sábado, 20 de setembro de 2008

Brahms: Sinfonia nº 4 (Mi menor) Op. 98

A sinfonia nº4 é a ultima das sinfonias de Brahms é a mais claramente romântica das quatro. É geralmente considerada como uma das obras primas do compositor. Composta entre 1884 e 1885 foi estreada em 25 de Outubro de 1885 em Meiningen dirigida pelo próprio Brahms.

O início do primeiro andamento (Allegro non troppo Mi menor) é bastante surpreendente para quem houve a obra pela primeira vez dado que começa logo pelo tema. Não há introdução, o ouvinte é transportado de imediato para o núcleo da peça um pouco como se tivesse apanhado uma conversa a meio. De resto este andamento é uma demonstração de total domínio da forma de Sonata. Para este andamento escolhemos o maestro Takashi Asahina e a Osaka Philharmonic que pode ouvir aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).

O segundo andamento (Andante moderato: Mi Menor - Mi Maior) lembra pela sua forma um Requiem. Termina dando a sensação que as sombras tomaram de vez a terra. Felizmente o terceiro andamento vai demonstrar que essa percepção está completamente errada. Para este segundo andamento como aliás para todos os restantes escolhemos Carlos Kleiber e a Bavarian State orchestra. Pode ouvir este segundo andamento aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).

O terceiro andamento (Allegro giocoso: Dó Maior) é de uma energia fantástica e um exemplo quase único de humor por parte de Brahms. Não só pela repetida utilização dos triângulos mas também pelo facto de existirem respostas feitas por pequenos sopros ao forte de uma orquestra.
Pode ouvir este terceiro andamento aqui.

O quarto andamento (Allegro energico e passionato Mi Menor) para os estudantes de composição é simplesmente fantástico. Na verdade trata-se de um andamento baseado numa "passacaglia" (forma de composição típica do barroco). Porém este andamento é muito mais do que um simples exercício académico. É o ponto final na arte de orquestração de Brahms mas ao mesmo tempo e talvez paradoxalmente um dos pontos onde Brahms abriu uma porta. Na verdade Brahms pode ser visto para o classicismo um pouco como Bach para o Barroco levando a forma às suas ultimas consequências mas não deixando novos caminhos por explorar. Neste caso porém fê-lo. Como dizia curiosamente parece também a sua ultima palavra, como se depois disto nada mais tivesse a dizer. Pode ouvir este quarto andamento aqui.

Quis também o destino que esta fosse a ultima obra a que Brahms assistiu quando a ouviu a 7 de Maio de 1897 num concerto por ocasião do seu 64º aniversário. Brahms já profundamente doente de cancro no fígado ainda conseguiu levantar-se no seu camarote para agradecer o efusivo aplauso da plateia.

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