sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Glenn Gould (1932-1982) - Da infância ao primeiro concerto e gravação

Glenn Gould nasceu em Toronto no Canadá no dia 25 de Setembro de 1932. Desde muito cedo demonstrou grande aptidão para a música conseguindo ler música com três anos, muito antes de saber ler.

Dispunha de ouvido absoluto tendo começado por aprender piano com a sua mãe. A titulo de curiosidade diga-se que o seu trisavô pelo lado da mãe era simplesmente Grieg o famoso compositor Norueguês.

Aos dez anos de idade começou a aprender piano no Real Conservatório em Toronto com Alberto Guerrero excelente professor de origem chilena (professor entre outros de Gerald Moore, pianista acompanhador de muitas das estrelas do canto lírico que já passaram por este blog).

Gould começou a interpretar em público desde os cinco anos de idade de forma esporádica tendo participado em alguns concursos mas os seus pais nunca o fizeram seguir o caminho de criança prodígio.

Em 1945 deu-se o seu primeiro concerto público a sério em que tocou Orgão tendo no ano seguinte tocado pela primeira vez com uma Orquestra, a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Toronto interpretando o Quarto Concerto para Piano de Beethoven .

Em 1947 deu-se o seu primeiro recital a solo com um programa bastante curioso que incluía Scarlatti, Beethoven Chopin e Liszt. Curioso porque como veremos Gould viria mais tarde a eliminar completamente do seu reportório as peças de Chopin e de Liszt que consideraria "Exibições vazias de sentimento e propósito".



Em 1952 estreia-se na televisão Canadiana sendo o primeiro pianista a ser transmitido ao vivo pela televisão desse país. Três anos mais tarde faz o seu primeiro recital nos Estados Unidos. E em boa hora o fez porque esse programa era de tal forma pouco ortodoxo que suscitou a curiosidade da Columbia Records. No dia seguinte assinava um contracto com esta editora de que viria a resultar a sua primeira gravação e uma interpretação verdadeiramente tão notável quanto controversa: As Variações Goldberg (1955).

Note-se que essa escolha só por si é verdadeiramente notável. Este conjunto de peças não faziam parte do reportório tradicional do piano. Para um pianista que faz a sua primeira gravação não deixa de ser um começo que marca o tom de máxima originalidade e total ausência de compromissos, tudo em favor da sua visão da música e da arte.

Gould não só gravou as variações de forma nunca antes vista - mais tarde ele próprio viria a criticar algumas das opções que então tomou e a regravar estas variações, uma das poucas gravações repetidas que efectuou - mas também escreveu as notas que figuram nesse disco que faz parte da história da música ocidental, queira-se ou não. Oiça aqui a gravação mais recente de Glenn Gould intrepretando esta obra.

Vou deixar-vos aqui com as notas do Gould para o programa de um concerto em Montreal em 1955 em que Gould escreveu precisamente sobre estas variações:

"Trata-se resumindo de música sem fim ou principio, musica sem um climax real e sem resolução, música em que no entanto existe inteligência que denominamos "Ego". Tem então unidade através da percepção intuitiva, unidade nascida do artesão e do detalhe, adocicada pela maestria e que se revela aqui, como é raro na arte, na visão da concepção exaltante do subsconsciente"

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