domingo, 20 de janeiro de 2008

Mozart - Música Sacra - O Requiem (K. 626)

Esta é uma das obras mais discutidas e analisadas de Mozart. Por várias razões todas elas válidas. Em primeiríssimo lugar pela sua indiscutível qualidade. Em segundo lugar por ter sido a ultima obra do compositor e finalmente pelo interminável debate sobre quem a terá terminado e em que medida essa finalização teria sido "ditada" ou instruída por Mozart.

Isto sem falar claro do facto desta obra ter sido encomendada em segredo (um segredo mal guardado mas não obstante um segredo) e de existirem muitos historiadores que consideram que Mozart estaria ciente da sua morte eminente. O Requiem seria assim para ele e não para a esposa do conde Walsegg-Stuppach que terá encomendado a obra. No entanto segundo a enciclopédia Grove Music esta interpretação é pouco plausível tendo em conta algumas cartas existentes datando do período de composição do Requiem que pelo seu tom não fundamentam esta teoria.

O que é bom de compreender é que o Requiem é infelizmente na sua essência uma obra inacabada. Dizemos infelizmente porque o que se conhece e é originalmente de Mozart fazia prever uma obra absolutamente notável. O Requiem está dividido em 14 ou 15 andamentos (a diferença situa-se no ultimo Comunhão que por vez é dividido em dois). A verde colocamos o que é certamente e totalmente de Mozart, em vários tons de laranja o que sendo de Mozart em parte está incompleto (faltam vozes ou faltam compassos) e a vermelho o que foi completado a seguir à morte de Mozart sem que exista certeza do que realmente Mozart tenha feito (esta história vamos contá-la num post à parte ... ).
  • Introitus (Requiem aeternam)
  • Kyrie (apenas as partes vocais e o baixo continuo)
  • Sequence
    • Dies irae (apenas as partes vocais e o baixo continuo)
    • Tuba mirum (apenas as partes vocais e o baixo continuo)
    • Rex tremendae (apenas as partes vocais e o baixo continuo)
    • Recordare (apenas as partes vocais e o baixo continuo)
    • Confutatis (apenas as partes vocais e o baixo continuo)
    • Lacrimosa (apenas os oito primeiros compassos)
  • Offertory
    • Domine Jesu Christe (apenas as partes vocais e o baixo continuo e algumas partes instrumentais mais relevantes)
    • Hostias (apenas as partes vocais e o baixo continuo e algumas partes instrumentais mais relevantes)
  • Sanctus (Composto por Sussmayr sem aparentes indicações de Mozart)
  • Benedictus (Composto por Sussmayr sem aparentes indicações de Mozart)
  • Agnus Dei (Composto por Sussmayr mas aqui existem razões que levam a crer que existiam esboços de Mozart.
  • Communion (Lux aeterna) - Reutilização de materiais ajustados por Sussmayr. Pode ou não ter sido indicado por Mozart.
Agora que estamos conscientes do grau de finalização desta composição podemos ouvir em primeiro lugar o que sabemos ser de Mozart.

Para que possam escolher a vossa interpretação preferida escolhi quatro versões diferentes, todas elas conduzidas por maestros excepcionais (admito que há batota num deles porque as solistas são ... bem vão ver ... ). A minha preferida é a segunda pese a minha absoluta paixão por Bernstein neste caso tenho de dar o braço a torcer.

Primeira versão : Direcção de Claudio Abbado (1999) . Interpretação em memória de Karajan na Catedral de Salzburgo com a Filarmonica de Berlim e o Coro da Rádio da Suécia.



Segunda versão: Direcção de Georg Solti com a Filarmónica de Viena e coro de Viena. Catedral de S. Estevão a 5 de dezembro de 1991 por ocasião do 200º aniversário do falecimento do compositor. Os solistas eram Arleen Auger (Soprano), Cecilia Bartoli (Mezo), Vinson (Cole Tenor)
Rene Pape (Bass).



A terceira versão também com a Filarmonica de Viena mas agora dirigida por Karl Bohm e com outros solistas.



Finalmente a quarta versão , infelizmente para que a comparação fosse real teria de ser da mesma parte mas não encontrei ... por isso aqui fica um pouco do Dies Irae conduzido por Bernstein.

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