Na sequência de uma das questões de ontem vamos hoje falar das duas Sonatas para Violoncelo que Brahms compôs. A primeira dessas sonatas em Mi Menor Op. 38 foi composta entre 1862 e 1865. Brahms não utilizou aqui a forma canónica da Sonata tendo a sonata apenas três andamentos.
A Sonata foi dedicada ao seu amigo Dr. Josef Gänsbacher, professor de canto na Academia de Viena e violoncelista amador. Aliás conta-se a esse propósito uma história com alguma piada e que revela o humor negro de Brahms. Numa apresentação privada Brahms estava ao piano e Josef ao Violoncelo. Brahms estaria a tocar tão alto que o próprio Josef se queixou de que não conseguia sequer ouvir o Violoncelo. Ao que Brahms terá respondido "Sorte a tua".
O primeiro andamento (Allegro non troppo) começa com um tom sombrio para rapidamente chegarem ao Allegro que no entanto nunca perde uma característica de relativa tristeza. Ouçam aqui Julian Lloyd Webber (Violoncelo) e Rebecca Woolcock (Piano) numa gravação de 1999 no festival de Cheltenham.
O segundo andamento (Allegretto quasi Menuetto) é uma das várias experiências de Brahms na utilização de formas do período clássico e mesmo do período barroco. Na realidade este andamento tem um toque do período clássico em muitas partes perto da dança calma e estilizada, do minueto. Ouçam aqui Rostropovich (Violoncelo) e Serkin (Piano) a interpretar este andamento.
O terceiro andamento (Allegro) por seu lado em muitos pontos é uma fuga que termina com uma coda bastante rápida. Ouçam aqui Jacqueline du Pré (Violoncelo) e Daniel Barenboim (piano) numa interpretação deste andamento.