Herbert von Karajan se fosse vivo faria hoje 100 anos. Desta forma resolvemos festejar esta ocasião com um post sobre um dos grandes maestros do século XX. Figura bastante controversa como veremos não deixa por isso de ser um génio impar e uma figura incontornável na música.
Karajan nasceu em Salzburgo em 1908 no seio de uma próspera família burguesa. Iniciou os seus estudos musicais no Salzburg Mozarteum, ainda hoje uma das melhores escolas de música da Europa. Nessa escola Bernhard Paumgartner (1887 -1971), ele também um filho de Salzburgo (ainda que adoptivo) e futuro director do festival de Salzburgo e grande director da referida escola recomendou-lhe que seguisse a carreira de Maestro.
Assim entre 1926 e 1929 estuda com Franz Schalk (1863-1931) na Academia de Viena a arte de dirigir uma orquestra. Curiosamente Franz Schalk viria também a ter um papel importante no estabelecimento do Festival de Salzburgo.
A estreia de Karajan como maestro ocorre em Salzburgo em 1929 a 22 de Janeiro de 1929. Entre 1929 e 1934 é maestro da Orquestra de Ulm. Em 1933 estreia-se no Festival de Salzburgo. Em 1934 obtém o primeiro convite para tocar com a Filarmónica de Viena e torna-se Director Musical em Aachen.
Em 1938 estreia-se com a orquestra de que viria a ser o emblema de marca. Depois de uma interpretação hoje lendária de Tristão e Isolda ganhou a simpática alcunha de "Das Wunder Karajan".
Ainda nesse ano assina o seu primeiro contracto de gravação, actividade a que emprestou uma grande parte do seu esforço. Em 1939 faz a sua primeira gravação: A Flauta Mágica de Mozart.
Entre 1941 e 1944 mantém em plena guerra a sua actividade musical em Berlim tendo por isso e pela sua inscrição no partido nazi acusado de colaboracionismo. No entanto, após a guerra a comissão austríaca encarregada de estudar o seu caso considerou-o inocente.
Pode assim em 1947 aceitar o convite da nova Filarmónica de Londres para como maestro convidado dirigir mais de 20 concertos nos Estados Unidos. Em 1951 conduz O Anel do Nibelungo, Tristao e Isolda e Meistersinger no então recriado festival de Bayreuth.
Em 1955 sucede ao grande Furtwängler como maestro da Filarmónica de Berlim de que viria a ser a cara a marca (além de ter durante anos moldado esta orquestra a sua concepção do que deveria ser uma orquestra filarmónica). Na realidade em 1956 obtem uma nomeação vitalícia como regente dessa orquestra.
Entre 1956 e 1960 aceita o cargo de director artístico do Festival de Salzburgo. esta cargo permitiu-lhe ser director artístico da Filarmónica de Viena entre 1957 e 1964. Em 1959 volta a Deutsche Grammophon e desde logo se propõe efectuar a gravação integral das nove sinfonias de Beethoven, projecto que acaba por levar a cabo em 1963. Aliás esse ano seria um ano fantástico já que também marca a inauguração da nova sala de espectáculos de Berlim construída de acordo com as suas especificações. Proponho que vejam dessa época este fantástico vídeo em duas partes com a quinta sinfonia de Beethoven. Parte 1 - Parte 2.
Em 1967 cria o Festival da Páscoa em Salzburgo onde durante várias épocas iria interpretar o Anel de Wagner. Já em 1968 iria fundar a fundação Karajan estabelecendo um prémio bienal para jovens maestros. Em 1977 grava o seu segundo ciclo completo das nove sinfonias de Beethoven. Em 1978, no que alguns consideram ter sido o seu maior erro grava os cinco concertos para violino com a jovem violinista alemã Anne-sophie Mutter que na altura tinha 14 anos.
Em 1980 sempre na vanguarda da inovação grava o primeiro título digital da Deutsche Grammophon que simbolicamente é também a flauta mágica de Mozart.
Em 1984 grava o seu terceiro e ultimo ciclo integral das nove sinfonias de Beethoven. Em 1989 interpreta pela ultima vez em público em Nova Iorque conduzindo muito adequadamente a Orquesta Filarmónica Vienense onde é interpretada a sétima sinfonia de Bruckner, o que também não deixa de ser uma escolha que faz sentido sendo também ele (Bruckner) um mal amado ... Esta mesma composição foi também a ultima gravação efectuada.
Faleceu em Anif, perto de Salzburgo no dia 16 de Julho de 1989.
"Those who have achieved all their aims probably set them too low"
Herbert von Karajan.
Gosto sim e muito...musica clássica, é na verdade a alma da MUSICA!!!
ResponderEliminarGostei de andar por aqui, regressarei de certeza.
Abraço
Caro Fernando,
ResponderEliminarApenas para lhe dar os parabéns pelos primeiros seis meses de blogosfera.
Que este espaço continue com sons e tons de procura de um mumdo melhor.
Carpe diem!
Cresci a ouvir Karajan. Marcou (-me), naturalmente, mesmo sendo eu um curioso. ( Sou de Filosofia ). Mas está neste post o equilíbrio tão difícil de encontrar quando falamos de alguem como ele. E lemos textos simplesmente abjectos comos os de ontem no Público.
ResponderEliminarCumprimentos.
Boa tarde!
ResponderEliminarEm primeiro lugar, gosto e muito de música, sendo um apaixonado por Herbert von Karajan - aliás, a 16 de julho de 2010, data em que completará 21 anos de falecimento, iniciarei minha carreira como flautista profissional.
Em segundo lugar, deixe-me fazer uma correção: não existe um gênero de música denominado "música clássica"; o correto é música erudita; clássica é toda e qualquer música - independente dos gênero e estilo aos quais pertença - que tenha marcado sua época - portanto, assim como é correto chamar alguém como o próprio Herbert von Karajan de clássico, também é igualmente correto definir gente do porte de Miles Davis (jazz), Elvis Presley (rock), Tom Jobim (bossa nova), Beattles (rock), Vinícius de Morais (bossa nova), Louis Armstrong (jazz - aquele da "what a wonderful world), entre outros gênios da música contemporânea, como clássicos. Então, por favor, se quer redigir sobre música, faça uma pesquisa mais apurada para não cair na besteira de chamar de clássica somente a música erudita - há músicas que, apesar de eruditas, não marcaram tanto assim uma época, não merecendo portanto a denominação clássica; assim como há músicas que marcaram sua época (merecendo tal denominação portanto) que não são eruditas. Não confunda os termos, por favor!
De resto, seu texto foi muito bem redigido, em um português que é um dos melhores que já vi na vida - só precisa ser mais informado a respeito de música para não fazer a confusão que nossa espécie humana faz há séculos, ok? Parabéns pelo texto e continue redigindo bem assim.
Caro Jonathan,
ResponderEliminarÉ claro que tem razão quanto à designação de clássica. Nós já tínhamos explicado isto aqui: http://guiadamusicaclassica.blogspot.com/2007/12/diz-que-no-gosta-de-msica-clssica.html
e também aqui: http://guiadamusicaclassica.blogspot.com/2007/12/msica-exacta-versus-msica-clssica.html