Joly Braga Santos nasceu em Lisboa a 14 de Maio de 1924 tendo começado por estudar violino com apenas 6 anos e composição a partir dos 10. Foi aluno de Luis de Freitas Branco e professor do Maestro António Vitorino d´Almeida. Estudou também fora de Portugal tanto composição com Virgilio Mortari como direcção de Orquestra com Herman Scherchen e Antonino Votto. Na sua formação enquanto maestro não é de excluir também a enorme contribuição de Pedro de Freitas Branco (irmão de Luís de Freitas Branco e igualmente um dos grandes músicos portugueses do século XX).
De todas as biografias que consegui encontrar na net o que é público da sua vida não musical é escasso. Se houver quem me possa indicar alguma fonte de informação adicional ficaria grato. Sabemos que teve uma filha Maria da Piedade a quem dedicou a sua Sexta e ultima sinfonia (conhecemos o livro 10 Compositores Portugueses da Quixote que esperamos nos permita completar um pouco mais esta parte).
Musicalmente Joly Braga Santos foi juntamente com Luis de Freitas Branco o grande sinfonista português. Penso mesmo que terá nesse capítulo superado o seu mestre. Penso mesmo que não seria de um patriotismo exagerado considerar Joly Braga Santos um dos grandes expoentes musicais mundiais do século XX mesmo considerando que neste século temos outros génios como Stravinsky ou Schostakovich. Sustento que Joly Braga Santos se lhes pode comparar na qualidade e genialidade. Ter sido votado pela UNESCO um dos 10 compositores mais significativos da sua época é sinal que esse reconhecimento é mundial.
Joly Braga Santos sempre se caracterizou por um gosto apurado da forma não desdenhando a monumentalidade. Pensava ainda que a música deveria ser feita para agradar (mas sem cair na banalidade fácil). Embora com o tempo e com o contacto com outras escolas europeias o seu estilo e forma de compor se tenha modificado e refinado o compositor nunca perdeu essas características que no que me diz respeito me fazem apreciar a sua música.
Embora tenha composto inúmeras outras obras é sem dúvida na forma sinfónica que pensamos melhor se exprime o seu enorme talento.
A Primeira Sinfonia foi composta em 1947 logo após a segunda guerra mundial e dedicada precisamente "Aos Herois e Martires da Ultima Guerra Mundial". Infelizmente não consigo encontrar no You Tube extractos desta sinfonia. Esta primeira sinfonia em Ré tem três andamentos num formato mais típico dos concertos do que das sinfonias (andamento rápido-lento-rápido).
A Segunda Sinfonia em Si menor foi composta no ano subsequente 1948 sendo esta já em quatro andamentos. Propomos aqui o terceiro dirigido por Alvaro Cassuto na gravação integral das sinfonias de Joly Braga Santos efectuada para a Naxos. Esta é a única das suas sinfonias de que não conhecemos a dedicatória.
A terceira Sinfonia foi composta em 1949 sendo dedicada a Luís de Freitas Branco. Esta sinfonia em dó maior é no entanto marcada por uma maioria de temas introspectivos e relativamente calmos. Propomos que oiçam o inicio do primeiro dos quatro andamentos que compõem a sinfonia, sempre na direcção de Alvaro Cassuto agora com a Orquestra Sinfónica Portuguesa.
A quarta Sinfonia dedicada à Juventude Musical Portuguesa foi a primeira a incorporar coro e ultima do primeiro ciclo dado que após ter composto esta sinfonia Joly Braga Santos fez uma espécie de interregno sabático. Composta em 1950 e estreada em 1951 tem um final que de certa forma (talvez pelo coro) lembra a nona de Beethoven. Oiçam aqui o final da sinfonia dirigida por Alvaro Pereira.
A quinta sinfonia foi composta apenas em 1966 sendo intitulada "Virtus Lusitanae" . Propomos aqui o quarto e ultimo andamento numa interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por Alvaro Cassuto.
A sexta Sinfonia foi composta em 1972 e é dedicada á sua filha Maria da Piedade como já referimos. Trata-se de uma sinfonia em seis andamentos de que vos propomos um extracto aqui.
Depois de ouvirem apenas estas seis sinfonias certamente concordarão comigo quanto ao génio de Joly Braga Santos ao nível dos grandes compositores do século XX.
Joly Braga Santos faleceu em Lisboa a 18 de Julho de 1988
E suponho que não se sabe quem lhe deu nome de cão?
ResponderEliminarComentário de um mau gosto atroz.
EliminarEm todo o caso, interessantes, as sinfonias, que não conhecia. Obrigada pelos links, Fernando.
ResponderEliminarReconheço o meu pecado de pouco conhecer da obra de Joly Braga Santo e aqui tem sido mesmo um preconceito (a obras dos século XX lusas têm-me parecido composições atrasadas no tempo e Lopes-Graça não me cativou), mas prometo ouvir e tentar saber mais da música deste compositor.
ResponderEliminarNão sabia que tinha sido votado numa lista da UNESCO para grandes compositores do século XX, sinal claro do meu distanciamento.
Na música lusa apenas estava atento a Carlos Seixas e João de Sousa Carvalho.
Caro Fernando,
ResponderEliminarSe quiser saber mais pormenores sobre a vida de Joly poderá falar com a filha Leonor(zinha)Braga Santos,violetista da Orquestra Gulbenkian.
Eu gravei as sinfonias de Joly com o maestro Cassuto e foi com alguma (muita) emoção que ouvi agora no youtube o excelente resultado dessas gravações.
Quando proporcionam condições de trabalho à OSP,nós fazemos bem!
Saudações Musicais
Caro Fernando....
ResponderEliminarConheço a música de Joly Braga Santos desde 2007. Suas sinfonias e alguns trabalhos orchestrais (especialmente os Divertimentos e as Variações Sinfônicas sobre um tema de Alentejo)
são espectaculares. Considero as Sinfonias 2 ,3 e 4 e as Variações....verdadeiras Jóias do repertório...não dá para entender que música tão bela tenha permanecido no desconhecimento ...
Braga Santos foi sem dúvida alguma um grande do século XX.
Saudações da Bolivia, Carlos Fischer
Nota: Se você não escutou ainda , aconselho as sinfonias de Kurt Atterberg...vai cair de costas....
Caro Fernando....
ResponderEliminarConheço a música de Joly Braga Santos desde 2007. Suas sinfonias e alguns trabalhos orchestrais (especialmente os Divertimentos e as Variações Sinfônicas sobre um tema de Alentejo)
são espectaculares. Considero as Sinfonias 2 ,3 e 4 e as Variações....verdadeiras Jóias do repertório...não dá para entender que música tão bela tenha permanecido no desconhecimento ...
Braga Santos foi sem dúvida alguma um grande do século XX.
Saudações da Bolivia, Carlos Fischer
Nota: Se você não escutou ainda , aconselho as sinfonias de Kurt Atterberg...vai cair de costas....
@Gi: Há algumas que não tenho a minima dúvida em colocar entre as melhores de sempre ...
ResponderEliminar@Geocrusoe: Pois é ... eu também passei por isso até ouvir um bocado por acaso uma das aberturas orquestrais - desde aí sou um fã confesso de Joly Braga Santos.
@Sr. José Mlinsky: E são gravações notáveis sem dúvida há toda a razão em sentirem-se orgulhosos do trabalho realizado.
@Carlos: Sim conheço Atterberg e gosto bastante, quanto a Joly para mim é um dos génios do século XX.
Permita-me que o felicite pelo excelente trabalho realizado no seu blog. Interessado, leitor e ouvinte assíduo da Clássica, frequentador de concertos, descubri o seu site por acaso e há uma palavra para o classificar : superlativo. Apenas não gostei das várias lacunas e lapsos constantes na biografia de Joly Braga Santos; de facto, há várias incorrecções óbvias, algumas delas relativas à sua obra. Continuação de bom trabalho!
ResponderEliminarExcelente trabalho desenvolvido no seu blog; a palavra certa é: superlativo. Descobri-o ao pesquisar sobre Joly Braga Santos e, lamento afirmá-lo, mas surgem,na biografia aqui colocada,lapsos óbvios quanto à sua obra.
ResponderEliminarDe resto, continuação de bom trabalho!
Obrigado Pedro M.M. Acredito que existam lapsos e sobretudo omissões. Sou apenas um amador ... Se quiser partilhar connosco o que detectou terei o maior prazer em efectuar as correcções necessárias. Muito obrigado pelo seu contributo, grande abraço, fernando
ResponderEliminarPermita-me que apresente as seguintes correcções :
ResponderEliminarJosé Manuel Joly Braga Santos ( apelido francês do lado materno ) teve duas filhas : Maria da Piedade Braga Santos, Historiadora e Leonor Braga Santos, Violetista da Orquestra Gulbenkian. A Segunda Sinfonia é dedicada à Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional e ao seu maestro titular Pedro de Freitas Branco, encarregues da execução em primeira audição das obras de Joly Braga Sntos.
A Quarta Sinfonia inicialmente não tinha coro no último andamento; só em 1968, o maestro Silva Pereira sugeriu ao compositor a integração de um texto para acompanhar o Hino final da Sinfonia, para a sua execução num concerto promovido pela Juventudes Musicais; para tal foi pedido a Vasconcelos Sobral que escrevesse um poema para o efeito.
A produção musical de Joly Braga Santos tão valiosa quanto diversificada é geralmente dividida pela musicologia portuguesa em três fases:
1ª Fase - de 1945 a 1960
2ª Fase - de 1960 a 1976
3º fase - 1976 - 1988
As razões desta divisão prendem-se com a alteração do estilo musical do compositor que a partir de 1960 contacta com a vanguarda europeia e absorve muitas das técnicas e procedimentos caros à criação musical da época. A partir de meados dos Anos 70 até à sua morte, Joly Braga Santos dedica-se sobretudo à música de câmara ( Sexteto, trio, Ária a Tre, Ária II, Suite de Danças p/ o Opus Ensemble , não só por questões de saúde ( Visão debilitada que exigia menor dimensão das pautas )mas também porque os novos tempos remetiam a grande forma sinfónica ( muito cara a Joly ) para um lugar de menor relevância.
http://www.youtube.com/watch?v=BElQIW2epr0&src_vid=BElQIW2epr0&feature=iv&annotation_id=annotation_825055
ResponderEliminarAqui encontra-se a primeira sinfonia, que é sem duvida fenomenal.