domingo, 24 de julho de 2011

Prokofiev (1891 - 1953) - A biografia completa

Este post é apenas um índice para os vários posts que fomos escrevendo ao longo destes últimos tempos sobre este compositor Russo.

Prokofiev - Os primeiros anos
Prokofiev - A confirmação de um génio
Prokofiev - Os anos fora da Rússia
Prokofiev - A Arte do Medo
Prokofiev - A Segunda Guerra Mundial
Prokofiev - Os últimos anos

Faleceu Amy Winehouse - Uma perspectiva romântica

Amy Winehouse faleceu. Não serei hipócrita dizendo agora que gostava da interprete. Reconhecia-lhe talento mas não apreciava a vida que levava, o aparente gosto pelo abismo. A morte porém tem destas coisas e com o devido distanciamento penso agora que mais do que a pressão do mercado ou a esquizofrenia assassina dos media - lamento utilizar este ultimo termo mas não tenho outra forma de qualificar algumas chamadas de capa ou noticias sobre a interprete sobre o pretenso dever de informar - mas mais do que isso dizia penso agora se não se tratava antes da continuação da tradição romântica: do artista que sofre e que procura deliberadamente os limites. Confesso que não entendo bem essa necessidade.

Amy Winehouse faleceu com 27 anos, Schubert com 31 talvez o primeiro dos grandes românticos. Por coincidência ontem fui ouvir o Concerto Final do Workshop de Verão que incluía a Sinfonia Incompleta de Schubert. Estou certo que onde estão Schubert, Schumann e Strauss e Amy estarão a discutir Wintereise ou as 4 Ultimas Canções. Para nós fiquemos com o génio de Schubert e o Segundo Andamento da Sinfonia Incompleta. E não fiquem horrorizados com o paralelo que acabei de fazer, tem provavelmente mais semelhanças que diferenças ... E que nos transmita a paz que necessitamos ...

domingo, 17 de julho de 2011

Prokofiev ( 1891 - 1953) : Os últimos anos

Prokofiev e Rostropovich em 1950
Neste post vamos falar dos últimos anos da vida de Prokofiev. Como referimos no post anterior desta série não foram anos fáceis para o compositor. Na realidade Prokofiev encontra-se fisicamente debilitado por uma queda e  um traumatismo craniano que se vieram juntar a uma saúde já débil.

Mas pior do que isso estes últimos anos vieram marcar a saída de Prokofiev do estado de graça do sistema soviético. Em 1947 possivelmente motivado pela inveja ou pela sempre crescente paranóia de Stalin, Zhadanov - ironicamente conhecido como o "pianista" fruto da sua limitada capacidade de tocar esse instrumento - emite o seu famoso decreto que acusa alguns dos compositores soviéticos de serem demasiado formalistas e mundanos, de se esquecerem do seu papel no sistema soviético. Shostakovich, Kachaturian e Prokofiev são os principais alvos do decreto. Shostakovich acaba por ceder protagonizando por duas vezes o papel de auto-critica de toda a classe. Prokofiev sem se negar directamente inventa desculpas para não ceder. Não cabe nesta biografia a análise detalhada do decreto nem tão pouco as palavras de contrição de Shostakovich, isso fica para uma outra ocasião. Certo é que esse decreto marcou profundamente Prokofiev.

Não obstante o compositor elabora obras feitas à medida para tentar eliminar a acusação, a ópera História de um Homem Verdadeiro por exemplo ou a oratória "Guardando a Paz" mas não tendo publicamente admitido a sua culpa nunca é verdadeiramente reabilitado.

A sua primeira mulher de quem se tinha acabado de divorciar é presa com alegações forjadas de espionagem. a origem espanhola de Lina não foi perdoada ... Note-se que nesta altura o estado soviético emite uma lei que mais parece do tempo de Hitler proibindo o casamento de russos com outras nacionalidades ... Desconhece-se se Prokofiev tentou defender ou ajudar a sua ex-mulher embora tudo pareça apontar para uma total ausência de reacção. Para quem se sinta tentado a julgar a falta de coragem não se esqueçam que nessa altura era frequente membros da intelectualidade russa aparecerem mortos de causas misteriosas vitimas da demência de Stalin.

Facto é que musicalmente este últimos anos nos trouxeram poucas obras de relevo embora dadas as circunstâncias não deixe de ser uma produção notável. Duas Sinfonias, a Sexta e a Sétima ambas obras interessantes embora a ultima seja muitas vezes considerada menor ou demasiado simplista. Pessoalmente devo dizer-vos que não partilho dessa opinião, a sétima é uma das sinfonias de Prokofiev de que mais gosto. Deste período a Segunda Sonata para Violino (1947) merece também ser ouvida (a interpretação que podem ver e ouvir é de Kremer e Argerich).

No entanto é indiscutível que do ponto de vista da sua obra estes últimos anos foram sobretudo marcados pelos seus trabalhos para Violoncelo compostos para o seu amigo Rostropovich (e com a sua colaboração), a Sonata para Violoncelo e Piano (1949) estreada precisamente por Rostropovich e Richter e a Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orquesta (1951-52) - Atenção que neste ultimo caso a gravação que vos proponho é precisamente da estreia com Rostropovich no violoncelo e direcção de Richter. Prokofiev estava na audiência tendo sido esta a ultima aparição pública do compositor.

Prokofiev - ironia do destino viria a falecer no mesmo dia de Stalin a 5 de Março de 1953, a bem dizer cerca de uma hora antes - sendo por esta razão enterrado de forma quase anónima dado que o seu falecimento não foi publicado senão alguns dias depois sendo por essa razão desconhecido de quase todos excepto os seus amigos mais próximos. Pior ainda, por causa das actividades relacionadas com o falecimento de Stalin poucos ousaram deslocar-se ao funeral do compositor. Sabe-se que Oistrak interpretou a primeira sonata para violino e que Richter e Shostakovich estiveram presentes entre cerca de 40 pessoas ... Prokofiev foi reabilitado alguns anos após a morte de Stalin tendo-lhe sido atribuída postumamente o Prémio Lenine pela sua Sétima Sinfonia.



sábado, 16 de julho de 2011

Recital de Violoncelo e Piano

Recebi via Facebook esta sugestão. Bem sei que um dia de semana às 17h não é fácil mas sobretudo para todos os estudantes que estão de férias é sem dúvida um bom programa de fim de tarde. Lisboa poderá ter já partido para parte (in)certa porém os que ficarão têm aqui um bom destino. Museu da Música 17h de Terça-Feira 19 de Julho das 17h às 18h poderão ouvir Beethoven e Debussy em duas sonatas para Piano e Violoncelo. Serão interpretes Maria Isabel Vaz (violoncelo) e Daniel Kool (piano) dois jovens músicos que vale a pena ouvir.

O Museu da Música para quem não sabe é literalmente dentro da estação de Metro do Alto dos Moinhos (linha azul) que só por si merece uma visita.

domingo, 10 de julho de 2011

Prokofiev (1891 - 1953) : A Segunda Guerra Mundial

Na quinta parte desta série sobre Prokofiev vamos concentrar-nos sobre o período da Segunda Guerra Mundial. Lembramos que como dissemos no quarto post desta série em virtude da aliança germano-soviética Prokofiev (e também do próprio estado de guerra que obviamente dificultava as deslocações) o compositor tinha acabado de perder o privilégio de se deslocar ao Ocidente em particular à França, Reino Unido e Estados Unidos onde gozava de uma relativa reputação - dizemos relativa porque na verdade o seu estatuto de compositor do regime atribuição justa ou injusta isso é tema de outra conversa - e onde se deslocava frequentemente como uma espécie de embaixador da música soviética. É neste quadro que devemos enquadrar estes anos da vida do compositor (os restantes posts da série podem ser lidos aqui ou seleccionando a Label relativa a Prokofiev).

Em 1941 apesar da tentativa de Stalin de apaziguar Hitler a Alemanha invade a União Soviética. Prokofiev que tinha sofrido um ataque cardíaco no inicio do ano é evacuado para o Cáucaso com outros lideres "culturais". No entanto devemos acreditar que tal como em 1917 o Cáucaso, a guerra ou as privações emocionais e materiais (tinha sido separado à força da sua família) o inspiravam porque nesse período conseguiu conceber algumas das suas obras mais notáveis.

Não querendo dar uma ordem de mérito a essas composições as suas Sonatas para Piano 6, 7 e 8 são absolutamente notáveis sendo que a Sexta (1940) permanece um dos seus trabalhos mais vezes interpretado e gravado.

No que diz respeito à Opera data desse período a sua obra eventualmente mais representativa - Guerra e Paz com um libretto adaptado da obra homónima de Tolstoi - que embora tenha sido apenas estreada em 1955 já depois do falecimento de Prokofiev foi essencialmente composta entre 1941 e 1945 (aliás a estreia de 9 das 11 cenas na forma de concerto deu-se em 1945). Esta obra é também a mais significativa da parceria entre Prokofiev e Mira Mendelson (pelo meio houve o famoso decreto de Zhdanov que obrigou a uma revisão da obra).

No bailado notabilizou-se Cinderella (1945) que apenas perde em reputação para Romeu e Julieta de que já falamos a que se devem acrescentar várias transcrições e suites resultantes desta e outras obras.

Mas sem dúvida que a Quinta Sinfonia é a obra que melhor representa este período pela seu carácter heroico notavelmente transposto para uma forma de expressão essencialmente abstracta que é uma sinfonia. Aproveito para vos referir que se desejarem ver Dudamel a interpretar esta sinfonia com a Filarmonica de Berlim o podem fazer através do Hall Virtual da referida Orquestra por €10 (há bilhetes gratuitos para alunos e professores mediante prova que se deve enviar digitalizada).

Infelizmente a estreia dessa obra (Janeiro de 1945), um espectacular sucesso que viria aliás a dar a Prokofiev o seu segundo Prémio Lenin, marcou também o principio do fim da vida do compositor pois uns dias depois um acidente e uma forte pancada na cabeça colocaram-no entre a vida e a morte. Viria a recuperar mas isso é um assunto para a próxima e ultima parte desta biografia onde também iremos falar em maior detalhe de duas ou três grandes polémicas ... O famoso decreto de Zhdanov, a relação entre Prokofiev e Mira e a atitude do compositor relativamente a Lina sua ex-esposa (onde o estado soviético também desempenha um papel trágico) e por fim a simultaneidade do falecimento do compositor e Stalin e a consequente ausência de honras de estado no funeral ...


segunda-feira, 4 de julho de 2011

The Independence Day

Hoje é o Dia da Independência nos Estados Unidos. Neste blog celebramos este dia com música. Não será o Star-Spangled Banner porque pensamos que existe uma outra obra que celebra melhor este país. É uma obra de Aaron Copland chamada Lincoln Portrait . Esta obra contem um  texto notável baseado sobretudo em discursos de Lincoln em particular o famoso "Gettysburg Address".

A parte de texto foi já dita por várias pessoas fora do âmbito musical como por exemplo o actual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Fiquem com uma parte do texto, especialmente relevante, acho eu.

The dogmas of the past are inadequate to the stormy present. the occasion is piled high with difficulty and we must rise with the occasion. as our case is new, so must we think anew...and act anew. we must disenthrall ourselves...and then we shall save our country."

Se quiserem podem ouvir aqui Paul Newman com a Orquestra de Cincinatti.

sábado, 2 de julho de 2011

Festival de Música de Espinho

Lembrou-nos a Regina que amanhã (3 de Julho) se inicia o Festival de Música de Espinho. E lembrou-nos muito bem porque nos tínhamos esquecido completamente. Começa desde logo com um programa muito interessante quer pela qualidade dos pianistas quer pelo facto de irem interpretar obras para dois pianos - uma oportunidade para ouvirmos obras (ou transcrições) raramente interpretadas desta forma. Assim amanhã pelas 18h se puderem não deixem de ir (Auditório de Espinho) e ouvir Boris Berezovsky e Brigitte Engerer ambos ao piano ... Serão interpretadas obras de Brahms, Tchaikovsky e Borodine um programa quase totalmente romântico ... Não faço ideia se ainda existem bilhetes ... se fosse por mim estaria esgotado :-)

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