segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Grande Sonate - Les Quatre Âges (Alkan)

Das obras que incluímos ontem na nossa lista não devemos estar muito enganados ao dizer que Charles Valentin Alkan estará entre os menos conhecidos e por consequência esta sua obra também. O que é lamentável porque é uma obra extraordinária quer do ponto de vista técnico de composição quer do ponto de vista do conceito.

A Sonata (Op. 33) em quatro movimentos descreve de forma abstracta a vida de um homem. Cada um dos andamentos representa uma década especifica, o primeiro os vinte anos, o segundo os trinta, o terceiro os quarenta e por fim o quarto andamento os cinquenta. Esta obra de Alkan foi publicada em 1847 e dedicada ao seu pai que viria a falecer cinco anos após.

A Sonata abstractamente descreve a vida tornando-se progressivamente mais lenta, começando com o primeiro andamento, na frescura dos 20 anos marcado como um Scherzo com algumas piadas como acordes errados que procuram retratar uma vida que se inicia cheia desses erros próprios da juventude.
Podem ouvir Marc Hamelin interpretar este andamento.

O segundo andamento é o ponto mais substancial da obra com o sub-titulo "Quasi-Faust" numa forma de sonata muito estendida numa dualidade entre passagens rápidas com outras um pouco mais lentas num andamento que implica um grande virtuosismo do executante (do compositor também já que acreditem ou não há neste andamento uma fuga ainda que breve a oito vozes).



O terceiro andamento pretende representar a vida de um homem tranquilo e feliz no casamento nos seus quarenta anos na qual a tonalidade escolhida de Sol Maior é sem dúvida um elemento importante ao mesmo nível que a simplicidade e ternura das melodias de Alkan. Pode ouvir Hamelin interpretar este andamento aqui (primeira parte) e também aqui (segunda parte).

Por fim o quarto andamento descreve o homem esperando a morte (um reflexo da esperança de vida média no tempo de Alkan) . Pode ouvir aqui Hamelin interpretando este andamento.

Uma obra extraordinariamente original no conceito e na forma de composição que merece sem dúvida uma audição atenta e claro está um voto !

Melhor Obra para Piano Solo - Votação


Como prometido vamos hoje começar a nossa votação da melhor obra para piano solo. A lista vai ser completada com a inclusão das Polonaises de Chopin uma sugestão do meu pai leitor fiel deste blog e que por ambas as razões não poderia deixar de ser considerado. Além dessa inclusão um outro leitor regular e de longuíssima data, acho mesmo que será um dos primeiros contribuintes regulares salientou a sub-representação de Brahms no que tem claramente razão. Por essa razão Mário vamos incluir mais algumas obras de Brahms obviamente nomeadamente os intermezzi e as sonatas para piano que embora sejam da sua juventude (aliás uma delas é mesmo a Op. 1) merecem não obstante a nossa atenção.

Tal como vos tinha dito dado a extensão inicial desta lista (temos agora 57 obras!) vamos fazer uma votação em duas fases. Numa primeira fase vamos apenas eliminar obras para reduzir esta lista a 25. Por isso em termos de votação se quiserem picar na lista 25 obras de que gostam essa é uma forma fácil de votar. Quem diz 25 diz 10 ou qualquer outro número ... Esta fase vai decorrer durante um mês e meio, até final de Outubro. Nessa altura iniciaremos a segunda fase com apenas 25 obras sendo que o número de votos total contará pela soma das duas fases. Esta segunda fase terminará a 30 de Dezembro a tempo do resultado da votação ser a nossa celebração do novo ano.

Pelo meio este blog fará 5 anos de existência mas isso será assunto para um outro post ... Por agora este longo post deve servir-vos como guia para a votação e quem sabe se não será também promovido a página definitiva, veremos ... 

NOTA: A Lista será completada aos poucos nos próximos dias até existir uma proposta de audição e uma curta descrição para cada obra. Na primeira publicação deverá existir pelo menos uma obra proposta para cada um dos compositores mais significativos para este instrumento.
  1. Sweelinck (1562-1621) - Obras para órgão : Sweelinck para quem não sabe foi um compositor Holandês que antes de Bach foi um dos mestres do período barroco nomeadamente inventando o conceito de fuga. No extracto que vos propomos podemos ouvir Duas Fantasias.
  2. Frescobaldi (1582-1641) - Segundo livro de Tocattas : Outro compositor anterior a Bach que devemos incluir nesta lista em particular porque esta obra publicada em 1627 é de extraordinária importância histórica por várias razões a menor das quais não será incluir a primeira Chaconne conhecida. É deste livro que escolhemos a Segunda Tocatta.
  3. Buxtehude (1637 -1707) - Obras para órgão : Outro dos compositores do período barroco que no que diz respeito a obras para teclas tem de ser mais reconhecido. Deste compositor já falamos até porque temos um disco com obras suas em destaque neste site interpretadas por Rui Paiva.  Como exemplo das suas obras recomendamos este video com mais de duas horas no You Tube que contém um bom extracto de uma grande parte das suas obras para órgão. Se não quiserem ouvir duas horas de música (eu percebo) podem ouvir a obra que começa aos 6:50 que transmite tanta calma e paz que só por si justificaria a presença nesta lista.
  4. Bach (1685-1750) - Fugas e Tocattas (órgão) : Se este compositor dispensa apresentação no que diz respeito à ilustração do extenso conjunto de obras que esta linha condensa a dificuldade é imensa. Escolhemos a mais conhecida a BWV 565 - Tocatta e Fuga em Ré Menor composta entre 1703 e 1707 (curiosamente numa altura em que Bach fez mais de 200 km a pé para visitar e aprender com Buxtehude) .
  5. Rameau (1683-1764) - Obras para Cravo : Rameau escreveu três livros de obras para cravo entre 1706 e 1727. Cada um dos livros contém uma ou duas suites na forma de uma sequência de danças estilizadas típicas do período barroco. Desse conjunto proponho-vos uma suite completa do segundo livro (uma das duas que o compõem) em Ré Maior interpretada por Grigory Sokolov.
  6. Handel (1685-1759) - Suites para Cravo : Handel foi um dos compositores mais prolíficos da história da música o que torna a escolha difícil mesmo que restringindo a nossa escolha às suites para cravo. Propomos assim a Chaconne da Suite HWV 435 publicada em 1733 (possivelmente composta entre 1705 e 1717) interpretada por Anne Quéffèllec.
  7. Bach (1685-1750)  - Cravo Bem Temperado : O que dizer deste conjunto de peças para cravo? Um dos expoentes da música ocidental, da cultura ocidental sem dúvida um dos símbolos maiores da nossa civilização. Este conjunto de obras (neste momento considera-se normalmente o Livro I e II como um único conjunto) foi escrito com um objectivo didáctico e por isso não espanta que faça parte ainda hoje das obras normalmente utilizadas para aprendizagem. Também neste caso optamos por vos propor a obra mais conhecida deste conjunto embora em duas interpretações totalmente diferentes para que possam perceber quanto a interpretação pode mudar uma obra. A primeira que vos propomos é de Glenn Gould a segunda de Héléne Grimaux. Notem que são ambos pianistas de referência cuja interpretação deste BWV 846 em Dó Maior é totalmente diversa.
  8. Bach (1625- 1750) - Variações Goldberg : Aqui está outra obra incontornável e neste caso não tenho grande dúvida de vos propor para ouvirem a interpretação de Glenn Gould na sua gravação de 1982. Conseguem ouvir o pianista no seu habitual cantarolar que não aceitável para alguns mas que sinceramente pessoalmente gosto. Este conjunto de obras (BWV 988) composto em 1741 é baseado num único tema e 30 variações sobre o mesmo devendo provavelmente o seu nome ao seu primeiro interprete Johann Gottliebe Goldberg.
  9. Scarlatti (1685-1757) - Sonatas para Piano : Este conjunto está na nossa Lista das 100 Obras de música clássica que recomendamos e por acaso até falamos recentemente dela precisamente por essa razão. Como forma rápida de entenderem o génio de Scarlatti proponho a K. 27 interpretada por Michelangeli, o poeta do piano.
  10. Carl Bach - Sonatas para teclas
  11. Carlos Seixas - Tocattas
  12. Couperin - Vingt Sept Ordres
  13. Haydn - Sonatas para teclas
  14. Mozart (1756-1791)  - Sonatas para piano : Dado o extenso número de obras de Mozart neste formato é impossível falar-vos de todas sendo também difícil escolher uma ou duas para ilustrar. Seguindo um critério um pouco populista mas procurando para cada obra dar-lhe a maior hipótese possível para seguir para a próxima fase decidi propor-vos um andamento (o terceiro) da Sonata K. 331, o famoso Rondo Alla Turca. Proponho-vos duas gravações diferentes a primeira por Rachmaninoff excelente mas com uma captação sonora que sofre da sua idade e uma segunda por Horowitz.
  15. Beethoven (1770-1827) - Patética, "Ao Luar", Appassionata : A sonata Appassionata (op. 53) de que escolhemos o terceiro andamento é uma obra composta em 1854 que marca o reconhecimento do compositor da inexorabilidade da sua surdês e talvez por isso seja uma das suas obras que acaba num tom verdadeiramente trágico a adicionar ao carácter tempestuoso da obra. Para esta obra escolhemos uma interpretação de Barenboim.
  16. Beethoven - Hammerklavier
  17. Beethonen - Ultimas sonatas op.109 a op.111
  18. Schubert (1797-1828) - Fantasia em Do Menor (D. 48) : Uma obra do inicio da curta vida de Schubert (1813) para piano a quatro mãos. Podem ouvir aqui esta peça.
  19. Schubert - sonatas para piano
  20. Chopin - Nocturnos 
  21. Chopin - Etudes
  22. Chopin - Valsas e mazurkas
  23. Chopin - Sonatas
  24. Chopin (1810-1849) - Polonaises : Estas obras nunca foram publicadas enquanto conjunto até porque a sua composição praticamente decorreu ao longo de toda a curta vida do compositor. Para ilustrar este conjunto a escolha não é fácil embora a Grande Polonaise Brillante se possa destacar. Esta é a música com que o filme "O Pianista" termina existindo como se sabe desta obra originalmente para piano e orquestra uma versão para piano solo por Rubinstein e Michelangeli é dificil melhor do que isto!
  25. Charles Valentin Alkan (1813-1888) - Grande Sonata "Les Quatre Ages" :  Uma das obras mais originais do período romântico de um dos compositores mais injustamente esquecidos provavelmente pela proximidade de Liszt e Chopin quer como compositor quer como virtuoso pianista que também era. Podem ouvir e ver Hamelin no segundo andamento desta obra.
  26. Liszt (1811-1886) - Estudos Transcendentais : Conjunto de obras editados na versão hoje conhecida em 1852 na sequência de várias revisões desde a sua concepção inicial em 1826. Nesta versão final os estudos foram dedicados a Czerny. Proponho-vos o estudo nº 10 em Fá Menor interpretado por Cziffra.
  27. Liszt - Rapsódias húngaras
  28. Liszt - Sonatas
  29. Mendelssohn (1809-1847) - Canções sem palavras : Os oito volumes que perfazem esta colectânea foram escritos em fases diferentes da vida de Mendelssohn, o primeiro volume datando de 1829 e ultimo de 1845. Como todas as obras de pequena dimensão ao alcance (pelo menos aparente de pianistas amadores) estas obras viram injustamente o seu valor diminuído ao ponto de não ser fácil encontrar interpretações das mesmas por pianistas profissionais. Proponho-vos assim uma interpretação da canção  nº 6 do Op. 30 (segundo livro) por Daniel Barenboim.
  30. Schuman - Carnaval
  31. Schumann (1810-1856)  - Davidsbundlertanze : Conjunto de 18 obras que utilizam como designação a sociedade imaginária criada por Shcumann para defesa dos artistas da modernidade contra os críticos. Compostos em 1837 a primeira edição era precedida de um curioso texto introdutório, um velho ditado popular: Em todas as idades a alegria e a tristeza estão misturadas. Permanece piedoso na alegria e mantêm-te pronto a aceitar a dor com coragem. Na verdade apesar do seu nome estas peças não são verdadeiramente danças, são antes diálogos entre duas personagens cada uma representando uma vertente da personagem de Schumann. Para esta obra propomos uma interpretação de Claudio Arrau.
  32. Schumann - Kreisleriana
  33. Grieg (1843-1907) - Peças Líricas : Conjunto de pequenas obras publicadas entre 1867 e 1901 das quais fazem parte algumas das melodias mais conhecidas do compositor. Em particular é impossível não terem pelo menos ouvido uma vez este Dia de Casamento.
  34. Franck - Obras para orgão
  35. Balakariev - Islamey
  36. Fauré - Nocturnos
  37. Satie (1866-1925)  - GnossienesGymnopedies : Duas obra de que falamos há muito pouco tempo e que por isso remetemos para os dois respectivos posts. Uma interpretação excelente das Gymnopedies por Ciccolinni ou das Gnossiennes por Alessio Nanni são uma forma rápida de reconhecer estas obras que certamente já ouviu centenas de vezes.
  38. Scriabin - Preludios
  39. Rachmaninoff - Prelúdios
  40. Brahms - Klavierstucke
  41. Brahms (1833-1897) - Intermezzi (Op. 118) - Penultima obras publicadas do compositor e dedicadas a Clara Schumann composta por seis belíssimas canções bastante introspectivas. Proponho-vos uma interpretação de Evegny Kissin que embora possa por vezes parecer um tanto exagerada no que me diz respeito revela bem o carácter intimista que acabei de vos revelar.
  42. Brahms - Sonatas para Piano
  43. Ravel - Miroirs
  44. Albeniz (1860-1909) - Iberia : Uma das obras mais significativas da escola espanhola. Por ser um dos compositores e uma das obras menos conhecidas deste grupo falamos dela em detalhe aqui. Para ouvirem esta obra na sua totalidade proponho-vos tal como nesse post Alicia de Larrocha .
  45. Schoenberg -  Klavierstucke
  46. Debussy - Preludios, Estudos
  47. Debussy - Suite Bergamasque : Claro que só poderia propor Clair de Lune neste caso interpretada por Angela Hewitt.
  48. Ravel - Ma Mere l ´oye : Proponho que oiçam uma interpretação por Marta Argerich e Lang Lang.
  49. Rachmaninoff- Sonatas
  50. Bartok - Danças romenas
  51. Charles Ives - sonata concord
  52. Stravinsky - Petrushka
  53. Szymanowski - mazurkas
  54. Prokofiev - sonata nº 6 e 7
  55. Messiaen - 20 regards sur l énfant jesus
  56. Shostakovich - 24 preludios e fugas
  57. Ligeti - Etudes

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