Prokofiev - Segunda Parte, Prokofiev - Primeira Parte
Quando Prokofiev saiu da Rússia passou por Tóquio onde era relativamente conhecido e onde deu alguns concertos antes de rumar aos Estados Unidos com passagem pelo Hawai mas essencialmente Prokofiev estava falido.
A recepção nos Estados foi mista, por um lado relativamente aclamado pelo público por outro lado crucificado pela critica que o apelidava compositor "bolchevista". Alguns sucessos em recitais amenizaram um pouco esses dois anos na América ajudado também por ter conhecido Lina que viria a tornar-se sua mulher.
A ultima obra que compôs "The Love for Three Oranges" uma ópera encomendada pela ópera de Chicago já foi estreada com Prokofiev na Europa, um pouco ironicamente dado que esta obra foi um sucesso imediato.
A primeira cidade onde esteve foi Paris (1920) onde obviamente iria procurar Diaghilev (lembram-se de Stravinsky e dos Bailados Russos?) que de imediato lhe pediu para encenar o seu ballet "The Buffoon". Em 1921voltou aos Estados Unidos onde estreou em Dezembro de 1921 o seu Terceiro Concerto para Piano. De novo a recepção foi mista tendo começado por ser entusiasticamente recebido mas gradualmente perdido fulgor pelas constantes referências à sua "origem" soviética.
De volta à Europa em vez de Paris preferiu desta vez os Alpes talvez procurando recriar as condições do ano criativamente fantástico de 1918 ou talvez para estar perto de Lina sua futura mulher e que tinha conhecido nos Estados Unidos. entre 1922 e 1923 trabalhou na sua ópera The Fiery Angel que nunca seria estreada em vida do compositor (foi estreada em 1955 em Veneza). Em Setembro de 1923 casa com Lina mas e vê-se forçado a declinar um convite para voltar à Russia onde entretanto o seu amigo Miaskovsky lhe assegurava que as suas obras eram continuamente interpretadas.
No final de 1923 volta a Paris em grande parte porque estava por nascer o seu primeiro filho e também porque o estado de saúde da sua mãe se tinha agravado - infelizmente viria a falecer em Dezembro do ano seguinte (1924). Claro que com tamanha carga emocional a sua capacidade para compor não foi muita. Por encomenda de Koussevitzky dedica-se à sua Segunda Sinfonia obra de que nunca gostaria e que foi mal recebida pelo critica e pelo público.
Porém Diaghilev viu e gostou o que foi suficiente para encomendar um novo ballet Le Pas d´Acier . Prokofiev tornava-se cada vez mais conhecido na Europa mas desejava voltar à Rússia o acabou por fazer em 1927 com uma tournée de 2 meses que foi um grande sucesso.
De retorno a Paris o falhanço da segunda sinfonia atormentava-o um pouco mas o sucesso do bailado Le Pas d´Acier leva-o a primeiro considerar uma suite sinfónica para depois acabar por se decidir numa sinfonia completa baseada nesse mesmo material. Esta terceira sinfonia é estreada em Paris a 17 de Maio de 1929 sendo um sucesso. Prokofiev que tinha ficado um pouco desconfiado das suas capacidades para este género considera mesmo que "consegui aprofundar muito a minha linguagem musical".
Entretanto Diaghilev tinha encomendado um novo ballet (L´Enfant Prodigue) que infelizmente viria a marcar o fim da colaboração entre os dois pelo falecimento do primeiro em Veneza depois de uma estreia marcada por problemas extra-musicais apesar da boa recepção do público e da critica.
Baseado nesta mesma obra Prokofiev compõe a sua quarta sinfonia que propoe a Koussevitzky por ocasião do 50º aniversário da Orquestra Sinfónica de Boston. O empréstimo foi de tal maneira criticado que Prokofiev viria a rever substancialmente esta obra em 1947.
No inicio da década de 30 o conflito entre o Oeste e o Este agudizava-se. No oeste cresciam as ondas nacionalistas e fascistas e na União Soviética Stalin tinha acabado de tomar as rédeas do poder. Facto é que neste ambiente Prokofiev era recebido com cada vez maior hostilidade, hostilidade essa que não deixava de passar para o plano artístico. Como exemplo desse facto a recepção ao Quinto concerto para Piano - morna para ser simpático. O Quarto Concerto para piano nem sequer foi estreado nessa altura mas isso por outra razão.
Prokofiev cada vez aos poucos resolvia-se a voltar à União Soviética clamando-se "Não Politico" mas não deixando de afirmar que um governo que lhe garante a publicação das suas obras e a sua interpretação está bem para mim (ou se preferirem - serve para mim). Não percam a próxima parte desta biografia que relata a vida de Prokofiev na União Soviética de Staline um período a que Alex Ross apelidou "A arte do medo"
Muito obrigado por este "post" (e pelos anteriores) tão informativo e que tanto nos ilucida.
ResponderEliminar