpretação muito interessante.

domingo, 23 de dezembro de 2007

As Operas de Haydn

Antes de falarmos amanhã (e guardo isso para amanhã - véspera de Natal - por razões que irão entender certamente) sobre a obra vocal de Haydn gostava hoje de vos falar brevemente sobre as óperas de Haydn.

Não é certamente o tipo de obra pela qual Haydn é mais conhecido, porém não deixou de compôr várias óperas que saõ ainda hoje representadas, embora de forma bastante esporádica. Tão esporádica e tão desconhecidas que tenho dificuldade em escolher uma como exemplo.

Vejam por exemplo esta encenação que penso tem lugar na Suécia em 2001 (não está mencionado no video no You Tube mas está mencionado na biografia do regente da orquestra no seu site oficial www.miguelramos.com).



Ou ainda este outro exemplo que nos mostra que possivelmente deveriamos prestar um pouco mais de atenção às operas de Haydn ...

sábado, 22 de dezembro de 2007

Haydn - Concerto para Trompete

Dos concertos de Haydn os para Violoncelo de que já falamos são sem duvida os mais conhecidos porém Haydn escreveu também concertos para Violino, Oboé, Piano e mesmo Trompete. Como já tínhamos saudades de instrumentos de sopro (há muito que não falávamos deles) vamos hoje ouvir dois andamentos deste magnifico concerto com três interpretações tão diferentes quanto é possível para a "música exacta" :-)

A primeira interpretação deste concerto que gostava de vos mostrar é de Rafael Mendez e tem como hei-de dizer um certo travo mexicano que é em minha opinião delicioso.



A segunda interpretação que gostaria que ouvissem é de
Maurice André de que já falamos aqui.



Finalmente para que fiquem a conhecer mais um magnifico interprete não posso deixar de vos sugerir Wynton Marsalis que também podem ouvir no You Tube aqui (não pode ser "embeded" por escolha do autor do post).

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

As Recomendações de Quinta-Feira à Sexta-Feira

Com o meu pedido de desculpa mas o Natal tem destas coisas. Ao mesmo tempo que é tradição revoluciona o nosso dia a dia de tal forma que é dificil manter as rotinas. Paradoxos de quem trabalha no Marketing !

Em Lisboa mais precisamente na Igreja da Cartuxa em Oeiras poderá ouvir «Scarlatti e os seus Contemporâneos» pelo Solistas da OCCO e Jenny Silvestre. Sexta-Feira às 21h00 a entrada é livre.

Em Setúbal Rui Paiva executará um Recital de Órgão na Igreja de São Sebastião no Sábado
22-12-2007 às 21h30. Entrada: Entrada Livre.

Em Lagos «Concerto de Natal» - Orquestra do Algarve e Rui Baeta - Osvaldo Ferreira dirige
Centro Cultural de Lagos 22-12-2007 21h30 Entrada: Entrada Livre.

Finalmente no norte mais precisamente em Espinho (Auditório de Espinho) «Concerto de Natal» - Banda Sinfónica Portuguesa - Francisco Ferreira dirige. Domingo 23-12-2007 18h30 Entrada: EUR 5,00 / EUR 3,00 Reservas: 227341145 / 227340469

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Haydn - Concertos para Violoncelo

Retomando Haydn hoje apeteceu-me falar-vos do primeiro concerto para Violoncelo. Admito que foi um pouco por acaso mas este fim de semana em conversa estive a falar com uns amigos da "Truta" de Schubert e isso lembrou-me de imediato esta magnifica interpretação deste quinteto de luxo: Itzhak Perlman, Daniel Barenboim, Jacqueline Du Pré, Zubin Mehta e Pinchas Zukerman! Sim leram bem ... todos no mesmo quinteto !



Lembrei-me então de uma outra interpretação de Jacqueline Du Pré do primeiro concerto para Violoncelo de Haydn. Verdadeiramente fabulosa (há outras interpretações fantásticas de outros grandes violoncelistas como Rostropovich por exemplo) mas nenhuma me toca tanto como esta.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Concerto de Natal dos Violinhos na Igreja de São Domingos

Como prometido aqui fica uma reportagem um pouco mais completa do concerto dos Violinhos na Igreja de São Doimngos de Benfica no passado Domingo às 16h. A igreja não estaria cheia mas estava muito composta (aliás com todas as pessoas que preferiram ficar de pé nas galerias os lugares sentados provavelmente encheriam).

Não vou percorrer exaustivamente o programa mas apenas referir algumas peças que gravei na totalidade ou pequenos extractos. Lamento não vos poder mostrar tudo e a qualidade sonora ser execrável mas isto é gravado com uma máquina fotográfica ... as minhas desculpas. É mesmo só para ficarem com uma ideia e para terem vontade de ver ao vivo !

O programa abriu com a Gavotte de Bach de que não tenho gravação para de seguida ser tocada Meditation da ópera Thais de Massenet. Perdoem este salto para o período romântico, o período clássico retomará logo após o fim deste post ... para já mais algum barroco numa mistura perfeita de emoções.



Depois pudemos então ouvir o concerto para 4 violinos de Vivaldi de que vos dei conta ontem neste post.

Tocaram também uma das minhas obras preferidas de que já falamos neste blog. Esta ária de Bach é simplesmente fantástica e nunca me canso de a ouvir (aqui só temos uma parte, as minhas desculpas)



O programa - como é hábito nestes programas de Natal - conteve obras mais "Natalicias" em que os Violinhos pediram - como também é costume - a participação do público. A título de exemplo do ambiente que se viveu oiçam este pequeno extracto (Adeste Fidelis, supostamente ou alegadamente como está na moda dizer uma composição do nosso Rei D. João IV)



E é tudo o que tinha para vos mostrar. Espero que vos tenha deixado vontade de irem ver ao vivo na próxima ocasião esta orquestra de jovens. Prometemos que vos manteremos informados das actuações planeadas.

Concerto de Natal dos Violinhos

Hoje iremos voltar por minutos ao período barroco. Queria mostrar-vos uma pequena parte do concerto de Natal dos Violinhos ....

Vivaldi - Concerto para quatro Violinos.

Hoje à noite faço mais alguns posts sobre este concerto, é uma promessa. Esta orquestra é composta por crianças e adolescentes dos 3 aos 17 anos.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Haydn - O Pai dos quartetos para cordas

Normalmente a seguir às sinfonias de Haydn para introduzir o génio deste compositor falaríamos das suas obras para voz. Mas como o blog nosso vizinho Organum já apresentou de forma brilhante os aspectos mais relevantes destas obras (aliás fabulosas) vamos guardar mais informação para mais tarde.

Assim hoje vamos falar da segunda paternidade de Haydn, os quartetos para cordas. Haydn terá composto mais de 60 quartetos (68 seria o número se contassemos aqueles que hoje são normalmente atribuídos a outros compositores pelos estudiosos da obra de Haydn). Porém não sendo talvez 68 serão sempre muitos ...

Tal como muitas outras obras de Haydn estes quartetos retêm o bom humor e a boa disposição geral do compositor. Aqui fica um exemplo parrticularmente ilustrativo do que dizemos:

sábado, 15 de dezembro de 2007

Haydn - O Pai da sinfonia

Começamos hoje o conjunto de posts que nos vão levar a conhecer um pouco melhor Haydn que como referimos é um dos três compositores que estrutura o período clássico.

Mencionamos no título deste post que Haydn é considerado o pai da Sinfonia. Na verdade poderiamos também estender este título aos quartetos.

Qualquer um destes títulos é justificado não só pela quantidade incrível de obras como também por ter sido na verdade o responsável senão pela criação do género pelo menos pela sua consolidação.

Haydn escreveu nada menos do que 104 sinfonias muitas delas escritas para a relativamente pequena orquestra da corte dos príncipes Esterházy. As sequências mais famosas destas sinfonias são as sequências de Paris e de Londres. Desta ultima sem duvida a mais conhecida é a nº94 também apelidada de "surpresa" porque contém um das muitas pidadas músicais de Haydn: Um forte súbito no segundo andamento - um andante muito tranquilo ... É claro que nas piadas músicais como diz Bernstein rimos para dentro ... mas não deixa de ser divertido. Oiçam com atenção por volta dos 0:40.

O primeiro post sobre o período clássico

Antes de qualquer outra consideração sobre o período clássico tenho de vos dizer que se um dia me perguntassem :

Se um dia fosses para uma ilha deserta e só pudesses levar discos de um único compositor qual escolherias ?

Eu responderia sem sombra de hesitação - e eu sei que esta resposta não vai ser consensual - Beethoven. Sem margens para dúvidas. Nem sequer é porque a minha obra preferida seja de Beethoven (há algumas do período romântico ou do barroco ) de que gosto mais. É mesmo porque eu sei que não há uma obra deste compositor de que eu não goste e também pela diversidade incrível de estados de alma e de ambientes que a sua música cria.

De todas as composições de Beethoven se tivesse que escolher uma única escolheria a nona pela música e por aquilo que representa. Oiçam Bernstein a introduzir o andamento ...



Podem ouvir as partes restantes aqui (2/3) e finalmente aqui (3/3).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Petição pelo direito das crianças

Há uns dias divulguei esta petição. Desconhecia na altura que poderia colocar Banners como o que está no canto direito do meu blog a partir de agora. Tal como na altura recomendo que leiam atentamente o texto da petição e se concordarem, assinem. Eu assinei.

Pode servir de pouco dirão. A esses respondo, tal como no primeiro post, e perdoem alguma agressividade, que temos exactamente a democracia que merecemos.

Recomendações da Quinta

Mantendo esta curta tradição aqui ficam algumas sugestões para ouvirem música um pouco por todo o país.

Assim para este fim de semana recomendamos que não se esqueça - se reside na zona de Castelo Branco - do concerto que terá lugar no Sábado dia 15 pelas 21:30 na Sé pelo alunos do conservatório regional. Mais informações aqui.

Em Lisboa não se esqueçam do concerto dos Violinhos na Igreja de S. Domingos que terá lugar no Domingo pelas 16h. As entradas são livres. Não perca esta ocasião de passar um excelente quase fim de tarde de Domingo. Garanto que este concerto faz (muito) bem à alma.

Ainda em Lisboa se conseguir encontrar ingressos poderá também ouvir a Sinfónica Juvenil na sua já tradicional Gala de Ópera, a VII para ser exacto. A entrada é livre mas condicionada à lotação da sala e digo-vos já que costuma estar completamente cheio ... Sábado, 21:30 Aula Magna da Universidade Clássica de Lisboa.
Neste concerto participarão os sopranos Elvira Ferreira e Sandra Medeiros, a mezzo-soprano Laryssa Savechenko, os tenores José Manuel Araújo e João Queirós e o barítono Armando Possante. A direcção estará a cargo de Christopher Bochmann e serão interpretados temas de Mozart, Puccini, Verdi, entre outros.

Na Guarda poderá ouvir a Orquestra Clássica do Centro com Hugo Simões e João Machado no Teatro Municipal da Guarda pelas 21:30 do dia 15 (Sábado). Preço €5. Reservas: 271 205 240.

Na zona do Porto (em Espinho para ser mais especifico) no Auditório de Espinho poderão ouvir um recital de piano por Fausto Neves às 21:30 de Sexta-Feira. Os preços são moderados EUR 5,00 / EUR 3,00. Reservas: 227341145 / 227340469. Serão interpretadas obras de compositores muito diversos (Scarlatti, Beethoven, Chopin, Lopes-Graça e Messiaen) mas com um tema comum: O Natal.

Fechamos com uma proposta para o Sul do país mais precisamente para Évora onde poderá ouvir o Coro Polifónico Eborae Música sobre a direcção de Pedro Teixeira no Convento dos Remédios, Sábado 15 de Dezembro pelas 21:30. Não sei o preço dos bilhetes ou outra informação sobre reservas.

Notem que em cultura.sapo.pt graças aos nossos amigos da Sercultur podem conhecer dezenas de propostas de música clássica só para este fim de semana. Quase aposto que para além das listadas no referido site haverá perto de si um concerto de um conservatório, de um grupo coral, de uma orquestra. Vença a preguiça, agasalhe-se bem e vá ouvir música. Nas sábias palavras de Fernando Pessoa, primeiro estranha-se depois entranha-se. Será um hábito que não vai deixar tão cedo. Aliás acho que vou mudar o nome deste post de Quinta para: Antídoto contra a preguiça.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Música Exacta versus Música Clássica

Tinha ficado prometida esta explicação. Na verdade segundo Bernstein se procurássemos o que distingue o tipo de música de que falámos neste blog de outros tipos de música não é a qualidade (música "boa"), o ser apenas para pessoas cultas (música Erudita), o ser "séria", ou mesmo por oposição à música "ligeira" - também poderíamos tentar o adjectivo "pesada" que não seria muito gratificante :-).

Bernstein refere que na verdade nenhum destes serve e o único que reflecte a natureza intrínseca do tipo de música de que falámos é precisamente o termo "Música Exacta". Porquê ? Porque neste tipo de música o compositor explica na pauta da forma o mais rigorosa possível tudo sobre a peça naipe a naipe, instrumento a instrumento em alguns casos.

Desta forma quando uma orquestra toca uma peça de música clássica toca-a sempre da mesma forma. Bem, mais ou menos da mesma forma, porque por muito que os compositores tentem ser exaustivos há sempre "detalhes" que são deixados à interpretação do maestro. Aliás este tema é polémico e só por si merece uma série de posts que ficam prometidos para daqui a uns dias.

Estejamos mais ou menos de acordo com a liberdade de interpretação, nunca deixa de ser verdade que é a exactidão que caracteriza a música clássica que nos deveria fazer falar de música precisa em vez de música clássica :-). Nós por agora vamos manter-nos teimosamente fieis ao "Clássica".

Lembram-se do que combinamos? Combinamos que quando falássemos do tipo de música diríamos "música clássica" e que quando falássemos do período diríamos "período clássico" o que por vezes dá lugar à bonita expressão: O período clássico da música clássica é ... clássico (bom agora estávamos mesmo a brincar) ...

Para clarificar distinguem-se na música clássica os seguintes períodos (com exemplos):

- Período Medieval (500-1400) : Canto Gregoriano
- Período Renascentista (1400-1600): Josquin des Prés
- Período Barroco (1600-1750): Concerto de Brandenburgo - Johann Sebastian Bach
- Período Clássico (1750-1850): Eine Klein Nachtmusik - Mozart
- Período Romântico (1800-1900): Concerto para Piano e Orquestra Nº1 - Tchaikovski
- Período Contemporâneo (1900-1975) : Shostakovich : Concerto para Violino e Orquestra

Claro que estas datas não são exactas, existem muitas intersecções e pode-se discutir interminavelmente onde começa uma e onde acaba outra. Eu preferi dar-vos datas o mais "redondas" possíveis para que vos possam servir de referência. Á frente de cada período coloquei um link para um video no You Tube, exemplo esse que o mais representativo possível da época e também especialmente bonito e fácil.

O meu objectivo é também conseguir seduzir alguns novos ouvintes, e para os que já conhecem sabe sempre bem ouvir mais uma vez.

Fórum Municipal Luísa Todi - Paganinus

Só para relembrar os que moram na região de Setúbal que não devem perder amanhã (quinta-feira 13) ao fim da tarde (19h) no Fórum Municipal Luísa Todi a actuação dos Paganinus.

Não percam também o Blog dos Paganinus para se manterem a par de outras actuações desta orquestra. Não se preocupem no entanto que nós vamos manter-vos informados sobre os vários concertos que se forem realizando também aqui neste blog.

Aproveitamos ainda para, antecipando as sugestões de amanhã, vos convidar para virem cantar o Natal com os Violinhos na Igreja de São Domingos (na baixa de Lisboa). Domingo próximo às 16h, entrada livre. Já sabem que é um conselho de um pai babado, dêem o devido desconto, mas garanto-vos que irão saír desse concerto com uma nova alma.

Michael Barenboim - Segunda Parte

Hoje fui ouvir o segundo concerto com que Michael Barenboim terminou a integral das peças de Bach para Violino Solo. Desta vez não tive tanta sorte no lugar e não estava suficientemente perto do vidro para ter direito ao Holograma do Michael nos jardins da Gulbenkian (vejam o post de ontem para uma explicação sobre este fenómeno da física).

Achei de uma forma geral que Michael Barenboim ainda está um pouco verde para este reportório. Houve algumas falhas de interpretação e mesmo algumas falhas técnicas audíveis até para um simples amador como eu.

De qualquer forma hoje foi globalmente melhor do que ontem. Tal como ontem vou deixar-vos com algumas interpretações que vos podem mostrar o que tive a oportunidade de ouvir na Gulbenkian (bem são interpretes bem melhores, terão de dar o devido desconto :-))




  • Partita Nº 3, em Mi Maior, BWV 1006
Para ilustrar esta Partita escolhemos um outro grande Violinista - Nathan Milstein. Mais uma gravação que faz parte da história da música.







  • Sonata Nº 2, em Lá menor, BWV 1003, por Augustin Hadelich no concurso de Indianapólis (um dos concursos mais relevantes para este instrumento).






  • Partita Nº 2, em Ré menor, BWV 1004 por Anne-Sophie Mutter, não posso embeber por pedido do poster no You Tube por isso para verem este vídeo sigam este link.

Amanhã (ou melhor hoje à noite) retomaremos a explicação sobre a música clássica e porque razão a poderíamos chamar de "Exacta" e iniciaremos também a nossa visita ao período clássico.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Diz que não gosta de música clássica deveria ter outro nome ?

Pois é. Chegados que estamos ao fim da nossa primeira volta pelo Barroco (cá iremos voltando de várias formas no futuro próximo como verão) temos agora uma explicação difícil a fazer.

Felizmente temos a ajuda de Leonard Bernstein. Na verdade partes deste post são inspiradas no seu programa "Música para Jovens" em particular o episódio "O que é música clássica".

Como não há nada melhor do que ir directo ao assunto tenho de vos dizer algo que me deixa muito triste. Este blog tem um nome errado. Não se deveria chamar "Diz que não gosta de música clássica". Porquê?- perguntarão vós - atentos leitores atónitos com esta revelação (sim eu sei que nem todos ... esses podem passar à frente).

Porque "música clássica" diz respeito não ao todo da "música clássica" mas apenas a um período especifico na história da música: O período que se segue ao Barroco ! Estão agora a perceber a necessidade da minha revelação ! É que vamos entrar no período clássico e obviamente sem esta explicação as coisas ficariam realmente confusas.

O problema é que se cedermos o adjectivo "Clássica" ao período da história da música que se segue ao Barroco como é que vamos chamar ao conjunto dos períodos ? No seu programa Bernstein tenta várias palavras, desde "Séria" até "Erudita" acabando por confessar que talvez a melhor designação seja "Precisa". O porquê fica para amanhã ....

E então vamos mudar o nome? Bem, lamento, mas infelizmente ninguém procura pelo tipo de música de que estamos a falar com a expressão "precisa". Alguns utilizam a expressão "Erudita" no sentido de necessitar cultura ou educação para ser apreciada. O que de certa forma é verdade mas apenas de certa forma. Se lerem este blog poderão não vir a ser "Eruditos" mas estou certo que poderão vir a apreciar a "Musica Clássica". Assim por decisão da administração após diálogo com os colaboradores (foi um intenso monólogo) manteremos o nome do Blog. Marketing Oblige :-)

Faremos a distinção pelo contexto. Quando falarmos do período diremos "Período Clássico" quando quisermos falar do todo diremos "Música Clássica" e pronto ... que Bernstein nos perdoe esta licença poética ...

E de que compositores vamos falar no "Período Clássico" ? Bem iremos começar pelos mais conhecidos como por exemplo Haydn, Mozart, Beethoven para depois irmos explorando outros nomes menos sonantes mas com obras que farão - estamos certos - as vossas delicias.

Michael Barenboim

Olá, cheguei à pouco da Gulbenkian onde pude ouvir Michael Barenboim (violino) - filho do grande pianista e maestro como decerto sabem - na primeira parte da interpretação das Sonatas e Partitas para violino solo de Johann Sebastian Bach. Hoje pude ouvir:
  • Sonata Nº 1, em Sol menor, BWV 1001
  • Partita Nº 1, em Si menor, BWV 1002
  • Sonata Nº 3, em Dó Maior, BWV 1005
Amanhã estão reservadas para o público as seguintes obras (de que daremos conta amanhã):
  • Partita Nº 3, em Mi Maior, BWV 1006
  • Sonata Nº 2, em Lá menor, BWV 1003
  • Partita Nº 2, em Ré menor, BWV 1004

No que diz respeito ao dia de hoje das três a que me pareceu mais madura foi sem duvida a primeira. Nas restantes nota-se ainda alguma insegurança no interprete.

Lindo foi o reflexo do violinista através do vidro para os jardins da Gulbenkian como se fosse um holograma. Quem como eu estava perto vidro teve uma visão diferente ... Obviamente não tenho registo do que ouvi mas a exemplo do que já fiz anteriormente para que tenham uma ideia do que pude ouvir hoje aqui ficam versões das mesmíssimas peças no YouTube.

Sonata nº1 BWV 1001 (4º andamento - presto) por Hilary Hahn.




Para a Partita Nº 1 em Si menor escolhemos um autêntico monstro e uma gravação certamente histórica ... Fiquem com George Enescu e deliciem-se (eu sei que comparar gravações com performances ao vivo é ingrato mas garanto-vos que ficaram a ganhar ;-))



Finalmente para a Sonata nº 3 mantemos a escolha anterior ... continuemos com o magnifico Enescu.


domingo, 9 de dezembro de 2007

Biografia de Cláudio Monteverdi (1567-1643)

Como prometido ontem vamos hoje abordar de forma mais completa a obra de Cláudio Monteverdi.

VIDA

Cláudio Monteverdi nasceu em Cremona a 15 de Maio de 1567. Trabalhou na corte do Duque de Mantua entre 1590 e 1612 altura em que se mudou para Veneza para servir como maestro di cappella, cargo que ocupou até à sua morte.

Nos ultimos anos de vida Monteverdi ficou doente não deixando no entanto de compôr duas óperas. Monteverdi faleceu em Veneza a 29 de Novembro de 1643.

OBRA

Monteverdi compôs essencialmente três tipos de obras. Em todas elas marcou a diferença da música Renascentista.

Começando pela música sacra sem duvida a sua obra mais significativa foi a Vespro della Beata Vergine composta em 1610. Esta obra destinava-se a ser apresentada ao Papa como uma referência da capacidade músical do autor, ou seja era uma espécie de carta de recomendação músical :-) ... Como nota de rodapé lembram-se dos Concertos de Brandenburgo de Bach ? ... Também era esse o seu objectivo - ambos falharam nesse ponto - mas deixaram-nos um legado músical magnifico !

Fica aqui uma interpretação da Dirigida por Jordi Savall de que ainda não haviamos falado (que vergonha) sem duvida uma das interpretações de referência ...



Extraordinariamente representativo da evolução da música renascentista para o barroco - da polifonia para a monofonia são o conjunto de madrigais de que foram publicados nove livros (o ultimo postumo). É deste ultimo livro (que mistura temas mais renascentistas com outros mais barrocos) que escolhemos uma peça (por causa da qualidade da interpretação que é simplesmente fabulosa) de Elisabeth Schwarzkopf e Irmgard Seefried. Já agora o Oitavo Livro chamado Madrigali dei guerrieri ed amorosi é considerado como a perfeição nos Madrigais ...

Não dá para "embeber" o video por pedido do autor do post no YouTube portanto aqui fica o link para esta maravilha.

Finalmente o terceiro tipo que gostariamos de salientar na obra de Monteverdi é a Opera. Já falamos ontem de uma ópera que se perdeu mas de que se conhece a área de que falamos.
As três óperas mais representativas e sobreviventes são Orfeu (a primeira que compôs em 1607), Il Ritorno d´Ulisse in Patria (1641) e L´incoronazione di Poppea (1642).

Escolhemos uma área de Orfeu para ilustrar o génio deste compositor. Confesso que depois de escrever tudo isto já revi uma parte da opinião que tinha sobre Monteverdi ... possivelmente tinha-me apanhado num mau dia :-)



SITES DE REFERÊNCIA

  • Biografia e links para obras públicadas pela Naxos
  • Uma biografia bastante completa pode ser encontrada na ClassicalCat.

Sugestões para 15 de Dezembro em Castelo Branco

Mais uma recomendação para o próximo fim de semana (não se preocupem que manterei as recomendações de Quinta-Feira e vos relembrarei estas que estou a fazer com maior antecipação :-)).

Uma sugestão de uma leitora atenta de Castelo Branco para o dia 15 de Dezembro: Concerto de Natal da ESART (Orquestra e Coro), em parceria com o Orfeão de Castelo Branco. Mais uma vez na Sé (Castelo Branco) e pelas 21.30H. Serão Interpretadas obras de Vivaldi e Charpentier - Perfeitamente no tema do barroco que temos vindo a examinar.

Aqui fica o desafio anti-preguiça mais uma vez. Uma noite diferente ou pelo menos um inicio de noite) ... Vão ver que se sentirão muito mais em paz depois de ouvirem essas maravilhosas peças.

Paganinus no Forúm Municipal Luísa Todi

Aproveitando o fim de semana para vos avançar mais algumas sugestões musicais se estiverem em setúbal não percam no dia 13 (quinta-feira) às 19h no Fórum Municipal Luísa Todi a actuação dos Paganinus. Não percam também o blog da orquestra para se manterem a par de outras actuações desta orquestra. Não se preocupem no entanto que nós vamos manter-vos informados sobre os vários concertos que se forem realizando.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Karlheinz Stockhausen (1928-2007)

Faleceu Karlheinz Stockhausen no passado dia 5 de Dezembro. Confesso que não era (e não é) um compositor de que consiga gostar ou que sequer consiga entender.

Mas por algumas das coisas que concretizou ao longo da sua vida, pelos músicos que influenciou, pelo que procurou inovar o seu génio é obviamente indiscutível e o seu desaparecimento junta-se ao de outros que este ano nos têm deixado muito mais pobres. Faleceram Bejart, Marceau, ... e agora Stockhausen.

É uma geração que chega ao fim, e não querendo soar um velho do Restelo, não estou muito bem a ver a seguinte. Espero que esteja redondamente enganado.

Que descanse em paz. Se quiserem conhecer mais da sua obra nada melhor do que visitarem o seu site oficial: http://www.stockhausen.org/

Concerto em Castelo Branco

Dizia uma nossa leitora num comentário:

Já agora, aqui deixo mais uma sugestão: o concerto de Natal do Conservatório Regional de Castelo Branco, dia 8 (sábado), pelas 21.30H, na Sé da nossa cidade ;) Claro que quase me envergonho de colocar esta informação num post com referência a nomes tão sonantes. Mas enfim, nada como ouvir a música que se vai fazendo pelos jovens (e menos jovens), por este país fora...

Nada de vergonha. Sempre que tenham um evento deste tipo digam que terei o maior gosto em dar conhecimento dele. Aqui fica o desafio: Albicastrences, não percam este concerto! Não sei se terei muitos leitores no interior, as minhas estatisticas dizem que não mas ... se conhecerem amigos na zona não deixem de os avisar ... é simples fazer forward deste post ...

Em resumo, SABADO 8, CASTELO BRANCO, SÉ, 21:30, Concerto de Natal do Conservatório Regional. Nada de preguiça ...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Johann Caspar Ferdinand Fischer (1656-1746)

Estamos ultimamente a chamar a atenção para alguns compositores do período barroco que por uma razão ou outra não são tão conhecidos como Bach, Handel ou Vivaldi mas que não só têm interesse para os especialistas como também conceberam peças muito interessantes para o simples amador de música.

Hoje vamos falar de um compositor alemão chamado Johann Caspar Ferdinand Fischer.

VIDA

Nasceu em 1656 em Schönfeld (Boémia, sudoeste de Karlsbad) tendo falecido em 1746 em Rastatt.

OBRA

Fischer é muito interessante enquanto compositor porque junta a tradição alemã a uma forte influência françesa. Oiçam esta chaconne para terem uma ideia do génio deste compositor. Infelizmente grande parte da sua obra perdeu-se o que explica em parte a razão pela qual é tão pouco tocado e conhecido.



Da sua obra provavelmente o mais relevante será o conjunto
Ariadne Musica que precede o cravo bem temperado de Bach por mais de vinte anos. Aliás Bach conhecia bem este trabalho e tinha-o em grande consideração.

SITES DE REFERÊNCIA

Sugestões para o fim de semana (7, 8 e 9 de Dezembro)

Como é hábito às quintas-feiras começamos por fazer algumas proposta de entretenimento musical para o fim de semana.

Começamos pela bela cidade de Tomar onde mais uma vez vos convido a irem ver a Orquestra "Os Violinhos" Sábado às 18:00 no Cine-Teatro Paraíso. As entradas são livres.

No sul do país na Igreja Matriz de Boliqueime podem ouvir o projecto Vox Angelis integrado na 6ª edição do Ciclo de Canções de Natal de Loulé no dia 07, Sexta-Feira às 21:ooh. As entradas são livres.

Em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian poderão ouvir a Accademia Bizantina e Andreas Scholl com Ottavio Dantone a dirigir. Sábado às 19h. Serão interpretadas várias obras de Handel. Os bilhetes são entre €25 e €45. Reservas: 217823000.
É isto que é fantástico na net . Um dos nossos leitores já nos avisou que este está esgotado :-( ... Por acaso quando fui à net também achei estranho ainda haver bilhetes para uma maravilha destas, devo-me ter enganado no concerto.

Mas não há problema porque se não tiverem (como eu) bilhete para esse podem ir à Igreja de São Roque às 21h também no Sábado e ouvir a Sinfónica Juvenil e o Coro Gregoriano.

Em Coimbra integrado no Festival de Música de Coimbra 2007 a Orquestra ADARTE e Joana Neto com direcção de Augusto Mesquita na Capela de São Miguel (Universidade de Coimbra) Domingo dia 9 de Dezembro às 21:30. Não consegui descobrir o preço dos bilhetes.

Podem consultar algumas destas sugestões assim como muitas outras no site cultura.sapo.pt actualizado pela Sercultur.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Biografia de Francesco Geminiani (1687-1762)

Hoje tenho de começar por confessar a minha ignorância ! Nunca tinha ouvido antes sequer falar deste compositor e obviamente nunca tinha ouvido nada dele, pelo menos que me recorde. Porém ao ler alguns textos sobre Corelli e Scarlatti descobri algumas referências a este violinista e compositor que me intrigaram o suficiente para procurar algumas das suas composições. Como gostei aqui fica o post do dia de hoje sobre Francesco Geminiani.

VIDA

Francesco Geminiani nasceu a 5 de dezembro de 1687 (sim seria hoje o seu aniversário mas juro-vos que é coincidência) na cidade de Luca.

Estudou música com Scarlatti e Corelli sendo também conhecido por ter escrito um manual de violino que apesar de não ser o primeiro do tipo é sem dúvida o primeiro a incluír os fundamentos do que hoje se consideraria ser um manual técnico fundamentado. Quem tiver curiosidade pode ler a tabela de conteúdos aqui (caso estejam muito interessados no livro podem mesmo adquiri-lo - uma das maravilhas da net - neste site).

Geminiani viveu grande parte da sua vida em Londres onde era muito apreciado como professor e onde faleceu a 17 de Setembro de 1762.

OBRA

As suas principais obras são três conjuntos de Concerto Grossi Op.1, Op. 2 e Op. 7 . São obras que se podem considerar muito próximas de Corelli (note-se que na altura Geminiani estava em Londres que era completamente dominada pelo estilo de Corelli). Para ilustrar o estilo típico do compositor escolhemos uma orquestra de época : A Europa Galante num concerto em Bucareste por ocasião do festival Enescu.



Porém ao procurarmos este video no You Tube deparamos com uma autêntica pérola que não podiamos deixar de forma nenhuma de vos mostrar. Trata-se de uma interpretação de Philippe
Hirshhorn de uma parte da Sonata em C de Geminiani (infelizmente não completa ...) mas vale a pena ouvir este bocado ...



PETIÇÃO EM DEFESA DAS CRIANÇAS

Caros Leitores

Um pouco off topic em relação ao tema deste blog mas on topic relativo à minha preocupação quanto ao assunto em causa gostaria de chamar a vossa atenção para o email que recebi sobre uma petição que está a decorrer que nos merece o maior respeito pelo objectivo, pelo texto da petição e pela promotora da mesma.

Trata-se de uma petição cujo objectivo é (e passo a citar de acordo com o email que recebi):

PETIÇÃO para estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.

Desta forma pedimos aos leitores deste blog que apontem os seus browsers a:

http://www.petitiononline.com/criancas/petition.html

Que leiam com atenção e se concordarem com o exposto não deixem de assinar. Eu sei que pode parecer inútil, ineficaz mas a verdade é que a mudança começa por nós, por cada um de nós. Como costumo dizer - temos exactamente a democracia que merecemos - nem mais nem menos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Heinrich Ignaz Biber (1644-1704)

Vida

Biber nasceu em Wartenberg (hoje uma cidade chamada Straz pod Ralskem na Republica Checa). Para além de ser um compositor notável foi também um virtuoso do Violino. Em 1684 tornou-se kappelmeister em Salzburgo onde acabou por falecer 20 anos depois.

Obra

Na sua obra que ganhou recentemente alguma popularidade podemos destacar pela originalidade o conjunto de 16 sonatas chamadas The Mystery Sonatas ou Copper-Engraving Sonatas que têm a particularidade de cada uma delas exigir uma afinação do violino diversa da usual.

Uma outra peça de referência pela sua grandiosidade é a Missa Salisburgensis (escrita par 53 partes independentes de vozes e instrumentos). É alias uma parte desta missa que escolhemos para ilustrar o trabalho deste compositor composta em 1682.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Biografia de Dietrich Buxtehude (1637-1707)

Dieterich Buxtehude foi um compositor dinamarquês e organista que se notabilizou por ter sido para ir ter com ele que Johann Sebastian fez mais de 400 km e esteve mais de três meses a aprender, segundo palavras suas "uma ou duas coisas da sua arte".

Para além de ser um extraordinário organista era também um compositor notável. Dentro das suas obras destacam-se os prelúdios e as tocatas.

A titulo de exemplificação fiquem com o preludio e fuga em Sol Menor  Bux WV 149

domingo, 2 de dezembro de 2007

Biografia de Marc-Antoine Charpentier (1643-1704)

Para além de Couperin, Lully e Rameau o barroco francês conta com alguns outros compositores de relevo. Hoje vamos falar de Marc-Antoine Charpentier.

VIDA
Marc-Antoine Charpentier nasceu em Paris em 1643 tendo falecido em 1704.

OBRA

Marc-Antoine Charpentier foi ele também contemporâneo de Molière tendo também musicado algumas peças de teatro como por exemplo o Doente Imaginário transformando-as em óperas-ballet. Compôs também música incidental para peças de teatro quer comédias (por exemplo Medecin malgré lui de Molière) ou tragédias como por exemplo Andromède de Corneille.

Compôs 6 operas, várias pastorais e outras obras diversas. Porém é justo referir que terá sido na música sacra que mais soube exprimir o seu génio.

Há uma peça de Marc-Antoine Charpentier que ouvimos com frequência dado que é o Hino da eurovisão. Trata-se do prelúdio para o seu Te Deum. Proponho-vos aqui uma versão tocada por uma orquestra de alunos de instrumentos de sopro.



Como um outro exemplo das composições de música Sacra podem ouvir este Magnificat a quatro vozes verdadeiramente magnifico.

Emma Kirkby

Como prometido hoje iremos falar de Emma Kirkby que é uma das sopranos especialistas em música barroca e renascentista.

Já ontem a ouvimos interpretar de forma extraordinária Stabat Mater de Pergolesi. Hoje iremos conhecer um pouco mais da sua carreira.

VIDA

Emma Kirkby nasceu a 26 de Fevereiro de 1949 e segundo o seu site oficial que aliás se recomenda (e onde ficamos a saber que em 2007/2008 pelo menos até Maio não virá ao nosso país ... podem ir a Barcelona no dia 11 de Dezembro se quiserem ...) não tinha qualquer intenção de se tornar uma cantora profissional.

Quando se começou a especializar no reportório barroco (nos inícios dos anos 70) foi uma das primeiras a fazê-lo pelo que será justo referir que teve de encontrar muitos dos caminhos que hoje outros percorrem.

Fez já centenas de gravações de obras do período barroco e renacentista tendo sido em 2007 num inquérito conduzido pela BBC Music Magazine considerada a 10ª maior soprano de sempre.

Como se diz também na sua biografia oficial embora estas nomeações sejam éfemeras e controversas a artista diz-se contente por revelarem o apreço do público. Diz Emma Kirkby que apesar da sua intensa actividade de gravação prefere as actuações ao vivo e o contacto com o público. E nós estamos com ela nessa preferência ....

CARREIRA

A carreira de Emma Kirkby é marcada por longas relações com algumas das mais significativas orquestras de época barrocas. A Consort of Musicke a que juntou em 1973 e a Academy of Ancient Music (por exemplo a interpretação de ontem foi com essa orquestra).

Mais recentemente Emma Kirby tem actuado com muitas outras orquestras de camera por exemplo a London Baroque, a Freiburger Barockorchester, o L'Orfeo (deLinz) e a Orchestra of the Age of Enlightenment, e ainda com o Palladian Ensemble e o Florilegium.

Já a ouvimos cantar Pergolesi. A nossa proposta é acompanha-la na interpretação de uma peça de cada um dos grandes compositores do período Barroco. Começando por Bach e pela Paixão segundo S. Mateus .



De seguida podemos ouvir uma interpretação de uma área de uma das óperas de Vivaldi: Griselda (se tiverem tempo leiam os comentários no You Tube e a polémica comparação com Bartoli, falaremos disso mais tarde ....)



Finalmente Handel. Leiam também os comentários ..... mas não fiquem confusos. Que não vos restem dúvidas: Esta soprano (goste-se ou não) é uma das grandes especialistas do barroco e esta interpretação é excelente.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Biografia de Giovanni Baptista Pergolesi

Como viram o nosso blog mudou de aspecto este fim de semana ... agora temos três colunas o que nos permite ter mais alguns destaques e uma melhor navegação entre artigos, achamos nós.

Hoje depois das recomendações vamos falar ainda que de forma bastante resumida de Giovanni Baptista Pergolesi (iremos completando aos poucos estas curtas biografias sem nos esquecermos que o objectivo é mesmo que comecem a ouvir e a conhecer este género de música) ....

VIDA

Pergolesi nasceu a 4 de Janeiro de 1710. Viveu apenas 26 anos tendo falecido a 16 de Março de 1736 vítima de Tubercolose.

OBRA

Pergolesi escreveu na sua curta vida algumas óperas e outras peças laicas. Não obstante a sua Stabat Mater é sem duvida a obra mais conhecida e faz-nos pensar o que teria acontecido caso Pergolesi não tivesse falecido tão novo. Para ilustrar esta obra escolhi uma interpretação da Staatskapelle Dresden dirigida por Bertrand de Billy e gravada na Dresdner Frauenkirche . São solistas Anna Netrebko (Soprano) and Marianna Pizzolato (Mezzo Sopranno).



Comentário: Originalmente tinha escolhido esta outra interpretação que infelizmente foi removida do You Tube. Actualizei a entrada com um novo video. Claro que é uma boa questão se esta remoção ajudou algum músico, mas isso é conversa de um outro rosário.

Para ilustrar esta obra magnífica escolhemos uma interpretação de Emma Kirby com The Academy of Ancient Music/Cristopher Hogwood. Escusado será dizer que Emma Kirby mereceria só por si um post que ficará para amanhã ... Emma Kirby é sem duvida uma das grandes especialistas de música barroca (e mesmo renascentista penso).

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