Robert Schumann nasceu em Zwickau a 8 de Junho de 1810 tendo relativamente cedo demonstrado talento para o canto tendo começado a ter lições aos cinco anos. Uns anos mais tarde aos sete iniciou-se no piano. Apesar disso Schumann não foi incentivado (com excepção do pai que faleceria quando Schumann tinha 16 anos) a seguir a carreira musical antes tendo estudado literatura e direito.
Já em Leipzig para onde foi estudar Direito (mas onde se diz pouco frequentou as aulas) apaixonou-se pela música de Schubert que considerava equivalente à poesia. Por essa altura já tinha aulas de Piano com Wiener e também compunha inspirando-se na música de Schubert sempre. Estavamos agora em 1830 e Schumann pensava essencialmente vir a ser um pianista não um compositor. Quis no entanto o destino que contraísse uma lesão no quarto dedo da mão direita a razão da qual permanece um mistério (as várias teorias existentes só por si são um tema suficiente para um post).
Facto é que foi esse incidente que fez com que Schumann mudasse o seu foco para a composição de que Papillons (Op. 2) foi o primeiro exemplo. Porém este caminho não se iria revelar nada fácil. Alguns pequenos sucessos não chegavam para evitar alguma ansiedade que viria a ser potenciada pelo falecimento do seu irmão e cunhada em poucos meses durante o ano de 1833 levando Schumann a sua primeira crise de desespero.
Em 1834 Schumann, entretanto recuperado desse período iria iniciar no jornal Neue Leipziger Zeitschrift für Musik (um pouco mais tarde rebatisado por Schumann apenas Neue Zeitschrift für Musik quando este tomou controlo editorial do mesmo na sequência de desentendimentos entre os sócios), a outra faceta pela qual teve sem dúvida uma enorme influência na história da música: A actividade enquanto crítico e divulgador musical. Aliás já por algumas vezes neste blog citamos este jornal e os textos de Schumann.
Esta época foi também marcada pelo seu noivado com a jovem Ernestine von Vieken e consequente rompimento mas também pelo inicio da sua grande história de amor com Clara Wiek na altura com apenas 15 anos. A história seria interrompida pelo pai, ex-professor de Schumann durante uns anos.
Com tantas distrações não é para admirar que a produção de Schumann fosse relativamente escassa musicalmente falando. Facto é que conseguiu ainda assim compor a obra "Carnaval" (Op. 9) que será eventualmente uma das suas mais originais e geniais.
A impossibilidade de Schumann contactar a sua bem amada Clara viria a continuar até esta ser maior de idade em 1840 embora no entretanto se tenham correspondido dando origem a um conjunto de cartas aliás notável.
Em 1835, portanto no meio desta crise emocional, Schumann viria a conhecer Mendelssohn iniciando uma amizade que iria permanecer até à morte deste ultimo em 1847. Em 1837 compõe Fantasiestucke (Op. 12) que é tal como as duas obras que já mencionamos a "tradução" de uma história para música o que reflecte sem dúvida o gosto que Schumann tinha pela literatura e pela poesia.
Um ano depois em 1838 compõe Kinderszenen (Op. 15) (cenas da infância) que inclui a famosa Traumerei (Sonhando) com que vos deixo nesta primeira parte desta biografia de Schumann, nas mãos de Horowitz.