Tínhamos já falado destas obras mesmo no começo deste blog em Outubro de 2007 e por isso admito que a maioria dos nossos leitores não tenha lido esse post. Recomendo a sua leitura porque embora hoje não o escrevesse assim a ideia da comparação de várias interpretações da mesma peça é engraçada para se entender o papel do interprete e como a mesma obra, com as mesmas notas pode assumir diferentes faces.
Hoje no entanto vamos completar esse post com uma visão mais completa dessa obras que são estruturais no reportório dos solistas de Violoncelo. Estas obras foram provavelmente compostas quando Bach estava em Cothën entre 1717 e 1723 (este período aliás é possivelmente o mais produtivo da sua vida pelo menos do ponto de vista "laico" dado que tanto as sonatas e partitas para violino solo como os concertos de Brandenburgo datam desse período).
Reza a história (ou o mito) que estas partitas eram ignoradas até que Pablo Casals as encontrou e as transformou nas obras indispensáveis que hoje conhecemos. Na verdade há uma teoria diferente que indica que essas obras eram efectivamente utilizadas mas apenas como simples exercícios ... Fosse de uma forma ou de outra uma coisas é certa: Estas peças não eram interpretadas enquanto obras para serem ouvidas em público até essa altura, estávamos então no inicio do século XX. Ainda no que diz respeito à história das seis suites apenas num caso existe um manuscrito por Bach, todos os restantes são da mão da sua esposa Anna Magdalena. Claro que este facto foi suficiente para que alguns musicólogos tivessem emitido a hipótese que seria a sua mulher a autora das obras ao invés de Bach.
As seis partitas são notavelmente homogéneas contrariamente a outras suites da época e do próprio Bach o que nos leva a pensar que o compositor na realidade pretendia que estas constituíssem uma unidade e não peças separadas. Todas possuem seis andamentos sendo que uma parte da estrutura é igual em todos, ou seja o primeiro andamento é sempre um Prelúdio o segundo uma Allemande, o terceiro uma Courante o quarto uma Sarabande e o sexto uma Giga. O quinto difere aos pares mantendo assim uma notável simetria , isto é: na primeira e segunda suite temos um Minueto, na terceira e quarta suites temos uma Bourrée e na quinta e sexta temos uma Gavotte - para quem não saiba estas são todas danças da época obviamente estilizadas, não se pretende que estas obras sejam dançáveis, embora à nossa alma possa precisamente apetecer fazer isso. Claro que o Prelúdio da primeira Suite é o mais conhecido mas garanto-vos que tudo o resto vale a pena ser ouvido !
Bem mas já falamos demais vamos então ouvir estas obras sempre por grandes mestres violoncelistas. Primeiro na Suite nº1 (BWV 1007 em Sol Maior) o Prelúdio por Mirolav Rostropovich. Claro que não podíamos também nesta primeira suite dispensar de ouvir Pau Casals (a segunda parte está aqui) ou ainda Jacqueline du Pré .
Para a Suite nº 2 (BWV 1008 em Ré Menor) escolhemos Yo-Yo Ma , podem ouvir o Prelúdio. Para comparação considerem a interpretação de Daniil Shafran (1923-1997) um grande violoncelista russo nascido em Leninegrado e de origem judaica. Reparem na diferença na interpretação especialmente no vibrato tão mais intenso nesta segunda interpretação. Podem ouvir também o Prelúdio para a comparação ser mais rigorosa. Uma outra interpretação alternativa é a do Violoncelista chinês Jian Wang.
Para a Suite nº 3 (BWV 1009 em Dó Maior) propomos Pierre Fournier - o aristocrata dos Violoncelistas - pela forma absolutamente "elegante" e musicalmente perfeita com que interpretava todas as peças. Temos a sorte de ter esta suite completa por este grande artista: Prelúdio, Allemande, Courante, Sarabande, Bourrée, Giga. Como alternativa podem ouvir por exemplo Misha Maisky um dos alunos de Rostropovich.
Para a Suite nº 4 (BWV 1010 em Mi Bemol Maior) propomos Paul Tortelier numa interpretação da Sarabande.
Para a Suite nº 5 (BWV 1011 em Dó Menor) propomos Misha Maisky que podem ouvir na sua interpretação do Prelúdio, Allemande, Courante, Sarabande, Gavotte e Giga. A título de comparação podem ouvir o seu professor Rostropovich no Prelúdio.
Para a Suite nº 6 (BWV 1012 em Ré Maior) propomos Yo-Yo Ma que podem ouvir aqui no Prelúdio desta Suite.
É magnífico poder assimilar essas informações. Eu sou bailarino e estou coreografando com uma das Suites de Bach e agora estando mais íntimo de sua obra me ajudou muito nos momentos de inspiração. Agora sou grande fã de Johann Sebastian Bach e de suas obras.
ResponderEliminarParabéns pelo blog.
Bruno de Paiva Campos, 17 anos, bailarino.