Edward Elgar nasceu perto de Worcester a 2 de Junho de 1857. Filho de William Elgar que tinha por profissão afinar pianos e que era também um violinista de razoável qualidade Elgar desde cedo aprendeu piano e violino. Da mãe uma apaixonada pela arte herdou o gosto pela literatura e pelo campo inglês.
Não foi fácil a vida de Elgar enquanto compositor. Embora tendo estudado Piano e Violino desde cedo sempre foi um autodidacta não sendo conhecido nenhum professor de composição. Este facto e não menos importante na Inglaterra da altura o facto de ser Católico valeram-lhe durante muitos anos o preconceito dos seus pares e da sociedade em geral.
Subsistiu durante os primeiros anos enquanto adulto dando aulas de violino e tocando órgão na Igreja Católica de St. George. Em 1899 casou com uma das suas alunas Caroline Alice Roberts contra a vontade dos seus familiares porque obviamente era considerado um mau partido. A verdade é que este casamento viria a ter um papel fundamental na criação musical de Elgar pela fé absolutamente ilimitada que Alice tinha no talento do seu esposo.
Aos poucos a sua reputação enquanto compositor foi estendo-se para além dos limites do Worcester natal tendo o seu primeiro grande sucesso sido composto mesmo no limite do século XIX, Variations on a Original Theme - Enigma. Dedicados aos "seus amigos" oiçam aqui uma excelente explicação da obra nas Proms de 1995. Ainda nesse ano compõe o ciclo de canções Sea Pictures e depois já no século XX (1901) as duas primeiras marchas "Pompa e Circunstância" que são sem dúvida as suas obras mais conhecidas (ao ponto de Elgar desejar que não fossem mais interpretadas) - se o inicio é conhecido coloquem o video perto do minuto 2 para perceberem o que vos digo (e o sentimento de Elgar). Claro que Elgar ainda tornou o caso pior ao transformar esta marcha no Hino Land of Hope and Glory .
Em 1908 compõe a sua primeira grande obra sinfónica, a Sinfonia nº 1 em Lá Bemol Maior dedicada e dirigida por Hans Richter que disse simplesmente dirigindo-se à orquestra "Senhores vamos ensaiar a melhor sinfonia de hoje pelo maior compositor de hoje e não apenas no seu país". Esta obra foi recebida na altura com enorme entusiasmo tendo mesmo o seu andamento lento sido comparado aos de Beethoven.
Apenas um ano mais tarde Elgar (1911) compõe o seu concerto para violino dedicado a Kreisler e estreado por este nesse mesmo ano. É uma peça maravilhosa bem ao estilo romântico no entanto com uma orquestração muito mais complexa em que por essa razão o papel do solista é muito mais do que uma simples demonstração de virtuosismo antes contribuindo para um todo de grande intensidade. Na interpretação que escolhemos este concerto é interpretado por Yehudi Menuhin dirigido pelo próprio Elgar numa gravação de antes da Segunda Guerra Mundial(1932). A dedicatória ela própria não poderia ser mais enigmática contendo a frase em Espanhol "Aqui esta encerrada el alma de ….".
Nesse mesmo ano terminou a sua Segunda Sinfonia dedicada à memória do Rei Eduardo VII que o marcou profundamente já que Elgar associava tudo o que de bom se passou entre 1908 e 1911 ao monarca. É assim uma obra largamente introspectiva. Seguiu-se então a segunda-guerra mundial que deixou Elgar profundamente depressivo e quase incapaz de compor.
Quando a guerra acabou tinha nascido um novo Elgar muito menos majestoso. Já não era "Pompa e Circunstância" mas antes "Contemplação e Introspecção". No fim da segunda guerra houve no entanto um ultimo grande período criativo que nos trouxe a Sonata para Violino o Quarteto para Cordas e o Quinteto para piano e sobretudo o Concerto para Violoncelo que terá sido a sua grande ultima obra sinfónica. Este ultimo quarteto tem a característica adicional de estar ligado a uma das grandes lendas da música do século XX, Jacqueline du Pré que o imortalizou e o colocou no reportório obrigatório de Violoncelo pelas suas interpretações verdadeiramente sublimes. Aliás para vos dizer verdade se hoje estou a escrever esta curta biografia é porque o meu filho me mostrou na sexta uma interpretação desta senhora com apenas um comentário: Olha como é intenso ... e é ... o primeiro andamento é sublime e esgotante do ponto de vista emocional.
A esposa de Elgar faleceu em 1920 e com ela a centelha criativa de Elgar parece ter também desaparecido a sua centelha criativa (também ajudado pelo facto da sua música ser então considerada "fora de moda". Elgar faleceu em Londres a 23 de Fevereiro de 1934.
Durante muito tempo a sua música ficou com a fama de ser antiquada mas hoje reconhece-se o enorme talento e um sentido quase místico para a melodia. Elgar publicou em 1988 uma pequena peça que dedicou à sua esposa Caroline Alice e que demonstra bem esse sentido fantástico: Salut d´Amour (muito conhecido por várias razões a menor da qual não deixará de ser fazer parte do método de ensino de vários instrumentos). Aliás a recuperação do compositor não terá sido estranha a utilização de várias das suas peças para fim de ensino.
Uma grande parte desta biografia foi adaptada da biografia escrita pela Sociedade Elgar.
Viva, Fernando,
ResponderEliminaré bom tê-lo de volta aos posts "didácticos" ! E este está muito bem documentado.
O Nimrod é uma das minhas músicas para a ilha deserta.
Obrigado.