sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Mensagem de Ano Novo

Depois do nosso post de ontem a noite o post de hoje só poderia incluir algumas sugestões para ouvirem música ao vivo neste próximo fim de semana. Para além destas sugestões fica o voto de um excelente 2011 com muita música. Antes das recomendações que vou tentar que incluam o país inteiro quero deixar-vos com uma citação de Leonard Bernstein ...

This will be our response to violence: to make music more intensely, more beautifully and more devotedly than ever before.
Esta será a nossa resposta à violência: Fazer música mais intensamente, com mais beleza e com mais devoção que anteriormente. 


Para começar e para quem tenha a Mezzo claro que podem iniciar os festejos com o Concerto de Ano Novo da Filarmónica de Berlim. Hoje pelas 17:00 com um programa francês (curioso - Berlioz, Saint Saens, ) e com a direcção de orquestra de Dudamel - definitivamente a não perder. Ainda na televisão e para quem goste da música vienense de Strauss o habitual concerto de Ano Novo é este ano transmitido na RTP1 às 14:15 do dia 1.

No que diz respeito a música ao vivo aqui ficam algumas recomendações que cobrem o país de sul a norte
e também as regiões autónoma dos Açores e da Madeira.

Começando pelo Sul do país mais precisamente no Algarve teremos o "Concerto de Ano Novo" com a Orquestra do Algarve dirigida por Osvaldo Ferreira no Casino de Vilamoura no dia 1 de Janeiro pelas 17:30. Será solista a soprano Ana Paula Russo que interpretará árias de Mozart, Bach e Lehár. Serão também interpretados temas de Strauss, Brahms e John Barry. Este concerto repete no dia seguinte pelas 16:00 no Auditório Municipal de Lagoa. Podem ver o programa completo no Site da Orquestra.

Em Lisboa no CCB teremos a Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida por Cesário Costa no dia 1 de Janeiro Sábado. O programa é composto por obras de Johann Strauss (Valsas e Polkas).

Na invicta cidade do Porto teremos um concerto intitulado "Ano Novo, Novo Mundo" com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música dirigida por Edwin Outwater. será no domingo dia 2 de Janeiro às 18h num programa em que serão solistas a meio-soprano Nora Sourouzian e o barítono Jason Howard num programa variado e ligeiro próprio de um dia de ano novo. Salientamos porque dele falamos ontem uma obra de John Philip Sousa a "Liberty Bell March".

Um pouco mais a Norte teremos o Mezza Voce Ensemble na Igreja de São Mamede de Ribatua em Alijó no dia 2 de Janeiro pelas 16h. O Concerto está integrado no ciclo "Temporada de Música Antiga no Douro".

O Coral Magistrói de Carapeços dará no Auditório da Câmara Municipal de Barcelos um concerto de Ano Novo às 17h do Domingo 2 de Janeiro.

Em Vila Real no seu teatro teremos o "Concerto de Ano Novo" pela Orquestra Filarmónica Mediterrânea no Sábado às 17h integrado no Festival de Ano Novo 2011 num programa que inclui sobretudo Strauss mas também por Puccini, Bizet e Verdi.

Na Madeira teremos hoje às 21h a Orquestra de Bandolins da Madeira dirigida por Eurico Martins na Igreja Inglesa.

Para os Açores infelizmente apenas conseguimos encontrar uma recomendação para o dia 5 mas vale a pena a espera já que nesse dia poderão ouvir Diana Vieira num recital de Piano no Teatro Micaelense - Centro Cultural e de Congressos. Será às 21:30 e no programa teremos obras de F. Martin, Copland, Schubert e Balakirev.

Boa música e bom ano de 2011 para todos. Até lá muito juízo ou bastante falta dele conforme vos aprouver.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Listen to This - Capitulo 3 : Infernal Machines : How Recording changed Music

Este capitulo apesar de curto promete, acredito gerar alguma polémica ou pelo menos alguma discussão entre os leitores deste blog. Digo-vos desde já que é um tema com que me identifico bastante o que está expresso regularmente na expressão "ao vivo é outra coisa" que adoptei de outras instâncias e também no subtítulo deste blog, mas lá iremos ...

Os outros capítulos deste livro já analisados:
Capitulo 2
Capitulo 1

Aproveito também para vos lembrar que já tínhamos falado deste tema quando abordamos o pianista e compositor Canadiano Glenn Gould que considerava a gravação a verdadeira forma de transmitir música. No link que aqui coloquei traduzi uma entrevista que deu à High Fidelity e em que aborda este assunto (a entrevista é muito sui-generis dado que Glenn Gould é simultâneamente o entrevistador e o entrevistado).

Tenho noção que para os dias de hoje - de consumo imediato - este post será porventura longo demais, mas lá está eu acredito no poder da palavra e acreditem que vale a pena ler até ao fim ...

O capítulo começa com uma citação de Philip Sousa (1854 - 1932) que dizia a propósito dos gira-discos (não sei na altura seriam exactamente chamados assim ou sequer se era esse o formato prevalecente já que  existiam também os rolos de Edison) "Estas máquinas falantes vão arruinar o desenvolvimento artístico da música neste país. Quando era rapaz ouvia grupos de pessoas à frente de suas casas cantando as canções do dia ou canções antigas. Hoje ouvimos estas máquinas infernais noite e dia. Em breve não teremos uma única corda vocal. Há-de chegar um dia em que ninguém estará disposto a aceitar a nobre disciplina de aprender música. Todos teremos a música já feita nos nossos armários. Algo é irremediavelmente perdido quando não estamos na presença de pessoas fazendo música. O canto do rouxinol é delicioso porque é o próprio rouxinol a fazê-lo".

Sei que parece um tanto reaccionário mas como diz Alex Ross no seu livro antes de enviarmos este senhor para o esquecimento no que diz respeito a esta opinião (saberíamos sempre separar a sua obra enquanto compositor :-)) é bom reflectir um pouco sobre as profundas mudanças que a música sofreu em menos de um século.

Como diz Alex Ross uma coisa é facto - a música é hoje algo que raramente somos nós a fazer ou mesmo que ouvimos ao vivo alguém a fazer. Outra coisa também é um facto é que desde Sousa tem havido o clã dos adeptos da catástrofe e o clã dos adeptos da gravação enquanto libertadora tanto em termos conceptuais como em termos da democratização do acesso. Para que fique claro estou a escrever isto a ouvir o presente de anos que o meu filho me ofereceu ... um conjunto de 3 DVD com as integrais de Beethoven por Karajan e a sua filarmónica de Berlim. Para que fique claro sem gravação não vos poderia ter mostrado neste blogue tantas e tantas gravações históricas e sem dúvida que esse é uma oportunidade e um valor inestimável. Não teria idade nem ocasião de ver Karajan ao vivo mas posso agora fazê-lo. Mediado por uma gravação é certo mas posso. E posso também ouvir Casals, Jaqueline du Pré e lamentar que Suggia tenha gravado tão pouco.

Mas como propõe Alex Ross vejamos pelo trabalho dos teóricos que têm acompanhado as modificações sofridas pela música quais são as alterações que a gravação veio introduzir para além da democratização já referida. Em primeiro lugar as gravações em estúdio permitem correcções que hoje vão até á correcção das notas desafinadas criando assim uma realidade virtual de perfeição. Este efeito de virtualização foi ainda amplificado pela digitalização do processo que torna estas correcções/alterações praticamente ilimitadas nas suas possibilidades. Contrariamente ao que pensamos esta tecnologia pode ser e é utilizada nas gravações de música clássica que são tudo menos "reproduções fieis de uma realidade". São isso sim criações artificiais de uma realidade perfeita. Isto é de certa forma pernicioso se não nos apercebermos dessa diferença por quanto  são essas gravações que servem de referência para as comparações que efectuamos: Há literalmente pessoas que hoje em dia não conseguem ir a uma sala de concerto porque nunca vão encontrar aquele som perfeito que ouviram na sua sala de estar. Alex Ross vai mais longe dizendo que o nosso comportamento na sala de espectáculo é modelado pelo que acontece na sala de estar. Que o silêncio entre andamentos se impôs com mais facilidade porque é isso que acontece ao ouvirmos uma gravação em que claramente não aplaudimos nem exteriorizamos o nosso prazer (ou desprazer).

Alex Ross faz então o paralelo com o principio da incerteza de Heisenberg (um principio que diz que é impossível observar determinados eventos físicos sem os alterar) para nos dizer que não só a gravação alterou a forma como ouvimos como também alterou a forma como os interpretes fazem música. Essa alteração foi essencialmente no sentido da uniformização não só por imitação dos modelos considerados superiores mas também e sobretudo porque os próprios músicos ao ouvirem-se gravados passaram a detectar falhas (ou maneirismos ou outros "defeitos" de interpretação) e procuravam corrigi-los. Por outras palavras a gravação veio introduzir de forma muito mais ditatorial uma "forma" correcta e o culto do tecnicamente perfeito mesmo que no prejuízo da espontaneidade e da paixão.

Neste ponto deixo momentaneamente o livro de Alex Ross para falar então um pouco da relação deste tema com o nosso "ao vivo é outra coisa" e com o subtítulo deste blog "a única música que precisa de embalagem é a música de plástico" até porque curiosamente as duas ultimas páginas do capitulo do livro abordam precisamente este assunto embora numa ordem diferente, num ângulo ligeiramente diferente e certamente com mais qualidade mas enfim alguma coisa tem que ficar para quando comprarem o livro do Alex Ross :-)

Quando vos digo que "ao vivo é outra coisa" é porque efectivamente é outra coisa. A expectativa do inicio da música (não há botão de play numa sala de concertos), as vozes de outros seres humanos, a respiração dos artistas - se estivermos suficientemente perto - as suas expressões únicas, as suas falhas, a forma única como tocaram naquela ocasião, o comportamento da audiência nada disto passa numa gravação. E convenha-se que contrariamente a outros tipos de música que nasceram já na época da gravação e que foram concebidos essencialmente para ela a "música clássica" foi feita para ser ouvida ao vivo. Significa então que não há espaço para as gravações? Que devemos já correr e deitar fora todos os dvds e cds e LPs que tenhamos? Não claro que não. As gravações permanecem um óptimo meio para democratizar o acesso e para registar para a posteridade o que de outra forma se perderia. Aliás essa é a diferença fundamental entre o evento ao vivo. É que a gravação exige, é feita "para sempre". A música ao vivo é a música daquele instante. Alex Ross termina o seu capítulo com a história de uma gravação da Filarmónica de Viena no dia 16 de Janeiro de 1938  dirigida então por Bruno Walter e interpretando a Nona Sinfonia de Mahler. Este foi o ultimo concerto antes dos Nazis esmagarem a Áustria. Alex Ross conta que na assistência nesse dia estava Hans Fantel (critico do New York Times) com o seu pai longe de imaginar que essa seria a ultima vez que ouviria a Filarmónica em companhia do seu pai que haveria de desaparecer enquanto "inimigo do reich" diz Hans Fattel ao ouvir esta gravação recentemente tornada pública "Tive oportunidade de reconhecer e apreciar a aura diferente desse Domingo. Pude sentir a sua intensidade não pré-fabricada um turbilhão emocional muito diferente de muitas outras gravações da Nona de Mahler que tenho ouvido desde então". Obviamente no mundo de hoje ouvir esta gravação é tão fácil quanto ir ao site da Naxos e ... ouvir ... Sim é pago mas vale os Euros se estivermos interessados no documento histórico ou em experimentar a emoção da gravação agora que conhecemos o seu contexto. De certa forma esta liberdade de se procurar e de encontrar abre o espaço ao segundo ponto.

Quanto à "música de plástico que precisa de embalagem" a questão é que na verdade a música já existia sempre existiu, muito antes de uma "industria" a ter formato em pacotes e embalagens. Estes pacotes e embalagens serviram o seu fim, tiveram e têm um papel mas esse papel possivelmente acabou ou sendo menos dramático reduziu-se. A própria tecnologia de gravação que os criou acabou por criar também o instrumento para a sua renovação. Acredito que com as formas de acesso que  hoje temos à música vamos incentivar de novo a criatividade, não mais terão artistas de "inventar" músicas para perfazer a duração de um LP ou de um CD e nós enquanto consumidores também poderemos comodamente ouvir mais, ouvir antes de comprar, comparar, receber recomendações e sobretudo estar muito mais abertos a vários tipos de música a que de outras forma dificilmente teríamos acesso porque escondidos atrás das super-produções que recebiam o peso promocional da referida industria. É a liberdade de escolha sem embalagem. Acredito que neste universo mais livre a música clássica irá encontrar o seu lugar entre as outras formas sem torres de marfim, sem complexos de superioridade mas sobretudo sem ser uma "música do passado" mas antes uma música do presente ...

Dois livros citados por Alex Ross neste capitulo e que penso merecem a vossa atenção futura. Um bastante recente: Performing Music in the Age of Recording de Robert Philip e o histórico (porque inevitavelmente citado e o fundamento para bastantes reflexões posteriores: The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction (Penguin Great Ideas) de Walter Benjamin.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Fernando Lopes Graça (1906 - 1994)

Um país que conte num século com músicos da qualidade de Vianna da Motta, Luís de Freitas Branco, Joly Braga Santos e Fernando Lopes Graça entre outros só poderia estar feliz e considerar-se certamente um dos marcos culturais da Europa. Aparentemente poucos entre nós se apercebem da dimensão destes vultos.

Fernando Lopes graça nasceu em Tomar a 17 de Dezembro de 1906 onde iniciou os seus estudos de piano. Ingressa depois no Conservatório Nacional onde viria a ser aluno de Vianna da Motta (piano) e o Padre Tomás Borba (outro dos grandes vultos musicais portugueses do século XX e praticamente desconhecido a não ser de uma minoria) e Luís de Freitas Branco (composição e Ciências Musicais). Viria a terminar o curso do Conservatório em 1931 com a classificação máxima tendo obtido em 1934 uma bolsa de estudo para estudar em Paris com Charles Koechlin.

Porém tal como tinha sido anteriormente proibido de exercer no conservatório Nacional por razões politicas exactamente pelas mesmas razões vê-se impedido de aproveitar essa bolsa deslocando-se no entanto para Paris (1937) a custas próprias para estudar com o referido professor.  Volta a Portugal em 1940 sendo então convidado por Tomás Borba para leccionar na Academia de Amadores de Música lugar que guardaria até 1954 altura em que a ditadura lhe retira a licença para leccionar sendo portanto privado de meios de subsistência.

Inspirando-se em Bela Bartok de que era confesso admirador inicia também nessa altura  (1940) com Michel Giacometti (há algumas biografias que indicam que este trabalho se iniciou em 1961 - não sei como dirimir entre as duas versões) uma recolha da música popular portuguesa trabalho absolutamente notável e que irá infelizmente em conjunção com um outro facto que relataremos de seguida diminuir a visibilidade da sua obra enquanto compositor. Porém contrariamente a Bartok Lopes Graça muito mais raramente incorporou nas suas obras sinfónicas elementos estilizados desse folclore (a influência existe mas a construção é diferente). Excepção deve-se fazer claro às harmonizações de canções populares que escreveu para vários coros (e outras obras para piano solo como por exemplo As Glosas)

Este ultimo facto leva-nos directamente à segunda razão pela qual muitas vezes se reduz Lopes Graça a um compositor "de intervenção" que sem dúvida foi mas que na minha opinião (e de muitos outros certamente mais relevantes como por exemplo o Maestro António Vitorino d´Almeida)  está longe de ser a parte mais relevante da sua obra. É certo que Acordai por exemplo é um marco relevante mas o que dizer então do concerto para Violoncelo obligatto (1969).  Na verdade se antes da revolução de 25 de Abril de 1974 se procurava ignorar a obra do compositor por razões politicas depois dessa data a faceta de resistente acabou por diminuir o crédito ao compositor de obras que não possuíam essa faceta.

É que para além do já referido concerto existem uma boa dezena de outras obras absolutamente notáveis. Dessas obras podemos salientar o conjunto de seis sonatas para piano (1931-1984recentemente interpretadas por António Rosado e editadas pela Numérica em colaboração com a câmara Municipal de Matosinhos pela ocasião do aniversário do falecimento do compositor (Ref.: NUM 1124 [Cd Duplo]) ou ainda no que diz respeito a obras para piano "In Memorian Bela Bartok" também interpretadas por António Rosado recentemente e igualmente registadas pela Numérica (Ref.: NUM_1145).

A titulo de curiosidade note-se que esta predilecção por Bartok lhe valeu (para além do óbvio mérito artístico que tinha) a honra de ser convidado pelo governo húngaro para participar no 100º aniversário do nascimento de Bela Bartok (1981). Ainda neste registo António Vitorino d´Almeida faz-nos notar que na sua obra "Requiem pelas vitimas do Fascismo em Portugal" Fernando Lopes Graça começa a obra com exactamente as mesmas notas com que o compositor Húngaro inicia uma das suas obras primas: A Música para Cordas, Percussão e Celesta . António Vitorino d´Almeida não acredita que seja uma coincidência ...

Continuando o registo de obras notáveis (e havíamos prometido uma dezena fácil) claramente não podemos esquecer o Quarteto para Cordas nº 1 com o qual vence o prémio Rainier III do Mónaco de composição que também não consegui localizar (ainda).

Canto de Amor e de Morte, Sinfonia Per Orquestra, Quatorze anotações para quarteto de cordas, sete Lembranças para Vieira da Silva seriam outras obras que recomendamos (entre outras) para quem deseje conhecer melhor o génio deste compositor português.

Não esquecendo claro está toda a sua vasta produção para crianças desde o Álbum do Jovem Pianista até às canções de embalar.

Recomenda-se para quem deseje saber mais sobre a obra do compositor uma visita ao Museu da Música Portuguesa onde se encontra todo o espólio do compositor. No próprio site também se encontram fotografias e documentos online bastante interessantes como por exemplo alguns recortes de imprensa recolhidos pelo próprio Fernando Lopes Graça sobre as várias estreias das suas obras e outras actividades. entre estes documentos escolhemos um artigo de João de Freitas Branco escrito a propósito de uma conferência que Lopes Graça proferiu na "sua" Academia dos Amadores de Música.

Dizia Lopes Graça acerca da música: "«Que hei-de dizer-lhes acerca da Música, que os interesse e que esteja ao meu alcance?» pergunta Lopes-Graça nos anos trinta. A resposta será o seu caminhar resistente reflectido nestas palavras: « Poderia dizer-lhes enfim, como além de uma Arte a considero uma Religião, a minha única religião (...) e como visiono uma única Religião do Futuro, a única Religião de uma Humanidade Livre, Justa e Sábia». - citado de Vidas Lusófonas - Lopes Graça.

Fernando Lopes Graça faleceu na Parede (perto de Lisboa) a 27 de Novembro de 1994.

Outras obras consultadas:

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Listen to This - Capitulo 2 : Chaconna, Lamento, Walking Blues - Bass Lines of Music History

Como vos tínhamos prometido vamos fazer uma análise alargada deste livro capitulo por capitulo. Podem ler aqui a sinopse do Primeiro Capitulo.

Neste segundo capítulo o autor começa por nos falar da Chaconne uma dança tida por ser obra do diabo tal a reacção que provocaria nas pessoas - a libertação e desinibição que provocariam (ou provocam). Os leitores mais atentos estarão a pensar: Estamos a falar da mesma Chaconne que conheço da partita de Bach? Sim estamos só que Bach desenvolveu a estrutura dessa Dança ao ponto de a tornar simplesmente outra coisa ... Perfeita mas outra coisa. A Chaconne do Diabo, a original essa está mais próxima do que poderão ouvir com Jordi Savall por exemplo.

Fala então Alex Ross do significado intrínseco da música quando aborda uma outra forma musical que percorre toda a evolução humana desde a Renascença: O baixo continuo ou ostinato em particular a sua forma Basso Lamento. Se a Chaconne evoluiu ao longo do tempo na interpretação do seu carácter emocional o Basso Lamento é exactamente o oposto. Essa sequência de notas descendentes num intervalo de quarta podem ser encontradas em toda a música clássica e música popular (desde a renascença aos nossos dias) significando exactamente a mesma coisa: Lamento e Dor.

Diz o autor que, citando Peter Kivy no seu livro Sound Sentiment , pode muito bem ser que esta forma represente (imite) a forma humana do choro. Por outras palavras o significado em música pode resultar da envolvente (da imitação) ou da convenção. No primeiro caso seriam universais no segundo dependeriam de um particular contexto cultural.

Alex Ross descreve então a importância que o Basso Lamento teve no inicio da popularidade da ópera como forma de enfatizar o significado das palavras forma que podemos encontrar ainda hoje no Rock dos Led Zepplin passando pela  Nona de Beethoven (a expressão "não esses tons não" com que se inicia o hino da alegria) referem-se precisamente a essa sequência de notas ou pelos blues.

Um capitulo interessante que debate se a música tem um significado por si ou se antes pelo contrário é fundamentalmente abstracta sendo culturais todas as associações que fazemos quanto às emoções que ela pretende transmitir.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Joly Braga Santos (1924 - 1988)

Joly Braga Santos nasceu em Lisboa  a 14 de Maio de 1924 tendo começado por estudar violino com apenas 6 anos e composição a partir dos 10. Foi aluno de Luis de Freitas Branco e professor do Maestro António Vitorino d´Almeida. Estudou também fora de Portugal tanto composição com Virgilio Mortari como direcção de Orquestra com Herman Scherchen e Antonino Votto. Na sua formação enquanto maestro não é de excluir também a enorme contribuição de Pedro de Freitas Branco (irmão de Luís de Freitas Branco e igualmente um dos grandes músicos portugueses do século XX).

De todas as biografias que consegui encontrar na net o que é público da sua vida não musical é escasso. Se houver quem me possa indicar alguma fonte de informação adicional ficaria grato. Sabemos que teve uma filha Maria da Piedade a quem dedicou a sua Sexta e ultima sinfonia (conhecemos o livro 10 Compositores Portugueses da Quixote que esperamos nos permita completar um pouco mais esta parte).

Musicalmente Joly Braga Santos foi juntamente com Luis de Freitas Branco o grande sinfonista português. Penso mesmo que terá nesse capítulo superado o seu mestre. Penso mesmo que não seria de um patriotismo exagerado considerar Joly Braga Santos um dos grandes expoentes musicais mundiais do século XX mesmo considerando que neste século temos outros génios como Stravinsky ou Schostakovich. Sustento que Joly Braga Santos se lhes pode comparar na qualidade e genialidade. Ter sido votado pela UNESCO um dos 10 compositores mais significativos da sua época é sinal que esse reconhecimento é mundial.

Joly Braga Santos sempre se caracterizou por um gosto apurado da forma não desdenhando a monumentalidade. Pensava ainda que a música deveria ser feita para agradar (mas sem cair na banalidade fácil). Embora com o tempo e com o contacto com outras escolas europeias o seu estilo e forma de compor se tenha modificado e refinado o compositor nunca perdeu essas características que no que me diz respeito me fazem apreciar a sua música.

Embora tenha composto inúmeras outras obras é sem dúvida na forma sinfónica que pensamos melhor se exprime o seu enorme talento.

A Primeira Sinfonia foi composta em 1947 logo após a segunda guerra mundial e dedicada precisamente "Aos Herois e Martires da Ultima Guerra Mundial". Infelizmente não consigo encontrar no You Tube extractos desta sinfonia. Esta primeira sinfonia em Ré tem três andamentos num formato mais típico dos concertos do que das sinfonias (andamento rápido-lento-rápido).

A Segunda Sinfonia em Si menor foi composta no ano subsequente 1948 sendo esta já em quatro andamentos. Propomos aqui o terceiro dirigido por Alvaro Cassuto na gravação integral das sinfonias de Joly Braga Santos efectuada para a Naxos. Esta é a única das suas sinfonias de que não conhecemos a dedicatória.

A terceira Sinfonia foi composta em 1949 sendo dedicada a Luís de Freitas Branco. Esta sinfonia em dó maior é no entanto marcada por uma maioria de temas introspectivos e relativamente calmos. Propomos que oiçam o inicio do primeiro dos quatro andamentos que compõem a sinfonia, sempre na direcção de Alvaro Cassuto agora com a Orquestra Sinfónica Portuguesa.

A quarta Sinfonia dedicada à Juventude Musical Portuguesa foi a primeira a incorporar coro e ultima do primeiro ciclo dado que após ter composto esta sinfonia Joly Braga Santos fez uma espécie de interregno sabático. Composta em 1950 e estreada em 1951 tem um final que de certa forma (talvez pelo coro) lembra a nona de Beethoven. Oiçam aqui o final da sinfonia dirigida por Alvaro Pereira.

A quinta sinfonia foi composta apenas em 1966 sendo intitulada "Virtus Lusitanae" . Propomos aqui o quarto e ultimo andamento numa interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por Alvaro Cassuto.

A sexta Sinfonia foi composta em 1972 e é dedicada á sua filha Maria da Piedade como já referimos. Trata-se de uma sinfonia em seis andamentos de que vos propomos um extracto aqui.

Depois de ouvirem apenas estas seis sinfonias certamente concordarão comigo quanto ao génio de Joly Braga Santos ao nível dos grandes compositores do século XX.

Joly Braga Santos faleceu em Lisboa a 18 de Julho de 1988

sábado, 25 de dezembro de 2010

O estado e a arte

Quero dizer-vos que este post num dia de Natal é eventualmente estranho mas hoje parece-me um bom dia para partilhar convosco uma dúvida que me assaltou nestes últimos tempos em grande parte depois deste post e dos comentários do João Paulo Magalhães que desde já agradeço pelo enriquecimento que proporcionaram a este blog e a todos nós.

Confesso que à partida a minha opinião sobre este tema era que o estado tinha um papel a desempenhar no apoio das artes e dos artistas subvencionando produções, instituições e artistas individuais para que estes pudessem apresentar ao público as suas criações. Pensava desta forma não obstante considerar de igual forma que esta lógica tinha ao longo do tempo criado uma arte excessivamente intelectualizada e conceptualizada ao alcance apenas de meia-dúzia de especialistas e que pouco tinha a ver com a sensibilidade do público mesmo considerando a parte do mesmo que se interessa por arte.

Tinha portanto uma opinião semelhante à da Gi que considera dever existir um justo equilíbrio. O João por seu lado pensa que tudo deve ser deixado ao mercado incluindo neste o mecenato privado porque, argumenta, neste caso há um julgamento de gosto individual baseado no mérito ou pelo menos fundamentado na absoluta e total voluntariedade do acto ao invés da subsidiação pública.

Para começar esta reflexão pelo seu inicio teria que conseguir responder a uma outra pergunta para a qual também não tenho uma resposta que me satisfaça completamente: Para que é a arte necessária, se é que é necessária ... Se entendermos por necessária o que nos mantém organicamente vivos então efectivamente a arte é algo que pode ser perfeitamente dispensado. Porém creio que o ser humano se distingue precisamente pela sua capacidade em pensar, em reflectir na sua necessidade de se exprimir. Neste segundo sentido mais lato a arte é fundamental.

Partindo deste ponto ou seja assumindo que a arte é uma forma de expressão da nossa necessidade de expressão (que pode ser de coisas tão tangíveis como a revolta contra a opressão ou tão intangíveis como a fé ou o amor) será que é necessário que o estado assegure este direito?  E se for necessário que o assegure como o deverá fazer? Pelo que vos mostrei da nossa constituição a resposta à primeira pergunta é sim: Constitucionalmente o estado tem o dever de nos garantir o acesso e os meios de expressão.

Continuando a admitir como correcta a anterior dedução: O estado tem o dever de nos assegurar o direito de acesso à cultura ou arte a questão que se coloca de seguida é como o deverá fazer. Neste momento em Portugal e na maioria das democracias europeias fá-lo de forma mais ou menos centralizada pelo lado da oferta subsidiando produções artísticas segundo critérios de qualidade avaliados por júris. Este processo assegura que existe produção e logo oferta artística a preços acessíveis a todos os que desejem usufruir dessa forma de expressão.

Será que esta forma funciona? Será que é a melhor forma de garantir que a necessidade que estabelecemos é satisfeita? É indiscutível que esta forma garante que existe produção artística. É também indiscutível que a garante para formas de arte que teriam no panorama actual muita dificuldade em subsistir doutra forma. O João Paulo pensa que é precisamente esse o problema. Dessa forma desconecta-se da realidade e ao invés de criar liberdade cria a necessidade de satisfazer júris e burocratas tornando-se dessa forma maniqueísta e propositadamente complexa (ou aparentemente complexa), formal e destituída precisamente da capacidade de exprimir e de ser entendida. Substituímos assim a subserviência dos artistas ao poder religioso dos períodos da renascença e barroco ao poder dos burocratas e dos "juris dos seus pares" ...

Invertendo a lógica actual existiria outra solução? Sim existe. Não é óbvia nem é claro que seja a melhor mas valha a verdade talvez valesse a pena pensar nela - pelo menos tem o mérito de ser bem mais democrática e sobretudo de assegurar a sua relação com as pessoas. Bom a outra forma seria obviamente investir na procura. Como ? Simples: Apostando na formação e na educação artística nas escolas neste momento considerada quase como um apêndice e proporcionando incentivos fiscais ao mecenato individual a pequena escala. Haveria assim mais público, público mais conhecedor, mais artistas e uma liberdade total na produção  - desde que houvesse público ... Mas existindo formação e educação de qualidade não seria isso quase que garantido para as formas de expressão com qualidade ?

Sinceramente não sei. Como disse num comentário ao João estou com muitas dúvidas e contrariamente a quem sabemos tenho muitas e engano-me bastante. Assim aqui fica para debate e reflexão o estado actual das mesmas.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mensagem de Natal 2010

Diz-se muitas vezes que “O Natal é sempre que um homem quiser” ao ponto de se ter tornado kitsch dizê-lo, quase ridículo mesmo – pensamos por vezes. Talvez porque as palavras de tantas vezes repetidas parecem perder o seu verdadeiro poder ou mesmo significado. Porque na verdade haveria poucas palavras tão poderosas e tão certas como as anteriores. Se necessário fosse uma prova desse poder poderia contar-vos a história que Ernest Heminghay por volta de 1920 escreveu, num desafio, numa aposta entre amigos : a mais curta história de sempre com apenas seis palavras*.

Por outras palavras a força das mesmas está tanto na alegria e sinceridade com que as escrevemos como também no espírito aberto e na atenção que lhes concedemos ao lê-las para que sejam sempre novas. É assim acreditem com muita sinceridade que vos deixo os votos de Um Santo Natal junto dos que vos são próximos e um 2011 cheio de fronteiras vencidas. Todas as fronteiras que vos ditar a vossa vontade. Nas palavras de Miguel Torga:

Ter um destino é não caber
no Berço onde o corpo nasceu
É transpor as fronteiras uma a uma
e morrer sem nenhuma

Deixo-vos como prometido com música desta vez do compositor franco-suíço Honneger. Falamos ontem do Rei David a obra que o projectou para o sucesso. A obra com que hoje vos deixamos, a Cantata de Natal (1953) é por oposição uma obra do fim da sua vida quando o compositor já se encontrava com uma saúde bastante debilitada e sem dúvida o seu ultimo grande sucesso ao ponto de ser possivelmente uma das suas obras mais vezes interpretadas nos nossos dias (juntamente com o Rei David). Fiquem assim com o final desta magnifica obra:

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Le Roi David - Honegger

(Por razões pessoais este post foi escrito no dia 5 de dezembro mas só agora o estou a publicar). Assim os ontem referem-se obviamente ao dia 4 de Dezembro.

Confesso que neste momento tenho dois posts em rascunho que me estão a dar muito trabalho e que tenho muita vontade de vos mostrar mas que simplesmente ainda não estão prontos ... Um é sobre o segundo capitulo do Livro de Alex Ross e o outro sobre Joly Braga Santos - post este que faz parte da sequência que estou a fazer sobre compositores portugueses do fim do século XIX e do século XX. Ontem depois de ouvir o Maestro António Vitorino d´Almeida falar de Joly Braga Santos (de que foi aluno) fiquei ainda com mais vontade de acabar esse post. Veremos quando terei ocasião de o terminar.

Por agora queria falar-vos ainda que de forma bastante sucinta de Honegger e da sua obra "Le Roi David" que fui ver ontem ao grande auditório da Escola Superior de Música. Honegger foi um músico franco-suíço nascido na cidade de Le Havre em 1892 de pais suíços. Honegger viveu uma parte substancial da sua vida em Paris fazendo parte do "grupo dos seis", um grupo um pouco à imagem dos "cinco" russos e que foi responsável pela criação nesse inicio de século XX de uma linguagem musical francesa. Bem pelo menos foi responsável pela semente dado que o grupo manteve-se coeso relativamente pouco tempo.

Honegger após uma breve ligação com a soprano Claire Croiza foi casado durante o restante da sua vida com a pianista Andrée Vaurabourg. Curiosamente e porque Honegger necessitava de completa solidão para compor raramente viveram juntos. A obra de que vos falo aqui foi composta em 1921 sendo uma encomenda para um espectáculo de René Morax (director de um teatro Suiço). Honneger revê a obra posteriormente para a adaptar à forma de oratório com um recitador sendo esta a forma em que é hoje interpretada. Enquanto compositor Honneger sempre se revelou pelo seu grande sentido da estrutura. Foi esta obra que projectou em grande parte o compositor Suiço mas nascido em França (Le Havre) e tendo vivido uma larga parte da sua vida em Paris cidade onde nasceu e que amava mais do que qualquer outra.

Esta obra inicialmente composta como música incidental da referida peça de teatro e composta em apenas algumas semanas depois revista e orquestrada para Orquestra como referimos divide-se em três partes e 27 cânticos. Proponho que oiçam aqui uma parte desta obra pela Orquestra da Suiça Romande e coro da Igreja Nacional Vaudoise.

Fica prometido para mais tarde uma biografia completa do compositor tanto mais que amanhã no nosso post de Natal também teremos uma obra de Honneger.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Bilhetes ainda sem comentários ...

Então estais distraídos ? Oferecem-se bilhetes e não há sequer um único participante? O programa não é assim tão mau :-) ... Brinco claro, o programa é excelente ! Só restam umas horas ... Leiam isto e participem !

Barenboim - Na defesa da cultura em Itália

Retirado do Guardian:

Barenboim was made principal guest conductor of La Scala four years ago, with the title of maestro scaligero. Before raising his baton at the start of Richard Wagner's Die Walküre (The Valkyrie), the Israeli conductor turned to Italy's president, Giorgio Napolitano, who was in the audience, and said: "For that title, and also in the names of the colleagues who play, sing, dance and work, not only here but in all theatres, I am here to tell you we are deeply worried for the future of culture in the country and in Europe."


He then read out the ninth article of the Italian constitution, which says that the republic promotes "the development of culture and scientific and technical research". The same article also promises that governments will safeguard the country's "historical and artistic heritage". The audience broke into applause, with Napolitano joining in.

Em Itália a cultura é considerada como algo que vale a pena defender e o presidente não se esquiva em manifestações dúbias, aplaude. No exterior imagine-se houve distúrbios por causa destes anunciados cortes ... Não que defenda a violência, que não defendo, nem acho que seja solução para absolutamente nada mas tenho de confessar que não deixo de ter um certo prazer em perceber a emoção que uma decisão deste género provoca.

Quanto a Barenboim e ao que ele diz citando a constituição portuguesa que bem que nos faria alguém que tivesse a estatura para se levantar desta forma. A propósito a nossa constituição no Artigo 73 também diz que:

3. O Estado promove a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural, em colaboração com os órgãos de comunicação social, as associações e fundações de fins culturais, as colectividades de cultura e recreio, as associações de defesa do património cultural, as organizações de moradores e outros agentes culturais.

e depois no artigo 75:

1. Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.

2. Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais:

a) Incentivar e assegurar o acesso de todos os cidadãos aos meios e instrumentos de acção cultural, bem como corrigir as assimetrias existentes no país em tal domínio;
b) Apoiar as iniciativas que estimulem a criação individual e colectiva, nas suas múltiplas formas e expressões, e uma maior circulação das obras e dos bens culturais de qualidade;
c) Promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum;
d) Desenvolver as relações culturais com todos os povos, especialmente os de língua portuguesa, e assegurar a defesa e a promoção da cultura portuguesa no estrangeiro;
e) Articular a política cultural e as demais políticas sectoriais.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Passatempo - Dois bilhetes para a Gulbenkian

Devido a uma generosa contribuição de uma leitora que deseja manter anonimato (e que não pode comparecer ao evento) temos dois bilhetes - um "normal" e um jovem a atribuir ao leitor que nos disser qual o programa do concerto e nos escrever a melhor frase sobre o mesmo através de comentários ao post. A decisão do júri será célere e sem apelo até às 23:55 de amanhã sendo admitidas todas as participações até essa hora.

Os bilhetes são para a próxima sexta-feira dia 10 de Dezembro na Gulbenkian às 19h. A entrega dos bilhetes ao vencedor será acordada com o mesmo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

La Musique de Charles Baudelaire

Estava ontem em casa da minha mãe quando por acaso apanhei numa mesa um livro de poesia. Era uma pequena antologia de poesia francesa. Abro por acaso e leio:

La Musique

La musique souvent me prend comme une mer!
Vers ma pâle étoile,
Sous un plafond de brume ou dans un vaste éther,
Je mets à la voile;
La poitrine en avant et les poumons gonflés
Comme de la toile
J'escalade le dos des flots amoncelés
Que la nuit me voile;
Je sens vibrer en moi toutes les passions
D'un vaisseau qui souffre;
Le bon vent, la tempête et ses convulsions
Sur l'immense gouffre
Me bercent. D'autres fois, calme plat, grand miroir
De mon désespoir!

Lindo poema de Charles Baudelaire que descreve na perfeição como sinto a música. Tento então uma tradução livre que me perdoe o poeta ...

A Música

A Música muitas vezes é como um mar!
Onde navego direito à minha pálida estrela
Num tecto de bruma ou num vasto vazio
parto para onde a vela me levar;

Com esperança e pulmões cheios de ar
Como velas enfunadas
Subo as costas das vagas amontoadas
que a noite me esconde

Sinto em mim vibrar todas as paixões
de um navio que sofre;
O vento bom, a tempestade e as suas convulsões,

No imenso abismo adormecem-me
Outras vezes, a calmaria, grande espelho 
do meu desespero!

domingo, 5 de dezembro de 2010

António Vitorino de Almeida - O Meu Livro de Música

A vida normalmente tem destas coisas. Vem por ciclos. acontece que o meu ultimo post neste blog há já alguns dias - peço desculpa mas por razões pessoais tem me sido completamente impossível manter um ritmo mais estável - foi sobre o Maestro António Vitorino de Almeida sendo que este de hoje também vai ser: O tal ciclo de que falava.

Acabei de chegar do lançamento do seu novo livro "O Meu Livro de Música" que apesar da sua aparência infantil é um daqueles livros que se pode ler de várias formas. Não é um livro só para crianças - embora possa ser lido (e deva ser lido) por crianças, não é um livro para músicos embora possa ser lido (e deva ser lido) por músicos). É um livro que de certa forma, aliás em muitas formas, se enquadra perfeitamente no espírito deste blog. Também nós acreditamos que é possível dar a liberdade de escolha proporcionando a quem não conhece a "música clássica" (entre aspas porque sabemos que é um termo incorrecto) uma oportunidade de conhecer uma nova forma de arte. E acreditem que há nessa descoberta um valor espiritual e humano a recolher.

O livro descreve uma visita ficcionada de um compositor - o próprio autor - a uma escola. História ficcionada não porque não seja composta de elementos reais mas porque condensa uma série de acontecimentos que ocorreram nas visitas do Maestro às várias escolas deste país. Como em muitas obras do maestro o humor está sempre presente mas o livro sobre esta aparência ligeira é mesmo muito sério.

Disse o maestro na apresentação do livro que em Trás-os-Montes na bela cidade de Chaves há um petisco inigualável: Um bom presunto com um bom copo de verde. Disse ainda que no entanto seria um pouco limitativo passar toda a vida a comer apenas isso - que experiências culinárias mais elaboradas ou simplesmente diferentes deveriam fazer parte da nossa dieta cultural. Acrescentou então que a formação estética está profundamente ligada à formação ética.

Não poderia concordar mais. Em minha opinião - e estas já são minhas palavras não do maestro - simplesmente porque nessa formação estética aprendemos sempre a percepcionar a diferença como algo que temos de valorizar aprendemos também que existem regras que têm de ser cumpridas e que mesmo a sua violação - sim porque em arte também se violam regras ou não haveria evolução - mas mesmo essa violação dizia é feita de forma construtiva e num sentido de progressão e de beneficio para todos e não apenas para a auto-satisfação do seu autor. Aliás sustento que nas formas de arte em que esses princípios éticos de evolução estética se abandonaram (e penso que há casos desses) o resultado foi exactamente o mesmo que em outros domínios da actividade humana. Perdoem-me o longo parênteses mas vinha mesmo a propósito ... só espero que este blog contribua na medida das minhas parcas possibilidades para a vossa educação estética.

Pedi ao maestro que me autografasse o meu exemplar com um "direito ao silêncio" . Para entenderem totalmente o âmbito do pedido creio que terão de adquirir o livro ... Não pensem que se trata aqui de uma chantagem barata simplesmente creio mesmo que o livro merece uma leitura e na verdade não há música sem silêncio ou melhor o silêncio que antecede ou precede a música ainda faz parte dela. Sem esse silêncio temos simplesmente uma sequência sem significado de sons. E infelizmente no nosso mundo sobre constantemente bombardeados de sons que acabamos por confundir com música ... com a forma de Arte Maior de que vos falava.

O livro é simples de ler como vos disse tem vários níveis de leitura podendo ser lido por uma criança ou por um adulto com igual prazer. Ilustrações de Tiago Albuquerque que são também muito interessantes. Um excelente presente de Natal sem margem para dúvida.

domingo, 28 de novembro de 2010

Concerto de Homenagem ao Maestro António Vitorino d´Almeida

Infelizmente não pude lá estar mas gostava muito se algum dos leitores deste blog (ou vários - ainda melhor) nos contassem como foi ... Por agora fiquem com a Sinfonia nº 1 - Op. 21 (cuja designação completa me escuso de publicar aqui :-) um doce a quem adivinhar :-)) pela Orquestra sinfónica Búlgara numa edição da Numérica dirigida pelo próprio maestro.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Concerto de Homenagem a António Victorino d´Almeida - 27 de Novembro às 21h

Como já vos contei neste blog uma das pessoas a quem devo o meu gosto pela música (toda a música e não apenas a clássica) foi o maestro António Vitorino d´Almeida. Não que já o tenha conhecido pessoalmente mas através da televisão foi um dos comunicadores que mais que marcou na minha juventude.

Soubemos agora que está programado um concerto de Homenagem aquele que para além do grande comunicador que já referimos é também certamente um dos mais significativos compositores e maestros portugueses de sempre. Poderia provavelmente ter atingido a mesma dimensão enquanto interprete mas muito cedo preferiu essas outras formas de expressão - não deixa por isso de ser igualmente um pianista de eleição.

Assim porque como vos digo sempre, ao vivo é outra coisa e porque as homenagens devem ser prestadas em vida não só recomendo como vos urjo que estejam presentes no Auditório da Universidade Nova (Campus de Campolide) no dia 27 de Novembro pelas 21h para este merecido Concerto que será interpretado pela Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida pelo maestro Alberto Roque. Fazem parte do programa duas obras do maestro e uma de sua filha Anne Victorino de Almeida. A entrada é livre.

domingo, 21 de novembro de 2010

Mais recomendações para Aveiro

Como nos referiu a nossa leitora Moura Aveirense em Aveiro integrado nos Festivais de Outono vai haver muita  música até ao dia 24 de Novembro (data da nossa recomendação). Podem consulta a lista completa aqui. desta forma se estiverem na zona de Aveiro não deixem de ir porque como digo ao vivo é mesmo diferente. A propósito terminei ontem de ler o Terceiro Capítulo do livro de Axel Ross que aborda precisamente esse tema ... muito mas muito interessante, para hoje prometo-vos a sinopse do Segundo Capitulo não menos interessante.

sábado, 20 de novembro de 2010

Recomendações para o fim de semana ( 2010 - #46) - 20 e 21 de Novembro

Começando as nossas recomendações como sempre pelo sul teremos no Algarve integrado no IV Festival de Órgão de Faro teremos um recital de orgão por Edite Rocha  na Igreja do Carmo (Faro). Será no Sábado às 21:30h.

Em Lisboa mais precisamente em Oeiras no Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria teremos os solistas da OCCO e António Victorino D'Almeida dirigidos por Nikolay Lalov que interpretarão a obra de Chopin "Trio para piano, violino e violoncelo em Sol menor Op. 8".

Também pela OCCO e no dia seguinte (Domingo 21) agora às 17 teremos um recital de Canto (Cláudia Pereira Pinto) e Piano (João Vale) no Palácio dos Aciprestes. O programa inclui obras de F. Lopes-Graça, C. Azevedo, F. Lapa e A. Vasques Dias.

Continuando em Lisboa o Coro de Câmara da Universidade de Lisboa integrado no ciclo "Música em São Roque" organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa num concerto intitulado "Despontar do Barroco". Será no Sábado às 21:30h. Programa inteiramente dedicado à obra de João Lourenço Rebelo.

Ainda em Lisboa teremos um concerto pela Orquestra "Os Violinhos" na Igreja de Santa Catarina (Paulista) num concerto intitulado "Ode a Santa Cecília" e dedicado à padroeira dos músicos. No programa um reportório inteiramente composto por obras do período barroco. Será no Domingo às 18h. A entrada é livre.

Aproximadamente à mesma hora (na realidade uma hora mais cedo - às 17h) teremos um concerto intitulado  "O Meu Primeiro Concerto" com a Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida por Michael Zilm na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. No programa a Sinfonia n.º 3 em Mi bemol maior, Op. 55, Eroica" de Beethoven.

Um pouco mais a Norte em Montemor-o-Novo na Igreja da  Misericórdia teremos o Doppio Ensemble no Sábado às 21:30. Este duo constituído por Evandra Gonçalves (violino) e Ana Queirós (piano) interpretarão obras de Jean-Marie Leclair, Robert Schumann, Jean-François Lézé, Olivier Messiaen e Astor Piazzolla.

Em Coimbra integrado no Festival de Música de Coimbra 2010 teremos um concerto de Órgão e Canto na Igreja de Santa Cruz (Coimbra) pelo Ensemble Cum Jubilo será no Domingo às 16h sendo interpretadas obras de Frescobaldi e Clérambault.

Em Aveiro integrado nos Festivais de Outono - Aveiro 2010 teremos um recital de Violoncelo e Piano intitulado "Página Esquecida: Música Portuguesa para Violoncelo e Piano" por Luísa Tender e Bruno Borralhinho . Será no Museu de Aveiro no dia 25 às 21:30 (atenção que não é no fim de semana, no entanto como até lá não haverão mais recomendações fica já aqui por antecipação). Adequadamente este concerto está muito em linha com a sequência de posts que estamos a fazer sobre compositores portugueses dado que serão interpretadas obras de Joly Braga Santos, António Victorino d'Almeida, Fernando Lopes-Graça, Luis de Freitas Branco e Nuno Figueiredo

Por fim na Invicta cidade do Porto teremos a Orquestra Sinfónica do Porto e António Rosado dirigida por Pedro Neves na Casa da Música do Porto num concerto intitulado "O Código de Mozart". Será no Sábado (hoje) às 18h - dentro de duas horas - por isso ainda estão a tempo. No programa a estreia de uma obra do jovem compositor Daniel Martinho, Mozart e Bontempo (Concerto para Piano nº 3).

domingo, 14 de novembro de 2010

Luís de Freitas Branco (1890 - 1955)

Dedicamos esta biografia não só a memória de um dos maiores compositores portugueses de todos os tempos mas também como lembrança a todos aqueles que perante a crise actual defendem soluções autoritárias. Lembrem-se que são essas soluções que limitam o talento, que centralizam, que promovem a visão de que a solução vem de um estado omnipresente e todo poderoso. São essas pseudo-soluções que nos conduziram ao estado de subserviência e de incapacidade de encontrar soluções por nós próprios, de nos revoltarmos mas não "contra" mas sim a favor de alguma coisa, de enfim fazer pelo nosso país. Sabem porque razão quando estão fora revelam os portugueses todo o seu talento? Porque tal como as crianças fora da casa dos pais já não esperam a protecção do seu messias. Desculpem-me esta introdução : Luís de Freitas Branco merecerá agora toda a nossa atenção mas não creio que se importasse ou desdenhasse este preâmbulo.

Esta biografia (comentada) foi baseada em vários textos de que vos recomendamos uma leitura atenta. Do site da Academia de Música de Santa Cecília o texto do professor Henrique da Luz Fernandes, da Base de Dados de Compositores Portugueses do Movimento Patrimonial da Música Portuguesa além da nossa habitual fonte (Grove Music Online). Para uma curta biografia como sempre um excelente começo na Naxos.

Luís de Freitas Branco nasceu em Lisboa a 12 de Outubro de 1890. Nascido numa família aristocrática e intelectual desde cedo demonstrou grande interesse e capacidades musicais tendo iniciado os seus estudos em Portugal com Tomás Borba e Augusto Machado. Aos 14 anos compõe aquela que foi a sua primeira composição e que ainda hoje é frequentemente interpretada. Podem ouvir por exemplo João Merino no concerto final da Master Class de Tom Krause no teatro São carlos (Set. 2010) acompanhado ao piano por Nicholas Mcnair. Há também desta canção entre outras  um registo gravado pela soprano Filomena Amaro acompanhada ao piano  por Gabriela Canavilhas.

Estuda também Orgão com o músico belga Desiré Pâque então residente em Lisboa que lhe introduz as teorias musicais de Vincent d´Indy. Será talvez esta uma das razões das raízes mais francófonas da sua música. Com apenas 17 anos termina a 1ª Sonata para Violino e Piano de que vos proponho o primeiro andamento interpretado por Tibor Varga (violino) e  Roberto Szidon (Piano) - lindissima melodia esta a do primeiro andamento.

Com 18 anos Luís de Freitas Branco compõe vários poemas Sinfónicos baseados em autores portugueses ligação entre poesia e música que continuaria sempre ao longo da sua vida com vários autores portugueses e franceses (por exemplo Baudelaire ou Mallarmé). A titulo de exemplo oiçam Solemnia Verba (1950-51) uma das suas ultimas obras baseado num poema homónimo de Antero de Quental.

Disse ao meu coração olha por quantos 
caminhos vãos andamos! Considera
agora, desta altura fria e austera, 
Os ermos que regaram os nossos prantos

Aliás Luís de Freitas Branco - permitam-me a interpretação pessoal - numa linha impressionista sempre manteve uma preocupação quase programática em grande parte da sua música. No meu entender esta característica é bem visível no elevado número de brilhantes poemas sinfónicos que escreveu ao longo da sua carreira.

Paraísos Artificiais (1910)
Tentações de S. Frei Gil  (1911)
Vathek (1913)
Viriato (1916)

Esta ligação à poesia ou à literatura fez-se tanto na forma de poemas sinfónicos como na forma de canções das quais podemos destacar os Madrigais Camonianos (1930-1943) . Estes Madrigais estão disponíveis numa gravação da Numérica pelo Coro Gulbenkian (referência : PS 5010).

Mas de volta à ordem cronológica em 1910 sai pela primeira vez de Portugal na companhia de seu tio para uma visita a Berlim onde é aceite como aluno por Humperdinck mas as aulas não o satisfazem completamente. Ainda nesse ano casa-se com D. Stella de Ávila e Sousa (reza a lenda que a superstição o levou a não esperar pelo final do ano por este ser bissexto). Vai viver uns anos para a Madeira voltando a Lisboa em 1913. Embora de família abastadas passa então por algumas dificuldades económicas que o levam a iniciar uma carreira de critico e escritor - para nossa felicidade dado que como veremos lhe devemos a esse respeito algumas obras notáveis.

Em 1918 nomeado para a comissão de reforma do Conservatório propõe a reestruturação completa do curso criando as bases para uma geração de novos compositores que não deixarão de reconhecer em Luís de Freitas Branco um dos seus mentores: Lopes Graça e Joly Braga Santos terão sido os mais notáveis. Em 1918 termina os dez preludios para Piano que dedica a Vianna da Motta. Proponho-vos o Preludio nº 1 por Tatiana Pavlova. Existe também uma gravação por António Rosado da Numérica Ref.: NUM 1143 - Desculpem mas o site da Numérica não dá para colocar um link directo, tem de ser pela referência).

Quando Vianna da Mota é nomeado director do Conservatório escolhe Luís de Freitas Branco para sub-director cargo que viria a desempenhar até 1930 quando abandonou o cargo por este lhe roubar demasiado tempo, não lhe deixando assim disponibilidade para compôr. Desempenharia funções lectivas até 1939 altura em que não resistiu as purgas no conservatório então já dirigido por Ivo Cruz em substituição de Vianna da Motta. Luís de Freitas Branco além de notável compositor foi também um professor e mentor extraordinário tendo deixado no conservatório como já referimos um notável trabalho de base além da sua natureza e carácter ter sido fonte de inspiração e motivação para mais do que um. A este respeito nada melhor do que relembrar as palavras do próprio Joly Braga Santos:

"Ao significado da sua obra notabilíssima, da sua personalidade fecunda e dominadora, há a juntar a verdadeira paixão que possuía pela Juventude, o entusiasmo com que via os novos triunfar, a sua luta diária, durante cinquenta anos, pelo renovamento, pela europeízação da cultura portuguesa, e ainda a generosidade do seu grande coração, sempre disposto a ajudar os que começavam e vivendo com o mesmo entusiasmo as obras dos próprios discípulos, que pretendia sempre colocar à frente das suas."

Em 1924 termina a 1ª Sinfonia que dedica precisamente a seu filho nascido dois anos antes a 10 de Janeiro de 1922. Em 1926 termina a segunda sinfonia desta vez dedicada à sua irmã Maria e em 1926 a Segunda Suite Alentejana (a Primeira Suite Alentejana datava de 1919). Em 1928 termina a Segunda Sonata para Violino e Piano e em 1929 funda a revista "Arte Musical" que viria a dirigir até esta ser fechada 20 anos depois.

Em 1943 termina a sua Terceira Sinfonia dedicada ao seu aluno Pedro do Prado que até 1951 por dirigir os serviços de música da Emissora Nacional lhe garantiu e nos proporcionou excelentes programas radiofónicos. Nessa data Luís de Freitas Branco for também exonerado da referida emissora por razões politicas.

Em 1948 participa na criação da Juventude Musical Portuguesa de quem será o primeiro presidente da mesa da Assembleia Geral e em 1952 termina a sua Quarta Sinfonia que dedica a Joly Braga Santos seu discípulo.

Faleceu a 27 de Janeiro de 1956 em Lisboa após um ataque cardíaco ocorrido uns dias antes. No ultimo ano de sua vida trabalhou no 1º acto da Voz da Terra - uma ópera , um dos sonhos que nunca concretizaria tendo também planeado o regresso à Emissora Nacional para um programa que se deveria intitular "O Gosto pela Música" . Este programa haveria de ver o dia a partir de 1956 sendo liderado pelo seu filho João de Freitas Branco, programa que haveria de durar 29 anos e de que falamos aqui.

Poderiamos ainda falar das suas inumeras canções populares ou da música sacra e também do seu trabalho enquanto autor de vários livros muitos dos quais utilizados no Conservatório Nacional (e um que me encheu de curiosidade - A Personalidade de Beethoven) mas prefiro terminar com música. Para isso nada como o Concerto para Violino e Orquestra uma obra de 1916.

sábado, 13 de novembro de 2010

Recomendações para o fim de semana ( 2010 - Semana #45) - 13 e 14 Novembro

Em primeiro lugar e porque já não o faziamos há muito queria recomendar-vos a Agenda do Sapo Cultura porque não só encontrarão lá algumas destas sugestões como também terão outras certamente tão deliciosas quanto as que aqui destaco. Claro que para nós a área da música clássica tem um especial atractivo mas ...

Claro que vos recordo também o Coro Vox Maris em Óbidos de que já vos havíamos falado aqui.

Começando pelo Algarve teremos no Centro Cultural de Lagos um concerto integrado no All Algarve 2010 (desculpem-me mas recuso-me a utilizar a designação oficial que considero absolutamente ridicula) pela Orquestra do Algarve dirigida por Osvaldo Ferreira, concerto que celebra o "550.º Aniversário da Morte do Infante D. Henrique". Será no Sábado às 21:30. O concerto inclui a estreia absoluta da Suite Descobertas de Armando Mota na primeira parte e a 5ª de Beethoven na segunda parte. Chamo a vossa atenção que em algumas agendas este concerto é dado como tendo lugar no Casino de Vilamoura, informação essa que no entanto não coincide com o site Oficial da Orquestra do Algarve ou com o site do All Algarve 2010.

No dia 14 a Orquestra do Algarve repete no Teatro Municipal de Faro a Suite das Descobertas às 21:30. A segunda parte no entanto será desta vez constituída pelo 5º Concerto para Piano de Beethoven sendo solista Christian Leotta.

Na zona de Lisboa mais precisamente no Monte Estoril teremos hoje Sábado dia 13 de Novembro um recital intitulado "Romantismo Russo" pelos Solistas da OCCO e Federico Lovato (Piano) no Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria. Será às 18h. O programa é composto por obras de Arensky - "Trio de piano em Ré menor Op. 32" e de Rachmaninoff - "Trio Elegíaco em Ré menor Op. 9".

Em Almada no Teatro Municipal de Almada (Novo)  teremos a Orquestra "Músicos do Tejo" dirigida por Marcos Magalhães num concerto intitulado "As Árias de Luísa Todi". Será no Sábado às 21:30. Será solista a soprano Joana Seara acompanhada no cravo por Marcos Magalhães (que como vimos também dirige a Orquestra). Para quem gostar do concerto - ou para quem não puder ir mas quiser ouvir as árias cantadas por Luísa Todi existe sempre a solução de comprar o disco, aqui (embora ao vivo seja outra coisa como sempre vos digo).

Para a família recomenda-se no Domingo pelas 11:30 no Castelo de São Jorge o "O Polegarzinho" pela Companhia de Ópera do Castelo e o Coro Infantil da C.ª de Ópera do Castelo. Serão solistas a soprano Catarina Molder e o barítono Jorge Martins acompanhados por Francisco Sassetti ao piano. Direcção de Nuno Barroso.

Continuando em Lisboa e integrado no ciclo Música em São Roque temos nestes próximos dias vários concertos. No Sábado às 21:30 teremos na Igreja de São Roque a "Sonata para órgão e Missa Grande" de Marcos Portugal  (1762-1830) pelo Coro de Câmara de Lisboa dirigido por Teresita Gutierrez Marques. Também neste caso se não puderem de todo estar presentes há a opção do disco editado o ano passado e que podem adquirir aqui. No Domingo teremos "Música sacra dos séculos XV e XVI" pelo Coral Vértice na Igreja do Instituto de S. Pedro de Alcântara pelas 17h. O programa inclui obras de Josquim Desprez e  Giovanni Pierluigi da Palestrina entre outros compositores. Coro dirigido por Sérgio Fontão. Ainda inserido neste festival e agora no Espaço Santa Casa teremos no dia 17 (já fora do fim de semana mas estou certo que me perdoaram esta pequena liberdade poética) pelas 18h um recital de Cravo por Jenny Silvestre. O programa inclui obras de Bach, Couperin e Carrapatoso entre outros compositores.

Ainda em Lisboa e também no dia 17 - fora do fim de semana portanto - teremos um recital de piano a quatro mãos no Instituto Franco-Português (IFP) por Luís Duarte e Lígia Madeira intitulado "Porto - Paris ...um imaginário a quatro mãos". Um concerto Antena 2 (transmitido em directo) com um programa constituído por obras de músicos franceses - Debusssy e Ravel (detalhe do programa aqui ). Será às 19h entrada livre.

Agora na minha cidade Natal (e é tão raramente que consigo falar-vos de eventos nesta cidade que não posso deixar de manifestar a minha alegria) teremos integrado no Festival de Música de Coimbra 2010 um recital de piano por Young-Choon Park no conservatório de música de Coimbra. Também é fora do fim de semana mais precisamente na Terça-Feira dia 16 de Novembro às 21:30. O programa inclui obras de Mozart, Beethoven e Chopin.

Passando agora para Aveiro integrado no "Festivais de Outono - Aveiro 2010" teremos um recital de piano por Ratimir Martinovic no Museu de Aveiro. Será na Segunda-Feira às 21:30 com obras de Mozart, Ravel, Debussy, Chopin, J.S. Bach e Sibelius.

Também em Aveiro mas na Terça-feira às 21:30 na Igreja das Carmelitas  teremos um recital de Canto e Alaúde e Tiorba por Isabel Nogueira (Soprano) e Tiago Matias (Alaúde e Tiorba). Entrada Livre.

Integrado no ciclo "A Música da Energia - Concertos EDP/ON" teremos na Igreja de São Gonçalo em Amarante a Orquestra do Norte dirigida por Vladimir Kiradjiev. Será hoje Sábado às 22h. Será solista Bokyuung Hong (Violoncelo) sendo interpretadas obras de Haydn (segundo concerto para violoncelo) e Sibelius (sinfonia nº 2).

Na invicta Cidade do Porto teremos a Orquestra Sinfónica do Porto num concerto intitulado "O Despertar do Concerto" dirigida por Laurence Cumming. Será na Casa da Música do Porto hoje pelas 18h. Serão interpretadas obras de Handel, Vivaldi e Bach.

Por fim em Vila do Conde no Teatro Municipal de Vila do Conde teremos a Orquestra Filarmonia das Beiras  dirigida por António Vassalo Lourenço numa interpretação da "A Flauta Mágica" hoje Sábado às 21:30. O concerto conta com a participação dos alunos da classe de ópera do XII curso Internacional de Música Vocal - 2010.

domingo, 7 de novembro de 2010

Barbeiro de Sevilha (Rossini) - Sexta Parte

Podem ler as restantes partes desta história nos seguintes posts:


Os dois amantes tentam então fugir pela escada que no entanto desapareceu. Entram então Basílio acompanhado pelo notário. Basílio é comprado e aceita que o contrato de casamento seja assinado entre Rosina e o Conde. quando Bartolo enfim chega já é demasiado tarde. Bartolo acaba por resignar-se com a oferta do Conde Almaviva de manter o dote e a fortuna de Rosina em nome do seu cuidado na sua educação. Com este fim feliz chega-se então ao grande final.

sábado, 6 de novembro de 2010

Recomendações para o fim de semana (2010 - #44) - 6 e 7 Novembro de 2010

Começamos as recomendações para este fim de semana pela cidade de Ponta delgada onde no Coliseu Micaelense teremos o "O Barbeiro de Sevilha" pela Compañia Estúdio Lírico de Madrid será no Sábado às 21:30.

Em Évora integrado no VI Ciclo de Concertos “Música do Inverno” teremos no Convento dos Remédios um recital com Sandra Medeiros (soprano), Francisco Sassetti (piano), Rogério Medeiros (violoncelo). Será no Sábado às 18h.

Agora na zona de Lisboa teremos no dia 6 (Sábado) às 21h na Igreja de S. Roque a Orquestra Sinfónica Juvenil com o Coro do Instituto Gregoriano de Lisboa dirigidos por Christopher Bochmann. Será interpretada a Missa Nelson de Haydn. Serão solistas Elsa Cortez (Soprano) Larissa Savchenko (Contralto),  João Queirós (Tenor) e Armando Possante (Barítono).

Ainda na zona de Lisboa teremos no dia 6 às 17h no Grande Auditório da Escola Superior de Música a
Orquestra Sinfónica da ESML dirigida por Vasco Pearce de Azevedo. O programa é constituído pelo Entreacto nº 3 de Rosamunde (1823) de Schubert o Concerto para Violino e Orquestra nº 5 em Lá M KV 219 (1775) de Mozart e a Sinfonia nº 5 em Sib M D 485 (1816) também de Schubert. Uma mistura portanto de clássico e romântico (embora a 5ª sinfonia de Schubert seja bastante Haydiana e Mozartiana ...) . Será solista Tamila Kharambura no concerto para violino de Mozart. Este programa repete no dia 7 de Novembro (Domingo) às 16h no Teatro Municipal de Almada (Novo).

Ainda na zona de Lisboa mais precisamente na belíssima Igreja de Carcavelos no Domingo 7 de Novembro, às 16h não se esqueçam do Coro Vox Maris como vos falava aqui.

Sempre em Lisboa (este fim de semana a dificuldade da escolha é grande) no Teatro Nacional de São Carlos poderão ouvir "Contar Uma Ópera: Cavalleria Rusticana". Sábado e Domingo às 16h. A ópera será contada por Beatriz Batarda, com interpretação de Orquestra Sinfónica Portuguesa e Coro do Teatro Nacional de São Carlos dirigidos por Martin André.

Continuando por Lisboa teremos a Orquestra de Camara de Cascais e Oeiras dirigida por Kermit Poling e acompanhada por Sequeira Costa num concerto intitulado "Homenagem a Chopin". Será no Sábado às 18h no Auditório Municipal Ruy de Carvalho (Carnaxide) e a entrada é livre. No programa obras de Chopin (claro) e Mozart.

Um pouco mais a Norte na Ericeira (Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva) teremos o quarteto Carlos Damas (violino), José Teixeira (violino), Valentin Petrov (viola), Jian Hong (violoncelo) e Anna Tomasik (piano) . Será no Sábado dia 6 às 22h com um programa constituído por obras de Maurice Ravel e César Franck.

No Cartaxo teremos os Solistas da Orquestra Metropolitana de Lisboa no Centro Cultural Município do Cartaxo num concerto intitulado "Concertos para Oboé e Cordas". Será no Sábado dia 6 de Novembro às 21:30. Serão solistas Sally Dean (oboé), Elena Komissarova (violino), Andrej Ratnikov (viola), Vladimir Kouznetsov (contrabaixo) e Marcos Magalhães (cravo). No programa obras de Handel, Telemann e Haydn.

Em Aveiro no Teatro Aveirense teremos um "Concerto Promenade" pelos alunos do Alunos do Conservatório de Música e Aveiro. Será no Domingo 7 de Novembro às 11h.

Na invicta cidade do Porto teremos também no Domingo dia 7 de Novembro ao meio-dia na Casa da Música do Porto a Orquestra Sinfónica do Porto dirigida por Yves Abel num concerto intitulado "Histórias de Encantar" . No programa obras de Ravel.

No Sábado dia 6 às 21:30 também na Invicta cidade do Porto teremos uma interpretação de "Nabucco" de Giuseppe Verdi pela Orquestra do Norte dirigida por José Ferreira Lobo

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Listen to This - Capitulo 1 - Crossing the border from Classical to Pop

Obviamente não vos vou (até por questões de direitos de autor) traduzir o livro todo ... vou apenas capitulo a capitulo dar-vos uma ideia da linha principal de raciocínio seguida. Vou neste momento já no capitulo 3 da leitura (escrever estes posts exige um pouco de distanciamento temporal) e pelo que li digo-vos desde já que é absolutamente um livro a ler. Notem ainda que ainda que este post seja inspirado no livro as palavras e interpretação são minhas e podem ser sujeitas a outras leituras.

Como vos referi o autor começa o capitulo com uma frase que imediatamente capta a nossa atenção:"Eu odeio a música clássica: Não a música em si, mas o nome. Congela uma forma de arte viva num parque temático do passado". Na verdade o autor começa por referir que a forma elitista e pretensamente superior como é tratada a música clássica leva-a a ser considerada como uma forma de arte imutável (porque perfeita) e logo morta, quando deverá ser tudo menos isso.

Considera em seguida que em boa verdade este é já um caso de uma morte anunciada de forma permanente porque já há 20, 30, 40, 50 ou mesmo mais tempo se anunciava o seu declínio citando a esse respeito Charles Rosen que afirma: "A morte da música clássica é talvez a sua mais antiga tradição".

De seguida Alex Ross descreve a sua infância e a forma como apenas ouvia música clássica, pelo discos dos seus pais. Fala em particular de uma interpretação da 3ª de Beethoven dirigida por Bernstein e que continha um guia de audição. Nesse guia Bernstein falava de uma nota especifica um Dó Sustenido como sendo uma autentica "punhalada" (stab). Diz o autor que não se pode pensar na terceira com um suspiro dizendo "ah isto é civilização". Não as músicas devem ser ouvidas independentemente do seu género pelo que nos inspiram e nesse particular a terceira é tão revolucionária como um rap.

Alex Ross diz-nos que descobriu o "pop" bastante tarde, no liceu onde se apercebeu que mais ninguém gostava de música clássica. Explica-nos então que talvez por isso vê esse tipo de música com uma maturidade diferente, ao passo que para ele a música clássica é sempre uma remanescência da força da adolescência. Em todo o caso recusa-se a aceitar que um qualquer tipo seja superior a um outro ou que um seja uma música para a alma enquanto outra é para a mente. Depende da alma e da mente do destinatário.

Explica-nos então que o gosto por música do passado é relativamente recente - como sabem os leitores deste blog começou talvez no fim do barroco com Bach tendo atingido padrões mais ou menos semelhantes aos actuais no inicio do século XX (embora nessa altura ainda estivessem vivos e logo a produzir muitos dos músicos que hoje englobamos na categoria "clássicos"). Como se lembram compositores como Mendelssohn e Mahler por exemplo tiveram nesse particular especial relevância ao "descobrirem" obras de Bach por exemplo entre muitas outras. Não é que essas obras não fossem conhecidas antes. Eram-no, mas apenas nos ciclos "académicos". Considerava-se então que não interessariam os "gostos modernos". Lembra-vos alguma coisa? Alex ross identifica mesmo um livro em particular uma Biografia de Bach por Johann Nikolaus Forkel que pode representar na perfeição o incio desse movimento.

Em paralelo (e por consequência) com esse gosto pelo passado o autor refere que aos poucos os locais de concerto e os próprios concertos foram-se tornando uma espécie de locais de culto, cada vez mais formais sacralizando os compositores, banindo a improvisação e a espontaneidade. Contrariamente ao que acontecia os ouvintes foram gradualmente banindo o novo preferindo o antigo e formalizando a audição e criando um código de comportamento contido próprio à "grandeza" e à reverência devida "a grande música" e aos grandes compositores. Em consequência os próprios compositores no inicio apreciaram esta mudança de comportamento. Assim em vez de ruidoso o público poderia em silêncio apreciar as subtilezas escondidas nas suas composições. Claro que isto esconde um perigo ou um problema se quisermos. É que se escrevemos composições que requerem esse nível de atenção e de conhecimento estamos obviamente a tornar mais difícil a sua apreciação ao ponto em que a música de hoje é possivelmente um tratado formal de composição: Erudito mas pouco amável. Ou seja os compositores foram ganhando um público mais atento mas ao mesmo tempo foram deixando de ter a sua preferência porque a formalização da audiência os levava a preferir o passado e porque eles próprios se foram afastando tornando cada vez mais subtis e difíceis as suas composições começando literalmente a escrever para eles próprios e para um circulo de iluminados ...

Defende ainda Alex Ross que os vários tipos de música passam por vários estágios, vários ciclos, toda a música se tornando clássica no seu "fim". Não é por acaso que hoje falamos de Rock Clássico ou de Jazz Clássico. Imagina ainda um amante do Pop que por acaso se tenta converter à música clássica começando por comprar um disco e depois indo a um concerto onde esbarra com o convencionalismo do traje até às idiossincrasias da sala de concerto e sobretudo à falta de alma e de paixão que observa por todo o lado. Dos músicos ao publico que dorme ou se preocupa apenas com o respeito absoluto dos protocolos.

De certa forma este blog quando foi iniciado foi precisamente para tentar facilitar a "conversão". Não porque achemos que a música clássica é superior a qualquer outra forma mas porque achamos que merece ser ouvida. Mas como diz Alex Ross não o merece por ser passado. Merece-o por ser precisamente presente e poder ser reinventada a cada interpretação.

No segundo capitulo do livro iremos falar do significado intrínseco da melodia na música por isso mantenham-se atentos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Post nº 1000 - Epilogo das comemorações dos 1000 Posts

Como tínhamos prometido haveria um ultimo post em que fariamos um resumo das várias sugestões feitas para esta comemoração e uma indexação para as 42 partes que constituíram estes posts. Para aqueles de vós que como eu são doidos por estatísticas posso dizer-vos que neste momento temos 1247 posts e 2022 comentários.

A ideia para o lançamento desta comemoração começou com este post em que vos pedia sugestões de como comemorar o acontecimento e onde tivemos de imediato uma meia dúzia de sugestões diferentes (não se preocupem que já vos conto quais foram). Uns dias mais tarde neste outro post reforçamos o pedido de ideias e onde obtivemos desde logo mais três ideias. A quinze posts do mágico número 1000 fizemos uma resumo das ideias existentes.

Por fim no Post nº 999 comunicava-vos a decisão de dedicar o post nº 1000 aos vossos comentários. Mal eu sabia então que teria de o fazer em 42 partes diferentes mais um epilogo, mas valeu a pena. Tal como vos disse então este blog não existiria sem os vossos comentários. Quem participa dando a sua opinião, corrigindo, criticando ou louvando é pelo menos tanto como eu responsável por aquilo que por aqui se pode ler e seguramente pela minha vontade em continuar.

Para terem uma listagem de todos os posts de comemoração o mais simples é seguirem a TAG respectiva ...

Agora quanto às sugestões que me deram e que não foram concretizadas claro que merecem aqui uma palavra especial. Assim e por ordem de sugestão aqui vão:
1) Dialectos de Ternura : "E que tal aproveitar o «diz que não gosta de música clássica»
como ponto de partida para a letra de uma melodia? Falo sério! Mas também não me desagradaria uma dissertação sobre o significado da palavra «timbre», nos instrumentos, nos executantes, e no vocal. Se não fôr pedir muito, claro! Se fôr, obrigada na mesma. O verdadeiro desafio é chegar mesmo aos mil até o final do ano, sou péssima a contas, mas acho que não vai ser pêra dôce. Mas como apreciadora incondicional do seu trabalho e esforço dedicado ao reconhecimento deste belíssimo género musical faço votos para que consiga alcançar o seu/nosso objectivo. Bom fim de semana! Faça sol ou faça chuva, a ´música é sempre bela!". Como disse na altura uma música ou um poema estão fora de alcance ... A definição de timbre porque não, creio que ainda não o fizemos mas é um tema possível para o nosso dicionário.
2) RJ : "E que tal um livro do estilo "Música Classica para Totós""? Bem é uma ideia engraçada, de certa forma a ideia deste blog é um pouco essa e por isso podemos considerar que aos poucos está a ser realizada.
3) De Verdi a Monteverdi : "Parabéns pelo blog!! Para comemorar o post número 1000, um desafio: Que tal uma lista com as suas 1000 obras preferidas? Muito trabalho listar, levaria muito tempo. Mas pelo menos as 100 de que você mais gosta!! Obrigada pelos posts de cada dia. Abraços". 1000 é realmente muito. Para já começamos por 100 quem sabe se vamos um dia chegar às 1000 ...
4) O Sofá Amarelo : "Talvez uma sondagem sobre o tipo de música que os artistas ouvem. Ou os compositores de que mais gostam. Um forte abraço e parabéns antecipados!!!" Bom ora aqui está uma sugestão que não sei como realizar nem sei se essas preferências serão assim tão diferentes das nossas e se o forem se são reveladoras de alguma coisa. No livro de Alex Ross que vos tenho vindo a falar há alguns tópicos perto desta questão pelo que me palpita que vamos falar um pouco disto.
5) Fantasia Musical : "Eu sei que foge um pouco à ideia geral deste blogue, mas gostaria de saber um pouco mais acerca dos grupos portugueses que têm surgido na onda da música com materiais não convencionais, do género dos STOMP. Já ouvi falar nos "Bidons"(?!) e num grupo de raparigas, mas pouco sei sobre o assunto e seria interessante até por causa dos meus alunos ;)" Realmente bastante fora embora perto pelos objectivos. Não creio que será para tão cedo.
6) lalage : "Parabéns! E que tal um jogo de adivinhas musicais? Sei lá, identificar intérpretes pelas fotos, associar músicas a situações em que ocorreram. Um pouco na onda do http://diasquevoam.blogspot.com/". É uma ideia interessante talvez a venhamos a utilizar no futuro.
7) Geocrusoe : "Que tal comemorar com apresentação de uma selecção de obras-primas da música de erudita portuguesa para as várias épocas da história da música? Promover o que é do país pode ser uma forma diferente de comemorar, afirmo que conheço mal a música nacional". Temos vindo de vez em quando a fazer alguns post sobre compositores e obras portuguesas. Falta uma estruturação geral mas é um tema que tem vindo aos poucos a ser abordado.
8) Pianoman : "Eu proporia um Quiz (trabalho extra para o Fernando...pois...). Uma espécie de "teste" de escolha múltipla, por exemplo. O vencedor receberia um CD ou qualquer coisa assim do género (encargos - $$$ - para o Fernando...pois...) de preferência com alguma das obras vencedoras das votações realizadas no blogue.". Talvez no próximo aniversário ...
9) Mário : "Fernando,é uma sugestão óbvia e trivial, mas lá vai, é o melhor que posso: esmiuçar a sinfonia dos 1000 de Mahler ( a 8ª). Com som de computador é difíil arranjar trechos de qualidade. Mas como é uma obra complexa e das mal-amadas de Mahler, talvez uma análise e textos ajudassem a motivar para a audição. Confesso que é obra onde ainda não consigo chegar. Há quem diga que é o mais próximo que Mahler esteve de compor ópera...". Esta sugestão até porque estamos num duplo aniversário Mahleriano vai ser para breve.
10) Il Mondo Classico : "Olá caro Luciano! Adorei essa idéia de ter um assunto certo para o post nº1000 e desde já te parabenizo pelo maravilhoso blog, que você sabe muito bem que gosto muito! Adorei a idéia das 1000 músicas, mas é claro que é muito trabalhoso um post desse assunto e também achei ótima a idéia de post sobre grandes compositores portugueses! Darei uma opinião: por que não fazes um post em cada fim de semana sugerindo dez obras de compositores famoso como de compositores portugueses? Assim no final de 100 semanas estaria completa sua meta de 1000 músicas! haha Um grande abraço de um amigo Brasileiro!". Sobre as 1000 já falamos.

Oportunidades na Amazon