sábado, 17 de setembro de 2011

Dimitri Shostakovich (1906-1975) - A primeira crise

Passaram-se dois anos entre a estreia da ópera Lady Macbeth of the Mtsensk District em 1934 (aliás com considerável sucesso) até ao ano de 1936 em que surgem vários ataques a Schostakovich em particular um artigo intitulado "caos em vez de música".

Quando o Politburo vem ver a estreia da obra no Bolschoi (incluindo o próprio Stalin) Schostakovich também está na assistência tendo sido avisado por amigos de que o deveria fazer. Horrorizado o compositor percebe que Stalin detesta a obra. Note-se que estes dois factos correspondiam na altura a uma pena de morte (e isto não é uma metáfora artística, estamos a falar da efectiva eliminação física do compositor). Não admira assim que Schostakovich receie a partir desse momento Stalin e recear será certamente um eufemismo, pavor ou terror seria possivelmente mais adequado.

Facto é que os críticos que tinham aplaudido a ópera rapidamente se retractaram dizendo que não tinham reparado nas óbvias falhas da ópera sendo igualmente facto que o rendimento de Schostakovich desceu consideravelmente. As poucas oportunidades que apareciam eram para obras de propaganda ...

Schostakovich aplicava-se a sério nestas obras e de certa forma isso poderá ter-lhe literalmente salvo a vida. A resposta oficial do compositor deu-se com a Quinta Sinfonia que por isso é por vezes também apelidada "A Resposta Criativa de um artista soviético justamente criticado". A sinceridade como que Schostakovich se terá retractado e respectiva polémica associado merecerá obviamente um post. Por agora ficamos apenas com a música.

A Quinta Sinfonia representou uma reabilitação parcial e permitiu a Schostakovich respirar um pouco mais tranquilamente tendo igualmente iniciado a compor música de câmara de forma mais sistemática forma que também lhe permitia explorar outras ideias, como dizer mais "formalistas" ... Um bom exemplo desse trabalho é  o Quarteto nº1 em Dó Maior (Op. 49 de 1938).

Outro bom exemplo é o Op. 57 - Quinteto para Piano em Sol Menor (1940)  (este extracto vale a pena ser ouvido dado que no Piano está Marta Argerich, no primeiro violino Joshua Bell e no violoncelo Maisky). Aliás este quinteto vale-lhe o seu primeiro prémio Lenine consolidando de certa forma a reabilitação. Dizemos de certa forma porque pelo meio houve uma Sexta Sinfonia recebida friamente.

Pouco depois a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas vê-se envolvida na segunda guerra mundial apesar do pacto Germano-Soviético. Começa então em Leninegrado a composição da Sétima Sinfonia e o próximo post desta série ...

Oportunidades na Amazon