sábado, 23 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sinfonia nº1

Esta primeira sinfonia foi escrita no que os musicólogos chamam o primeiro período de Beethoven. Porém foi também composta no dealbar de um novo século e estrada nos primeiros meses do século XIX. Esta obra marca também o fim do ciclo de Beethoven já que foi terminada meses antes da primeira crise de Beethoven quando ele se apercebeu da sua progressiva e irreversível perda de audição. Porém marca também paradoxalmente o inicio de um ciclo de génio. Na verdade embora esta obra seja essencialmente uma obra de continuidade, como dissemos na introdução deste ciclo, ela contém já algumas notas da autêntica revolução que Beethoven viria a trazer na concepção sinfónica. Por exemplo o terceiro andamento embora esteja marcado como sendo um minueto de acordo com a prática normal na época clássica é tão rápido que não pode deixar de ser considerado um Sherzo como virá a ser prática nas grandes sinfonias românticas.

Mas vamos começar pelo início. Esta obra foi dedicada ao seu amigo vienense o conde Gottfried van Swieten (que também já havia sido patrono e amigo de Mozart e de Haydn e a que devemos portanto muitíssimo). Escrita entre 1799 e 1800 foi estreada em 1800 mais precisamente no dia 2 Abril no primeiro concerto que Beethoven realizou para seu próprio proveito e onde para além da estreia desta sinfonia foi também tocado um conerto de Mozart e alguns extractos da "Criação" de Haydn.

A sinfonia é composta por 4 andamentos. O primeiro andamento (Adagio molto—Allegro con brio) começa por uma espécie de introdução muito calma e uma dissonância que se pensa ter sido uma experimentação de Beethoven dado que o voltou a utilizar logo no ano seguinte. Alias esta dissonância que hoje não nos parece nada de transcendente foi suficientemente inovadora para valer a Beethoven uma polémica pessoal com os críticos da época nomeadamente Preindl, Stadler e Weber.

O segundo andamento (Andante cantabile con moto) é um dos andamentos onde se nota em simultaneo a escola de contraponto do seu mestre Albrechtsberger mas em simultâneo uma elegância e uma beleza acima de qualquer escola. Em termos de inovação é também neste andamento que Beethoven nos reserva uma utilização da percursão inovadora e que anuncia a verdadeira revolução que acabou por ocorrer mais tarde.

O terceiro andamento (Menuetto: Allegro molto e vivace) é dos quatro o que mais trouxe em termos de inovação. Na verdade embora guarde a forma do minueto Beethoven faz explodir completamente a forma tradicional desta antiga dança de salão para a transformar em algo completamente novo. Nas palavras de J. W Davison´s Beethove terá aqui dado "Um Salto para um mundo novo".

Finalmente o quarto andamento (Adagio—Allegro molto e vivace)embora seja caracterizado por Berlioz na sau análise das nove sinfonias de Beethoven como "Uma brincadeira infantil e nada beethoviana".

Oiçam aqui esta sinfonia dirigida por Herbert von Karajan.

Em resumo embora seja uma composição que no seu conjunto seja vista como uma sinfonia na mais pura tradição Mozartiana e Haydiana contém suficiente inovação e qualidade para ser uma obra prima profundamente original.

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