terça-feira, 1 de abril de 2008

Biografia de John Field (1782-1837)

De John Field pode-se dizer que foi um romântico antes do romantismo. Na verdade o seu estilo é muito semelhante ao de Chopin. É no entanto curiosa esta comparação dado que de facto Field precedeu Chopin.

Aliás na realidade as semelhanças entre ambos não acabam aí dado que Field foi sem dúvida percursor do conceito de Nocturno que hoje se atribui a Chopin de forma um pouco injusta tal como também o é o relativo esquecimento a que foi votado.

Field nasceu em Dublin a 26 de Julho de 1782 no seio de uma família de músicos (o pai tocava violino e tinha uma escola de música) enquanto o avô era organista numa das principais igrejas da cidade. Foram aliás os dois, pai e avô que ensinaram o rapaz os primeiros passos no instrumento.

Cedo no entanto se percebeu que Field tinha capacidades muito para além do ordinário tendo por isso o seu pai contratado o professor Tommaso Giordani. As primeiras apresentações públicas (com oito anos segundo os programas da altura - uma óbvia mentira dada a data dessa estreia 1792) foram verdadeiros sucessos mediáticos.

Nessa altura no entanto a família foi forçada a saír de Dublin indo para Bath onde estiveram cerca de dois meses para se fixarem em Londres onde o pai encontrou trabalho na Haymarket Theatre Orchestra. Na verdade esta mudança acabou por ser muito favorável para Field dado que o seu pai o apresentou a Muzio Clementi que imediatamente reconheceu o talento do jovem e que viria a ser o seu mestre e mentor.

Embora as primeiras composições de Field datem de 1792 (ainda em Dublin e com apenas 10 anos) datam de 1800 as primeiras referências a Field como compositor primeiro nas comunicações entre Clementi e a casa Pleyel e depois pela publicação de três sonatas em 1802 dedicadas ao seu mestre Clementi.

Data também de 1802 a primeira tournée de Field e Clementi que os levou a Paris, Viena e finalmente S. Petersburgo com enorme sucesso. Spohr (outro compositor do período clássico de que falaremos em breve) falou destes concertos de forma muito elogiosa. Dizia ele que apesar da sua timidez do fato datado e obviamente curto e inadequado tudo isso desaparecia assim que jorravam as primeiras notas ...

Field ficou em S. Petersburgo tornando-se professor e adquirindo uma clientela aristocrática. Indolente e boémio casou-se em 1808 com a actriz de origem francesa Mlle. Percheron.

Em 1812 compõe a grande marcha triunfal e sobretudo em 1814 compõe os três primeiros nocturnos. O inicio de um novo género musical.

Entre 1815 e 1819 Field continua a dar numerosos concertos em S. Petersburgo onde a sua reputação como professor é excelente. desta forma Glinka e Mayer (compositores do período romântico e da escola russa de que falaremos em breve) são seus alunos que não lhe poupam elogios. Este período é também o mais proveitoso enquanto compositor dado que datam deste período cinco concertos para piano, uma sinfonia, três nocturnos, dois divertimentos , uma polaca, uma valsa entre outras composições.

Fixou-se então em Moscovo entre 1822 e 1831 onde com Hummel realiza vários concertos. Em 1831 aceita ir tocar a Londres por convite da Sociedade Filarmónica de Londres onde por coincidência se encontra quando do falecimento do seu velho mestre Clementi.

Em 1832 colta a Paris onde mais uma vez é recebido em apoteose e donde parte para uma tournée por vários países da Europa. No entanto o seu estilo de vida pouco regrado (pequeno eufemismo aqui) leva-o a um débil estado de saúde em Nápoles em 1834/1835 onde só não falece pela intervenção de uma familia nobre Russa, os Rachmanoff que insistem em levá-lo de volta a Moscovo.

De passagem em Viena Field faz a sua ultima aparição profissional a pedido de Carl Czerny e compõe mais um concerto para piano e um nocturno mas era evidente já então que a sua saúde era débil. Resistiu ainda até chegar a Moscovo onde faleceu a 11 de Janeiro de 1837 em Moscovo.
Embora os seus concertos para piano sejam obras notáveis sem dúvida o seu contributo principal para a história da música foi a criaão de um género: O Nocturno. Neste sentido aqui fica um exemplo de uma interpretação do Nocturno nº 5.

Brasil versus Portugal

Só para vos dizer, caros amigos Brasileiros que no dia de ontem pela primeira vez na curta história deste blog (faremos 6 meses no próximo dia 6 - era quase um 666 :-)) tivemos mais leitores vindos do Brasil do que de Portugal.

Sim, eu sei que o Brasil é MUITO maior, que há muito mais brasileiros com acesso à net (aliás esta mania das estatisticas é deformação profissional ... ) mas não deixou de ser uma agradável surpresa. E digo surpresa porque não faltam aos meus amigos brasileiros (como aliás também não faltam aos portugueses) excelentes blogs de música clássica no Brasil, dos quais aliás sou atento leitor.

Que vós meus amigos de além mar escolham vir até aqui ler umas coisas sobre a música de que gosto (de que gostamos) foi uma forma muito simpática de começar o dia, voltem sempre digo eu trauteando o vosso lindissimo hino (de que descobri este fim de semana a origem ... leiam este post se ainda não o fizeram ... ).

Fiquem bem!

O Violino Roubado está aqui


Pois sou eu o ladrão virtual e escondi o violino aqui no meu blog ! ... Além disso é 1 de Abril ... Quem chegar aqui recebe como prémio esta imagem de um verdadeiro Guarnieri :-)

Liszt e as transcrições para piano das sinfonias de Beethoven

Ao falarmos de Beethoven deixamos para trás algumas pontas soltas que iremos aos poucos tratando. Uma delas diz respeito às transcrições para piano do conjunto total das nove sinfonias pelo virtuoso do piano e compositor Liszt.

Trata-se de um trabalho notável que transcende em muito uma simples transcrição. Na verdade Liszt em muitos casos mais do que transcrever conseguiu retratar de forma notável o espírito das obras de Beethoven. Se se lembrarem das várias composições que fomos ouvindo ao longo destas ultimas semanas devem estar a pensar que não foi tarefa fácil.

E na verdade não foi. Tratou-se de um trabalho que Liszt foi concretizando ao longo de vários anos de 1838 a 1865 data em que completou o quarto andamento da nona sinfonia. Note-se aliás que durante muito tempo Liszt pensou que não seria possível transcreve-lo. Pensava que não conseguiria transmitir de forma minimamente adequada o ambiente do mesmo.

Fiquem aqui com um exemplo da quinta sinfonia e aqui com um exemplo do segundo andamento da sétima. Dois extractos com características totalmente diferentes para que possam apreciar. Não fiquei totalmente satisfeito com a qualidade das gravações que encontrei por isso talvez vos reserve uma surpresa para um destes dias.

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