Para comentarem por favor façam-no aqui . O texto é igual e permite comentários que não são infelizmente permitidos nestas páginas estáticas do blogger.
Este texto é largamente inspirado no script de Leonard Bernstein da sua série Concertos para Jovens. Foi resumido e alterado ligeiramente mas o fundamental, penso eu, foi mantido. Nos poucos pontos em que completei a opinião do maestro com pensamentos próprios indico-o claramente.
Esta é uma pergunta estranha. É estranha porque se por exemplo alguém ouvir isto ou isto ou ainda isto por muito diferente que sejam estes trechos poucos terão duvida em classifica-los como sendo de música clássica (e será provavelmente essa a palavra que utilizarão na maioria dos casos).
Caso tenha chegado a este blog não há procura de uma definição deste tipo de música mas à procura de uma forma de começar a gostar de começar a aprender sugerimos este outro conjunto de posts: Os nossos tops simplificados de música clássica: aqui. E chamamos-lhes "tops" com perfeita consciência de que estamos a percorrer uma via perigosa ... de redução, eliminação, simplificação, ... mas essa é a nossa faceta de engenheiro. Dado um assunto complexo divide-se em partes começa-se por explicar o que é simples e depois aos poucos vai-se tornando o quadro mais rigoroso.
Então porque razão é necessária a definição ? Bem essencialmente porque a razão pela qual classificamos as músicas anteriores como sendo "clássicas" é simplesmente porque não são de um qualquer outro tipo que reconhecemos.
Mais ainda apenas utilizamos esta palavra porque esta parece melhor do que outras que por vezes ouvimos serem utilizadas. Por exemplo música "séria" por oposição à música que ouvimos para nos divertirmos de forma menos consciente, designação que também não é especialmente brilhante porque há muitas outras formas de música "séria".
Outros utilizam a palavra "erudita" indicando dessa forma que apenas pessoas com cultura e erudição o que também está manifestamente errado porque obviamente pode-se entender e gostar de música "clássica" sem ter formação ou serem especialmente versados em arte.
Outras pessoas utilizam a designação de música sinfónica o que estando correcto é redutor porque isso deixa de fora uma série de formas de música que temos vindo a mostrar-vos neste blog.
Estando todas estas palavras erradas então para encontrar a designação correcta teremos de procurar o que é faz esta música diferente. A verdadeira diferença é que quando um compositor de música clássica compõe uma peça escreve exactamente as notas que pretende, os instrumentos que pretende, as dinâmicas que deseja. É claro que ainda fica bastante por fazer para o instrumentista dado que é absolutamente impossível escrever tudo, fica assim para ele a interpretação sobre não aquilo que ele acha mas antes sobre aquilo que o compositor desejaria.
Assim esta palavra - Exacta - seria uma excelente designação para este tipo de música porque apenas existe uma forma correcta de interpretar cada composição e essa foi o compositor que nos forneceu.
Assim em termos de definição podemos dizer que música clássica (ou música "exacta") é qualquer uma em que o compositor nos indica de forma explicita e exacta como deve ser interpretada a sua música - o que se segue é uma adição ao que Bernstein disse - e em que o interprete para além do explicitamente mencionado se pode igualmente basear num conjunto de regras implícitas que podem ser derivadas das regras de composição do período ou do hábito ou vontade manifesto da sua quebra.
O problema - e aqui retomamos Bernstein - é que se Exacta é uma palavra certa, Clássica não é. Música Clássica refere-se a um período especifico no tempo marcado pelos compositores Haydn, Mozart e Beethoven e não ao conjunto de tudo o que normalmente associamos a música clássica. Já falamos aqui de vários compositores do período Barroco e começamos também a falar de alguns do período romântico. A bem da verdade também já vos explicamos aqui porque razão iríamos continuar a utilizar esta designação embora errada.
O período clássico propriamente dito é marcado pela fundamental importância da forma perfeita, o escrupuloso respeito pelas regras que levaria à perfeição. Enquadra-se num período especifico da história Europeia em que esta tendência se manifestava em todas as formas de arte e a bem dizer na própria sociedade.
Poderíamos é verdade utilizar a palavra Erudita, mas isso estão a ver que iria contra os fundamentos deste blog. Nós queremos exactamente provar-vos que não é necessário erudição para gostar de música clássica, ou exacta se preferirem, mas aviso-vos que esta é uma palavra que nitidamente não pegou :-).
Entretanto como viram no comentário, o nosso leitor João (e este bocado de texto foi adicionado à posteriori do mesmo), a quem agradecemos a nota, disse-nos que não tínhamos definido exactamente o que era música clássica. E tinha razão. Assim para que fique (mais) claro:
Música clássica é toda aquela em que o compositor explicita de forma exacta o que pretende baseando-se num conjunto de regras de composição (ou na sua quebra óbvia e voluntária), regras essas que provêm da prática comum da sua época resultantes de uma evolução ao longo de séculos que nos levou da música renascentista, ao barroco, ao clássico, ao romantismo e depois ao eclodir da miríade de escolas nacionais e ao "individualismo" dos nossos dias.