Como vos tínhamos prometido vamos fazer uma análise alargada deste livro capitulo por capitulo. Podem ler aqui a sinopse do Primeiro Capitulo.
Neste segundo capítulo o autor começa por nos falar da Chaconne uma dança tida por ser obra do diabo tal a reacção que provocaria nas pessoas - a libertação e desinibição que provocariam (ou provocam). Os leitores mais atentos estarão a pensar: Estamos a falar da mesma Chaconne que conheço da partita de Bach? Sim estamos só que Bach desenvolveu a estrutura dessa Dança ao ponto de a tornar simplesmente outra coisa ... Perfeita mas outra coisa. A Chaconne do Diabo, a original essa está mais próxima do que poderão ouvir com Jordi Savall por exemplo.
Fala então Alex Ross do significado intrínseco da música quando aborda uma outra forma musical que percorre toda a evolução humana desde a Renascença: O baixo continuo ou ostinato em particular a sua forma Basso Lamento. Se a Chaconne evoluiu ao longo do tempo na interpretação do seu carácter emocional o Basso Lamento é exactamente o oposto. Essa sequência de notas descendentes num intervalo de quarta podem ser encontradas em toda a música clássica e música popular (desde a renascença aos nossos dias) significando exactamente a mesma coisa: Lamento e Dor.
Diz o autor que, citando Peter Kivy no seu livro Sound Sentiment , pode muito bem ser que esta forma represente (imite) a forma humana do choro. Por outras palavras o significado em música pode resultar da envolvente (da imitação) ou da convenção. No primeiro caso seriam universais no segundo dependeriam de um particular contexto cultural.
Alex Ross descreve então a importância que o Basso Lamento teve no inicio da popularidade da ópera como forma de enfatizar o significado das palavras forma que podemos encontrar ainda hoje no Rock dos Led Zepplin passando pela Nona de Beethoven (a expressão "não esses tons não" com que se inicia o hino da alegria) referem-se precisamente a essa sequência de notas ou pelos blues.
Um capitulo interessante que debate se a música tem um significado por si ou se antes pelo contrário é fundamentalmente abstracta sendo culturais todas as associações que fazemos quanto às emoções que ela pretende transmitir.