A primeira parte deste post foi publicada à uns dias neste post : Os prémios da Gramophone - Primeira parte.
Concerto
O prémio foi atribuído a Patricia Kopatchinskaja pela sua interpretação dos concertos dos compositores hungaros Bartók (segundo concerto), Eötvös e Ligeti . A violinista apresenta-se com a Hessen Radio Symphony Orchestra dirigida por Peter Eötvös.
Para vos ser sincero só poderei falar do concerto de Bartok e da violinista. As duas outras obras deixo-vos aqui o link (num dos casos até interpretado pela mesma artista) a apreciação terá de ser vossa.
Quanto ao concerto de Bartok é uma obra notável de que vos deixo de imediato uma gravação da estreia em 1939.
No que diz respeito à violinista não a consegui encontrar numa interpretação desta obra mas encontrei no You Tube uma interpretação da Sonata de Bartok para violino solo. Excelente (apesar de uma posição estranha do violino em relação à face ... )
A obra de Peter Eötvös na interpretação da violinista pode ser ouvida integralmente no You Tube (penso que numa outra gravação no entanto). Esta obra é dedicada à memória dos sete astronautas que perderam a vida no vaivém espacial daí o nome Seven.
Por fim Ligetti numa interpretação da Filarmónica de Berlim dirigida por Sir Simon Rattle sendo solista Tasmin Little.
Música Contemporânea
Nesta categoria o prémio foi para um CD contendo interpretações de três obras de Dutilleux, Correspondances, o Concerto para Violoncelo e Shadows of Time. Não consigo encontrar a soprano da primeira peça nesta gravação com a Orquestra da Radio França (a gravação premiada) mas aqui fica um extracto com a Filarmónica de Berlim dirigida por Sir Simon Rattle.
O concerto para Violoncelo escrito como sabemos para Rostropovich teve como solista Anssi Kartunnen. Não descobri nenhuma interpretação deste solista deste concerto e por isso tive de dividir esta ilustração em duas partes. Na primeira mostro-vos o solista a interpretar (a participar numa interpretação) de uma obra de António Pinho Vargas.
Depois o concerto bem só poderia ser por Rostropovich ele próprio ... A propósito o concerto tem um titulo "Tout un monde Lointaint" - Todo um mundo longínquo ... Aqui podem ouvir o primeiro andamento chamado "Enigme" - Enigma,
Por fim "Shadows of Time" escrito por ocasião do 50º aniversário do fim da segunda guerra mundial e neste caso com a gravação premiada.
Instrumental
O premiado foi um disco de Steven Osborne com obras de Musorgsky e Prokofiev. Pictures from an exbition e Visions Fugitives respectivamente. Aqui fica uma interpretação do pianista desta ultima obra.
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
domingo, 1 de setembro de 2013
Max Bruch - Concerto para Violino em Sol Menor
Embora tivéssemos falado muito "en passant" por este concerto quando votamos o nosso concerto de Violino preferido fizemo-lo quase que através de uma curta biografia do compositor Max Bruch que é um desses compositores conhecido por praticamente apenas uma obra - aliás como veremos pela história que vos vou contar uma perseguição que o afligiu em vida de forma bastante dramática.
O concerto Op. 26 em Sol Menor terá sido começado a ser composto em 1857 quando ainda estudava com Ferdinand Hiller. Porém só cerca de 10 anos mais tarde em 1865 o trabalho viria a assumir uma forma quase final quando Bruch residia em Colónia onde era o director do Real Instituto de Música. Na altura a peça era o seu primeiro grande trabalho para Orquestra e obviamente o seu primeiro concerto. Em Abril de 1886 a peça estava pronta para ser estreada o que acabou acontecer a 24 de Abril embora com um solista diferente do previsto.
Essa primeira ante-estreia se quisermos assim chamar-lhe levou Bruch a considerar que o concerto necessitava de ser revisto o que acabou por fazer durante quase um ano com o auxilio do violinista Joseph Joaquim de quem já falamos por várias vezes neste blog e que teve neste período de tempo um papel fundamental na consolidação da forma romântica do concerto - talvez tanto quanto os compositores que auxiliou.
Certo é que graças ao trabalho dos dois o concerto fica pronto para nova estreia a 5 de Janeiro de 1867 sendo solista o próprio Joachim a quem aliás Bruch dedicou a obra. O concerto foi um sucesso absoluto de tal forma que Bruch desesperou durante toda a sua vida porque apenas lhe falavam dessa sua obra. Embora tenha composto mais dois concertos a verdade é que nunca atingiram notoriedade.
O caso era especialmente desesperante porque Bruch fruto de um mau negócio não recebia qualquer rendimento desse primeiro concerto - tinha aceite um modelo em que apenas recebia um valor fixo na data de edição não tendo depois direito a nenhuma royaltie subsequente. No final da sua vida tentou ainda encontrar uma forma de receber editando o trabalho nos Estados Unidos mas mesmo aí foi vitima de um editor sem escrúpulos e a sua morte em 1920 acabou por chegar antes de ter visto recompensado financeiramente o seu sucesso.
Na verdade parece assim parco consolo as palavras do violinista Joseph Joachim que colocava este concerto de violino junto dos 4 grandes concertos de violino germânicos: O de Beethoven, o de Brahms, o de Mendelssohn e o de Bruch.
O anterior julgamento pode parecer excessivo e a colocação de Bruch ao nível de Brahms e de Beethoven um devaneio lírico do violinista. Mas não nos esqueçamos que é de um especialista que estamos a falar e de alguém que participou activamente na composição de três destes concertos. O que se passa é que na verdade o concerto de Bruch é uma obra notável transmitindo uma riqueza de ambientes e de tensões dignas de uma obra prima de cinema - aliás o concerto de Bruch é uma obra altamente cinematográfica.
Começa com um andamento que Bruch marcou como prelúdio (Vorspiel) que estabelece um ambiente quase místico - de antecipação. Ficamos várias vezes suspensos antes da entrada da Orquestra com um fortíssimo que parece ir resolver tudo mas não eis que de novo nova melodia se lança no ar retomando a dúvida ... Tudo desemboca num final calmo que liga ao maravilhoso segundo andamento, um Andante onde podemos ouvir das mais belas melodias e orquestrações compostas para um andamento lento de um concerto.
Como dizia Joachim no entanto o concerto não acaba nesse Adagio, reinventa-se com um maravilhoso contraste para o terceiro andamento que depois de uma introdução calma pela orquestra se vai desenvolvendo até um final frenético e energético que deixa normalmente os ouvintes suspensos.
Hesitei bastante na interpretação a utilizar para este concerto. sendo um dos concertos "standard" do reportório violinistico (Max Bruch sofreria ainda hoje) praticamente todos os grandes violinistas de Perlman a Heifetz passando por Menuhin e Oistrakh o interpretaram. Então entre esses e a nova escola de um Bell, ou de uma Julia Fischer ou de uma Sarah Chang qual escolher? Bom hoje estou romântico e prefiro olhar para a Julia Fischer ... critério tão bom como outro qualquer, trata-se afinal de uma grande obra do romantismo e esta violinista captou o espírito da obra - isso vos garanto. Julia Fischer portanto com a Orquestra de Zurique dirigida por David Zinman.
O concerto Op. 26 em Sol Menor terá sido começado a ser composto em 1857 quando ainda estudava com Ferdinand Hiller. Porém só cerca de 10 anos mais tarde em 1865 o trabalho viria a assumir uma forma quase final quando Bruch residia em Colónia onde era o director do Real Instituto de Música. Na altura a peça era o seu primeiro grande trabalho para Orquestra e obviamente o seu primeiro concerto. Em Abril de 1886 a peça estava pronta para ser estreada o que acabou acontecer a 24 de Abril embora com um solista diferente do previsto.
Essa primeira ante-estreia se quisermos assim chamar-lhe levou Bruch a considerar que o concerto necessitava de ser revisto o que acabou por fazer durante quase um ano com o auxilio do violinista Joseph Joaquim de quem já falamos por várias vezes neste blog e que teve neste período de tempo um papel fundamental na consolidação da forma romântica do concerto - talvez tanto quanto os compositores que auxiliou.
Certo é que graças ao trabalho dos dois o concerto fica pronto para nova estreia a 5 de Janeiro de 1867 sendo solista o próprio Joachim a quem aliás Bruch dedicou a obra. O concerto foi um sucesso absoluto de tal forma que Bruch desesperou durante toda a sua vida porque apenas lhe falavam dessa sua obra. Embora tenha composto mais dois concertos a verdade é que nunca atingiram notoriedade.
O caso era especialmente desesperante porque Bruch fruto de um mau negócio não recebia qualquer rendimento desse primeiro concerto - tinha aceite um modelo em que apenas recebia um valor fixo na data de edição não tendo depois direito a nenhuma royaltie subsequente. No final da sua vida tentou ainda encontrar uma forma de receber editando o trabalho nos Estados Unidos mas mesmo aí foi vitima de um editor sem escrúpulos e a sua morte em 1920 acabou por chegar antes de ter visto recompensado financeiramente o seu sucesso.
Na verdade parece assim parco consolo as palavras do violinista Joseph Joachim que colocava este concerto de violino junto dos 4 grandes concertos de violino germânicos: O de Beethoven, o de Brahms, o de Mendelssohn e o de Bruch.
O anterior julgamento pode parecer excessivo e a colocação de Bruch ao nível de Brahms e de Beethoven um devaneio lírico do violinista. Mas não nos esqueçamos que é de um especialista que estamos a falar e de alguém que participou activamente na composição de três destes concertos. O que se passa é que na verdade o concerto de Bruch é uma obra notável transmitindo uma riqueza de ambientes e de tensões dignas de uma obra prima de cinema - aliás o concerto de Bruch é uma obra altamente cinematográfica.
Começa com um andamento que Bruch marcou como prelúdio (Vorspiel) que estabelece um ambiente quase místico - de antecipação. Ficamos várias vezes suspensos antes da entrada da Orquestra com um fortíssimo que parece ir resolver tudo mas não eis que de novo nova melodia se lança no ar retomando a dúvida ... Tudo desemboca num final calmo que liga ao maravilhoso segundo andamento, um Andante onde podemos ouvir das mais belas melodias e orquestrações compostas para um andamento lento de um concerto.
Como dizia Joachim no entanto o concerto não acaba nesse Adagio, reinventa-se com um maravilhoso contraste para o terceiro andamento que depois de uma introdução calma pela orquestra se vai desenvolvendo até um final frenético e energético que deixa normalmente os ouvintes suspensos.
Hesitei bastante na interpretação a utilizar para este concerto. sendo um dos concertos "standard" do reportório violinistico (Max Bruch sofreria ainda hoje) praticamente todos os grandes violinistas de Perlman a Heifetz passando por Menuhin e Oistrakh o interpretaram. Então entre esses e a nova escola de um Bell, ou de uma Julia Fischer ou de uma Sarah Chang qual escolher? Bom hoje estou romântico e prefiro olhar para a Julia Fischer ... critério tão bom como outro qualquer, trata-se afinal de uma grande obra do romantismo e esta violinista captou o espírito da obra - isso vos garanto. Julia Fischer portanto com a Orquestra de Zurique dirigida por David Zinman.
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