Arthur Grumiaux nasceu a 21 de Março de 1921 em Villers-Perwin. Começou a estudar música com apenas 4 anos. Conta o site oficial a descoberta do "ouvido absoluto" que se dizia possuir pelo seu avô que lhe deu as primeiras lições até à idade de 6 anos. Oiçam aqui Grumiaux contar a história da descoberta desse dom. Depois até aos onze anos aprendeu piano e violino no conservatório de Charleroi onde não é exagero afirmar que ganhou todos os prémios possíveis (desde o violino ao piano) .
Com apenas 11 anos considerou-se que seria altura de escolher um instrumento - violino ou piano. O seu avô numa sábia decisão afirma então que dado existirem mais pianistas que violinistas o violino é preferível. Assim sendo Grumiaux vai para Bruxelas onde irá estudar com o professor Alfred Dubois, pedagogo notável e que seria para Grumiaux uma inspiração, e penso eu, um modelo de vida.
Entre 1932 e 1941 no conservatório de Bruxelas Grumiaux acumulou prémios tanto de violino como de composição. Ainda quando no conservatório de Bruxelas tem a oportunidade de estudar em Paris com Enescu (notável professor e notável violinista). Embora num primeiro tempo Grumiaux não fique muito entusiasmado com a experiência mais tarde viria a afirmar "Passado dois anos apercebi-me que estava a evoluir no sentido que ele me havia proposto e observei-me a tornar minhas as frases que ele então me havia dito". Sem dúvida uma singela homenagem ao grande professor que Enescu sempre foi.
Em 1936 (portanto com 15 anos na altura) estreia-se em concerto fora do conservatório precisamente em Charleroi quando toca com o seu professor Charles Dubois o concerto de Bach para dois violinos. Em 1939 Grumiaux vence o prémio Vieuxtemps e interpreta publicamente o concerto de Mendelssohn em Bruxelas sobre a direcção de Marcel Cuvelier. A sua carreira parecia lançada mas Grumiaux era Belga e a guerra estava prestes a ser declarada.
Durante a guerra Grumiaux recusou-se, embora de forma sempre astuciosa a colaborar com os ocupantes e quando em 1943 foi "convidado" a ser concertino numa cidade como Dresden ou equivalente passou à clandestinidade. Em 1949 o seu professor Dubois faleceu o que o deixou na verdade musicalmente órfão . Era o seu mentor, o seu amigo. Convidado a substituí-lo no Conservatório de Bruxelas aceita mas humildemente reconhece que lhe faltam muitas qualidades para chegar à altura do seu mestre.
Uns anos mais tarde em 1953 o destino iria felizmente encarregar-se de lhe fazer conhecer aquela que se iria tornar uma espécie de alma gémea musical. Na verdade em Junho de 1953 é convidado por Casals para participar no seu festival de Prades. Nesse festival iria conhecer Clara Haskil com quem viria a gravar várias peças e sobretudo criar uma parceria. Na verdade curiosamente Clara tinha aprendido violino na sua infância pelo que por vezes os dois músicos trocavam de instrumentos para um melhor entendimento comum. Quando Clara morreu num acidente numa estação em Bruxelas quando vinha ao encontro de Grumiaux para um concerto será escusado referir o sentimento de perda que o músico Belga sentiu. Oiçam aqui a sonata de Beethoven "Primavera" com Haskil ao piano e Grumiaux no violino.
A história de Grumiaux a seguir à guerra é uma história de gravações e concertos de elevadíssima qualidade e onde se afirma em especial como grande especialista de Bach e de Mozart. Em 1973 o Rei da Bélgica concede-lhe o titulo de barão pelos seus serviços à musica. Em 1977 a sua gravação da "Gavotte en Rondeau" da terceira partita de Bach faz parte do famoso disco dourado colocado a bordo da nave Voyager. As gravações de Grumiaux das obras de Bach permanecem um exemplo de musicalidade e da forma de interpretação que estas peças merecem. Oiçam aqui a Chaconne da segunda partita de Bach. Quanto a Mozart proponho-vos também uma interpretação ao vivo com Haskil do segundo andamento da sonata em Mi Bemol, aqui.
Grumiaux faleceu em Bruxelas a 16 de Outubro de 1986 vitima de um ataque cardíaco resultante de várias complicações decorrentes da sua condição de diabético.
Sem comentários:
Enviar um comentário