Depois de uma série de interrupções retomamos as obras de Brahms com Piano e o seu primeiro concerto para piano. Curiosamente esta peça é simultaneamente conservadora e inovadora. Conservadora na forma dos andamentos e mesmo na fortíssima inspiração de algumas obras de Beethoven mas muito inovadora na importância relativa dada ao instrumento solista e a forma como ele se mescla com a orquestra.
Tal como em muitos casos Brahms demorou bastante tempo até considerar este concerto pronto. Na verdade começou-o em 1854 quando residia em casa dos Schumann em Dusseldorf tendo sido terminado em 1858. Pelo meio Schumann foi internado num asilo e Brahms ficou em casa de Clara Schumann ajudando-a na educação dos filhos do casal Schumann.
A obra foi estreada a 22 de Janeiro de 1859 em Hannover com o próprio Brahms ao piano. A obra nessa altura foi recebida com frieza. Mas o pior estaria para vir quando apenas cinco dias depois foi tocada em Leipzig sendo aí recebida com assobios, fruto da inovação de que falámos. A obra na verdade demorou a ser entendida e apenas se foi estabelecendo graças a persistência de Brahms.
O concerto está organizado nos habituais três andamentos da forma clássica sendo o primeiro andamento organizado na forma de sonata. Nada mais clássico como decerto agora já sabem.
O primeiro andamento (Maestoso em Ré menor) começa com uma introdução bastante longa para um concerto de piano começando aqui a inovação de "mistura" de que falámos. Este tipo de composição parecia na altura mais apropriado para uma sinfonia do que para um concerto de piano que supostamente existia (agora vou exagerar muito mas é para perceberem a ideia) para exaltar o virtuosismo do pianista. Este concerto não é nada disso. É uma fusão completa entre o piano e a orquestra. Brahms é tido por conservador, justamente em alguns casos mas aqui apesar da inspiração retida de Beethoven neste ponto em particular é especialmente inovador.
Oiçam aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte) Nelson Freire e a Orquestra Sinfónica de Tóquio dirigida por Andrey Boreyko interpretarem este andamento.
O segundo andamento (Adagio - Ré Maior) como já sabem nas estruturas clássicas é um andamento calmo - Adagio - como podem ler em cima. Pessoalmente gosto bastante deste andamento porque me transmite bastante paz mas aceito que possa parecer um pouco longo. Para vos mostrar este andamento vamos escolher um outro pianista. Assim podem ouvir Carlo Maria Giulini e a Filarmónica de Los Angeles dirigida por Vladimir Ashkenazy aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).
O terceiro andamento (Allegro non troppo : Ré Menor / Ré Maior) está escrito na forma de Rondo. Para este andamento escolhi uma performance notável de Horowitz sendo a orquestra dirigida por Bruno Walter. Podem ouvir aqui.
Finalmente para uma sugestão de uma gravação deste concerto podem visitar o blog Desnorte que aqui vos fala em detalhe de uma excelente hipótese. Não se esqueçam a este respeito que os videos que vos mostro no You Tube são uma excelente forma de tomarem conhecimento com as obras (até de verem os artistas de que vos falo executarem obras ao vivo), porém estes vídeos dizia, não têm a qualidade sonora de uma "verdadeira" gravação e acreditem que notam a diferença!
sei que você pouco tem com o que vou falar, mas não custa nada tentar!
ResponderEliminarde antemão digo que sou absolutamente inculto no que tange à música clássica, a despeito de considerá-la por demais linda.
tive oportunidade de assistir um programa do artur da távola que considero na medida pra pessoas como eu, curiosas a respeito do assunto.
e é aí que entra esse meu comentário: você podia explicar de que trata cada música, algumas grandes obras. isso porque axo importante popularizar o máximo possível conhecimento e cultura.
um abraço!
Há também outra interpretação "famosa" deste concerto. É a de Glenn Gould ao piano com Bernstein a dirigir a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque. É "famosa" porque Bernstein sentiu-se na obrigação de antes do concerto dirigir-se ao público para explicar que o que iam ouvir não era a "sua" ideia da obra, mas sim a de Gould. Isto devido à grande alteração de andamentos e dinâmicas que Gould queria fazer (e fez...). Esta interpretação pode ser ouvida AQUI. Não sei se conseguirá ouvir mais do que 30 segundos de cada faixa, porque ainda é o sistema antigo que eu usava para pôr música online. Experimente
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